Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO JULIANA LIMA SILVA CÂNCER DE PULMÃO OSASCO 2019 JULIANA LIMA SILVA 1318200540 CÂNCER DE PULMÃO Portfólio apresentado para conclusão na unidade curricular integrada "Projeto Integrador" da Graduação em Medicina no campus Osasco da Universidade Nove de Julho. Orientadores: Profª. Adriana Gibotti e Profª. Joselma Siqueira OSASCO 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1 2. DESENVOLVIMENTO 2 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 5 4. REFERÊNCIAS 6 1 1. INTRODUÇÃO O câncer de pulmão (carcinoma pulmonar) é atualmente o tumor mais comum no Brasil e representa a principal causa de morte por câncer (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). Evidências, estatísticas afirmam que 87% dos cânceres de pulmão ocorrem em fumantes ativos ou naqueles que pararam de fumar recentemente, ou seja, de um modo geral o câncer de pulmão é causado principalmente pelos efeitos carcinógenos do tabagismo. Logo, a incidência ocorre, na maioria das vezes, entre os 40 e 70 anos de idade, com um pico entre os 50 e 60 anos (ABBAS, FAUSTO, KUMAR, 2005). Geralmente o diagnóstico do carcinoma pulmonar é feito tardiamente, pois há uma variedade de distúrbios que podem levar a anormalidades radiológicas que representem tumores pulmonares. Contudo, no caso de um paciente com um baixo risco relativo que apresenta uma anormalidade radiológica assintomática a decisão de investigá-lo na procura do câncer de pulmão não ocorre com tanta frequência (AUSIELLO, GOLDMAN, 2005). Portanto, na maioria dos casos o paciente procura atendimento médico ao apresentar piora do quadro e neste momento o tumor já se apresenta em estágio avançado, diminuindo de maneira acentuada as possibilidades de cura (ONCOGUIA, 2017). Importante salientar que aproximadamente 90% das neoplasias pulmonares originam- se do epitélio respiratório e são carcinomas broncogênicos. Este, se divide em: carcinoma pulmonar de células pequenas e carcinoma pulmonar de células não pequenas (AUSIELLO, GOLDMAN, 2005). Ao estudar aspectos relacionados ao carcinoma pulmonar no decorrer do 2º semestre do curso de medicina, tive o interesse de realizar um estudo mais aprofundado sobre a patologia, conhecendo assim a causa e suas complicações. 2 2. DESENVOLVIMENTO A palavra câncer foi utilizada pela primeira vez por Hipócrates, o pai da medicina. Atualmente, chama-se câncer o conjunto de doenças que tem como característica o crescimento desordenado de células, que tendem a invadir tecidos e órgãos vizinhos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). Ao decorrer do semestre foi visto em BMF II que a etiologia do câncer de pulmão surge através do acúmulo gradual de anormalidades genéticas que transformam o epitélio brônquico benigno em tecido neoplásico (ABBAS, FAUSTO, KUMAR, 2005). A principal agressão genética atribuída a essa alteração é a fumaça do cigarro, logo, evidências clínicas em fumantes habituais apresentam alterações histológicas no epitélio de revestimento do trato respiratório (RODRIGUES et al., 2018). Analisando as substâncias encontradas na fumaça do cigarro, muitas são carcinógenos potenciais. Estes incluem, iniciadores, promotores, derivados do fenol, elementos radioativos e outros contaminantes como arsênio, níquel e aditivos (ABBAS, FAUSTO, KUMAR, 2005). Ademais, o hábito de fumar cachimbos, charutos, a exposição a substâncias químicas como hidrocarbonetos, asbestos e entre outros, também são fatores de risco para a neoplasia pulmonar (RODRIGUES, NASCIMENTO, SANTOS, et al., 2018). Como visto na grade curricular de MAD I, em relação à imunidade celular foi observado que há uma diminuição de linfócitos TCD4 e TCD8 nos fluídos pulmonares de fumantes moderados, além disso, há também um aumento de neutrófilos nos brônquios causado pelo efeito dos componentes oxidativos presentes no cigarro. Estes sendo, em grande parte, a causa da destruição do pulmão no enfisema (GIUSTI, 2007). O tabaco portanto, gera um aumento de monócitos e neutrófilos que produzem proteazes e oxidantes em grande quantidade, gerando um desequilíbrio entre as antiproteazes e antioxidantes, resultando na lesão pulmonar (GIUSTI, 2007). Por outro lado, o tabagismo não é o único agente responsável pela incidência do câncer de pulmão. Como visto na matéria de BCM II, pode ocorrer também uma mutação genética na qual uma célula normal sofrerá alterações no DNA dos genes e essa alteração fará com que as células recebam instruções “erradas” para suas 3 atividades (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). Analisando essa suscetibilidade genética, foi possível concluir que existem alguns genes que determinam vulnerabilidade á doença, são eles: genes supressores do tumor, proto-oncogenes, genes reguladores da abundância e ação dos fatores de crescimento, genes que detoxificam carcinógenos e genes que codificam enzimas que metabolizam pró- carcinógenos (AUSIELLO, GOLDMAN, 2005). De acordo com o Ministério da saúde, os proto-oncogenes são genes inativos em células normais, porém quando ativados se tornam oncogenes e agem na cancerização de células, transformando-as em células cancerosas. Como visto em SCAPS II, a incidência do carcinoma pulmonar é 4 vezes maior nos homens em relação as mulheres, bem como, entre as neoplasias malignas corresponde a primeira causa de morte masculina e a segunda feminina. Através de uma análise entre os anos 1979 e 2000, foi confirmado que a mortalidade por câncer de pulmão no Brasil possui uma variação percentual de 57% entre os homens e de 134% entre as mulheres (CARVALHO, JUNIOR, 2004). Como citado na introdução, o carcinoma broncogênico se divide em 2 grupos principais: O carcinoma pulmonar de células pequenas representa aproximadamente 20% dos casos de câncer. Tem como característica a presença de células com coloração escura e pouco citoplasma, tumor de localização central e seu diagnóstico é estabelecido na maioria das vezes através de exames como a citologia do escarro, broncoscopia ou a punção-biópsia pulmonar (INCA, 2003). O carcinoma de células não pequenas compreende alguns subgrupos, um deles é o adenocarcinoma. Os adenocarcinomas podem se derivar da periferia pulmonar ou das vias aéreas centrais e sua peculiaridade é a tendência a formação de glândulas (AUSIELLO, GOLDMAN, 2005). Pesquisadores detectaram que há níveis elevados da proteína ENO1 (enolase) em tecidos tumorais e sangue periférico de pacientes com câncer de pulmão, portanto esta poderia ser usada como um marcador para a doença. No entanto, foi necessária uma análise a fim de determinar se essa possibilidade realmente existe (DONG, WANG, ZANG, 2018). 4 Em um estudo realizado por DONG, WANG, ZHANG (2018): “72 pacientes com a neoplasia foram agrupados por tipo patológico, estágio clínico, idade, sexo, histórico de tabagismo e amostras de seus tecidos tumorais foram colhidas e analisadas.” Através do aprendizado na disciplina de BIOESTATÍSTICA, pude compreender que as diferenças de expressão em cada grupo foram comparadas através do teste do qui-quadrado e o resultado foi que não houve diferença significativa entre os grupos de pacientes com adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas e outros tipos de câncer quanto à expressão de ENO1 ( p > 0,05), o que sugere que não há relação entre a expressão de ENO1 nos tecidos de câncer de pulmão e os tipos patológicos. (DONG, WANG, ZANG, 2018) Sem dúvida, um diagnóstico correto é crucial. Afinal, os sintomas e sinais clínicos da doença dependem da localização, do tipo tecidual e do tamanho da neoplasia (CARVALHO, JUNIOR , 2004). Com base no caso clinico 3 do PI II, o senhor B.M.F de 54 anos fumava 5 cigarros de palha por dia e 20 cigarros manufaturados por dia, há 40 anos. No entanto, com o passar dos anos começou a notar piora em sua saúde, apresentando sintomas comofalta de ar, tosse produtiva, presença de sangue no escarro, perda de peso e entre outros. Por fim, através de uma avaliação genética e uma “bateria” de exames, foi diagnosticado com carcinoma epidermóide de pulmão. Como visto no caso clínico citado acima, um dos sintomas mais comuns da neoplasia é a tosse. O tumor age como um corpo estranho na luz do órgão e acaba provocando irritação na mucosa gerando tosse, portanto é de extrema importância valorizar as mudanças nos sintomas, pois com o crescimento progressivo do tumor pode haver uma obstrução brônquica (CARVALHO, JUNIOR, 2004). Em suma, o carcinoma pulmonar de células pequenas apresenta uma alta taxa de resposta tanto á radioterapia como á quimioterapia, já o carcinoma de células não pequenas pode ser curado com cirurgia, porém, não é curável pela quimioterapia isolada (AUSIELLO, GOLDMAN, 2005). Assim sendo, o tratamento do carcinoma é individualizado para cada caso e sua intenção é baseada em fatores prognósticos já estabelecidos. (INCA, 2001) 5 3. Considerações finais Com a realização desse trabalho, pude compreender muito mais sobre o câncer de pulmão. Por ser uma doença considerada a principal causa de morte por câncer no Brasil, é de extrema importância o conhecimento sobre seus fatores de risco. Como citado ao longo do desenvolvimento, a agressão predominante no trato respiratório é causada pelo tabagismo. Com isso, pude concluir que este e seus efeitos carcinógenos são responsáveis por inúmeras alterações no organismo humano, causando desde uma metaplasia á uma alteração na imunidade celular. Enfim, com o desenvolver deste trabalho, notei que ao decorrer do semestre pude aprender e assimilar grande parte do conteúdo teórico com a prática. Por isso posso dizer que as disciplinas de bases celulares e moleculares II, bases morfofuncionais II, saúde coletiva e atenção primária á saúde II, mecanismos de agressão e defesa I e bioestatística foram essenciais na produção do meu portfólio, as informações passadas pelos professores me ajudaram na compreensão da doença desde a causa até os processos necessários para o diagnóstico. Logo, a disciplina projeto intregrador II permitiu a união de todas as matérias e desse modo pude assimilar e desenvolver um estudo abrangente sobre o câncer de pulmão. De acordo com o Anasem as competências I, III e IV foram contempladas neste portfólio. 6 4. REFERÊNCIAS GIUSTI, André Luis. Interferência do tabaco no sistema imunitário – estado atual e perspectivas – revisão da literatura. ConScientiae Saúde , São Paulo, v. 6, n. 1, p. 155-163, mar./2007. Disponível em: <https://periodicos.uninove.br/index.php?journal=saude&page=article&op=view&path%5B% 5D=922>. Acesso em: 10 nov. 2019. GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil: Tratado de Medicina Interna . 22. ed. Rio de Janeiro : Elsevier , 2000. p. 15-1965. INCA, Condutas Do. Carcinoma de pequenas células de pulmão. Revista Brasileira de Cancerologia, São Paulo, v. 49, n. 3, p. 149-152, mar./2003. Disponível em: <https://rbc.inca.gov.br/site/arquivos/n_49/v03/pdf/condutas.pdf>. Acesso em: 9 nov. 2019. INCA, Condutas Do. Carcinoma de Pulmão de Células não Pequenas. Revista Brasileira de Cancerologia, Mato Grosso do Sul, v. 48, n. 4, p. 485-492, jul./2002. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/rbc/n_48/v04/pdf/condutas.pdf>. Acesso em: 9 nov. 2019. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Câncer de pulmão. Disponível em: http://portal.unisepe.com.br/unifia/wp- content/uploads/sites/10001/2018/06/011_C%C3%82NCER_DE_PULM%C3%83O_E_SUA S.pdf. Acesso em: 9 nov. 2019. INSTITUTO ONCOGUIA . Câncer tem Cura?. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cancer-tem-cura/81/1/. Acesso em: 9 nov. 2019. JUNIOR, W. R. D. C. R. S. Programa de Auto-Avaliação em Cirurgia: Câncer de pulmão. colégio Brasileiro de cirugiões, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 4-22, ago./2004. Disponível em: <https://cbc.org.br/wp-content/uploads/2013/05/Ano3-II.Cancer-de-pulmao.pdf>. Acesso em: 9 nov. 2019. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; FAUSTO, Nelson. Robbins & Cotran - bases patológicas das doenças : Patologia . 7. ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 2005. p. 3-1458. MARTINS, W. P. R. A. M. D. N. N. A. D. S. J. S. T. J. R. R. F. L. CÂNCER DE PULMÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA QUALIDADE DE VIDA. Revista Saúde em Foco, Bahia, v. 1, n. 10, p. 101-110, jun./2018. Disponível em: <http://portal.unisepe.com.br/unifia/wp- content/uploads/sites/10001/2018/06/011_C%C3%82NCER_DE_PULM%C3%83O_E_SUA S.pdf>. Acesso em: 9 nov. 2019. MELLO, H. C. ;. J. G. ;. M. D. L. D. Câncer de pulmão. 1 seminário em radioterapia , Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 147-176, jun./2001. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//seminario- radioterapia-capitulo-quatro-cancer-de-pulmao.pdf>. Acesso em: 9 nov. 2019. 7 NOVAES, F. T. et al. Câncer de pulmão : histologia, estádio, tratamento e sobrevida . J Bras Pneumol, São Paulo, v. 34, n. 8, p. 596-600, ago./2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-37132008000800009>. Acesso em: 9 nov. 2019. SAÚDE, Ministerio Da. ABC do Câncer: Abordagens Básicas para o Controle do Câncer. 5. ed. Rio de Janeiro: COORDENAÇÃO DE ENSINO, 2019. p. 13-110. SAÚDE, Ministério Da. ABC do câncer: Abordagens Básicas para o Controle do Câncer. 4. ed. Rio de Janeiro: COORDENAÇÃO DE ENSINO, 2018. p. 13-110. ZAMBONI, Mauro. Epidemiologia do câncer do pulmão. Jornal de Pneumologia, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 41-47, jan./2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-35862002000100008>. Acesso em: 9 nov. 2019. ZHANG, Lihong; WANG, Hongbin; DONG, Xuejun. Valor diagnóstico da expressão de alfa enolase e dos níveis séricos de auto anticorpos contra alfa enolase no câncer de pulmão. J Bras Pneumol, São Paulo , v. 44, n. 1, p. 18-23, jul./2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v44n1/pt_1806-3713-jbpneu-44-01-00018.pdf>. Acesso em: 8 nov. 2019.
Compartilhar