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PROF. MS. LOURENÇO TORRES @lourenco_torres_prof proflourencotorres@yahoo.com.br C E N T R O U N I V E R S I T Á R I O M A U R Í C I O D E N A S S A U G R A Ç A S R E C I F E - P E TEORIA GERAL DO DIREITO Fontes do Direito (I) Plano de tópicos 1. Conceito de “fontes” do Direito. 2. Fontes materiais do Direito. 3. Fontes formais: primárias e secundárias. 4. Fontes negociais. 5. Fontes doutrinárias. Fontes do Direito Questões referentes ao tema “fontes do Direito” Que é fontes do Direito? Que faz a lei, o costume, a jurisprudência e a doutrina serem fontes do Direito? Conceito de Fontes do Direito Fontes do Direito: São os processos de formação e produção de normas jurídicas (Reale); ou, são os meios pelos quais o Direito se manifesta em um ordenamento jurídico (Venosa); ou, são as formas de expressão do direito positivo, sendo caracterizadas como meios de exteriorização e reconhecimento das normas jurídicas (Kümpel). São os centros produtores de normas e os canais pelos quais elas entram no sistema jurídico (Ferraz Júnior). “...remontar à fonte de um rio é buscar o lugar de onde as suas águas saem da terra; do mesmo modo, inquirir sobre a fonte de uma regra jurídica é buscar o ponto pelo qual sai das profundidades da vida social para aparecer na superfície do Direito” (Du Pasquier). Conceito de Fontes do Direito As fontes do Direito são os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa (Reale). As formas que a complexidade de fatores se manifesta como ordenação vigente e eficaz são as estruturas normativas de poder. As estruturas normativas ou formas de produção do direito são: o processo legislativo, os usos e costumes jurídicos, a atividade jurisdicional e o ato negocial. Conceito de Fontes do Direito O poder é fundamental para a vigência e a eficácia, a obrigatoriedade, das lei e do Direito como um todo. É o poder que estabelece a exigibilidade, o poder de tornar as regras obrigatórias, por meio da sanção. 1. O processo legislativo é a expressão do Poder Legislativo. 2. A jurisdição é a expressão do Poder Judiciário. 3. Os usos e costumes exprimem o poder social. 4. A fonte negocial é a expressão da autonomia da vontade, do poder individual. 5. A fonte doutrinaria expressa o poder da ciência do Direito como contribuição para os outros poderes. As fontes do Direito e outras ciências “o nascedouro do direito altera-se de acordo com a ciência que o investiga” (Moussalem). Para o sociólogo o direito tem sua origem no fato social. Para o historiador o direito é fruto de conquistas ao longo do tempo. Para o psicólogo o direito é derivado da mente humana. Para o cientista político o direito origina-se de um jogo de poder. Para o antropólogo o direito advém da evolução humana. E para o Direito? Fontes do direito e o Direito O estudo do conceito de Direito demonstra que suas fontes são percebidas de duas maneiras pela doutrina vigente: 1. As ações que levam algo a se inserir no sistema jurídico ou a pertencer ao Direito; a se tornar direito. Exemplo: 1. a promulgação e a publicação de uma lei pelo Legislativo 2. A prolatação de uma decisão judicial 2. Os órgãos ou entidades responsáveis por introduzir os enunciados normativos no mundo jurídico. Exemplo: 1. O Poder Legislativo 2. O Poder Judiciário Mas, há uma terceira percepção a ser considerada. Antes porém... a doutrina Fontes do direito e o Direito Para Hans Kelsen a “fonte do Direito” é o próprio Direito. O direito regula sua própria criação, de modo que todas as normas tem como fundamento jurídico outra norma de dentro do sistema. A Constituição seria a fonte suprema do direito, pois ela regula a criação de todas as normas e todas elas dela derivam. A entidade é o Direito. O Direito legitima o direito. Fontes do direito e o Direito Siches entende que todo o direito tem como única fonte a vontade de Estado. A entidade seria o Estado. Betioli sustenta que a fonte do direito é um poder capaz de especificar o conteúdo do devido e de exigir o seu cumprimento. A entidade seria um poder. Bobbio leciona que as fontes do direito seriam os fatos ou atos indispensáveis, pelo ordenamento jurídico para a produção de normas jurídicas. A entidade seriam fatos ou atos. Fontes do direito e o Direito Mª Helena Diniz afirma que só as fontes materiais é que são fontes, pois elas é que dão o conteúdo das normas jurídicas e as formas, como as primeiras se apresentam no reino jurídico. Tércio S. Ferraz Jr. Aponta que a expressão (como produto da linguagem) fontes do direito aponta para os modos de criação das normas jurídicas. Termos como “lei”, “costume”, “jurisprudência”, e “negócio jurídico” podem expressar tanto as regras estruturais (as fontes do direito) como os elementos criados em obediência a tais regras (normas jurídicas). Guatiane, então diferencia o ato produtivo do produto. E, Vilanova denomina de fontes formais as normas que regulam a produção normativa e de fontes materiais os fatos produtores de normas jurídicas. Classificações das Fontes do Direito Classificação das fontes do Direito segundo Francois Gény (I). Fontes substanciais ou materiais: Leva em conta elementos materiais, que não são prescrições, mas contribuem para a formação do Direito Aspectos biológicos (constituição anatômica – raça, cor, idade; sexo biológico, fatos da vida natural – nascer, amamentar, morrer, etc.) Aspectos psicológicos (orientação sexual, patologias e transtornos de comportamento e espectro, etc.) Aspectos fisiológicos (alterações hormonais) Aspectos naturais (clima, solo, geografia, demografia, higiênicos) Classificação das fontes do Direito segundo Francois Gény (II). Elementos sociais - históricos e religiosos – representados pela conduta humana no tempo, ao produzir certas habitualidades que aos poucos se sedimentam (costumes sociais, hábitos de consumo, identidade de gênero, ideologias, etc.). Religiosos – celebração do casamento, liberdade de culto, divórcio, aborto, fé, laicidade, etc. Políticos – pluralidade partidária, Econômicos – meios de produção, regras de agências reguladoras, ideologias Classificação das fontes do Direito segundo Francois Gény (III). Elementos racionais – representados pela elaboração da razão humana (lógica) sobre a própria experiência da vida (empirismo), formulando princípios universais para a melhor correlação entre meios e fins. Princípios (independência nacional e dos poderes, harmonia, igualdade, isonomia, integração, função social, etc.) Elementos ideais – representados pelas diferentes aspirações do ser humano, formuláveis em postulados valorativos de seus interesses. Valores humanos morais (honestidade, decoro, decência, fidelidade, felicidade, respeito ao próximo) Metas e objetivos sociais (liberdade, justiça, solidariedade, desenvolvimento social e econômico, eliminar as discriminações regionais e individuais) Valores sociais (ordem, segurança, paz social, justiça Exemplos de Fontes Materiais (IV) São exemplos: as forças sociais, os estágios históricos de um grupo ou de um Estado, os padrões de cultura, as instituições e grupos sociais que possuem capacidade de editar normas, daí ser possível dizer “fontes sociais”, “fontes históricas”, “fontes culturais, “fontes sociais”, “fontes econômicas”, etc. e, as autoridades constituídas que podem emitir legitimamente o Direito como: o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas ou o Poder Executivo, em algumas hipóteses, e outras positivadas pelo ordenamento positivo. Classificação das fontes do Direito segundo Francois Gény (V). Fontes formais: São os modos, os meios, os instrumentos ou formas pelos quais o Direito se manifesta perante a sociedade(Ferraz Jr.). São os meios de expressão do Direito, que emanam dos atos jurídicos (condutas que positivam o Direito e que são executadas por diferentes centros emanadores dotados do poder jurídico para fazê-lo, como o Estado e seus órgãos). São exemplos tradicionais as leis, os costumes, a doutrina e a jurisprudência. Contudo, a teoria juspositivista, a partir do normativismo de Kelsen apenas entende a “lei” como fonte do Direito. FONTES FORMAIS (Vitor Kümpel) Fontes formais: Classificação: Quanto à sua natureza: 1. diretas (próprias ou puras): são aquelas cuja natureza jurídica é exclusiva de fonte, como lei, costumes e princípios gerais de direito, tendo como única finalidade servir como modo de procução do direito. 2. indiretas (impróprias e impuras): são aquelas que assumem a função de fontes de direito por excepcionalidade, como a doutrina, a jurisprudência e os costumes. Quanto ao órgão produtor: 1. Estatais: vêm por determinação e poder do Estado (Lei [convenção internacional inclusive], jurisprudência) 2. Não estatais: têm sua origem do particular, ou seja, os costumes e a doutrina. Quanto ao grau de importância: 1. Principais: são caracterizadas como lei em sentido geral e amplo, ou seja, não deixando espaço para o juiz julgar com base em qualquer outra fonte. 2. Acessórias:Somente em casos de expressa omissão legal é que o juiz poderá decidir com base nas fontes acessórias, quais seja, os costumes, a doutrina, a jurisprudência e os princípios gerais de direito. Esquema comparative das Fontes Formais Fontes Negociais As relações jurídicas podem ser de caráter geral (as normas legais) ou de caráter particular. As fontes negociais são a manifestação do poder negocial como uma exteriorização da autonomia da vontade. Ou seja, as pessoas criam seu próprio dever-ser. O resultado dessa combinação (vontade + negociação) será a norma negocial (ex:. Cláusulas contratuais). Fontes Negociais Alguns ramos do direito positivo privilegiam os sujeitos privados e o poder negocial (Ex. Direito do Trabalho, Direito Previdenciário Privado e alguns ramos cíveis e criminais. Lei 9978/00 – Comissões de conciliação prévia. Lei 9307/96 – Arbitragem. Lei 9099/95 – Juizados Especiais. Constituição Federal – art. 114, §2º - dissídios em comum acordo. Fonte Negocial Autonomia da vontade: o poder que tem cada homem de ser, de agir e de omitir-se nos limites das leis em vigor, tendo por fim alcançar algo de seu interesse (bem jurídico). O poder negocial: o poder de estipular negócios para a realização de fins lícitos, graças a um acordo de vontades. O negócio jurídico: é o ato jurídico pelo qual uma ou mais pessoas, em virtude de declaração de vontade, instauram uma relação jurídica nos limites consentidos pela lei. Fontes negociais Fontes Negociais: são as atividades negociais com força geradora de normas jurídicas particulares e individualizadas (contratos, convenções ou acordos coletivos de trabalho). A negociação é norma jurídica individual, negocialmente criada que não estatui sanção, mas uma conduta. O comportamento oposto é pressuposto da sanção prevista pela norma jurídica geral. É fonte não autônoma, pois só será jurídica em combinação com a norma jurídica que determina a sanção. Fontes doutrinárias do Direito Fontes Doutrinárias: A discussão da doutrina como fonte só aparece no século XIX com a positivação do Direito que resultou na: (1) preponderância da lei como fonte; (2) o controle da legalidade pelo Judiciário, e, (3) a concepção do Direito como sistema. É a ciência jurídica e inclui a opinião e a reflexão a respeito do direito formal. Fontes doutrinárias do Direito Entende-se por “doutrina” a atividade decorrente da: Produção científico-jurídica, ou seja, dos estudos realizados pelos juristas na análise e sistematização das normas jurídicas, Elaboração das definições e conceitos jurídicos, Interpretação das leis, facilitando e orientando a tarefa de aplicar o Direito, Apreciação da justiça das normas adequando-as aos fins que o Direito deve perseguir, emitindo juízos de valor sobre o conteúdo da ordem jurídica, e, apontando as necessidades e oportunidades das reformas jurídicas. Enunciação como fonte do Direito O direito positivo é um corpo de linguagem que se materializa na forma de um conjunto de enunciados prescritivos. Enunciação é a atividade psicofísica produtora de enunciados, delimitada em condições de tempo e espaço. Se a enunciação é “o processo de funcionamento da língua por um ato individual de utilização” (Benveniste), a atividade humana de produzir enunciados, então, fica afastada a tese de que as normas incidem por conta própria e que o sistema do direito positivo se auto- reproduz. Assim, a enunciação é fonte do direito e abarca todos os atos que antecedem e preparam a produção dos enunciados prescritivos (Gabriel Ivo). Sem linguagem não há Direito. Bibliografia recomendada: FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução à ciência do Direito. São Paulo: Saraiva, 2009. REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. BOBBIO, Norberto. Teoria da norma jurídica. trad. Fernando P. Batista e Ariano B. Sudatti. 2. ed. São Paulo: Edipro, 2003. CARVALHO, Aurora Tomazini. Teoria Geral do direito. Tese de doutorado. PUC/SP, 2009. Prof. Lourenço Torres @lourenco_torres_prof proflourencotorres@yahoo.com.br Estudar é o segredo do sucesso.
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