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Ant oni o M ont ecin os Jor ge E. M ont i de Va lsas sina Alb erto A. Lyr a Jr . Eds on Wa nde r Pu iati Ped ro d e La ma re Ma rço/ Abr il 201 2 Edi ção Esp ecia l Ga stro nom ia Fiel ao compromisso histórico de ter na defesa da atividade turística um dos pilares de sua atuação, a CNC abre um espaço de reflexão para que os maiores especialistas do setor e da área acadêmica possam tratar dos assuntos com profundidade e conhecimento. A revista Turismo em Pauta é feita por quem sabe, para contribuir, de forma efetiva, com a construção de um turismo cada vez mais forte, vocacionado e integrado à economia do nosso país. ISSN 2178-910X tu ris m o em p au ta n º 1 0 - M ar ço /A br il de 2 01 2 - Co ns el ho d e Tu ris m o - Co nf ed er aç ão N ac io na l d o Co m ér ci o de B en s, Se rv iç os e T ur is m o 10 ISSN 2178-910XISSNNNNNNNNNNNNNNNNNN 22222222222222222217117171717171717171711717171717177171 8-888888888888888888 9191919191919111111910X0X0X0X0X0X0X0X0X0X0X0X0X0X0X00X00X0X Que m p ensa e fa z o Tur ism o acon tece r 10 Rio de Jane iro Ma rço/ Abr il 201 2 Turismo em Pauta / Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – N. 10 (2012) – Rio de Janeiro: CNC, 2012 Bimestral ISSN 2178-910X 1. Turismo. 2. Periódicos I. Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Conselho de Turismo. CDD 790.1805 As matérias podem ser integralmente reproduzidas, desde que citada a fonte. Os artigos publicados nesta revista são de inteira responsabilidade dos autores. Publicação disponível também em: www.cnc.org.br Brasília SBN Quadra 1 Bloco B nº 14, 15º ao 18º andar Edifício CNC CEP 70041-902 PABX (61) 3329-9500 | 3329-9501 E-mail: cncdf@cnc.org.br Rio de Janeiro Avenida General Justo, 307 CEP 20021-130 Rio de Janeiro Tels.: (21) 3804-9200 Fax (21) 2544-9279 E-mail: cncrj@cnc.org.br Fale conosco: turismoempauta@cnc.org.br Turismo em Pauta Conselho Editorial: Alexandre Sampaio de Abreu (Editor Chefe), Eraldo Alves da Cruz (Editor Executivo), Cristina Calmon, Nely Wyse Abaur, Tânia Guimarães Omena e Elineth Campos. Edição, ilustrações, capa e diagramação: Assessoria de Comunicação da CNC/Programação Visual Revisão: Assessoria de Comunicação/CNC Sumário Editorial ...................................................................................................................... 5 A importância do planejamento gastronômico para o turismo .......... 7 Antonio Montecinos Turismo e gastronomia no Brasil ....................................................................15 Jorge E. Monti de Valsassina Turismo “ao ponto” ...............................................................................................23 Alberto A. Lyra Jr. Turismo Gastronômico - o momento de criar nossos roteiros ........ 29 Edson Wander Puiati Gastronomia brasileira: referência nacional ..............................................37 Pedro de Lamare Membros do Conselho de Turismo ................................................................43 Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Presidente Antonio Oliveira Santos Vice-Presidentes 1º) José Roberto Tadros, 2º) Darci Piana, 3º) José Arteiro da Silva. Abram Szajman, Adelmir Araújo Santana, Bruno Breithaupt, José Evaristo dos Santos, José Marconi Medeiros de Souza, Laércio José de Oliveira, Leandro Domingos Teixeira Pinto e Orlando Santos Diniz Vice-Presidente Administrativo Josias Silva de Albuquerque Vice-Presidente Financeiro Luiz Gil Siuffo Pereira Diretores Alexandre Sampaio de Abreu, Antonio Airton Oliveira Dias, Antonio Osório, Carlos Fernando Amaral, Carlos Marx Tonini, Edison Ferreira de Araújo, Euclides Carli, Fran- cisco Valdeci de Sousa Cavalcante, Hugo de Carvalho, Hugo Lima França, José Lino Sepulcri, Ladislao Pedroso Monte, Lázaro Luiz Gonzaga, Luiz Gastão Bittencourt da Silva, Marcelo Fernandes de Queiroz, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, Pedro Jamil Nadaf, Raniery Araújo Coelho, Valdir Pietrobon, Wilton Malta de Almeida e Zildo De Marchi Conselho Fiscal Anelton Alves da Cunha, Arnaldo Soter Braga Cardoso e Lélio Vieira Carneiro Conselho de Turismo Presidente Alexandre Sampaio de Abreu Vice-Presidente Anita Pires Março/Abril 2012 - nº 10 5 Editorial Turismo e gastronomia andam juntos. Não é exatamente uma surpresa, uma vez que comer e beber fazem parte das necessidades básicas do ser humano, não importa de onde ele seja. A sur- presa fica por conta do desenvolvimento dos dois segmentos. O turismo se expandiu, ganhou novas fronteiras, sobretudo no Brasil, diante do cresci- mento econômico dos últimos anos. A gastronomia evoluiu, saiu dos berços mais nobres para encontrar pessoas de todas as classes sociais dispostas a ex- perimentar novas receitas, transformando o prepa- ro dos alimentos numa verdadeira arte. Uma vez unidos, o potencial do turismo e da gastronomia é enorme. Cada vez mais os turistas se tornam mais exigentes na prestação de serviços; e não é para menos: é deles que depende o contínuo desenvolvimento dos setores. Por isso, a preocupação legítima do Conselho de Turismo da CNC com o desenvolvimento do Turismo Gastronômico levou a esta edição da Turismo em Pauta, recheada de artigos elaborados por quem sabe o ponto certo da receita e conhece bem o prato que será servido. Os desafios do setor ainda são muitos. Mas com um Brasil de cardápio variado, com temperos e ingredientes tão cobiçados mundo afora, encontrar a melhor receita para esses desafios não deve ser tão difícil. Boa leitura! Março/Abril 2012 - nº 10 7 A importância do planejamento gastronômico para o turismo Antonio Montecinos Diretor-geral do Centro Empresarial Gastronômico Hoteleiro (Cegaho) Doutor em Turismo, com especialidade em Planejamento Gastronômico; pós-graduado pela Cornell University; realizou pesquisas gastronômicas e turísticas, consultorias e ministrou cursos e conferências em mais de 28 países O binômio turismo/gastronomia já comprovou sua importância quantificada na Espanha, a qual, no ano 2009, teve seis milhões de visitantes internacionais “que mencionaram como motivo principal de deslocamento a gastronomia e os vinhos”. Apesar disso, a gastronomia normalmente foi considerada um complemento indissolúvel do turismo; todo viajante tem de satisfazer uma ne- cessidade biológica ao longo do dia: comer e beber. Contudo, na atualidade essa “necessidade” pode ser contemplada de diferentes formas: a mais evidente é como parte fundamental do sistema alimentar da humanidade, mesmo que também possa ser aprecia- da como um estilo de vida saudável e, em um aspec- to mais amplo e moderno, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade (Unesco). Mas além do mencionado, um dos objetivos principais é ajudar a compreender e a reconhecer a dimensão da gastro- nomia como uma “motivação principal para realizar uma viagem, razão de ser do fato turístico”. Março/Abril 2012 - nº 10 8 É certo que o turismo proporcionou grandes be- nefícios e crescimento econômico aos países líderes nesse setor, mas também é verdade que os refe- ridos benefícios, na maioria dos casos, não foram disseminados para os diferentes estratos sociais. O turismo entra em uma etapa de crescimento de- pois da Segunda Guerra Mundial, e começa-se a falar do “turismo de massas”. A rapidez dessa leva de turistas e a “falta de planejamento” em temas como a ordenação territorial e geográfica, o or- denamento dos recursos turísticos e a carência de políticas públicas ambientais, de preservação do pa- trimônio, entre outras, tiveram “como consequência um crescimento improvisado e desordenado, com uma grande quantidade de impactos negativos, que foram afetando principalmente os habitantes das localidades e regiões turísticas”. Para citar algumas dessas repercussões, podem ser mencionados: a erosão do ter-ritório, a escassez de recursos naturais, a deterioração do pa- trimônio cultural, os altos custos nos serviços da comunidade, a contaminação visual, a escas- sez de produtos alimentícios, o abandono do campo na agricul- tura, o aumento de importações, a transculturação, a imigração, entre outros muitos detratores do desenvolvimento. Por essa razão, buscou-se dar solução a essa problemá- tica com novos enfoques, de acordo com as necessidades Março/Abril 2012 - nº 10 9 atuais e futuras não apenas do turismo, mas principalmente fo- cados na comunidade local. O tão cunhado e pouco efetivo termo “sustentabilidade” demanda ações concretas, com planos, programas e projetos que partam do âmbito social da localidade, como símbolo de respeito, ética e paz com seus habitantes. Mas, ao mesmo tempo, esses planos devem estar respaldados pelas políticas públicas nacionais, estaduais/comunais, municipais e locais, para gerar sinergias, evitar a desintegração, os altos custos e os baixos resultados que isso implica. Nos estudos de viabilidade para os projetos tu- rísticos, poucas vezes se expõe a referida viabilidade entre a sociedade residente. Como consequência, os habitantes desses lugares não são conscientes dos possíveis efeitos negativos do turismo, ou dos enormes benefícios que podem ser obtidos ao se conceber essa viabilidade de maneira planejada e em comum acordo com a maioria dos integrantes das comunidades que formam uma região. Sustentabilidade Gastronômica ou Turismo Gastronômico? Como resultado da tese de doutorado sobre a qual aqui se escreve, foi desenvolvido um “modelo de planejamento gastronômico e turístico regional” que busca diminuir os impactos negativos do tu- rismo mediante “o planejamento como alternativa necessária ante o problema do improviso no desen- volvimento do turismo gastronômico regional”, que, contrário aos modelos tradicionais de planejamento Nos estudos de viabilidade para os projetos turísticos, poucas vezes se expõe a referida viabilidade entre a sociedade residente Março/Abril 2012 - nº 10 10 turístico, não tem como prioridade, “em primeira instância, a demanda de mercados externos”, mas sim o poder oferecer, em princípio, benefícios aos grupos sociais mais vulneráveis das comunidades. “O modelo para que seja viável tem como principal condicionante a sustentabilidade do sistema ali- mentar com excedentes de produção na região e a vontade da maioria de seus habitantes de comercia- lizar produtos e serviços gastronômicos e turísticos”, para, assim, poder oferecer uma excelente alterna- tiva complementar de desenvolvimento; mas “não a principal”, pois existem imprevistos que implicam altos riscos de estacionalidade e incontroláveis na- turais relacionados ao frágil sistema agroalimentar. Existe o patrimônio gastronômico sem ser neces- sariamente turístico, mas, para que seja turístico, precisa, necessaria- mente, ser sustentável. Para a reali- zação da maioria dos projetos turís- ticos convencionais contempla-se o nível de hierarquia das atrações em uma zona específica, a fim de avaliar se podem ser suficien- temente potenciais para motivar deslocamentos de curta, média ou longa distância. Se esse passo é po- sitivo, procede-se ao planejamento do destino turístico, com a infraes- trutura necessária, como estradas, comunicações, aeroportos, hospe- dagem, estabelecimentos de ali- mentos e bebidas, entretenimento, serviços públicos, estudos de carga, ambientais e sociais, entre muitos Março/Abril 2012 - nº 10 11 outros. No caso da gastronomia, essa metodologia não funciona assim, dado que o principal recur- so tangível provém da terra (que se complementa com os intangí- veis) e varia de acordo com cada estação do ano. Há, inclusive, mais incontroláveis negativos ao provê- lo a natureza, como possíveis estia- gens, chuvas abundantes ou desas- tres naturais. Como sabemos, as comunida- des locais, em sua maioria, não contam com ins- talações adequadas para poder prevenir isso. Daí os riscos que um agricultor corre para recuperar seu investimento, cujo prazo estimado são dez anos (muito amplo), o que é uma das razões do abandono do campo, principalmente nos países subdesenvolvidos. Portanto, antes de planejar um possível produto gastronômico que possa se tor- nar uma atração turística, devem ser planejadas cadeias curtas de distribuição em que a produção local seja considerada dentro da cesta básica, e que só ao ter um excedente complementado com técnicas, utensílios, receitas e outros componentes patrimoniais da comunidade, tangíveis e intan- gíveis, que o tornem singular e atrativo, possa- se complementá-lo ou vendê-lo a turistas e vi- sitantes gastronômicos. Do contrário, ao não se ter assegurada a produção do consumo local e a do excedente para o consumo turístico, pode-se provocar escassez ou impacto ao meio ambien- te, quando do trabalho sobre as terras ou do au- mento do consumo de espécies animais em perigo antes de planejar um possível produto gastronômico que possa se tornar uma atração turística, devem ser planejadas cadeias curtas de distribuição Março/Abril 2012 - nº 10 12 de extinção. Especificamente, se não existe esse sistema de cadeias curtas de distribuição com excedentes de produção, não pode ser gerado um plano local ou regional de gastronomia turística, o qual, segura- mente, provocaria terríveis impactos negativos para as comunidades. Portanto, a metodologia para se desenvolver um sistema de planejamento gastronô- mico turístico terá como condicionante um sistema sustentável local de produção e distribuição, consu- mo e comercialização de alimentos que consiste em: 1. Viabilidade do produto 2. Pratos/bandeiras regionais 3. Capacidade de produção 4. Cadeias curtas de distribuição 5. Cooperativas e comércio justo 6. Aspectos legais 7. Envolvimento do setor (as(os) cozinheiras(os) e restauradores gastronômicos) 8. Compostagem 9. Comercialização e marketing 10. Vendas excedentes: em níveis estadual, nacional Março/Abril 2012 - nº 10 13 e de exportações Como já vimos, existe o patrimônio gastronômi- co sem ser necessariamente turístico. Mas, para que seja turístico, precisa ser necessariamente susten- tável na mesma comunidade, como condicionante desse sistema. Se há excedentes na produção em no mínimo 15 anos, a comunidade poderá tomar a decisão de vender esses excedentes em níveis regional, nacional ou internacional, iniciando um novo processo de certificações e todos os desafios que isso implica. Do contrário, se a comunidade está convencida das bondades do turismo e tem o conhecimento de seus perigos para preveni-la, poderemos falar de ter o inventário necessário para poder desenvolver produtos e serviços mediante esse sistema de planejamento. Gastronomia não diz respeito apenas a pratos ou bebidas; é um sistema que começa na terra e termina na terra. O planejamento gastronômico turístico tem por objeto relatar certos benefícios socioeconômicos à sociedade e manter, ao mesmo tempo, a sustentabilidade do setor. Pode integrar-se no planejamento geral de uma zona. Se isso se con- segue, o turismo se incorporará automaticamente às pautas de desenvolvimento dessa zona. Contu- do, o mais frequente é que o plano de turismo seja elaborado separadamente, dada a necessidade de dirigir o desenvolvimento turístico quanto antes Gastronomia não diz respeito apenas a pratos ou bebidas; é um sistema que começa na terra e termina na terra Março/Abril 2012 - nº 10 14 possível, uma vez tomada a decisão de fazê-lo, ou de melhorar ou ampliar o fluxo turístico já existente. O patrimônio gastronômico dos povos sempre existiu, apesar de seu reconhecimento pelo mundo científico e acadêmico ser muito recente. Isso deve fazer com que a gastronomia “seja conceituada, de maneira urgente, motivo prioritário de estudo multidisciplinar e intersetorial”, por sua relação di- reta com a agricultura,o comércio, as exportações, a restauração, o alojamento, a saúde, etc., já que faz parte do sistema alimentício, o qual há de se preservar perante os embates da globalização e os grandes conglomerados, que prejudicam o comércio justo na escala regional, por sua venda de produtos modificados geneticamente (transgênicos), a baixos custos e, em vários casos, precursores de problemas de saúde, em razão da ausência de pesquisa e infor- mação sobre suas consequências. A gastronomia é, foi e será patrimônio da huma- nidade para sempre. Mas “é necessário preservá-la, protegê-la e dinamizá-la de maneira ética e respei- tosa”. O grande desafio é que, de maneira planejada, “o turismo gastronômico seja considerado, com a maior brevidade, como um produto turístico priori- tário, apoiado por políticas públicas internacionais e nacionais vigorosas que o transformem em uma excelente ferramenta, para coadjuvar, de maneira respeitosa, ética e pacífica, com o desenvolvimento social regional sustentável”. Março/Abril 2012 - nº 10 15 Turismo e gastronomia no Brasil Jorge E. Monti de Valsassina Diretor proprietário da JM Consultorias e Assessorias Gastronômicas Ltda. Argentino residente há mais de 20 ano no Brasil, com mais de 35 anos de experiência em gastronomia; dono, sócio e consultor na abertura de 30 restaurantes diferentes; fundador e ex-presidente da Associação Brasileira da Alta Gastronomia (Abaga); ex-diretor Continental da World Association of Cooks Societies (WACS) Não existe turismo sem gastronomia. Ambas selaram sua relação quando o hábito de viajar incorporou-se ao cotidiano das pessoas. O turismo é uma atividade que pode impulsio-nar o desenvolvimento de uma região, já que é um elemento aglutinador de diversas atividades e serviços. Com a multiplicação de destinos e opções, cresceu a importância de guias e roteiros de via- gem em que a gastronomia se torna um recurso fundamental, adquirindo uma perspectiva dife- rente, acertando em cheio o imaginário das pes- soas que desejam buscar uma realidade diferente de seu cotidiano. A importância da gastronomia e do turismo se observa nas preparações e nos produtos que chegam a transcender sua origem geográfica, tornando-se quase emblemáticas peças de propaganda de seus estados. Atuam como veículo, criando no imaginário a associação entre destino turístico e gastronomia. Março/Abril 2012 - nº 10 16 Esta é um elemento de diferenciação cultural e, por isso, adquire uma importância cada vez maior para a promoção das regiões. A alimentação é uma necessidade de sobrevivên- cia, mas também de prazer. Portanto, é um instrumen- to necessário para ser utilizado nos circuitos turísticos. As transformações dos ingredientes da terra es- tão relacionadas diretamente à tradição e à cultura dos povos, e, na incessante busca de agradar ao paladar, o cozinheiro e o desenvolvimento da gas- tronomia convertem-se em elementos primordiais. Quando as pessoas viajam se sentem tão envol- vidas por natureza, igrejas, monumentos históricos, etc. quanto pelos produtos e pela gastronomia dos lugares que visitam. O turismo é uma atividade dos sentidos. Portanto, a gastronomia é fundamental para seu desenvolvimento, oferecendo experiên- cias sensoriais e psicológicas que, no futuro, se forem positivas, farão com que o turista recomende ou volte a esse destino. O Brasil é um país continental, com diversas culturas gastronô- micas. Cada região oferece ao tu- rista uma gastronomia diferente, permitindo o conhecimento da cultura, dos produtos e da evolu- ção no preparo. É um verdadeiro caldeirão de influências. Algumas regiões do Brasil têm uma gastronomia bem marcante para o turista, deixando em sua memória lembranças inesquecí- veis do destino visitado. Março/Abril 2012 - nº 10 17 Os empresários do turismo no- taram essa riqueza e passaram a investir em hotéis e restaurantes, aproveitando as tradições e a cul- tura gastronômica dos locais. Foram criados roteiros gastro- nômicos em que o prato típico tem grande destaque e incluídas visitas a fazendas, vinhedos, com almoços ou jantares regionais acom- panhados por música e artesanatos, que oferecem ao turista um diferencial, proporcionando-lhe uma imersão na cultura do destino visitado. No Brasil, temos mais de um milhão de estabe- lecimentos gastronômicos, dentro e fora dos hotéis – número que dá uma ideia do volume e da impor- tância dessa área. O setor emprega mais de seis milhões de pes soas, mas somente 5% delas têm formação. O faturamen- to é de aproximadamente R$ 100 bilhões, o que representa quase 2,8% do PIB nacional. No ano de 1995 somente existia uma escola de gastronomia, a do Senac na cidade de Águas de São Pedro, no Estado de São Paulo. Hoje o número de escolas chega a quase 300, repartidas por todos os cantos do País, o que vai nos permitir maior desen- volvimento e qualidade nos serviços. A participação do Brasil nos concursos e festivais internacionais de gastronomia permite uma abertu- ra e uma divulgação de nosso país e nossos produtos para o mundo, sempre que é realizada com parcerias e recursos adequados para atrair o interesse turístico e comercial. É importante ressaltar que no Brasil, hoje, em 2012, a maioria das atividades da gastronomia e da Algumas regiões do Brasil têm uma gastronomia bem marcante para o turista Março/Abril 2012 - nº 10 18 hotelaria não são reconhecidas como profissão nem regulamentadas. Isso dificulta o desenvolvimento, pois é difícil a formação de turmas preparadas para atender à demanda turística nas diferentes regiões do País. Na área específica de cozinha existe o Projeto de Lei nº 6.049, que está no Senado aguardando apro- vação, o qual reconhece a profissão de cozinheiro. De fato, ao reconhecer essa profissão poderemos melhorar a formação para o setor, revertendo os benefícios para a atividade turística. Nesse processo histórico de globalização, temos de atuar de forma organizada e planejada, para po- der conquistar um lugar de importância na gastro- nomia, no turismo e no mercado mundial em suas diversas atividades. O cenário do mundo contemporâneo, com o po- der dos veículos de comunicação – sites, blogs, TVs, revistas –, faz da gastronomia, da hotelaria e do turismo necessidades de consumo que todo mun- do quer alcançar – isso facilitado pelos meios de transporte aéreos, que hoje praticam preços muito convidativos –, a fim de que se possa aventurar ao conhecimento de novos destinos, antes quase im- possíveis de se alcançar. Nos últimos tempos, a gastronomia passou por grandes mudanças, sofrendo transformações radi- Nos últimos tempos, a gastronomia passou por grandes mudanças, sofrendo transformações radicais impulsionadas pela globalização, que chegou a todos os cantos do mundo Março/Abril 2012 - nº 10 19 cais impulsionadas pela globalização, que chegou a todos os cantos do mundo. A arte da cozinha evoluiu significativamente com o aparecimento de modernos equipamentos, uten- sílios, técnicas, novas tendências, regras e normas sanitárias, dietéticas e nutricionais, que permitiram um maior cuidado com a elaboração dos alimentos, sem retirar suas características regionais, interna- cionais ou nacionais, mostrando um aspecto mais saudável na alimentação das pessoas e respeitando as normas sanitárias em vigência. Citando um exemplo, na orla da Bahia, as baia- nas que preparam o típico acarajé trabalham dentro dessas normas, fazendo com que o turista se sinta protegido de qualquer intoxicação alimentar. Nosso código sanitário de manipulação de ali- mentos é atual e correto para nossa época, mas é necessário realizar uma maior fiscalização nos esta- belecimentos, em nível nacional, e realizar campa- nhas contínuas de educação sanitária e manipulação alimentar. Devemos conscientizar todos os trabalha- Março/Abril 2012 - nº 10 20 dores dessa área acerca da importância desse ponto, que pode prejudicar a saúde, a imagem e o turismode nosso país. A vitivinicultura não pode ficar de fora desse con- texto gastronômico, já que se juntou à arte da boa mesa como produto indispensável a ser incorporado aos roteiros turísticos. As regiões do Vale do São Francisco, que co- meça em Minas Gerais e segue por Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, assim como Florianópolis, na região do Rio Grande do Sul, são conhecidas pelos roteiros turísticos não só em fun- ção das belezas naturais, mas também pela harmo- nização dos vinhos produzidos nessas áreas e pela rica culinária regional. Março/Abril 2012 - nº 10 21 Atualmente, com a abertura das escolas de gas- tronomia, estamos tendo uma grande melhoria na base dos estabelecimentos gastronômicos, mos- trando ao turista toda a nossa cultura alimentar, com melhor tratamento, técnica e finalização nos pratos apresentados. Mas essas escolas não estão ao alcance de muitos dos trabalhadores da gastronomia, seja pelo custo seja pelo tempo de assistência às aulas. É preciso que haja cursos curtos de aperfeiçoamento da mão de obra existente, para que possamos estar dentro dos padrões mundiais de serviços. As instituições do setor público e privado devem realizar essa tarefa. Acredito que, realizando esse trabalho, chega- remos à Copa do Mundo de Futebol de 2014 e às Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 com uma gastronomia mais preparada para mostrar nossa diversidade e nossa evolução no contexto mundial, que incorpora tendências e novas técnicas ao nosso patrimônio gastronômico. A cada ano o turismo cresce mais no Brasil em número, consumo e qualidade de turistas. Devemos, portanto, aprimorar-nos cada vez mais para atender melhor e oferecer maior variedade de roteiros, com muita gastronomia, criando nos visitantes o desejo permanente de voltar ao Brasil. Nós podemos fazer isso, na medida em que o Brasil oferece, como país continental, muitas opções. É preciso que haja cursos curtos de aperfeiçoamento da mão de obra existente, para que possamos estar dentro dos padrões mundiais de serviços Março/Abril 2012 - nº 10 22 Mas ainda falta muito trabalho. Temos de investir em infraestrutura e transporte, para facilitar a cir- culação dos turistas, desburocratizar, permitir um ingresso rápido, com muita facilidade para circular dentro do território, investir na malha ferroviária, em rodovias e aeroportos, assim como em campanhas de marketing que liguem os atrativos turísticos naturais à gastronomia, à música, ao artesanato, enfim, aos diversos produtos. Ou seja, precisamos mostrar o Brasil inserido no mundo moderno, com toda a sua cultura, suas transformações, diversidades e riquezas. Por tudo isso, afirmo que não há turismo sem uma gastronomia preparada para mostrar ao visitan- te as influências, as técnicas, as transformações e a exuberância da natureza, que nos oferece produtos maravilhosos para ser utilizados. Temos de trabalhar sem descanso, para que, cada dia, posamos promover melhorias em todo o Brasil, tornando a relação turismo-gastronomia indispen- sável para o conhecimento de nossas regiões e da evolução e dos avanços de nossa cultura. Março/Abril 2012 - nº 10 23 Turismo “ao ponto” Alberto A. Lyra Jr. Diretor executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR) Formado em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Eaesp), da Fundação Getulio Vargas (FGV), com pós-graduação em Economia de Empresas pela FGV; foi Diretor de Desenvolvimento de Mercado da Bovespa e Diretor Executivo Com a realização da Copa e dos Jogos Olímpicos, é hora de alavancar o potencial turístico da rica gastronomia brasileira. Viagem e comida estão associadas desde a era das grandes navegações. O Brasil tem sua his- tória nesse particular. Em 1500, quando Pedro Ál- vares Cabral aportou em nosso país, ele liderava, na verdade, uma expedição para buscar especiarias na Índia. E foram também desbravadores de rotas ou de comércio que, na Europa do século XVIII, induzi- ram o aparecimento dos restaurantes. Os viajantes precisavam de paradas para restaurar as forças e vencer suas jornadas entre territórios. Essa neces- sidade abriu muitas perspectivas para a história da alimentação, que, nos séculos seguintes, viria a atrair a atenção tecnológica que revolucionou o preparo e a variedade de refeições. Já o turismo motivado pela culinária começou a fazer história no início do século XX. Surgiram os grupos de viajantes, formando excursões, e os guias Março/Abril 2012 - nº 10 24 impressos de viagens, com indicações dos melhores hotéis e restaurantes de cada região. O mais antigo de que se tem notícia, o Michelin, criado na França em 1900, orientava caminhoneiros a encontrar bons alojamentos e comida em suas travessias. Até hoje o guia é publicado e traz o suprassumo da culinária em diversos lugares do mundo. Seu sistema de clas- sificação de restaurantes por estrelas, adotado em 1926, tornou-se referência no mercado. Apelo culinário O advento dos guias de viagens colaborou para que a gastronomia adquirisse importância singular no contexto turístico. Diversos países começaram a explorar esse filão, principalmente os europeus, que passaram a criar roteiros com foco nas especialida- des de suas cozinhas locais. Hoje, há cidades e outros destinos visitados sobretudo por seus apelos gastro- nômicos, seja por conta de uma culinária diferen- ciada e inovadora, seja pelas peculiaridades de suas tradições na cozinha. E não apenas os gourmets bus- cam esses prazeres da mesa ao viajar. Mesmo para Março/Abril 2012 - nº 10 25 os que não são grandes amantes da gastronomia, a degustação de um prato clássico do lugar ou de uma iguaria especial de onde se está enriquece a viagem e a vivência cultural. Quem não quer sabo rear uma pizza italiana ou provar um típico ratatouille, confit de canard ou crème brûlée francês? Os típicos do Brasil No circuito do turismo gourmet, o Brasil ainda não é reconhecido como destino óbvio, mas tem enorme potencial. A vastidão territorial e cultural contam a favor. As diferenças geográficas, em vez de um único prato típico, proporcionam incrível varie- dade de opções e riqueza de ingredientes sem igual, que impressionam chefs, gourmets e turistas de todo o mundo. A mandioca, o açaí, o cupuaçu, o acarajé, a cocada, a feijoada, a caipirinha, o churrasco são apenas algumas das referências mais marcantes. Essa diversidade, característica brasileira em vá- rios aspectos e exemplificada aqui de forma muito breve, dá-nos a dimensão do quanto a culinária brasileira ainda pode ser explorada e ressaltada no contexto turístico. Temos um vasto patrimônio para estruturar roteiros interessantes, que sejam fiéis à dimensão e às peculiaridades de nossas iguarias. A realização da Copa e dos Jogos Olímpicos no País abre uma oportunidade única para que o mundo também conheça o potencial da nossa culinária, cuja reputação tem feito avanços significativos, graças No circuito do turismo gourmet, o Brasil ainda não é reconhecido como destino óbvio, mas tem enorme potencial Março/Abril 2012 - nº 10 26 ao talento e à criatividade de nos- sos chefs. Recentemente, três res- taurantes brasileiros conquistaram boas posições no San Pellegrino World’s Best Restaurants, orga- nizado pela revista inglesa Res- taurant. O prêmio é um dos mais respeitados do setor e conta com a participação de chefs de cozinha e críticos gastronômicos europeus. Em comum, os estabelecimentos do País que aparecem no ranking da publicação procuram valorizar em seus pratos ingredientes tipi- camente brasileiros. A mesa é nossa Mas o Brasil pode ir ainda mais longe para con- quistar, de fato, um merecido lugar entre os países reconhecidos pela singularidade de sua culinária. E o momento de investir é agora. Os megaeventos esportivos no País, em 2014 e 2016, proporcionam uma chance única. Teremos a presença de turistas das mais diferentes partes do mundo,que poderão conhecer a vastidão da mesa brasileira. Temos a ma- téria-prima e a oportunidade; só precisamos atuar de modo a contribuir para uma profissionalização cada vez maior do setor de alimentação fora do lar. Agências e operadoras de turismo devem vender o Brasil também como um centro gastronômico. A Associação Nacional de Restaurantes (ANR) vem atuando firmemente nesse sentido, investindo especialmente na capacitação dos profissionais do setor de alimentação fora do lar. A associação man- Março/Abril 2012 - nº 10 27 tém quatro grupos de trabalho fo- cados no preparo de profissionais, para atender, da melhor forma, consumidores locais e turistas e, é claro, às novas exigências de sustentabilidade e inserção social. No Grupo de Trabalho Técnico (GT-TEC), os responsáveis pelas áreas técnicas dos estabeleci- mentos dividem boas práticas de fabricação, normas reguladoras e padrões de fiscalização para apri- morar seus negócios, discutindo aperfeiçoamentos diretamente com os órgãos de fiscalização em suas várias esferas. Assuntos pertinentes à gestão do ca- pital humano e à legislação trabalhista são debatidos no Grupo de Trabalho de Recursos Humanos (GT- RH), que propõe ideias e ações para a atração e a retenção de bons profissionais. O Grupo de Trabalho de Comunicação e Marketing (GT-COM) é pautado por discussões relacionadas ao universo das mídias sociais, da assessoria de imprensa e do marketing, de maneira a distinguir as simples novidades das boas estratégias de comunicação interna e com o cliente. Por fim, no Grupo de Trabalho de Sustentabilidade, profissionais da cadeia de food service avaliam e compartilham caminhos e soluções para os novos desafios que se apresentam aos gestores dessas empresas, desde as obrigações legais, que trarão sérias responsabilidades aos geradores de resíduos, até a imperiosa busca pela inclusão social de uma importante classe de brasileiros. Além das reuniões periódicas desses comitês, a entidade promove palestras, workshops e seminários Temos a matéria-prima e a oportunidade; só precisamos atuar de modo a contribuir para uma profissionalização cada vez maior do setor de alimentação fora do lar Março/Abril 2012 - nº 10 28 sobre questões relevantes e tendências, com foco na profissionalização do setor, a exemplo do 1º Encon- tro Nacional de Vigilâncias Sanitárias (Encovisas). O evento, agendado para o dia 2 de agosto de 2012, discutirá, com os responsáveis pela fiscalização, as práticas necessárias para o cumprimento das exi- gências vigentes para restaurantes e operadores em cada cidade. O trabalho realizado pela organização, embora relevante para o desenvolvimento do mercado, não é suficiente. Cabe também ao poder público, em suas diferentes esferas e considerando igualmente parcerias com a iniciativa privada, propor políticas públicas e de incentivo. Já passou a hora de planejar e executar ações para, de fato, conseguirmos explo- rar, da melhor forma, todo o potencial turístico da gastronomia brasileira. Nessa aposta, todos ganham: consumidores, restaurantes e governo. Março/Abril 2012 - nº 10 29 Turismo Gastronômico - O momento de criar nossos roteiros Edson Wander Puiati Chef Executivo e Gestor de Gastronomia do Senac-MG, Formado em Administração de Empresas; pós-graduado em Gestão Educacional e Gestão da Segurança Alimentar O turismo no Brasil cresce a cada ano; e com ele, os roteiros e destinos turísticos, que hoje já ultrapassam a marca de cem. Isso nos revela a presença da gastronomia em quase 100% desses destinos. As receitas do tu- rismo no Brasil já somam, somente de janeiro a abril de 2012, US$ 2,47 bilhões, um aumento de 8,9% em relação ao ano passado (fonte: Mtur). Entendendo melhor o posicionamento e a ques- tão da importância da gastronomia para o turis- mo, vamos definir a etimologia da palavra, que, segundo o livro Hedypatheia (Tratado dos Pra- zeres), de Arkhestratus, um contemporâneo de Aristóteles, é a junção de “Gaster” (estômago) e “Nomus” (regido por leis). É o estômago escolhen- do o que deseja comer. Hoje, gastronomia passou a ser a Arte de Comer e Beber Bem, o prazer que a mesa nos proporciona. Sua definição perpassa pela variedade, fundindo-se com a escolha e a Março/Abril 2012 - nº 10 30 seleção das iguarias, levando-se em consideração aspectos culturais, religiosos, costumes locais, re- gionalismo, “terroir”, clima, sazonalidade. Enfim, são tantas as interferências que um país tropical e de grande extensão como o Brasil nos invoca que é hora de criarmos os roteiros gastronômicos. A gastronomia não pode mais ser uma das atra- ções dos roteiros e circuitos turísticos; ela deve ser o objeto destes. Além do mais, é sabido que o turista gastrônomo tem um perfil diferenciado e busca esse nicho geralmente em qualquer época ou nos períodos de safra e das maiores produções de determinados produtos. Podemos destacar a época das caças às trufas na Europa, precisamen- te na Itália, região do Piemonte, entre outubro e novembro, que se torna um destino gastronômico fantástico, dentre outros que podem ser citados, como os vinhos na França, os chocolates na Bélgica e os Jambons na Espanha. No Brasil já temos as rotas do vinho em Ca- xias do Sul, lugar exuberante e com produções de vinhos varietais honestos que não perdem quase nada para os roteiros vitiviníferos internacionais; roteiros também como os da cachaça, em Minas Gerais, dos queijos, dos frutos e frutas exóticas, do famoso e internacional mercado “ver o peso”, de Belém do Pará. A gastronomia não pode mais ser uma das atrações dos roteiros e circuitos turísticos; ela deve ser o objeto destes Março/Abril 2012 - nº 10 31 Ah! Aliás, tenho de fazer, aqui, um aparte: os mercados que temos em todo o território nacio- nal por si só já são roteiros turísticos, já que ne- les encontramos os melhores produtos regionais, agricultura familiar, além de costumes, rituais, histórias e, o mais importante, a memória de um povo. São aos milhares; alguns tão expressivos que merecem destaque, como os de São Paulo, Manaus, Recife e Belo Horizonte, em que, além do Mercado Central, outros menores se destacam pelo interior. Enfim, se quer conhecer um povo e sua história, visite seu mercado local. Ainda po- demos citar os eventos gastronômicos, que são inúmeros pelo País afora. Lembro-me de alguns Março/Abril 2012 - nº 10 32 mais expressivos, como o Fenaostra, em Santa Catariana, que acontece sempre em outubro, o Festival Gastronômico da Pipa (RN), além do Fes- tival Internacional de Cultura e Gastronomia de Tiradentes (MG), do Circuito Comida di Buteco (Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiâ- nia, Belém e Salvador), da Festa do Pinhão, em Visconde de Mauá (RJ), dos Festivais de Maria da Fé e da Linguiça, em Formiga, Igarapé Bem Temperado (MG), do Brumadinho Gourmet... São muitas as festas, festins e festivais que têm o apelo gastronômico. E é importante ressaltar que, a cada evento produzido, o número de empregos gerados direta e indiretamente com o Turismo Gastronômico é significativo, se comparado a outros segmentos. Março/Abril 2012 - nº 10 33 Então, podemos refletir um pouco sobre os quatro primeiros restaurantes mais famosos do mundo, segundo a revista ingle- sa Restaurant. Onde eles estão? O que os fez os melhores do mun- do? Analisando a questão, vemos que todos têm uma gastronomia pessoal, personalizada e impar- cial; e, o mais interessante, em sua maioria, não precisam estar em locais populosos – pelo menos dois deles estão afastados de grandes centros e nem por isso deixam de ter 100% de ocupação durante todo o período em que estão abertos. O Turismo Gastronômico atrai um perfil de turista diferenciado, que está sempre à caça de novidades; quer experimentar novos sabores, aro- mas, texturas; quer glamour, ser o único a degustar um prato feito exclusivamente para ele. Entender o mundo da gastronomiaé fácil; basta ter sensi- bilidade, pois ela encanta os sentidos e, quando apresentada de forma profissional e GASTRONÔ- MICA, torna-se memorável, distinta, inconfundível, personalizada. E hoje, o que buscamos nada mais é do que um atendimento exclusivo, personalizado. Voltemos ao tema principal, à importância de resgatarmos e catalogarmos todos os potenciais gastronômicos que temos, com suas peculiaridades agregadas, como a cultura, os costumes, a religião, o “terroir”, enfim, tudo o que cerca o mundo da alimentação. O momento de criar os destinos gas- tronômicos é agora. Dou uma dica importante: sabe- mos que a gastronomia é permeada de modismos; a O mundo está em busca de qualidade de vida, alimentação saudável e um serviço impecável Março/Abril 2012 - nº 10 34 cada momento uma tendência e as tendências futuras apontam para uma cozinha sustentável, para o respeito no trato com os alimentos, sem desperdícios, nascendo, assim, uma nova cozinha criativa basea da na cultura slow food, mais orgânica, biodinâmica, saudável, voltada para a saúde humana. O mundo está em busca de qua- lidade de vida, alimentação saudá- vel e um serviço impecável. É preci- so resgatar aqueles produtos antes esquecidos com a vinda da gastro- nomia Fusion. Aliás, eu pergunto: não será “Confusion”? O fato é que perdemos muito de nossa identi- dade durante essa fase. Quantos produtos foram esquecidos? Não seria o momento de voltarmos a produzi-los? Para sermos sustentá- veis, temos de pensar desde a pro- dução dos insumos até a mesa. Em uma recente apresentação de um amigo mexicano, eu o ouvi dizer: “Todo prato nasce na terra e acaba na terra”. É preciso refletir sobre isso. Cozinha sustentável é o grande ne- gócio do momento. Criemos nossas marcas exclusi- vas, nossos roteiros, focando o po- tencial do local e da região. A Es- panha, inclusive, já faz isso. Vários Março/Abril 2012 - nº 10 35 são seus roteiros gastronômicos. Já existe um slogan: “Saboreie a Espanha! / Deguste a Espanha! – Cuina Catalana”. Roteiros como de San Sebastian (destaca-se pelo número de restaurantes es- trelados; entre os oito melhores do mundo, dois estão em San Sebastian), Madrid, Barcelona, Pamplona, Badajoz, Catalunha, dentre outros, já se consolidam no mercado mundial. Definidos os roteiros e identificados os poten- ciais de cada localidade ou região, é preciso ter em mente os pontos cruciais de uma gastronomia de vanguarda: segurança alimentar, qualidade, preço, atendimento, decoração, ambiente, serviço bilín- gue, segurança física e patrimonial são fundamen- tais para o sucesso de qualquer empreendimento no ramo da alimentação. Como em todo roteiro turístico, alguns pontos devem ser observados, fo- cando primeiramente os meios de hospedagem, pois apenas haverá um fluxo turístico se houver leitos suficientes para os visitantes e transporte; seja de que maneira for, mas é importante ter um mínimo de condição. O potencial turístico gastronômico poderá se apresentar na forma de alimentos produzidos in locu, bebidas, utensílios, tradições e costumes. Fa- tores que complementam o fluxo turístico, como a beleza do lugar, o paisagismo, a natureza local, a música, o artesanato, a arquitetura e sua história, tudo isso agregado aos motivos fundamentais que O potencial turístico gastronômico poderá se apresentar na forma de alimentos produzidos in locu, bebidas, utensílios, tradições e costumes Março/Abril 2012 - nº 10 36 levam o turista gastrônomo aos locais: bons res- taurantes, mercados, feiras livres, museus gastronô- micos, rotas gastronômicas, circuitos, agroturismo, festivais, rotas religiosas, enfim, motivos não faltam para começarmos a trabalhar para e pelos roteiros gastronômicos. Voltemos às nossas raízes. Nossa história é bela, consistente; temos uma gastronomia com in fluências portuguesas, africanas, num país tropi- cal e de frutos exóticos. O mundo está se voltando para a nossa cozinha. Basta nos organizarmos e, a partir daí, o Turismo Gastronômico deverá ser tratado como prioritário, o mais importante e mais difundido. Estamos no momento de fazer a nossa história acontecer. Março/Abril 2012 - nº 10 37 Gastronomia brasileira: referência nacional Pedro de Lamare Presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), empresário de alimentação e membro do Conselho da Cidade do Rio de Janeiro O reconhecimento pode até ter chegado tarde, mas não é menos merecido. Nossa gastronomia, motivo de orgulho nacional, tem amadurecido, celebrado prêmios e se desenvolvido, ocupando, hoje, posição essencial na economia brasileira. Registrando crescimento de 80% nos últimos cinco anos, com mais de seis milhões de tra- balhadores, o setor de alimentação fora do lar vem se destacando na geração de empregos, fazendo frente à construção civil. Em 2011, a gastronomia movimentou R$ 180 bilhões no País, refletindo os bons resultados do incremento da renda familiar do brasileiro, da diversidade culinária nacional e, mais do que nunca, de nosso potencial turístico. Em países desenvolvidos, a média de despesas com alimentação fora do lar é de aproximadamente 46% da renda. No Brasil, esse número ainda cor- responde a 31% dos gastos das famílias, de acor- do com a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2010, do IBGE, mas com perspectivas de alcançar 40% até 2020. Enquanto mais e mais brasileiros ocupam as mesas, explorando nosso amplo talen- Março/Abril 2012 - nº 10 38 to gastronômico, os turistas começam a descobrir nossa rica e curiosa oferta, que vai dos alimentos exóticos aos renomados profissionais. Entre tantos incríveis chefs e ótimos empreendimentos, abri- gamos, atualmente, o quarto melhor restaurante do mundo, o D.O.M., do chef Alex Atala, premiado recentemente no The World’s 50 Best Restaurants. E festivais gastronômicos multiplicam-se pelo País, integrando o público ao universo gourmet e incre- mentando o turismo regional. Reconhecida em muitos destinos como identi- dade cultural, a gastronomia é motivo de fomento e atrativo turístico há muitas décadas. A culiná- ria brasileira, avaliada positivamente por 95,5% dos entrevistados do estudo Demanda Turística Internacional, de 2010, produzido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), ganhou, pela primeira vez, uma campanha de promoção mundial desenvolvida pela Embratur. Liderada pelo chef Alex Atala, nossa culinária finalmente está ocupando espaço entre os roteiros culturais e turísticos do País. É hora de trabalharmos ar- duamente para conquistar boas impressões e mais crescimento. Com o turismo em evolução, impulsionado pela visibilidade promovida pelos próximos me- gaeventos sediados no Brasil, a gastronomia acompanha um momento prolífico para o País, que espera atingir o recorde de 7,2 milhões de visitantes estran- geiros em 2014. Com o turismo em evolução, impulsionado pela visibilidade promovida pelos próximos megaeventos sediados no Brasil, a gastronomia acompanha um momento prolífico para o País Março/Abril 2012 - nº 10 39 Uma diversidade de roteiros turísticos pode ser explorada a partir da culinária nacional, capaz de abarcar o interior e as grandes cidades, de norte a sul do Brasil, incluir dos grandes aos microempresários e abrir espaço até para causas sociais. No Rio de Janeiro, os recentes roteiros em favelas pacificadas já incluem experiências gastronômicas e até mesmo o reconhecimento de estabelecimentos em festivais e jornais internacionais. No Bar do David, no morro do Chapéu Mangueira, no Leme, cariocas e turistas fazem questão, hoje, de saborear os petiscos consa- grados pelo prêmio Comida di Buteco. A expansão da alimentação atrelada ao turismo fortalece a causa da gastronomia. A experiência de viagem é enriquecida com uma vivência sensorial positiva. Cabe a nós garantir que essa experiência seja a melhor possível. Nesse momento, o bomaten- Março/Abril 2012 - nº 10 40 dimento e a capacitação da mão de obra entram em cartaz como condições indispensáveis no serviço prestado. Investimentos no setor não faltam; novas escolas de gastronomia surgem a cada ano, mas ainda precisamos avançar. A chegada de visitantes de diferentes países aponta a barreira linguística como um desafio a ser superado nos mais diferen- tes comércios, mas principalmente nos setores de transporte e alimentação. Os cursos de idiomas têm criado programas específicos para a qualificação de garçons e profissionais que lidam com turistas, e o SindRio vem investindo em parcerias para viabilizar a introdução desses programas nas empresas. Entendemos que melhorias e capacitação empre- sarial e profissional são condições primordiais para levar nosso segmento adiante. Nesse sentido, aca- bamos de assinar um acordo de cooperação técnica Março/Abril 2012 - nº 10 41 e parceria na área de tecnologia aplicada ao varejo com a Associação Brasileira de Automação Comer- cial (Afrac), a Associação Brasileira de Franchising (ABF), a Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS), a Associação Nacional de Restaurantes (ANR) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Atualmente, ainda com potencial de crescimento, o Brasil reúne mais de 1,4 milhão de lojas de food service, mas, em muitas cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, a escassez de pontos comerciais já é uma realidade que dificulta o crescimento, somada às burocracias para aquisição e gestão de negócios. O custo Brasil alto muitas vezes limita a inclusão e o sucesso de novos empreendedores no mercado. Na área de franquias, a alimentação apresentou um desenvolvimento tímido de 14% em 2011, ante o mercado de turismo e hotelaria, que cresceu 85,9%, de acordo com a ABF. Entretanto, Com novas políti- cas de desoneração de tarifas e folha de pagamento e outros incentivos para novos empresários, as pers- pectivas ainda são positivas. O setor tem se recriado e redescoberto, apresen- tando novas propostas de refeição. Hoje, os grandes centros reúnem uma oferta internacional e multi- cultural vasta. A área de delivery se expandiu e já é opção de compra de 59% dos brasileiros. Cartões Na área de franquias, a alimentação apresentou um desenvolvimento tímido de 14% em 2011, ante o mercado de turismo e hotelaria Março/Abril 2012 - nº 10 42 de desconto fidelizam clientes, enquanto reservas podem ser feitas on-line. Muitos restaurantes já apostam em sites bilíngues para alcançar os turis- tas, e chefs participam de festivais internacionais, levando o nome dos restaurantes e do Brasil para o mundo. Estamos, finalmente, globalizando nossa gastronomia e atraindo visitantes com o apelo de nossos sabores. Março/Abril 2012 - nº 10 43 AIMONE CAMARDELLA Diretor da Câmara de Consultores Associados Professor e escritor ALEX CANZIANI Deputado Federal pelo Estado do Paraná Titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados Ex-Presidente da Frente Parlamentar de Turismo da Câmara dos Deputados ALFREDO LAUFER Consultor Empresarial de Turismo e professor da FGV ALLEMANDER J. PEREIRA FILHO Brigadeiro R1 e Ph.D. Diretor da Aircon – Consultoria de Aviação Civil Ltda. Ex-Diretor da Anac e ex-Diretor do DAC ANTONIO HENRIQUE BORGES DE PAULA Gerente de Projetos Estratégicos do Senac-DN Ex-Secretário de Estado de Turismo de Minas Gerais ANTONIO PAULO SOLMUCCI JÚNIOR Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) ANTONIO PEDRO VIEGAS FIGUEIRA DE MELLO Secretário Municipal de Turismo do Rio de Janeiro e Presidente da RioTur ARNALDO BALLESTÉ FILHO Diretor-Vice-Presidente do Touring Club do Brasil Membros do Conselho de Turismo AROLDO ARAÚJO Diretor-Presidente da Aroldo Araújo Propaganda ARTHUR BOSISIO JUNIOR Ex-Assessor de Relações Institucionais do Senac-DN ASPÁSIA CAMARGO Deputada Estadual do Rio de Janeiro Ex-Secretária Executiva do Ministério do Meio Ambiente, ex-Presidente do Ipea e ex-Assessora Especial da Presidência da República BAYARD DO COUTTO BOITEUX Diretor-Geral dos Cursos de Turismo e Hotelaria da UniverCidade Presidente do site Consultoria em Turismo-Bayard Boiteux BEATRIZ HELENA BIANCARDINI SCVIRER Pesquisadora e Redatora do Arquivo Nacional Ex-Técnica de Eventos da Embratur CAIO LUIZ DE CARVALHO Diretor-Geral da Enter- Entertainment & Experience do grupo Bandeirantes de Comunicação Ex-Presidente da São Paulo Turismo S/A (SPTuris) Ex-Presidente da Embratur e ex-Ministro de Estado do Esporte e Turismo CARLOS ALBERTO AMORIM FERREIRA Conselheiro e Ex- Presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav Nacional) Março/Abril 2012 - nº 10 44 CARLOS ALBERTO RAGGIO DAVIES Diretor de Turismo e Hotelaria do Instituto Internacional de Desenvolvimento Gerencial CARMEN FRIDMAN SIROTSKY Conselheira do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro CLAUDIO MAGNAVITA CASTRO Vice-Presidente da Abrajet Nacional Presidente do Jornal de Turismo - Aver Editora CLEBER BRISIS DE OLIVEIRA Gerente-Geral do Royal Rio Palace Hotel CONSTANÇA FERREIRA DE CARVALHO Diretora da C&M – Congresses and Meetings Ex-Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Evento (Abeoc/RJ) DALTRO ASSUNÇÃO NOGUEIRA Ex-Presidente da Câmara Empresarial de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais Tradicional Agente de Viagens de Belo Horizonte DIRCEU EZEQUIEL DE AZEVEDO Jornalista representante do Brasilturis no Rio de Janeiro EDUARDO JENNER FARAH DE ARAUJO Diretor-Presidente do Grupo Instituto de Estudos Turísticos do RJ (Ietur) FAISAL SALEH Secretário de Estado do Turismo do Paraná GENARO CESÁRIO Consultor de Turismo – Representante da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas GEORGE IRMES Presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav/RJ) 2º Vice-Presidente do Sindicato das Empresas de Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Sindetur/RJ) Professor de Turismo da UniverCidade e da Universidade Estácio de Sá GÉRARD RAOUL JEAN BOURGEAISEAU Diretor de Relações Institucionais da Rede de Hotéis Windsor, ex-Presidente da RioTur e ex-Presidente do Rio Convention & Visitors Bureau GILSON CAMPOS Editor da Revista do Turismo GILBERTO F. RAMOS Presidente da Câmara Brasil- Rússia de Comércio, Indústria & Turismo GILSON GOMES NOVO Diretor do Grupo Águia e Coordenador no Grupo para a Copa do Mundo de 2014 Ex-Presidente do Amadeus GLÓRIA DE BRITTO PEREIRA Ex-Diretora de Marketing da RioTur GUILHERME PAULUS Presidente do Conselho de Administração do grupo CVC e membro representante da Presidência da República no Conselho Nacional de Turismo HARVEY JOSÉ SILVELLO Consultor, representante do Lions Internacional HÉLIO ALONSO Presidente da Organização Hélio Alonso – Educação e Cultura HORÁCIO NEVES Diretor e Editor do Brasilturis Jornal Março/Abril 2012 - nº 10 45 ISAAC HAIM Presidente Honorário – Skal Internacional/Brasil ITAMAR DA SILVA FERREIRA FILHO Diretor-Presidente da Ponto Forte Segurança Turística JOÃO CLEMENTE BAENA SOARES Embaixador Ex-Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) Membro da Comissão Jurídica Interamericana da OEA, com sede na Colômbia; da Academia Brasileira de Filosofia; do Pen Clube; e do Conselho Técnico da CNC JOANDRE ANTONIO FERRAZ Sócio de Joandre Ferraz Advogados Associados Advogado da Abav/SP, da Abremar, da Fecomércio-SP e do Sindetur/SP Ex-professor de Direito Empresarial da FGV/Eaesp Ex-Diretor de Planejamento da Embratur JOÃO FLÁVIO PEDROSA Presidente da Sociedade Náutica Brasileira (SNB) Presidente do MovimentoAsas da Paz JOMAR PEREIRA DA SILVA ROSCOE Jornalista, publicitário e Presidente da Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade (Alap) JONATHAN VAN SPEIER, Ph.D Professor da FGV e da University of Southern California JOSÉ ANTONIO DE OLIVEIRA Presidente da New Century Technology do Brasil Ltda. Ex-Superintendente da Varig JOSÉ GUILLERMO CONDOMÍ ALCORTA Presidente da Panrotas Editora Ltda. JOSÉ HILÁRIO DE OLIVEIRA E SILVA JÚNIOR Advogado e Diretor da AL Viagens e Turismo Ltda. JORGE SALDANHA DE ARAÚJO Membro Conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) Jornalista credenciado na Presidência da República, no Ministério das Relações Exteriores, no Ministério da Justiça e no Senado Federal, Brasília, DF. LEILA SERRA MENEZES FARAH DE ARAÚJO Diretora do Grupo Instituto de Estudos Turísticos do RJ (Ietur) LEONARDO DE CASTRO FRANÇA Presidente do Touring Club do Brasil LUIZ STRAUSS DE CAMPOS Ex-Presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav/RJ) LUIZ BRITO FILHO Assessor de Relações Institucionais da Turisrio e Especialista em Portos e Aeroportos LUIZ CARLOS BARBOZA Sócio Principal da Consultoria Organizacional LBC Ex-Diretor Técnico do Sebrae Nacional LUIZ GUSTAVO MEDEIROS BARBOSA Coordenador do Núcleo de Turismo da Fundação Getulio Vargas (FGV) MARCO AURÉLIO GOMES MAIA Proprietário do Hotel Gloria Garden Suites Diretor do Macaé Convention & Visitors Bureau Diretor da Associação Comercial e Industrial de Macaé, RJ Representante da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, em Macaé, RJ Ex-Secretário Executivo de Turismo de Macaé, RJ MARGARETH SOBRINHO PIZZATOL Presidente da Associação Brasileira de Centros de Convenções e Feiras (Abraccef) Março/Abril 2012 - nº 10 46 MARIA CONSTANÇA MADUREIRA HOMEM DE CARVALHO Advogada – Especialista em Direito Ambiental Ex-Diretora do Blue Tree Park Hotel MARIA ELIZA DE MATTOS Diretora da Winners Travel Ex-Presidente do Skal – Brasil MARIA ERCÍLIA BAKER BOTELHO LEITE DE CASTRO Diretora-Geral da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar MARIA LUIZA DE MENDONÇA Procuradora da Fazenda Nacional MÁRIO BRAGA Diretor da M. BRAGA Representações e Consultoria Ltda. Consultor Empresarial de Turismo e Hotelaria MÁRIO REYNALDO TADROS Presidente do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado do Amazonas Membro do Conselho da Abav Nacional MAUREEN FLORES Pesquisadora MAURÍCIO DE MALDONADO WERNER FILHO Coordenador do Curso de Hotelaria da UniverCidade Diretor-Presidente da Planet Work - Empreendimentos MAURO JOSÉ MIRANDA GANDRA Presidente Executivo da Associação Nacional de Concessionárias de Aeroportos Brasileiros Brigadeiro-do-AR Reformado e ex-Ministro da Aeronáutica MAURO PEREIRA DE LIMA E CÂMARA Diretor da Federação das Câmaras de Comércio Exterior da CNC; membro Efetivo da Liga de Defesa Nacional; da Escola Superior de Guerra; da Ordem do Mérito Cívico; da Academia Pan- Americana de Letras e Artes; da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro; da Sociedade Amigos da Marinha; da Sociedade Memorial Visconde de Mauá e do Instituto de Cultura Hispânica MURILLO COUTO Consultor de Aviação e Turismo NELY WYSE ABAURRE Assessora Técnica de Turismo do Senac-DN NILO SERGIO FÉLIX Subsecretário de Esporte e Eventos da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer Ex-Presidente da Turisrio Ex-Subsecretário de Estado de Turismo do Rio de Janeiro NORTON LUIZ LENHART Vice-Presidente para Restaurantes e Similares da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS) e empresário do setor de turismo ORLANDO KREMER MACHADO Clube Mutua – Recreação e Lazer Executivo de Turismo ORLANDO MACHADO SOBRINHO Presidente do Movimento da União para o Progresso do Estado do Rio de Janeiro (Muperj) Jornalista e Executivo de Turismo OSWALDO TRIGUEIROS JR. Ex-Presidente do Conselho de Turismo da CNC PAULO ROBERTO WIEDMANN Consultor Jurídico da Abav Nacional e da Abav/RJ Titular da Wiedmann Advogados Associados Março/Abril 2012 - nº 10 47 PAULO DE BRITO FREITAS Presidente da Associação Brasileira de Cooperativas e Clubes de Turismo Social (Abrastur) Presidente do Sistema Brasileiro de Hotéis, Lazer e Turismo (SBTUR) PEDRO FORTES Superintendente de Operações da Rede Tropical Hotels & Resorts Brasil Ex-Diretor da ABIH Nacional e tradicional hoteleiro no Rio de Janeiro PERCY LOURENÇO RODRIGUES Jornalista e ex-Presidente da Rio Sul e Nordeste Linhas Aéreas RESPÍCIO A. DO ESPIRITO SANTO Jr. Professor adjunto da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro Presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo RICARDO CRAVO ALBIN Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin ROBERTA GUIMARÃES WERNER Diretora do Setor de Curso e Treinamento Empresarial da Planet Work Consultoria em Turismo e Gerente de Eventos ROBERTO DE ALMEIDA DULTRA Diretor da GB Internacional Operadora de Turismo Receptivo Ex-Presidente da Brazilian Incoming Travel Organization (Bito) ROSELE BRUM FERNANDES PIMENTEL Diretora Comercial da Mais Linhas Aéreas, Diretora-Secretária da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav/RJ), Diretora da RBF Turismo, Diretora da R&R Pimentel Consultoria; Conselheira da Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo (ABBTUR) e Conselheira da Skal RUBENS MOREIRA MENDES FILHO Deputado Federal pelo Estado de Rondônia Presidente do Sindicato das Empresas de Turismo de Rondônia (Sindetur) Ex-Senador da República SALVADOR CONSTANTINO SALADINO Presidente da Bito; Vice-Presidente Financeiro da Abav – Conselho Nacional; Diretor Financeiro da Abav/RJ; e membro do Conselho Fiscal do Sindetur/RJ SAMUEL AUDAY BUZAGLO Subprocurador-Geral da República, professor universitário, advogado Criminalista, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) e do Conselho Técnico da CNC. SÁVIO NEVES FILHO Diretor do Trem do Corcovado, Presidente da Associação Brasileira de Trens Turísticos Urbanos, Presidente do Conselho de Turismo da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Vice-Presidente do Sindicato Nacional de Parques Temáticos (Sindepat) e membro do Conselho Nacional de Turismo SÉRGIO PAMPLONA PINTO Advogado e ex-Diretor/Assessor da Presidência da RioTur SONIA CHAMI Diretora do Sol Ipanema Vice-Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH/RJ) TÂNIA GUIMARÃES OMENA Presidente da Associação Brasileira de Bacharéis em Turismo (ABBTUR Nacional) VENÂNCIO GROSSI Consultor da VG – Assessoria & Consultoria – Aeronáutica Ltda. Brigadeiro da Aeronáutica e ex- Diretor-Geral do DAC VIVIÂNNE GEVAERD MARTINS Presidente da Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas (Abgev) Prezado leitor, este é o seu espaço na revista Turismo em Pauta. Deseja ver algum tema sendo abordado, tem sugestões, dúvidas, comentários, críticas ou quer receber exemplares da revista? Envie e-mail para: conselhodeturismo@cnc.org.br E mais: seu artigo poderá vir a ser publicado por nós. Mande um e-mail com o título “Kit Artigo” para conselhodeturismo@cnc.org.br e receba todas as instruções para a formatação de seu texto. Envie o arquivo nos moldes do kit, e ele será apreciado por nosso conselho editorial. Uma vez aprovado, ele será publicado. Quer saber mais sobre o Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a CNC e suas ações sobre o turismo? Visite o nosso site www.cnc.org.br ISSN 2178-910XISSNNNNNNNNNNNNNNNNNN 22222222222222222217117171717171717171711717171717177171 8-888888888888888888 9191919191919111111910X0X0X0X0X0X0X0X0X0X0X0X0X0X0X00X00X0X Ant oni o M ont ecin os Jor ge E. M ont i de Va lsas sina Alb erto A. Lyr a Jr . Eds on Wa nde r Pu iati Ped ro d e La ma re Ma rço/ Abr il 201 2 Edi ção Esp ecia l Ga stro nom ia Fiel ao compromisso histórico de ter na defesa da atividadeturística um dos pilares de sua atuação, a CNC abre um espaço de reflexão para que os maiores especialistas do setor e da área acadêmica possam tratar dos assuntos com profundidade e conhecimento. A revista Turismo em Pauta é feita por quem sabe, para contribuir, de forma efetiva, com a construção de um turismo cada vez mais forte, vocacionado e integrado à economia do nosso país. ISSN 2178-910X tu ris m o em p au ta n º 1 0 - M ar ço /A br il de 2 01 2 - Co ns el ho d e Tu ris m o - Co nf ed er aç ão N ac io na l d o Co m ér ci o de B en s, Se rv iç os e T ur is m o 10
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