Buscar

CASO - intestinos

Prévia do material em texto

Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
1 
CASO VI – INTESTINOS 
OBJETIVO 1: Identificar os aspectos anatômicos do 
intestino delgado 
- Estende-se do piloro até a junção ileocecal, onde o íleo 
une-se ao ceco (a primeira parte do intestino grosso). A parte 
pilórica do estômago esvazia-se no duodeno 
❖ Duodeno 
- Primeira e mais curta (25 cm) parte do intestino delgado, 
também é a mais larga e mais fixa. Segue um trajeto em 
formato de C ao redor da cabeça do pâncreas; começa 
no piloro no lado direito e termina na flexura (junção) 
duodenojejunal no lado esquerdo 
- A maior parte do duodeno está fixada pelo peritônio a 
estruturas na parede posterior do abdome e é considerada 
parcialmente retroperitoneal 
o Parte superior (primeira): curta, conectada com o 
piloro, superposta pelo fígado e pela vesícula biliar, 
peritônio cobre sua face anterior -> contém a 
ampola duodenal e na parte proximal tem o 
ligamento hepatoduodenal superiormente e parte 
do omento maior inferiormente 
o Parte descendente (segunda): mais longa, onde se 
encontram as papilas do duodeno -> curva-se ao 
redor da cabeça do pâncreas 
o Parte inferior (terceira): parte mais horizontal -> É 
cruzada pela artéria e veia mesentéricas 
superiores e pela raiz do mesentério do jejuno e 
íleo. Superiormente a ela está a cabeça do pâncreas 
e seu processo uncinado 
o Parte ascendente (quarta): segue na margem 
inferior do pâncreas e se curva anteriormente para 
se unir ao jejuno → flexura duodenojejunal, 
sustentada peça fixação do músculo suspensor do 
duodeno (ligamento de Treitz) 
 
➢ Irrigação: 
- As artérias do duodeno originam-se do tronco celíaco e da 
artéria mesentérica superior 
o Artéria hepática comum dá origem a três 
ramos: a. gástrica direita, a. gastroduodenal e 
a. hepática própria 
o Artéria gastroduodenal dá origem a artéria 
pancreaticoduodenal superior (anterior e 
posterior) 
o Artéria mesentérica superior dá origem a 
artéria pancreaticoduodenal inferior (anterior 
e posterior) 
- As artérias pancreaticoduodenais situam-se na curvatura 
entre o duodeno e a cabeça do pâncreas e irrigam as duas 
estruturas 
 
- As veias do duodeno acompanham as artérias e drenam 
para a veia porta, algumas diretamente e outras 
indiretamente, pelas veias mesentérica superior e esplênica 
- Os vasos linfáticos do duodeno acompanham as artérias → 
os principais são os linfonodos pancreáticos duodenais, 
linfonodos pilóricos, linfonodos mesentéricos superiores e 
linfonodos celíacos 
- Os nervos do duodeno derivam do nervo vago e dos nervos 
esplâncnicos (abdominopélvicos) maior e menor, por meio 
dos plexos celíaco e mesentérico superior → nervos 
periarteriais 
 
❖ Jejuno e íleo 
 
Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
2 
- O jejuno é a segunda porção do intestino delgado → 
começa na flexura duodenojejunal → sistema digestivo 
volta a ser intraperitoneal → maior parte situada no 
quadrante superior esquerdo 
- O íleo é a terceira e última porção do intestino delgado → 
termina na junção ileocecal → maior parte situada no 
quadrante inferior direito -> a parte terminal geralmente 
está na pelve, de onde ascende, terminando na face medial 
do ceco 
- Juntos, o jejuno e o íleo têm 6 a 7 m de comprimento, o 
jejuno representa cerca de dois quintos e o íleo cerca de três 
quintos da parte intraperitoneal do intestino delgado 
- O mesentério é uma prega de peritônio em forma de leque 
que fixa o jejuno e o íleo à parede posterior do abdome. 
Entre as duas camadas do mesentério estão os vasos 
mesentéricos superiores, linfonodos, uma quantidade 
variável de gordura e nervos autônomos → OBS: raiz do 
mesentério tem direção oblíqua, inferior e para a direita; 
estende-se da flexura duodenojejunal até a junção ileocólica 
e a articulação sacroilíaca direita 
 
➢ Irrigação: 
- A artéria mesentérica superior (AMS) irriga o jejuno e o 
íleo via artérias jejunais e ileais, seguindo entre as camadas 
do mesentério → As artérias se unem para formar alças ou 
arcos, chamados arcos arteriais, que dão origem a artérias 
retas, denominadas vasos retos 
- A veia mesentérica superior (VMS) drena o jejuno e o íleo. 
Situa-se anteriormente e à direita da AMS na raiz do 
mesentério e termina posteriormente ao colo do pâncreas, 
onde se une à veia esplênica para formar a veia porta 
- Os vasos linfáticos são especializados nas vilosidades 
intestinais e absorvem gordura do lúmen, por isso são 
denominados lactíferos (aspecto leitoso). Eles drenam seu 
líquido leitoso para os plexos linfáticos nas paredes do jejuno 
e do íleo → depois drenam para os vasos linfáticos entre as 
camadas do mesentério 
- Os nervos formam um plexo nervoso periarterial, 
circuncdando a AMS e seus ramos, muito parecido com o 
que ocorre no duodeno → fibras parassimpáticas pré 
ganglionares fazem sinapse com os neurônios 
parassimpáticos pós-ganglionares nos plexos mioentérico e 
submucoso na parede intestinal 
o Estimulação simpática → reduz atividade 
peristáltica e secretora do intestino -> 
vasoconstrição 
o Estimulação parassimpática → aumenta 
atividade peristáltica e secretora, restaurando 
o processo de digestão após uma reação 
simpática. O intestino delgado também tem 
 
1Dor abdominal espasmódica 
fibras sensitivas (aferentes viscerais) para 
distensão, assim cólicas1 são bem referidas. 
Mas a maioria dos estímulos dolorosos, 
inclusive incisão e queimadura são insensíveis 
a dor 
 
OBJETIVO 2: Caracterizar histologicamente o intestino 
delgado 
- Suas três porções são histologicamente parecidas, mas 
existem pequenas diferenças para diferenciá-las 
❖ Mucosa da superfície luminal 
- Três tipos de modificações dessa superfície luminal para 
ampliar sua área de superfície 
o Pregas circulares (de Kerckring) → além de 
aumentar a superfície do intestino delgado, 
diminuem a velocidade de passagem do quilo. 
São pregas transversais da submucosa e da 
mucosa → ao contrario das pregas do 
estomago, elas são permanentes, terminando 
na metade proximal do íleo 
o Vilos (vilosidades) → conferem aparência 
aveludada, são protrusões digitiformes da 
lâmina própria cobertas pelo epitélio. O eixo de 
cada vilo contém alças capilares, um canal 
linfático que termina em fundo cego (quilífero 
central), e algumas fibras musculares lisas, 
imersas em tecido conjuntivo frouxo rico em 
células linfoides. São mais numerosos e 
maiores no duodeno 
o Microvilos (microvilosidades) → 
especializações da membrana plasmática 
apical das células epiteliais que revestem os 
vilos intestinais 
- As invaginações do epitélio (simples cilíndrico) por entre os 
vilos formam as glândulas intestinais, ou criptas de 
Lieberkühn, as quais também aumentam a área de 
superfície do intestino delgado 
❖ Mucosa intestinal 
- Epitélio simples cilíndrico → constituído de células 
absortivas superficiais, células caliciformes e células do SNED 
o Células absortivas superficiais: 
- São as mais numerosas no epitélio. Têm núcleos ovais 
no citoplasma basal. Participam da etapa final da 
digestão e absorção de água e nutrientes e também 
reesterificam ácidos graxos em triglicerídeos, formam 
quilomícrons e transportam a maior parte dos 
nutrientes absorvidos para a lâmina própria, visando a 
distribuição para o restante do corpo. Suas pontas são 
cobertas por uma espessa camada de glicocálix, que não 
somente protege os microvilos da autodigestão, mas 
seus componentes enzimáticos também participam da 
digestão terminal de dipeptídeos e dissacarídeos em 
seus monômeros 
o Células caliciformes: 
 
Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
3 
- O duodeno possui um número menor de células 
caliciformes, e seu número aumenta em direção ao íleo. 
Estas células secretam mucinogênio, cuja forma 
hidratada é a mucina, um componente do muco, uma 
camada protetora que reveste o lúmen 
o Células do SNED: 
- Formam apenas 1% das células que compõem esse 
epitélio e são responsáveis por produzirhormônios 
parácrinos e endócrinos 
o Células M (micropregas): 
- Endocitam e transportam antígenos do lúmen para a 
lâmina própria. Têm aspecto pavimentoso nas regiões 
onde nódulos linfoides estão em contato com o epitélio 
-> facilita essa comunicação com o sistema imune 
 
- Lâmina própria → tecido conjuntivo frouxo, forma o eixo 
dos vilos e se estende para baixo em direção à camada 
muscular da mucosa, é comprimido pelas numerosas 
glândulas intestinais (mucosas) tubulosas, as criptas de 
Lieberkühn, reduzindo-se a finas lâminas de tecido 
conjuntivo frouxo altamente vascularizado 
o Criptas de Lieberkühn: 
- São perfurações do revestimento epitelial em espaços 
em que se abrem glândulas tubulosas (às vezes 
ramificadas) simples nos espaços intervilosos como. 
Essas glândulas são constituídas de células do SNED, 
células absortivas superficiais, células caliciformes, 
células regenerativass e células de Paneth 
▪ Células regenerativas → células-tronco que 
sofrem uma extensa proliferação para 
repovoar o epitélio das criptas, da superfície da 
mucosa e dos vilos 
▪ Células de Paneth → facilmente distinguíveis 
por causa da presença de grandes grânulos de 
secreção eosinófilos no citoplasma apical. São 
células piramidais e ocupam o fundo das 
criptas de Lieberkühn → produzem lisozima, 
defensinas e TNF-α. Têm um tempo de vida 
comparativamente longo de 20 dias e secretam 
lisozima continuamente 
- Camada muscular da mucosa → camada circular interna e 
uma camada longitudinal externa de células musculares lisas 
-> as fibras musculares da camada circular interna penetram 
nos vilos estendendo-se pelo seu eixo até a ponta do tecido 
conjuntivo, atingindo a membrana basal. Durante a digestão, 
estas fibras musculares se contraem ritmicamente, 
encurtando o vilo várias vezes por minuto 
- Submucosa → tecido conjuntivo fibroelástico, com rico 
suprimento linfático e vascular. A inervação intrínseca da 
submucosa provém do plexo submucoso (de Meissner) 
parassimpático. A submucosa do duodeno é diferente, pois 
contém glândulas conhecidas como glândulas submucosas 
de Brunner 
o Glândulas de Brunner: 
- São tubulosas ramificadas, cujas porções secretoras se 
assemelham a ácinos mucosos, com núcleo que varia 
de achatado a arredondado. Os ductos destas glândulas 
atravessam a camada muscular da mucosa e geralmente 
perfuram a base das criptas de Lieberkühn, lançando 
seu produto de secreção no lúmen do duodeno 
- Secretam um fluido mucoso alcalino em resposta a um 
estímulo parassimpático. Este fluido ajuda a neutralizar 
a acidez do quimo que entra no duodeno vindo da 
região pilórica do estômago. E também secretam 
urogastrona (hormônio conhecido como fator de 
crescimento epidérmico humano), o qual é liberado no 
lúmen duodenal juntamente com o tampão alcalino. A 
urogastrona inibe a produção de HCl (pela inibição 
direta das células parietais) e amplifica a velocidade da 
atividade mitótica das células epiteliais 
- Túnica muscular externa e serosa → camada circular 
interna e uma camada longitudinal externa de músculo liso. 
O plexo mioentérico ou de Auerbach, localizado entre as 
duas camadas musculares, é o suprimento nervoso 
intrínseco da túnica muscular externa. A túnica muscular 
externa é responsável pela atividade peristáltica do intestino 
delgado. A segunda e terceira partes do duodeno possuem 
adventícia, mas o resto de todo intestino delgado é coberto 
por uma serosa 
➢ Diferenças regionais: 
- O duodeno difere do jejuno e do íleo pelo fato de seus vilos 
serem mais altos, mais largos e mais numerosos por unidade 
de área. Ele possui também menos células caliciformes por 
unidade de área que os outros segmentos, além de possuir 
glândulas de Brunner na submucosa 
- Os vilos do jejuno são mais estreitos, mais curtos e mais 
esparsos que os do duodeno. O número de células 
caliciformes por unidade de área é maior no jejuno que no 
duodeno 
- Os vilos do íleo são os mais esparsos, os mais curtos e os 
mais estreitos das três regiões do intestino delgado. A lâmina 
própria do íleo contém grupos permanentes de nódulos 
linfoides, conhecidos como placas de Peyer 
OBJETIVO 3: Descrever aspectos anatômicos do intestino 
grosso 
- É formado pelo ceco; apêndice vermiforme (cecal); colos 
ascendente, transverso, descendente e sigmoide; reto e 
canal anal 
- Podemos distingui-lo do intestino delgado por: 
o Apêndices omentais do colo: projeções pequenas, 
adiposas, semelhantes ao omento 
 
Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
4 
o Tênias do colo: três faixas longitudinais distintas: 
(1) tênia mesocólica, à qual se fixam os mesocolos 
transverso e sigmoide; (2) tênia omental, à qual se 
fixam os apêndices omentais; e (3) tênia livre, à qual 
não estão fixados mesocolos nem apêndices 
omentais → as tênias do colo (faixas espessas de 
músculo liso, a maior parte da camada longitudinal) 
começam na base do apêndice vermiforme como a 
camada longitudinal espessa do apêndice 
vermiforme que se divide para formar três faixas. 
As tênias seguem por todo o comprimento do 
intestino grosso, com alargamento abrupto e nova 
fusão na junção retossigmoide. Como sua 
contração tônica encurta a parte da parede 
associada, o colo adquire uma aparência sacular ou 
“de bolsas” entre as tênias, formando as saculações 
o Calibre (diâmetro interno) muito maior 
 
❖ Ceco e apêndice vermiforme cecal 
- O ceco é a primeira parte do intestino grosso; é contínuo 
com o colo ascendente. É uma bolsa intestinal cega, situa-se 
na fossa ilíaca direita do abdome, inferiormente à sua 
junção com a parte terminal do íleo; quando distendido por 
fezes ou gases pode ser palpável através da parede 
anterolateral do abdome. Não tem mesentério, pode ser 
deslocado da fossa ilíaca, mas costuma estar ligado à 
parede lateral do abdome por uma ou mais pregas cecais 
de peritônio 
- O óstio ileal entra no ceco entre os lábios ileocólico e 
ileocecal (superior e inferior; apresenta-se como uma papila 
no lado cecal, a papila ileal), provavelmente atua como uma 
válvula unidirecional relativamente passiva, que impede o 
refluxo do ceco para o íleo) 
- O apêndice vermiforme é um divertículo intestinal cego que 
contém massas de tecido linfoide. Origina-se na face 
posteromedial do ceco, inferiormente à junção ileocecal; 
tem um mesentério triangular curto, o mesoapêndice. O 
óstio do apêndice cecal é muito menor que a válvula 
ileocecal. A posição do apêndice é geralmente retrocecal 
 
➢ Irrigação: 
- Artéria ileocólica → ramo terminal da AMS irriga o ceco. 
Artéria apendicular → ramo da artéria ileocólica irriga o 
apêndice cecal 
- A veia ileocólica, uma tributaria da VMS, faz a drenagem 
venosa do ceco e do apêndice vermiforme 
- A drenagem linfática do ceco e do apêndice vermiforme 
segue até os linfonodos no mesoapêndice e até os 
linfonodos ileocólicos situados ao longo da artéria ileocólica 
- A inervação do ceco e do apêndice vermiforme provém dos 
nervos simpáticos e parassimpáticos do plexo mesentérico 
superior 
❖ Colo 
 
❖ Colo ascendente: 
- É a segunda parte do intestino grosso. Segue para cima na 
margem direita da cavidade abdominal, do ceco até o lobo 
hepático direito, onde vira para a esquerda na flexura direita 
do colo. É mais estreito do que o ceco e é secundariamente 
retroperitoneal ao longo da face direita da parede posterior 
do abdome, é coberto por peritônio anteriormente e nas 
suas laterais; fica separado da parede anterolateral do 
abdome pelo omento maior. Um sulco vertical profundo 
revestido por peritônio parietal, o sulco paracólico direito, 
situa-se entre a face lateral do colo ascendente e a parede 
adjacente do abdome 
➢ Vascularização: 
- A irrigação arterial do colo ascendente e da flexura direita 
do colo provém de ramos da AMS, as artérias ileocólica e 
cólica direita → essas artérias anastomosam-se entre si, 
formando arcos anastomóticos 
- A drenagem venosa do colo ascendente segue por meio de 
tributárias da VMS, as veiascólica direita e ileocólica 
- A inervação do colo ascendente é derivada do plexo 
mesentérico superior 
❖ Colo transverso 
- É a terceira parte do intestino grosso, a mais longa e mais 
móvel, atravessa o abdome da flexura direita do colo até a 
flexura esquerda do colo. Situa-se anteriormente à parte 
inferior do rim esquerdo e fixa-se ao diafragma através do 
ligamento frenocólico. O colo transverso e seu mesentério, 
o mesocolo transverso, faz uma volta para baixo, 
frequentemente inferior ao nível das cristas ilíacas. A raiz do 
mesocolo transverso situa-se ao longo da margem 
inferior do pâncreas e é contínua com o peritônio parietal 
posteriormente 
➢ Vascularização e inervação: 
 
Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
5 
- A irrigação arterial do colo transverso provém 
principalmente da artéria cólica média, um ramo da AMS. 
Entretanto, o colo transverso também pode receber sangue 
arterial das artérias cólicas direita e esquerda por meio de 
anastomoses 
- A drenagem venosa do colo transverso é feita pela VMS 
- A drenagem linfática do colo transverso se dá para os 
linfonodos cólicos médios, que, por sua vez, drenam para os 
linfonodos mesentéricos superiores 
- A inervação do colo transverso provém do plexo 
mesentérico superior via plexos periarteriais das artérias 
cólicas direita e média. Esses nervos conduzem fibras 
nervosas simpáticas, parassimpáticas (vagais) e aferentes 
viscerais 
❖ Colo descendente 
- Ocupa posição secundariamente retroperitoneal entre a 
flexura esquerda do colo e a fossa ilíaca esquerda, onde é 
contínua com o colo sigmoide. Como o colo ascendente, o 
colo descendente tem um sulco paracólico (o esquerdo) 
em sua face lateral 
❖ Colo sigmoide 
- Caracterizado por sua alça em forma de S com 
comprimento variável, une o colo descendente ao reto e 
estende-se da fossa ilíaca até o terceiro segmento sacral (S 
III), onde se une ao reto. O fim das tênias do colo, a 
aproximadamente 15 cm do ânus, indica a junção 
retossigmoide. Geralmente tem mesentério longo — o 
mesocolo sigmoide — e, portanto, tem grande liberdade de 
movimento, principalmente sua parte média 
➢ Vascularização e inervação: 
- A irrigação arterial do colo descendente e do colo sigmoide 
provém das artérias cólica esquerda e sigmoide, ramos da 
artéria mesentérica inferior. As artérias sigmoides descem 
obliquamente para a esquerda, onde se dividem em ramos 
ascendentes e descendentes e se anastomosam 
- A drenagem venosa do colo descendente e do colo 
sigmoide é feita pela veia mesentérica inferior, geralmente 
fluindo para a veia esplênica e, depois, para a veia porta em 
seu trajeto até o fígado 
Fisiologia do intestino delgado 
- A função fisiológica mais importante do intestino delgado é 
absorver os produtos da digestão dos nutrientes 
(macronutrientes) → absorção é papel fundamental na fase 
final da digestão em moléculas simples para serem 
transportadas através do epitélio intestinal 
❖ Assimilação de carboidratos 
- A digestão dos carboidratos ocorre em duas fases: no 
lúmen do intestino e, em seguida, na superfície dos 
enterócitos → digestão da borda em escova → importante 
na geração de açúcares simples e absorvíveis, apenas no 
ponto onde eles podem ser absorvidos → limita 
sua exposição ao pequeno número de bactérias presentes 
no lúmen do intestino delgado e que poderiam usar 
esses açúcares como nutrientes 
 
2 Formam pontos de ramificação na molécula da 
amilopectina 
➢ Digestão dos carboidratos: 
- Os carboidratos da dieta são compostos por várias classes 
moleculares diferentes 
1 Amido => mistura de polímeros de glicose, retos e 
ramificados. Os polímeros de cadeias retas são 
chamados amilose, e as moléculas de cadeia 
ramificada são chamadas de amilopectina 
- Primeira fase da digestão ocorre no lúmen, sendo também 
iniciada na cavidade oral (amliase salivar). A maior parte é 
realizada pela amilase pancreática → ocorre hidrolise das 
ligações internas alfa-1,4 na amilose e na amilopectina, mas 
não ocorre nas ligações externas nem nas ligações alfa-1,62 
→ digestão de amido pela amilase é, por necessidade, 
incompleta e resulta em oligômeros curtos de glicose, 
incluindo dímeros (maltose) e trímeros (maltotriose), bem 
como estruturas ramificadas mais simples que são chamadas 
dextrinas α-limitadas. Desse modo, para permitir a absorção 
desses constituintes monossacarídicos, o amido tem que se 
submeter à digestão da borda em escova 
2 Dissacarídeos => sacarose (glicose + frutose) e 
lactose (glicose + galactose) → importante fonte 
calórica para as crianças. São hidrolizados em 
monômeros diretamente na superfície das células 
epiteliais do intestino delgado por hidrolases 
ligadas à membrana, entre elas sacarase, 
isomaltase, glucoamilase e lactase 
- A sacarose/isomaltase e a glucoamilase são sintetizadas 
em quantidades acima das necessárias e a absorção de seus 
produtos, pelo corpo, é limitada pela disponibilidade de 
transportadores de membrana específicos para esses 
monossacarídeos 
- A lactase apresenta declínio no desenvolvimento, após o 
desmame. A relativa escassez de lactase significa que a 
digestão da lactose, mais do que a captação dos produtos 
resultantes, é limitada pela intensidade para sua absorção 
3 Fibras dietéticas => itens alimentares de origem 
vegetal que são polímeros de carboidratos que não 
são digeridos pelas enzimas humanas -> digeridos 
por bactérias presentes no lúmen colônico 
 
➢ Capitação de carboidratos: 
- Os monossacarídeos solúveis em água têm que ser 
transportados através das membranas hidrofóbicas dos 
enterócitos. O transportador 1 de sódio/glicose (SGLT1) é 
um simporte que leva a glicose (e a galactose) contra seu 
gradiente de concentração, pelo acoplamento de seu 
transporte ao de Na+ 
- Uma vez no citosol, a glicose e a galactose podem ser 
retidas para as necessidades metabólicas do epitélio, ou 
podem sair da célula através do polo basolateral via 
transportador GLUT2. A frutose, em contrapartida, é levada 
através da membrana apical pelo GLUT5. Entretanto, devido 
ao transporte de frutose não ser acoplado ao do Na+, sua 
entrada é relativamente ineficiente e pode, com facilidade, 
 
Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
6 
ser interrompida se forem ingeridas grandes quantidades de 
alimento contendo esse açúcar 
❖ Assimilação das proteínas 
- As proteínas também são polímeros solúveis em água, que 
têm que ser digeridas em constituintes menores, antes que 
seja possível sua absorção 
➢ Digestão das proteínas: 
- As proteínas podem ser hidrolizadas em longos peptídeos 
simplesmente pelo pH ácido que existe no lúmen gástrico. 
Entretanto, para a absorção de proteínas para o corpo, três 
fases da digestão, mediada enzimaticamente, são 
necessárias 
1 Lúmen gástrico → pepsina, o produto das células 
principais, localizadas nas glândulas gástricas. 
Quando a secreção de gastrina é ativada por sinais 
de ingestão de refeição, pepsinogênio é liberado 
das células principais e no pH ácido se transforma 
em pepsina → quebra as proteínas em sítios de AA 
neutros → como esses AA só ocorrem com raridade 
em determinada proteína, a pepsina não é capaz de 
digerir, completamente uma proteína até uma 
forma que possa ser absorvida pelo intestino → 
produz uma mistura de proteínas intactas, grandes 
peptídeos e número limitado de aminoácidos 
livres 
2 Lúmen do intestino delgado (duodeno) → proteínas 
parcialmente digeridas encontram as proteases 
provenientes do suco pancreático -> tripsina é 
chamada de endopeptidase, por ser capaz de clivar 
tais proteínas somente nas ligações internas da 
cadeia peptídica, em vez de liberar aminoácidos 
individuais no final da cadeia → clivagem de 
aminoácidos básicos. As outras duas 
endopeptidases pancreáticas, a quimotripsina e a 
elastase, clivam em sítios com aminoácidos 
neutros. Os peptídeos resultantes da atividade da 
endopeptidase passam pela ação das 
ectopeptidases. Essas enzimas clivam aminoácidossimples da parte final da cadeia peptídica, e aquelas 
presentes no suco pancreático são específicas para 
aminoácidos neutros (carboxipeptidase A) ou 
básicos (carboxipeptidase B) 
3 Bordas em escova → Os enterócitos maduros 
expressam diversas peptidases nas suas bordas em 
escova, incluindo as aminopeptidases e 
carboxipeptidases, que geram produtos 
adequados para captação através da membrana 
apical. Mesmo assim, alguns peptídeos da dieta são 
relativa ou totalmente resistentes à hidrólise. Em 
particular, peptídeos que contêm prolina ou glicina 
são digeridos de maneira muito lenta. Felizmente, 
o intestino pode absorver não só aminoácidos 
simples, mas também pequenos peptídeos. Os 
peptídeos que são absorvidos pelos enterócitos, na 
sua forma intacta, ficam sujeitos ao estágio 
final de digestão, no citosol dos enterócitos, para 
liberar seus aminoácidos para o uso na célula ou em 
qualquer outro lugar do corpo 
➢ Capitação de peptídeos e aminoácidos: 
- Devido ao grande número de aminoácidos, existe um 
número relativamente grande de transportadores 
específicos. A redundância nos mecanismos de absorção 
dos produtos da digestão das proteínas enfatiza a 
importância desse processo e também significa que 
deficiências da absorção de aminoácidos específicos, pelo 
intestino, são relativamente raras. Entretanto, em certas 
circunstâncias, mutações nas proteínas responsáveis pelo 
transporte de aminoácidos específicos podem levar à 
patologia em outro órgão 
❖ Padrões motores do intestino delgado 
- Os padrões motores do intestino delgado, durante o 
período pós-prandial, são predominantemente voltados 
para a mistura e consistem, em sua maioria, em 
segmentação e contrações retropulsivas, que retardam a 
refeição enquanto a digestão ainda está ocorrendo → 
contrações rítmicas que refletem a atividade programada do 
SNE 
- Temos também os mediadores hormonais do padrão pós-
alimentação 
o CCK → papel importante no retardo do 
esvaziamento gástrico, quando a refeição está 
no intestino delgado → Isso faz sentido como 
mecanismo de distribuição de nutrientes, para 
a capacidade disponível de digerir e absorver os 
componentes da refeição 
- Depois que a refeição foi digerida e absorvida, é desejável 
que seja feita a limpeza dos resíduos não digeridos, ainda 
no lúmen, para preparar o intestino para a próxima refeição. 
Essa eliminação é feita pelo peristaltismo → ação da ACh e 
da substância P (liberadas próximas ao local de distensão 
intestinal) → contração do músculo circular e inibitório do 
VIP e do NO, no lado caudal 
- O peristaltismo se origina quando potenciais de ação 
gerados pela inervação intrínseca são sobrepostos a sítios de 
despolarização celular ditados pelo ritmo elétrico básico 
Fisiologia do intestino grosso 
- As funções primárias do intestino grosso são reabsorver o 
fluido remanescente, que foi utilizado durante o movimento 
da refeição ao longo do trato gastrointestinal, e armazenar 
os produtos que sobraram da refeição, até que possam ser 
convenientemente eliminados do corpo. Para a execução 
dessas funções, o intestino grosso utiliza padrões de 
motilidade característicos e expressa mecanismos de 
transporte que impulsionam a absorção dos fluidos, 
eletrólitos e outros solutos 
- Ecossistema biológico único -> bactérias comensais em 
processo de simbiose -> podem metabolizar componentes 
da refeição que não são digeridos pelas enzimas do 
hospedeiro e tornam seus produtos disponíveis para o 
corpo, via fermentação → bactérias colônicas também 
metabolizam outras substâncias endógenas como ácidos 
biliares e bilirrubina, influenciando, dessa forma, sua 
disposição 
- Quando o estômago está cheio, com alimento recém 
mastigado, a presença da refeição ativa um longo arco 
reflexo, que resulta em aumento da motilidade colônica (o 
reflexo gastrocólico) e, por fim, evacuação do conteúdo 
 
Andressa Santos Pereira 
Medicina – UNEB | Turma XIII 
7 
colônico, para abrir caminho para os resíduos da 
refeição seguinte. De maneira similar, a presença de 
conteúdo luminal no cólon causa a liberação de 
mediadores endócrino e neurócrino que lentificam a 
motilidade propulsiva e reduzem a secreção de eletrólitos 
no intestino delgado. Esse mecanismo de feedback negativo 
se opõe à intensidade de liberação do conteúdo colônico, 
para a capacidade do segmento em processar e absorver os 
componentes úteis 
❖ Microflora colônica 
- As enzimas bacterianas agem nos dois substratos, 
endógeno e exógeno. Elas formam ácidos biliares 
cecundários e desconjugam qualquer ácido biliar que tenha 
escapado da absorção no íleo terminal, permitindo que 
possam ser reabsorvidos 
- Elas convertem bilirrubina em urobilinogênio e recuperam 
nutrientes resistentes às hidrolases pancreáticas e da borda 
em escova, tais como as fibras da dieta 
- Um fármaco direcionado para o cólon, por exemplo, pode 
ser conjugado de tal forma que só se torne biodisponível 
após passar pela ação das enzimas bacterianas 
- Contribuição para a formação do gás intestinal. Embora 
grandes volumes de ar possam ser ingeridos com as 
refeições, a maior parte desse gás retorna para cima, pelo 
estômago, formando as eructações → durante a 
fermentação dos componentes não absorvidos da dieta, a 
microflora produz grandes volumes de nitrogênio, 
hidrogênio e dióxido de carbono. Aproximadamente, 1 L 
desses gases sem odor é excretado diariamente pelo ânus, 
em todos os indivíduos, mesmo nos que não se queixam de 
flatulência 
❖ Defecação 
- O processo de defecação requer a ação coordenada 
das camadas musculares lisa e estriada no reto e do 
ânus, bem como das estruturas adjacentes, tais como 
os músculos do soalho pélvico 
- Durante o movimento de massa das fezes produzido pela 
propagação das contrações de grande amplitude, o reto se 
enche com material fecal → expulsão controlada pelos 
esfíncteres anais interno e externo 
- O enchimento do reto causa relaxamento do esfíncter anal 
interno via liberação do polipeptídeo intestinal vasoativo e 
geração de óxido nítrico 
- O relaxamento do esfíncter interno permite que o 
mecanismo de amostragem anal, que pode distinguir se o 
conteúdo retal é sólido, líquido ou gasoso. Após o 
treinamento higiênico, terminações nervosas sensoriais na 
mucosa anal geram reflexos que iniciam a atividade 
apropriada do esfíncter externo para reter o conteúdo retal 
ou permitir a sua expulsão voluntária 
- Se a defecação não é conveniente, o esfíncter externo 
contrai para prevenir a saída das fezes. Assim, com o tempo, 
o reto se acomoda a seu novo volume, o esfíncter anal 
interno novamente se contrai e o esfíncter anal externo 
relaxa

Continue navegando