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FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza – Profa. Ms. Alessandra Corrêa Farago e Profa. Dra. Neusa Regina Pires Barbieri Meu nome é Alessandra Corrêa Farago. Tenho, como formação inicial, o Magistério (docência de 1ª a 4ª séries). Sou graduada em Letras e especialista em Gestão e Uso de Novas Tecnologias na Escola pela UNB e em Planejamento e Gestão de Organizações Educacionais pela Unesp de Araraquara, além de Mestre em Educação Escolar. Minha linha de pesquisa é voltada para a Formação de Professores, investigando, especificamente, concepções e práticas de ensino. Fui professora efetiva da Rede Pública Estadual por dezoito anos e Coordenadora Pedagógica do Curso Normal Integral, nos moldes do CEFAM por sete anos, na Escola Estadual Otoniel Mota, na cidade de Ribeirão Preto. Hoje atuo como professora universitária nos cursos de Pedagogia e outras licenciaturas e na Pós-Graduação em faculdades nas cidades de Ribeirão Preto e Bebedouro, bem como no Claretiano em Batatais. E-mail: farago@claretiano.edu.br Meu nome é Neusa Regina Pires Barbieri. Sou graduada em Ciências Biológicas pela FFCLRP-USP, fiz curso de Aperfeiçoamento em Educação: Ensino de Ciências pela FFCLRP-USP, sou mestre em Imunologia Básica e Aplicada e doutora em Ciências Médicas – Investigações Biomédicas pela FMRP-USP. Minha área de pesquisa é Imunologia e Microbiologia, nas quais desenvolvi projetos em laboratório de pesquisa. Sou professora efetiva de Biologia na rede Pública Estadual há 15 anos e professora efetiva de Ciências Físicas e Biológicas na Rede Pública Municipal de Ribeirão Preto, desde 1998. Atuei como professora universitária nos cursos de Biomedicina e Fisioterapia em Faculdades de Ribeirão Preto e nos cursos de Pedagogia na EAD em Batatais. E-mail: nrpbarbieri@yahoo.com.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA Alessandra Corrêa Farago Neusa Regina Pires Barbieri Batatais Claretiano 2014 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Clare ana, 2014 – Batatais (SP) Trabalho realizado pelo Clare ano - Centro Universitário Cursos: Graduação Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza Versão: ago./2014 Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. José Paulo Ga Pró-Reitor Administra vo: Pe. Luiz Claudemir Bo eon Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Ga Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Ms. Luís Cláudio de Almeida Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Ar eres Estevão Romeiro Coordenador de Material Didá co Mediacional: J. Alves Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cá a Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Mar ns Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Eduardo Henrique Marinheiro Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Juliana Biggi Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7 2 ORIENTAÇÕES GERAIS PARA O ESTUDO ......................................................... 9 3 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ..................................................................................... 25 4 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR .................................................................... 26 UNIDADE 1 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 29 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 29 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 30 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 33 5 HISTÓRICO DO ENSINO DE CIÊNCIAS ............................................................. 34 6 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 56 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 58 8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 61 9 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 62 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 63 UNIDADE 2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 65 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 65 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 66 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 68 5 ENSINO DE CIÊNCIAS ....................................................................................... 68 6 APRENDER E ENSINAR CIÊNCIAS .................................................................... 84 7 SABERES NECESSÁRIOS PARA UM BOM PROFESSOR DE CIÊNCIAS ............. 99 8 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................ 114 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 116 10 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 117 11 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 119 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 119 UNIDADE 3 ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 121 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 121 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 122 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 123 5 PRESSUPOSTOS DOS CONHECIMENTOS SOBRE NATUREZA E SOCIEDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................................................. 124 6 CONTEÚDOS, OBJETIVOS E PRESSUPOSTOS DIDÁTICOS DO EIXO NATUREZA E SOCIEDADE .................................................................................134 7 ESTRATÉGIAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ..................................... 149 8 SUGESTÕES DE ATIVIDADES NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ÁREA DE CIÊNCIAS NATURAIS ......................................................................................... 152 9 SUGESTÃO DE PROJETO NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ÁREA DE CIÊNCIAS NATURAIS .......................................................................................................... 155 10 TEXTO COMPLEMENTAR ................................................................................. 180 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 184 12 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 185 13 E REFERÊNCIAS ................................................................................................ 186 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 186 UNIDADE 4 ENSINO DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 189 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 190 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 190 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 191 5 OBJETIVOS E CONTEÚDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ................................................................................................ 192 6 CIÊNCIAS NATURAIS NO PRIMEIRO CICLO DE ENSINO FUNDAMENTAL ..... 199 7 CIÊNCIAS NATURAIS NO PRIMEIRO CICLO DE ENSINO FUNDAMENTAL ..... 205 8 BLOCOS TEMÁTICOS ........................................................................................ 218 9 CONTEÚDOS: PROFESSOR × ALUNO ............................................................... 234 10 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS CONTEÚDOS ............................................... 236 11 TEXTOS COMPLEMENTARES ........................................................................... 237 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 249 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 252 UNIDADE 5 ESTRATÉGIAS E RECURSOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 255 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 256 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 256 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .............................................................................. 258 5 ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS ................................................................................. 260 6 RECURSOS DIDÁTICOS ..................................................................................... 290 7 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................. 296 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 299 9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 302 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 303 CRC Caderno de Referência de Conteúdo Conteúdo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Histórico do Ensino de Ciências. Concepção de Ciências. Ciência, Tecnologia e Sociedade. Ciências Naturais e cidadania. Concepções epistemológicas no En- sino de Ciências. Ensino e aprendizagem das Ciências Naturais. Ensino de Ciên- cias na Educação Infantil. Pressupostos dos conhecimentos sobre a natureza e sociedade na Educação Infantil. Ensino de Ciências no Ensino Fundamental. Ciências Naturais no primeiro e segundo ciclo. Estratégias e recursos didáticos no Ensino de Ciências. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Seja bem-vindo! Você iniciará o estudo de Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza, que é uma das obra que compõem o curso de Licenciatura em Pedagogia e que será desenvolvida na modalidade EaD. Descobriremos, juntos, todos os procedimentos necessários para a sua iniciação neste estudo. Ao iniciar este estudo, você precisará acompanhar as aulas com dedicação, administrar bem seu tempo, interagir constante- © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza8 mente com seus tutores e colegas de curso, para, assim, ficar sem- pre atualizado não só com o conteúdo desta obra, mas também com as discussões. O Ensino de Ciências Naturais é espaço privilegiado para as diferentes explicações sobre o mundo, os fenômenos da natu- reza e as transformações produzidas pelo homem, podendo ser expostos e comparados. É espaço de expressão das explicações espontâneas dos alunos e daquelas oriundas de vários sistemas explicativos. Contrapor e avaliar diferentes explicações favorece o desenvolvimento de postura reflexiva, crítica, questionadora e investigativa, de não aceitação, a priori, de ideias e informações. Possibilita a percepção dos limites de cada modelo explicativo, in- clusive dos modelos científicos, colaborando para a construção da autonomia de pensamento e ação. Não consideraremos o Ensino de Ciências como um ensino propedêutico, voltado para uma aprendizagem efetiva em mo- mento futuro. A criança não é cidadã do futuro, mas já é cidadã hoje, e, nesse sentido, conhecer ciência é ampliar a sua possibi- lidade presente de participação social e viabilizar sua capacidade plena de participação social no futuro. É importante ressaltar que a obra de Fundamentos e Mé- todos do Ensino das Ciências da Natureza mostrará que a ciência escolar não é a mesma ciência dos cientistas, pois a ciência é uma atividade criadora, complexa, que tem o objetivo de esclarecer, descrever e prever. Para isso, a pesquisa científica exige uma inte- ligência lúcida, disciplina, observação, paciência, perseverança e retidão. Como diferenças entre a ciência "do cientista" e a escolar poderiam ser abordados fatores com maior contato com o mundo do professor. Um exemplo bem simples seria o grau de complexi- dade e aplicabilidade bem distintos entre os "duas ciências". Durante esse estudo, você irá desenvolver uma postura in- vestigativa e reflexiva diante do corpo de teorias que serão trata- das em Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natu- Claretiano - Centro Universitário 9© Caderno de Referência de Conteúdo reza. Por meio da analise dos pressupostos teóricos e práticos do Ensino das Ciências Naturais sob o ponto de vista técnico, humano, tecnológico, científico e político-social. Para isso, será importante você compreender conceitos, princípios e fenômenos e transitar pelos diferentes campos do saber, incorporando procedimentos, valores e atitudes necessários à sua prática profissional docente, a fim de ampliar a visão crítica sobre a realidade do ensino e da aprendizagem, estabelecendo um espaço de reflexão e ação sobre as teorias e práticas pedagógicas vigentes. Esperamos que o corpo teórico, as discussões e as reflexões realizadas nesta obra Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciên- cias da Natureza contribuam para sua atuação como docente. Ao longo das unidades, torna-se evidente que o professor deverá ter consciência que a aprendizagem dos nossos alunos pre- cisa ser significativa, para que eles adquiram um novo conceito. Além disso, desde que o professor faça uma intervenção adequa- da, o aluno pode ganhar consciência da coexistência de diferentes sistemas explicativos para o mesmo conjunto de fatos e fenôme- nos, estando apto a reconhecer e aplicardiferentes domínios de ideias em diferentes situações. 2. ORIENTAÇÕES GERAIS PARA O ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será es- tudado. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bá- sico necessário, a partir do qual você possa construir um referen- cial teórico com base sólida – científica e cultural –, para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza10 cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que fundamentam esta obra. É importante ressaltar que a obra Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza mostrará que a ciência escolar não é a mesma ciência dos cientistas, pois a ciência é uma ativida- de criadora, complexa, que tem o objetivo de esclarecer, descre- ver e prever. Para isso, a pesquisa científica exige uma inteligência lúcida, disciplina, observação, paciência, perseverança e retidão. Como diferenças entre a ciência "do cientista" e a escolar pode- riam ser abordados fatores com maior contato com o mundo do professor. Um exemplo bem simples seria o grau de complexidade e aplicabilidade bem distintos entre os "duas ciências". Durante a leitura desta obra, você irá desenvolver uma pos- tura investigativa e reflexiva diante do corpo de teorias que serão tratadas em Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza. Por meio da analise dos pressupostos teóricos e práti- cos do Ensino das Ciências Naturais sob o ponto de vista técnico, humano, tecnológico, científico e político-social. Para isso, será importante você compreender conceitos, prin- cípios e fenômenos e transitar pelos diferentes campos do saber, incorporando procedimentos, valores e atitudes necessários à sua prática profissional docente, a fim de ampliar a visão crítica sobre a realidade do ensino e da aprendizagem, estabelecendo um espaço de reflexão e ação sobre as teorias e práticas pedagógicas vigentes. Acreditamos que você tome consciência por meio deste estudo que o aluno é sujeito de sua aprendizagem, ou seja, ele é responsável por ressignificar o mundo e por construir explicações norteadas pelo conhecimento científico. Esse movimento de ressignificação daquilo que está a sua volta não é espontâneo, mas construído com a inter- venção do professor. É o professor que deve orientar a construção dos conheci- mentos realizada pelo aluno, criando situações interessantes e sig- Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo nificativas, fornecendo informações que permitam a reelaboração e a ampliação dos conhecimentos prévios, propondo articulações entre os conceitos construídos, para organizá-los em um corpo de conhecimentos sistematizados. Cabe ao professor selecionar, organizar e problematizar con- teúdos que abarcam o Ensino de Ciência, de modo a promover um avanço no desenvolvimento intelectual do aluno, na sua constru- ção como ser social. Em contrapartida, a ciência escolar objetiva o desenvolvi- mento de habilidades e competências importantes para o proces- so de ensino-aprendizagem do aluno. Neste sentido, é necessário que ocorra uma mudança didática no conhecimento cientifico, para facilitar a estruturação do pensamento da criança. Vale lem- brar que a construção do conhecimento feita pelo educando deve- rá ser o mais próximo do conhecimento cientifico. Na Unidade 1, vamos conhecer sobre o Histórico do Ensino de Ciências no Brasil, para que você possa evidenciar as tendên- cias pedagógicas que influenciaram a organização curricular e os aspectos metodológicos que compõem o Ensino das Ciências Na- turais que temos hoje nas escolas. Além disso, daremos ênfase ao Ensino de Ciências Naturais com vistas a uma formação emancipatória e transformadora, de- finindo o conceito de Ciência ao longo dos tempos e identificando os conhecimentos científicos e tecnológicos como atividades hu- manas de caráter histórico. Na Unidade 2 serão apresentados os pressupostos epistemo- lógicos existentes para ensinar Ciências na escola. Para isso, faz-se necessário compreender que epistemologia é a teoria do conheci- mento e, portanto, ao pensar o Ensino de Ciências, podemos nos remeter ao entendimento do "como" se constitui o conhecimento científico. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza12 Vale pontuar que a epistemologia se interessa pelos méto- dos, objetos e formas de pensamento próprios da Ciência. É um dos termos mais usados para referir-se à discussão sobre como construímos nossos conhecimentos de cunho científico. Nessa perspectiva, buscaremos, nesta unidade, tanto dis- cutir as questões didático-metodológicas constitutivas da prática docente, quanto subsidiar você, futuro professor, com a discussão teórica da área no que se refere a conceitos que são essenciais para o trabalho com Ciências nos primeiros anos do Ensino Fun- damental. Na Unidade 3, estudaremos agora o Ensino de Ciências na Educação Infantil por meio de eixo Natureza e Sociedade defi- nido pelo Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI). Segundo esse documento (1998) esse eixo reúne temas que envolvem a compreensão do "mundo social" e do "mundo natu- ral" de forma integrada. Nessa etapa, é necessário ressaltar que o trabalho com os co- nhecimentos derivados das Ciências Naturais devem ser voltados para a ampliação das experiências das crianças e para a construção de conhecimentos diversificados sobre o meio físico e natural. Nesse sentido, o trabalho refere-se à pluralidade de fenôme- nos e acontecimentos − físicos e biológicos −, ao conhecimento da diversidade de formas de explicar e representar o mundo, ao con- tato com as explicações científicas e à possibilidade de conhecer e construir novas formas de pensar sobre os eventos que cercam as crianças. Por isso, é importante que as crianças tenham contato com diferentes elementos, fenômenos e acontecimentos do mundo, sejam instigadas por questões significativas para observá-los e explicá-los e tenham acesso a modos variados de compreendê-los e representá-los. Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo Na Unidade 4, vamos discutir os eixos temáticos de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental, partindo dos pressupostos estabelecidos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), com o propósito de apresentar os conteúdos e objetivos propostos para esta etapa de formação. É importante lembrarmos que o processo de aprendizagem das Ciências Naturais das crianças nas séries iniciais partem de conhecimentos prévios adquiridos pela vivência em ambiente fa- miliar, pela cultura regional, cultura de massa e mídia. Assim, as crianças se colocam como curiosas investigativas, livres para per- guntar o que veem, ouvem e sentem. E isso facilita o ensino de Ciências no Ensino Fundamental. Podemos, então, concluir que as crianças chegam à escola tendo um repertório de representações e explicações da realida- de. É importante que tais representações encontrem lugar na sala de aula para se manifestarem, pois, além de constituírem impor- tante fator no processo de aprendizagem, poderão ser ampliadas, transformadas e sistematizadas com a sua mediação. A escola e o professor têm o papel de estimular os alunos a perguntar e a buscar respostas sobre a vida humana, os ambientes e recursos tecnológicos que fazem parte do cotidiano ou que este- jam distantes no tempo e no espaço. É importante ressaltar que o papel do educador é de grande relevância nesse processo, no sentido de incentivar o educando a perguntar e formular suposições, e, assim, conhecer as represen- tações e os conceitos intuitivos do aluno. Dessa forma, épossível orientá-lo em seu processo de construção do conhecimento. Na Unidade 5, conheceremos as estratégias e recursos didáti- cos que podem ser utilizados para potencializar a aprendizagem no Ensino de Ciências, com a finalidade de subsidiar a prática docente. Esse estudo possibilitará que você conheça um referencial para a análise e escolha de diferentes estratégias didáticas, assim como as características e o uso dos recursos didáticos. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza14 Veremos, também, o papel e a importância que os recursos didáticos adquirem no Ensino de Ciências, nas diferentes formas de intervenção, como instrumentos para a comunicação da infor- mação, para propor atividades, observação, experimentação, pro- blematização, para a elaboração e construção do conhecimento ou para o exercício e a aplicação. Nesta Unidade 5, ofereceremos algumas sugestões de ati- vidades a fim de subsidiar a prática pedagógica a serem desen- volvidas no Ensino de Ciências, organizadas em modalidades ou situações didáticas. O fundamental nesse processo é que os alunos sejam incen- tivados em sua curiosidade e que procurem satisfazê-la de forma investigativa, utilizando-se dos conhecimentos construídos para orientar suas ações no dia a dia. Esperamos com isso auxiliá-lo como professor, tornando o Ensino de Ciências mais atraente, participativo, provocador e di- vertido, principalmente possibilitando a compreensão correta dos conteúdos científicos pelos alunos a partir de uma ação investiga- tiva e questionadora. Isso contribuirá para o desenvolvimento de sua aprendiza- gem da docência, desenvolvendo uma postura reflexiva diante dos conhecimentos que serão estudados e das práticas que estão por vir em seu futuro trabalho docente. Glossário de Conceitos O Glossário permite a você uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados nesta obra. Veja a seguir a definição dos prin- cipais conceitos: 1) Ação didática: "[...] refere-se à relação entre o aluno e a matéria, com o objetivo de apropriar-se dela com a me- diação do professor" (LIBÂNEO, 1994, p. 55). Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo 2) Aprendizagem significativa: termo cunhado pelo psi- cólogo da aprendizagem Ausubel. Ele define a apren- dizagem significativa como o processo em que a nova informação trazida pelo professor "ancora-se" nos co- nhecimentos já existentes dos alunos, que são os conhe- cimentos prévios. O que importa é que as aprendizagens novas sejam vinculadas aos elementos da estrutura cog- nitiva existente do aluno, a fim de que ele possa apreen- der de forma significativa. 3) Capacidades cognoscitivas: "[...] são as energias mentais disponíveis nos indivíduos, ativadas e desenvolvidas no processo de ensino, em estreita relação com os conheci- mentos. O desenvolvimento das capacidades se verifica no decorrer do processo de assimilação de conhecimen- tos e é, ao mesmo tempo, condição para a aquisição e aplicação dos conhecimentos" (LIBÂNEO, 1994, p. 80). 4) Conhecimentos prévios: "[...] são os conhecimentos que os alunos já possuem sobre o conteúdo concreto que se propõe aprender, conhecimentos prévios que abrangem tanto conhecimentos e informações sobre o próprio conteúdo como conhecimentos que, de maneira direta ou indireta, estão relacionados ou podem relacionar-se com ele" (MIRAS, 2004, p. 61). 5) Conteúdo escolar: significa tudo o que se ensina e se aprende formal ou informalmente na escola: fatos, con- ceitos, procedimentos, normas, valores, atitudes. De acordo com César Coll (2006, p. 22), "[...] esse concei- to de conteúdo escolar propõe romper com um ensino centrado apenas na memorização repetitiva de fatos e na assimilação mais ou menos compreensiva de con- ceitos ou sistemas conceituais". Esse autor amplia o conceito de "conteúdo escolar", incluindo os aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais e sugere que o professor planeje e desenvolva atividades de ensino que permitam a seus alunos trabalharem de forma inter- -relacionada com esses três aspectos de conteúdo. 6) Consciência ecológica: não é apenas a tomada de consci- ência da degradação da natureza. É a tomada de consci- ência, na esteira da ciência ecológica, do próprio caráter © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza16 da nossa relação com a natureza viva: aparece na ideia de duas faces que a sociedade é vitalmente dependente da eco-organização natural e que está profundamente com- prometida, trabalhada e degradada nos e pelos processos sociais. Desde aí, a consciência ecológica aprofunda-se em consciência eco-antropossocial; desenvolve-se em consciência política na tomada de consciência de que a desorganização da natureza suscita o problema da organi- zação da sociedade. A consciência eco-política suscita um "movimento" de mil formas individuais (ética e diéticas), e coletivas, existenciais e militantes (MORIN, 2002, p. 111). 7) Consigna ou comanda: "[...] é a instrução geralmente acompanhada de algumas orientações relacionadas à execução de uma determinada tarefa, feita oralmente, por escrito ou das duas formas" (WEISZ, 1999, p. 21). 8) Construtivismo: "[...] concepção que entende a aprendi- zagem escolar como um processo de construção de signi- ficados e de atribuição de sentido, cuja responsabilidade principal corresponde ao aluno. O construtivismo enten- de o ensino como a ajuda que os professores dão ao alu- no para que esse processo de construção possa realizar-se e orientar-se na direção adequada" (COLL, 2006, p. 31). 9) Contrato didático: expressão utilizada por Masetto (apud ANASTASIOU; ALVES, 2005, p. 7), [...] "indica o contrato proposto pelo professor aos alunos, no início do semestre ou ano curricular, em torno do compromis- so que conjuntamente assumem quanto à construção do conhecimento, dentro do currículo que os une". 10) Desenvolvimento cognitivo: "Piaget concebe como uma sucessão de estágios e subestágios caracterizados pela forma particular de como os esquemas – de ação ou conceituais – se organizam e se combinam entre si for- mando estruturas. Desse modo, a descrição que nos é oferecida do desenvolvimento cognitivo em termos de estágios é uma visão estrutural e inseparável da análise formalizante" (COLL, 2006, p. 46). 11) Epistemologia: teoria do conhecimento em geral e do co- nhecimento científico. A epistemologia interessa-se pelos métodos, objetos e formas de pensamento próprios da Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo ciência. É um dos termos mais usados para referir-se à dis- cussão sobre como construímos nossos conhecimentos. 12) Epistemologia genética: "Piaget define como a disciplina que estuda os mecanismos e os processos mediante os quais se passa dos estados de menor conhecimento aos estados de conhecimento mais avançados, sendo crité- rio para julgar se um estado de conhecimento é mais ou menos avançado ou de sua maior ou menor proximida- de com o conhecimento científico" (PIAGET, 1973, p. 16). 13) Estratégia: "[...] do grego strategía e do latim strategia, é a arte de aplicar ou explorar os meios e condições fa- voráveis e disponíveis, com vista à consecução de objeti- vos específicos" (ANASTASIOU; ALVES, 2005, p. 32). 14) Fenômeno educativo: "[...] por sua própria natureza, não é uma realidade acabada que se dá a conhecer de forma única e precisa em seus múltiplos aspectos. É um fenôme- no humano, histórico e multidimensional. Sendo constitu- ído pela dimensão humana, técnica, cognitiva, emocional, sócio-política e cultural" (MIZUKAMI, 1986, p. 55). 15) Intervenção pedagógica: o ato de formular perguntas que ajudem os alunos a pensar enquanto trabalham, oferecer sugestões e informações úteis para fazê-los avançar em suas aprendizagens. 16) Interdisciplinaridade: "[...] impõe acada disciplina que transcenda sua especialidade formando consciência de seus próprios limites para acolher as contribuições de outras disciplinas. É a interação existente entre duas ou mais disciplinas. Essa interação pode ir desde a simples comunicação das ideias até à integração mútua dos con- ceitos diretivos, da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados, da organi- zação da investigação e do ensino correspondentes. Um grupo interdisciplinar compõe-se de pessoas que rece- beram formação nos diferentes domínios do conheci- mento (disciplinas), tendo cada um: conceitos, métodos, dados e temas próprios (BERGER, 1972, n. p). 17) Material didático: "[...] é todo aquele material que seja utilizado em situações de ensino/aprendizagem, como © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza18 um recurso que faz parte das condições necessárias ao êxito do processo" (RANGEL, 1994, p. 49). 18) Método científico, definido por Krasilchik (1987), é a postu- ra investigativa, de observação dos fenômenos e solução de problemas. Pode ser dividido por etapas demarcadas (pas- sos para a descoberta científica): identificação de problemas; estabelecimento de hipóteses para resolvê-los; organização e execução de experiências para a verificação das hipóteses; conclusão (com a validação ou não das hipóteses). 19) Objeto sociocultural real: os conteúdos desenvolvidos na escola não devem ser fragmentados ou "escolariza- dos" de forma a perder seu contexto real, ou seja, deve- -se garantir o significado social real que os conteúdos apresentam. 20) Pedagogia tradicional, que estava pautado na transmis- são dos conhecimentos e valores sociais acumulados historicamente. O aluno é passivo no processo ensino- -aprendizagem, atento à aula expositiva, respondendo apenas às perguntas do professor, a fim de manter o si- lêncio e a disciplina. 21) Pedagogia tecnicista: que se estrutura na teoria com- portamentalista, idealizada por Skinner. Tal abordagem de ensino é orientada por objetivos instrucionais prede- finidos e tecnicamente elaborados, visando à racionali- zação do processo ensino-aprendizagem, a fim de obter mudanças de comportamento nos indivíduos. Desse modo, valorizam-se os aspectos mensuráveis e observá- veis (VEIGA, 1992). 22) Pedagogia libertadora: defende que a transformação da sociedade virá pela emancipação das camadas popula- res, cujo idealizador é Paulo Freire. 23) Pedagogia crítico-social dos conteúdos ou histórico-críti- ca: foi representada pelo grupo de Dermeval Saviani, que vê a prática educacional, visando à socialização dos conhe- cimentos sistematizados e à aquisição de habilidades, am- bas indispensáveis a uma prática social transformadora. 24) Pedagogia Construtivista: essa nova tendência para o en- sino das Ciências da Natureza tinha como objetivo promo- Claretiano - Centro Universitário 19© Caderno de Referência de Conteúdo ver uma aprendizagem significativa, não sendo baseada puramente na memorização do conteúdo. Essa tendên- cia, a que chamamos de Construtivismo, tem alguns prin- cípios orientadores, tais como: considerar o que a pessoa já sabe ou pensa a respeito de determinado assunto (le- vantamento dos conhecimentos prévios); encontrar um sentido supõe estabelecer relações (o que está na memó- ria não são coisas isoladas, mas coisas que guardam rela- ções com outras em nossa mente); quem aprende cons- trói ativamente significados; os alunos são responsáveis por sua própria aprendizagem junto ao professor. 25) Pedagogias Progressistas: se subdividem em Libertado- ra, Libertária e Crítico social dos conteúdos ou Históri- co-crítica. A função da escola refere-se à formação da consciência política do aluno para intervir e transformar sua realidade. A concepção defendida nessa abordagem acredita que o homem cria a cultura na medida em que, integrando-se nas condições de seu contexto de vida, reflete sobre ela e dá respostas aos desafios que nela encontra. Assim, prática vivenciada entre educador e educando deve-se pautar no processo de discussão em grupo permeado pela busca da compreensão dos con- textos por meio da reflexão crítica. O professor é aque- le que coordena as discussões e os debates em sala de aula, e o aluno, extremamente ativo e envolvido a esta dinâmica de sala de aula, contextualizando suas vivên- cias e problemática sociais. 26) Problematização: "[...] é o processo que visa facilitar a aplicação da experiência escolar para a compreensão da experiência pessoal em níveis mais sistemáticos e abstra- tos e o aproveitamento da experiência escolar para facili- tar o processo de concreção dos conhecimentos abstratos que a escola trabalha" (BRASIL, 1999, p. 95-96). 27) Processo didático: é o ensino, compreendido como o modo peculiar de orientar a aprendizagem e criar espaços formativos entre docentes e alunos, cuja razão de ser é a prática pedagógica de maneira criativa e enriquecedora. 28) Sequencias didáticas: "[...] são um conjunto de ativida- des ordenadas, estruturadas e articuladas para a realiza- © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza20 ção de certos objetivos educacionais que têm um prin- cípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos" (ZABALA, 1998, p. 18). 29) Técnica: "[...] do grego technikós, relativo à arte. Refere- -se à arte material ou ao conjunto de processos de uma arte, maneira, jeito ou habilidade especial de executar ou fazer algo" (ANASTASIOU; ALVES, 2005, p. 35). 30) Tendência de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) carac- teriza-se pela inovação no que se refere à escolha de conte- údos a serem estudados no Ensino de Ciências. Entretanto, mesmo tendo recebido influências das tendências pedagó- gicas progressistas e contemporâneas, o mesmo não acon- teceu no que tange ao processo ensino-aprendizagem, pois ainda perseverava o ideário do "método da redescoberta" que, desde os anos de 1960, prevaleceram na prática do- cente do Ensino de Ciências Naturais. 31) Teorias críticas em Educação: aquelas que, partindo da visão de que a sociedade atual se estrutura sobre rela- ções de dominação de uma classe social sobre outra e de determinados grupos sociais sobre outros, preconi- zam a necessidade de superação dessa sociedade. Com esse objetivo essas teorias procuram entender como e com que intensidade a educação contribui para a repro- dução dessas relações de dominação. Todas as teorias críticas têm em comum a busca de desfetichização das formas pelas quais a educação reproduz as relações de dominação, pois entendem isso como fundamental para a própria luta contra essas relações. Mas esse ponto em comum de forma nenhuma significa que não sejam grandes e fundamentais os pontos de divergência entre essas teorias. Quais sejam essas relações de dominação, qual sua origem, qual o papel da educação em sua re- produção, quais as formas pelas quais se realiza essa re- produção na educação em geral e na educação escolar em particular, se é possível realizar algo em educação que contribua para a superação da sociedade que gera essas relações de dominação etc., são pontos em tor- no aos quais as teorias críticas podem divergir de forma bastante acentuada. (DUARTE, 1993, p. 8). Claretiano - Centro Universitário 21© Caderno de Referência de Conteúdo 32) Transposição didática é um conceito cunhado por Che- vallard e se refere ao princípio didático, o qual visa as- segurar a máxima coincidência possível entre a "versão escolar" e "versão social" das práticas e conhecimentos que se convertem em conteúdos na sala de aula e a in- teração entre os alunos como vantagem pedagógica em favor da aprendizagem. 33) Trabalhos por projetos: é um tipo de método globali- zado; é o mesmo que elaborar um plano para realizar determinada ideia, um projeto supõe a realização de algo que não existe, um futuro possível; tem a ver com a realidade em curso e com a utopia possível, realizável, concreta. Esquemados Conceitos-Chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais com- plexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na or- denação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque- mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen- to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza22 em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor- nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe- cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele- cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon- ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 27 ago. 2012). Claretiano - Centro Universitário 23© Caderno de Referência de Conteúdo Hi st ór ic o do En sin o de Ci ên ci as Es co la N ov a (1 95 0) Ap re nd er a ap re nd er N at ur ez a e So ci ed ad e RC N EI (R ef er en ci al Cu rr ic ul ar N ac io na l da Ed uc aç ão In fa nt il) Pe da go gi a Tr ad ic io na l( LD B 4. 02 4/ 61 ) En sin o de Ci ên ci as Ap re nd er Fa ze nd o (u so do la bo ra tó rio ) Tr an sm iti ri nf or m aç õe sa tu al iza da s Pe da go gi a Te cn ic ist a (L ei 5. 69 2/ 71 ) Vi ve nc ia ro m ét od o ci en tíf ic o Pe da go gi a Co ns tr ut iv ist a (L DB 93 94 /9 6 Pe ns ar ló gi ca e cr iti ca m en te Pe da go gi a Hi st ór ic o cr íti ca (A no s2 00 0) An al isa ri m pl ic aç õe ss oc ia is do de se nv ol vi m en to ci en tíf ic o e te cn ol óg ic o ED U CA ÇÃ O IN FA N TI L O bj et iv o do En si no de Ci ên ci as (E d. In fa nt il) – Co m pr ee nd er ,o bs er va re in ve st ig ar o m ei o na tu ra lp or m ei o da cu rio sid ad e e EN SI N O FU N DA M EN TA L Ci ên ci as N at ur ai s PC N s( Pa râ m et ro sC ur ric ul ar es N ac io na is) O bj et iv o do En si no de Ci ên ci as (E ns in o Fu nd am en ta l) – Co m pr ee nd er o m un do e at ua r co m o in di ví du o e co m o ci da dã o, ut ili za nd o co nh ec im en to sc ie nt ífi co se te cn ol óg ic os . CO N TE Ú DO S O BJ ET IV O S Pr in cí pi os M et od ol óg ic os do En sin o de Ci ên ci as Co nc ei tu ai se Fa ct ua is Pr oc ed im en ta is At itu di na is Tr ês gr an de sa ce pç õe si nt eg ra da se co m pl em en ta re ss ão : Co nj un to co nc ei tu al ; Fo rm a de pr od uç ão de co nh ec im en to s M od al id ad e de ví nc ul o co m o sa be re su a pr od uç ão . CO RP O DE CO N HE CI M EN TO S Bl oc os Te m át ic os 1) Am bi en te ; 2) Se rh um an o e Sa úd e; 3) Re cu rs os Te cn ol óg ic os ; 4) Te rr a e U ni ve rs o ES TR AT ÉG IA S DI DÁ TI CA S PR O CE DI M EN TO S DI DÁ TI CO S Pr ob le m at iza çã o; Bu sc a de in fo rm aç õe s em fo nt es va ria da s; O bs er va çã o; Ex pe rim en ta çã o; Le itu ra de te xt os in fo rm at iv os ; Si st em at iza çã o de co nh ec im en to s; En sin o co m pe sq ui sa ; Au la ex po sit iv a di al og ad a; Dr am at iza çã o; Se m in ár io ;E st ud o do m ei o; Pe sq ui sa de ca m po e Pr oj et os . La bo ra tó rio ;A ud io vi su al ;J og os ;P or tf ól io ;L iv ro di dá tic o. Figura 1 Esquema de conceitos chave da obra Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza24 Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas ques- tões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados. Responder, discutir e comentar essas questões e relacioná-las com a prática do ensino de História podem ser uma forma de você medir o seu conhecimento, de ter contato com questões pertinentes ao assun- to tratado e de lhe ajudar na preparação para a prova final, que será dissertativa. Mais ainda: é uma maneira privilegiada de você adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) As ilustrações nesta obra fazem parte integrante dos con- teúdos; não são meramente ilustrativas. Elas esquematizam e re- sumem conteúdos explicitados no texto. Portanto, não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos deste estudo, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) Este estudo convida você a um olhar mais apurado da educa- ção como processo de emancipação do ser humano. Procure ficar atento às explicações teóricas, práticas (do senso comum) e cien- tíficas presentes nos meios de comunicação, e partilhe com seus colegas seus comentários. Ao compartilhar o que observamos com outras pessoas, temos a oportunidade de perceber o que nós ainda não sabemos, aprendendo a ver e notar o que não tínhamos perce- bido antes, desenvolvendo, assim, discriminações. Observar é, por- tanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Claretiano - Centro Universitário 25© Caderno de Referência de Conteúdo Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade EaD e futuro profissional da educação, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a aju- da do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da intera- ção com seus colegas. Sugerimos que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante que você anote suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, poderá utilizá-las na elaboração de sua monografia ou de produções científicas. Leia os livrosda bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Discuta as unidades com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, como dissemos anteriormente, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são impor- tantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para verificar se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas – esses procedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este estudo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. BIBLIOGRAFIA BÁSICA CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. Didática de Ciências: o ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 1999. POZO, J. I. (Org.). A solução de problemas nas Ciências da Natureza. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. WEISSMANN, H. (Org.). Didática das Ciências Naturais: contribuições e reflexões. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza26 4. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ALVES, N. (Org.). Formação de professores de ciências: pensar e fazer. São Paulo: Cortez, 1993. (Série Questões de Nossa Época.) ANASTASIOU, L. G. C.; ALVES, L. P. (Org.). Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 8 .ed. Joinville: Univille, 2009. ARAÚJO, U. F. Temas transversais e a estratégia de projetos. São Paulo: Moderna, 2003. ARRIBAS, S. D. Experiências de Física ao alcance de todas as escolas. Rio de Janeiro: Ministério da Educação/FAE, 1988. ASTOLFI, J.-P.; DEVELAY, M. A didática das ciências. Tradução de Magda Sento Sé Fonseca. 8. ed. Campinas: Papirus, 2003. AUSUBEL, D. et al. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais. 2. ed. Brasília: DP&A, 2000. v. 4. BUSQUETS, M. D et al. Temas transversais em educação: bases para uma formação integral. Tradução de Cláudia Schilling. 2. ed. São Paulo: Ática, 1998. CARRAHER, T. N. (Org.) Aprender pensando: contribuições da psicologia cognitiva para a educação. Petrópolis: Vozes, 1993. CARVALHO, A. M. P. Formação de professores de ciências: tendências e inovações. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1998. CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. As linguagens da Física. São Paulo: Ática, 1990. ______. O céu. São Paulo: Ática, 1993. CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. Didática das Ciências: o ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 1999. COLL, C.; MARTÍN, E. et al. Aprender conteúdos & desenvolver capacidades. Porto Alegre: Artmed, 2004. DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2003. RACALANZA, H. et al. O Ensino de Ciências no 1º Grau. São Paulo: Atual, 1986. GALLIANO, A. G. O método científico : Teoria e Prática. São Paulo: Harbra, 1986. GASPAR, A. Experiências de Ciências para o 1º Grau. São Paulo: Ática, 1995. GRESSLER, L. A. Pesquisa educacional. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1989. HENNIG, G. J. Metodologia do Ensino de Ciências. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1994. HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na Educação: os projetos de trabalho. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. HERNANDEZ, F; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. JOULLIÉ, V.; MAFRA, W. Didática das ciências através de módulos instrucionais. Petrópolis: Vozes, 8. ed, 1993. KINDEL, E. A. I.; SILVA, F. W.; SAMMARCO, Y. M. (Orgs.). Educação ambiental: vários olhares e várias práticas. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2006. Claretiano - Centro Universitário 27© Caderno de Referência de Conteúdo KRASILCHIK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: Edusp, 1987. LEITE, M. A. Formação docente: Ciências e Biologia: estudo de caso. Bauru: Edusc, 2004. LEVINE, S.; GRAFTON, A. Brincando de Einstein – Atividades científicas e recreativas para sala de aula. Campinas: Papirus, 1995. LUNGARZO, C. O que é ciência. São Paulo: Brasiliense, 1989. (Coleção Primeiros Passos.) MOREIRA, M. A. Ensino e aprendizagem: enfoques teóricos. São Paulo: Moraes, s.d. ______; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de aprendizagem de David Ausubel. 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Oficinas pedagógicas de ciências: os movimentos pedagógicos predominantes na formação continuada de professores. Revista Ciência & Educação, São Paulo: Universidade Estadual Paulista, v. 12, n. 3, set./dez. 2006. TEIXEIRA, P. M. M. (Org.). Ensino de Ciências: pesquisa e reflexões. Ribeirão Preto: Holos, 2006. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Tradução de Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas, 4. ed., 2007. Claretiano - Centro Universitário 1 EA D Ciência, Tecnologia e Sociedade 1. OBJETIVOS • Conhecer o histórico das tendências pedagógicas predo- minantes no Ensino de Ciências. • Caracterizar o conhecimento científico e tecnológico como atividades humanas de caráter histórico. • Desenvolver a evolução histórica do Ensino de Ciências norteando-se pelas Legislações Educacionais do Brasil. 2. CONTEÚDOS • Histórico do Ensino de Ciências. • Pedagogia Tradicional, a Lei de Diretrizes e Bases nº 4.024/61 e o Ensino de Ciências. • Pedagogia Tecnicista, Lei nº 5.692/71 e o Ensino de Ciências. • O Construtivismo e o Ensino de Ciências. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza3030 • A Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/ 96 e o Ensino de Ciências. • As tendências pedagógicas progressistas e o Ensino de Ciências. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Nessa unidade, você aprenderá sobre o Histórico do Ensi- no de Ciências no Brasil, para que você possa evidenciar as tendências pedagógicas que influenciaram o currículo e os aspectos metodológicos do Ensino das Ciências Na- turais. Para se aprofundar mais nesse assunto, seria inte- ressante que você fizesse a leitura do livro O professor e o currículo das ciências, de Myriam Krasilchik (Edusp, 2005). 2) Além disso, é importante consultar os conceitos apre- sentados no Glossário e no Esquema de conceitos-cha- ves à medida que forem aparecendo dúvidas, pois tal procedimento facilitará o entendimento e potencializará o seu aprendizado. 3) Para que você amplie o aporte teórico apresentado nes- ta unidade, leia os livros indicados na bibliografia e dis- cuta com o tutor os referenciais propostos. 4) Antes de iniciarmos, faz-se necessário conhecer a biogra- fia dos teóricos, cujo pensamento norteia este estudo. Myriam Krasilchik Myriam Krasilchik é professora emérita naárea de Ensino da Ciência e da Biologia da Faculdade de Educação da USP, onde também já exerceu a função de diretora. É membro do Conselho Universitário da USP e da Academia Paulista de Educação. Em 1994, tornou-se a primeira mulher a assumir a vice-reitoria da USP. Integrou a Câmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação, desenvolveu pesquisas pelas Universidades de Londres, do Colorado e de Jerusa- lém, e participa da Comissão de Educação de Biologia da União Internacional de Ciências Biológicas (Imagem e texto adaptado disponíveis em: <http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2002/jusp626/pa- g05a.htm>. Acesso em: 15 jun. de 2014). Claretiano - Centro Universitário 31© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade John Dewey John Dewey graduou-se pela Universidade do Vermont em 1879 e exerceu as funções de professor do secundário du- rante dois anos, tempo em que desenvolveu um profundo in- teresse por Filosofi a. Em Setembro de 1882 deixou o ensino e retornou à universidade para estudar Filosofi a, na Univer- sidade Johns Hopkins, onde obteve o doutoramento. Dewey exerceu a função de professor de Filosofi a na Universidade de Michigan. Três anos mais tarde (1887), publicava o seu pri- meiro livro, Psychology, no qual propunha um sistema fi losófi - co que conjugava o estudo científi co da Psicologia com a fi lo- sofi a idealista alemã. Esse livro foi importante para o passo seguinte da carreira de Dewey: o cargo de professor de Filosofi a Mental e Moral na Universidade de Minnesota, que assumiu em 1888. Depois regressou à Universidade de Michigan para se tornar chefe do Departamento de Filosofi a. Em 1894, no entanto, saiu de Michigan para a recém-criada Universidade de Chicago, onde em breve passava a liderar o departamento de Filosofi a e o departamento de Pedagogia, criado por sua sugestão. Depois de problemas graves na política interna do Departamento de Educação da Universidade de Chicago, Dewey abandonou a instituição para se ligar à Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde permaneceu até o fi m da sua carreira no ensino, em 1930. Continuou, no entanto, a ensinar como Professor Emérito até 1939, e continuou a escrever e a intervir socialmente até às vésperas da morte. Entre suas obras, destacam-se The School and Society (A Escola e a Sociedade, 1889) e Experience and Education (Experiência e Edu- cação, 1938). Seu ideário criticava a "educação para a instrução" defendida por Herbart; com isso, constata-se que fazia oposição às ideias apresentadas pela tendência tra- dicional. Era contrário a escola como um local de transmissão de conhecimento e propunha uma educação mais ativa no que se refere ao desenvolvimento da criança, partindo da experiência, da vivência do aluno em seu meio social. Esse importante fi lósofo acreditava na democracia e liberdade de pensamento como instrumentos para desenvolver os indivíduos num todo, considerando o cresci- mento físico, emocional e intelectual. Dewey, infl uenciado pela vertente prag- matista, criou uma escola-laboratório para testar métodos pedagógicos. Ele se preocupava em desfazer a dicotomia teoria-prática, pois acreditava que a teoria só se faz quando é possível ser aplicada. Algumas de suas concepções são en- fatizadas até hoje: valorizar a capacidade de pensar dos alunos, preparando-os para questionar a realidade; o aprendizado se dá compartilhando experiências, em um ambiente democrático e com liberdade para pensar; promover situações de cooperação e intercâmbio entre os alunos; propor para os alunos problemas reais, para que eles estejam em constante experimentação; a escola não só deve preparar para a vida, promovendo o constante desenvolvimento, mas ser a pró- pria vida; a experiência educativa refl exiva resulta em novos conhecimentos; os conteúdos escolares devem ser propostos na forma de questões ou problemas; refl exão e ação são parte de um todo indissociável; o educador deve descobrir os verdadeiros interesses da criança, para que, apoiando-se nesses interesses, possa propor verdadeiras experiências de aprendizagem (Imagem e texto dispo- níveis em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2002/08/15/000.htm>. Acesso em: 11 abr. 2014). © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza3232 Rheta DeVries Rheta DeVries é ph.D. em Psicologia, diretora do Regent’s Center para o Desenvolvimento Educacional e, também, pro- fessora de Currículo e Instrução da Universidade do Norte de Iowa, EUA. DeVries é coautora, entre outros livros, de A ética na Educação Infantil (1997) e O conhecimento físico na edu- cação pré escolar (2000), ambos editados pela editora Artes Médicas (Imagem e texto adaptado disponíveis em: <http:// www2.education.uiowa.edu/html/iae/Pages/bio-devries. html>. Acesso em: 20 jun. 2014). Jean Piaget Jean Piaget (1896 - 1980) foi um teórico da educação e psicólogo suíço, considerado um dos maiores no segmento da educação no século 20. Foi o fundador da epistemologia genética, cujo estudo central é a investigação da gênese e desenvolvimento psicológica do pensamento humano (Imagem disponível em: <http://1sadieparish.wordpress.com/2013/10/24/ jean-piaget-stages-of-cognitive-development/>. Acesso em: 20 jun. 2014. Texto disponível em: <http://www.e-biografi as.net/ jean_piaget/>. Acesso em: 16 jun. 2014). Constance Kazuko Kamii Constante Kazuko Kamii, norte-americana, é professora da Uni- versidade do Alabama, EUA, e uma das pioneiras na pesquisa do desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático nas crianças. Com base no Construtivismo de Jean Piaget, com quem trabalhou por 12 anos – como pesquisadora e professora adjunta na Univer- sidade de Genebra, na Suíça –, ela desenvolveu uma abordagem inovadora para ensinar noções físicas e matemáticas em Educa- ção Infantil. É autora de A criança e o número, publicado pela Edi- tora Papirus, em 1996, e coautora de Reinventando a aritmética: implicações da teoria de Piaget, publicado, também, pela mesma editora em 1994 (Imagem disponível em: <http://galdinowanzellersantos.blogspot.com.br/2013/04/o-ensino-da-matematica-sob- -o-olhar-dos.html>. Acesso em: 20 jun. 2014. Texto adaptado de: <http://www.fecilcam. br/educacaoelinguagens/documentos/v1n1/09-22.pdf>. Acesso em 11 abr. 2014). Burrhus Frederic Skinner Burrhus Frederic Skinner, eminente psicólogo contempo- râneo, nascido nos Estados Unidos em 1904. Lecionou nas Universidades de Harvard, Indiana e Minnesota. Entre outros trabalhos, publicou os seguintes livros: Behavior of Organisms (O comportamento dos organismos); Verbal Be- havior (Comportamento verbal); Science and Human Beha- vior (Comportamento científi co e humano). Em 1932, B. F. Skinner relatou uma de suas observações, sobre o compor- tamento de pombos e ratos brancos. Para seus experimen- Claretiano - Centro Universitário 33© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade tos, Skinner inventou um aparelho que, depois de passar por modifi cações, é hoje muito conhecido e utilizado nos laboratórios de Psicologia, chamado como "caixa de Skinner". Infl uenciado pelos trabalhos de Pavlov e Watson, Skinner passou a estudar o comportamento operante, desenvolvendo intensa atividade no estudo da psicologia da aprendizagem. Esses estudos levaram-no a criar os métodos de en- sino programado, que podem ser aplicados sem a intervenção direta do professor, através de livros, apostilas ou mesmo máquinas (Imagem disponível em: <http:// www.visualphotos.com/image/1x3745155/burrhus_frederic_skinner_burrhus_fre- deric_skinner>. Acesso em: 20 jun. 2014. Texto disponível em: <http://www.peda- gogiaemfoco.pro.br/per07.htm>. Acesso em: 11 abr. 2014). 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Quero saber quantas estrelas tem no céu Quero saber quantos peixes tem no mar Quero saber quantos raios tem o sol ("Ciranda do amor", de João da Guabiraba e Edson Vieira, interpre- tada por Lia de Itamaracá). Nesta unidade, apresentaremos um breve histórico das tendên- cias pedagógicas predominantes na área de Ciênciase discutiremos a importância do Ensino de Ciências Naturais para uma formação emancipatória e transformadora, além de definir o conceito de Ciên- cia ao longo dos tempos, caracterizando os conhecimentos científicos e tecnológicos como atividades humanas de caráter histórico. Para isso, compartilharemos das ideias do PCN (2000, p. 15), que afirma: a formação de um cidadão crítico exige sua inserção numa socieda- de em que o conhecimento científico e tecnológico é cada vez mais valorizado. Nesse contexto, o papel das Ciências Naturais é o de colaborar para a compreensão do mundo e suas transformações, situando o homem como indivíduo participativo e parte integrante do Universo. É importante lembrar que enfatizaremos os conteúdos con- ceituais, procedimentais e atitudinais que envolvem a área de Ciências da Natureza. Tais conteúdos contribuirão para aprofundar e ampliar as discussões no que tange aos fenômenos naturais, a fim de entendermos e questionarmos as diferentes possibilidades de utilização e preservação de tais fenômenos. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza3434 Esperamos contribuir para o desenvolvimento de sua apren- dizagem da docência, desenvolvendo uma postura reflexiva diante dos conhecimentos que serão estudados e das práticas que estão por vir em seu futuro trabalho docente. 5. HISTÓRICO DO ENSINO DE CIÊNCIAS Para iniciarmos nossos estudos, faremos uma breve retros- pectiva, a fim de auxiliá-lo na compreensão da trajetória histórica do Ensino de Ciências no Brasil durante o século 20. Essa volta no tempo proporcionará subsídios para que você, como futuro professor, possa se posicionar diante das novas exi- gências e expectativas para o Ensino de Ciências no século 21. Iniciaremos pela década de 1950. Nessa década, os con- teúdos referentes ao Ensino de Ciências Naturais eram estudados apenas nas últimas séries do antigo curso ginasial, sendo o objeti- vo do ensino formar a elite brasileira, pois a escola pública era de qualidade, porém destinada a poucos. Neste momento histórico existiam em nossas escolas as in- fluências do movimento da Escola Nova, com origem na Europa e nos Estados Unidos, a partir do pensamento do filósofo norte- -americano John Dewey, que cunhou o ideário da pedagogia de "aprender a aprender" e do "aprender fazendo". Essa pedagogia tinha como principal característica o aluno como centro de todo o processo educativo, sendo a mola propulsora da aprendizagem o ajustamento aos interesses e às necessidades dos educandos. No Ensino de Ciências, a tendência do "aprender a aprender" e do "aprender fazendo" influenciou o trabalho pedagógico de sala de aula por meio da utilização de aulas práticas e de laboratório para transmitir informações atualizadas, a fim de dar uma maior relevância aos conteúdos estudados por meio da descoberta e da experimentação. Claretiano - Centro Universitário 35© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade Observe a imagem da escola-laboratório de John Dewey, em que todos os alunos estão envolvidos com a experimentação, des- coberta e curiosidade para aprender os conteúdos nas práticas de aulas de laboratório. Figura 1 Escola-laboratório. Somente a partir da década de 1960, com a promulgação da Pri- meira Lei de Diretrizes e Bases nº 4.024/61, é que a obrigatoriedade do Ensino de Ciências estendeu-se a todas as séries do curso ginasial. As proposições pedagógicas discutidas para o Ensino de Ciências e que se materializaram na Lei (LDB nº 4.024/61) tiveram como referência a necessidade de se construir um currículo que correspondesse ao avanço do conhecimento científico. A promulgação desta Lei alterava, entre outras coisas, o currícu- lo do Ensino de Ciências por meio da instituição da disciplina de Inicia- ção à Ciência incluída desde a primeira série do curso ginasial, além do aumento da carga horária das disciplinas de Física, Química e Biologia. Segundo Santos (2006): Até os anos 60, por exemplo, o ensino de Ciências passou por uma longa fase em que a ciência era apresentada como neutra e o im- portante eram os aspectos lógicos da aprendizagem e a qualidade dos cursos era definida pela quantidade de conteúdos conceituais transmitidos. Em 1960, a proposta de ensino adotada nas escolas era domi- nada pela pedagogia tradicional, que estava pautado na transmissão dos conhecimentos e valores sociais acumulados historicamente. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza3636 Mizukami (1986) aponta que, na perspectiva tradicional, o aluno é passivo no processo ensino-aprendizagem, atento à aula expositiva, respondendo apenas às perguntas do professor, a fim de manter o silêncio e a disciplina. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) menciona que "o professor é a autoridade máxima em sala, sendo o organiza- dor das estratégias e conteúdos de ensino, portanto, único guia do processo educativo" (BRASIL, 2000, p. 29). Figura 2 Sala de aula tradicional. Como você pôde observar nas imagens anteriores, as carteiras enfileiradas representam a imposição de uma hierarquia necessária entre professor-aluno. Muitas vezes, a sala apresenta um "palquinho" com um degrau, colocando o professor em um lugar mais elevado do que o aluno, para manter o controle do processo e a disciplina. O que se constata que a aprendizagem, nessa tendência, torna-se artificial. Memorizar serve para "ganhar nota" e não para aprender um conteúdo e adquirir conhecimento; estimula a com- petição entre os alunos, que são submetidos a um sistema estrita- mente classificatório, no que tange os processos de avaliação. Claretiano - Centro Universitário 37© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade Assim, define-se a avaliação como classificatória, pois o que valoriza são as questões cognitivas, envolvendo a análise de resul- tados que podem ser mensuráveis por meio da obtenção de uma nota. Ao aluno cabe reproduzir na íntegra tudo que foi ensinado, verificado por meio de provas, chamadas ora "exercícios mecâni- cos", entre outras avaliações. A influência da pedagogia tradicional para o Ensino de Ciên- cias caracteriza-se pela valorização dos experimentos, que se tor- naram marcantes na organização do trabalho pedagógico, uma vez que as atividades práticas foram consideradas como as grandes potencializadoras do processo de transmissão do saber científico. Krasilchik (1987, p. 9) pondera que, nesse período histórico, os programas oficiais e os textos escolares tinham como objetivo "trans- mitir informações, apresentando conceitos, fenômenos, descrevendo amostras e objetos, enfim o que se chama de produto da ciência". O fato é que o professor, nesta tendência, está preocupado apenas com o que irá dizer aos alunos e com o que espera que eles digam durante as aulas. Essa forma de conduzir a situação didáti- ca desconsidera o conhecimento de mundo trazido pelas crianças para o espaço de sala de aula. Seguindo essa ideia, o pensamento do professor, às vezes, é centrado em sua própria ideia sobre as coisas e não no modo como as crianças veem as coisas. Para esse tipo de professor, tudo deve ocorrer conforme o planejado. De certa maneira, essa perspectiva supõe que somente o professor sabe das coisas e, portanto, é o único que pode dizer coisas sobre o mundo que nos cerca. Professores que pensam desse modo costumam adotar o modelo de ensino por transmissão-recepção em suas aulas, que conhecemos como ensino tradicional. Em geral, esse tipo de estra- tégia de ensino não leva em consideração as orientações constru- tivistas, estando mais próximo das teorias behavioristas. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza3838 Você sabia que... Não se pode falar de teorias behavioristas de modo genérico, pois há diferenças muito grandes entre os vários behaviorismos. Se- gundo o Behaviorismo radical, proposto por Skinner, a subjetivida- de humana é construída na interação do homem com o mundo, e a aprendizagem é um produto da interação professor-aluno.Podemos dizer que os professores de Ciências que se orientam pelas ideias behavioristas costumam considerar que todo o conhecimento já está estabelecido e contido nos "livros já escritos". Acredita-se que cabe a eles, como professores, somente ler (de forma adequada) esse "livro dos conhecimentos" para os alunos. A esses caberia unicamente aprender (por memorização) aquilo que o professor lhes diz durante essa leitura do "livro dos conhecimentos". Assim, a aprendizagem reflete uma resposta apropriada a um estímulo e pode ocorrer somente por memorização. Figura 3 Avanços Tecnológicos. Claretiano - Centro Universitário 39© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade Como afirmam os PCN de Ciências Naturais (2000) Nessa época, o objetivo fundamental do ensino de Ciências era formar um aluno capaz de identificar problemas por meio das observações de fatos, ou levantar hipóteses, refutá-las e testá-las, dando condições para que o educando tire suas próprias conclusões. O objetivo funda- mental do ensino de Ciências passou a ser o de dar condições para o aluno identificar problemas a partir de observações sobre um fato, levantar hipóteses, testá-las, refutá-las e abandoná-las quando fosse o caso, trabalhando de forma a tirar conclusões sozinho. O aluno deveria ser capaz de "redescobrir" o já conhecido pela ciência, apropriando-se da sua forma de trabalho, compreendida então com o "o método cien- tífico": uma seqüência rígida de etapas pré-estabelecidas. É com essa perspectiva que se buscava, naquela ocasião, a democratização do conhecimento científico, reconhecendo-se a importância da vivência científica não apenas para eventuais futuros cientistas, mas também para o cidadão comum (BRASIL, 2000, p. 19). Durante um longo período, os objetivos de Ensino de Ciências se restringiam ao enfoque no "método científico". Segundo o PCN referido (BRASIL, 2000), as concepções de aprendizagem utilizada, nessa época, "eram de cunho empirista: por meio da experiência direta com os fe- nômenos naturais, seria possível descobrir as leis da natureza"(p. 20). A partir dos anos sessenta, houve uma maior valorização da participação ativa do aluno no processo de aprendizagem, e as ati- vidades práticas começaram a ter uma representatividade maior na organização do trabalho de sala de aula. Isso porque essas ativi- dades viabilizavam uma melhor compreensão de conceitos, sendo assim capazes de gerar uma aprendizagem significativa. Krasilchik (1987, p. 9-10) afirma que: uma das importantes transformações que ocorreu a partir dos anos sessenta, na estrutura curricular de ensino das Ciências, deveu-se às transformações políticas e sociais que se sucederam naquela época. Nesse período, os grandes projetos passaram a incorporar mais um objetivo – permitir a vivência do método científico como necessário à formação do cidadão, não se restringindo mais apenas à preparação do futuro cientista [...]. Começava-se, assim, a se pensar na democra- tização do ensino destinado ao homem comum, que tinha que con- viver com o produto da Ciência e da Tecnologia e do qual se requeria conhecimento. [...] A mudança valorizava a participação do aluno na elaboração de hipóteses, identificação de problemas, análise de variá- veis, planificação de experimentos e aplicação de resultados obtidos. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza4040 Segundo Krasilchik (1987), a criação da disciplina de Inicia- ção à Ciência refletia uma nova fase no ensino, uma vez que bus- cava apresentar a "Ciência como um processo contínuo de busca do conhecimento" (p. 16). A ênfase dada não era a determinados conteúdos, mas a postura investigativa, de observação dos fenô- menos e solução de problemas. Para o aprimoramento do Ensino de Ciências continuava se defendendo a importância das aulas práticas, não pela atividade em si, mas pelo intuito de fazer o aluno pesquisar e participar de momentos de reflexão e descobertas. Krasilchik (1987) pondera que o método científico, nesse momento, era dividido por etapas demarcadas (passos para a des- coberta científica): • identificação de problemas; • estabelecimento de hipóteses para resolvê-los; • organização e execução de experiências para a verificação das hipóteses; • conclusão (com a validação ou não das hipóteses). Com o golpe militar em 1964, o sistema educacional brasileiro passou por uma nova reestruturação, e o Ensino de Ciências passou a ser valorizado pela possibilidade de contribuir para a formação da mão de obra qualificada, intenção que se materializou na Lei nº 5.692/71. Década de 1970 Na década de 1970, a partir da promulgação da Lei nº 5.692/71, o Ensino de Ciências Naturais passou a ser obrigatório nas oito séries do primeiro grau. Nesse período, a preocupação se voltou para um modelo de ensino ajustado ao uso do método científico, infundido pelas teorias behavioristas da aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, ficando conhecido como "tecnicismo educacional" ou "tendência tecnicista". Claretiano - Centro Universitário 41© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade O método científico estrutura-se em: • observação; • levantamento do problema; • elaboração de hipótese; • realização de experimento e generalização. Esse tecnicismo educacional pôde ser constatado nos progra- mas oficiais que eram elaborados para serem implementados nos sistemas de ensino (no âmbito estadual ou federal). Tais programas passaram a diversificar suas atividades, produzir recursos audiovi- suais, materiais complementares, entre outros, pois se acreditava que apenas a qualidade do material seria suficiente para garantir uma uniformidade do Ensino de Ciências, além da garantia da apli- cação maciça e "supostamente" bem-sucedida (KRASILCHIK, 1987). Santos e Mortimer (2002) asseveram que, nesse momento, vários materiais didáticos e projetos curriculares brasileiros foram elaborados. Dentre os materiais didáticos, podemos citar: o projeto Unidades Modulares de Química (AMBROGI et al., 1987), as pro- postas pedagógicas de LUTFI (1988 e 1992), a coleção de livros do Grupo de Pesquisa em Ensino de Química da USP – GEPEQ (1993, 1995, 1998), a coleção de livros de física do GREF (1990, 1991 e 1993), o livro Química na Sociedade (MÓL e SANTOS, 2000) e o li- vro Química, Energia e Ambiente (MORTIMER, MACHADO e ROMA- NELLI, 1999). Dentre as recomendações curriculares, podem ser destacadas a Proposta Curricular de Ensino de Química da CENP/ SE do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 1988), as recomendações para o currículo do magistério de CISCATO e BELTRAN (1991) e a Proposta Curricular de Química para o Ensino Médio do Estado de Minas (MORTIMER, MACHADO e ROMANELLI, 1998, p. 4) Estes materiais e seus respectivos programas não trouxeram o sucesso esperado, sendo necessário o investimento em cursos de atualização e treinamento de professores para viabilizar o projeto educativo do Ensino de Ciências desenhado para aquela época. No Brasil, esse modelo de ensino foi baseado em projetos internacionais, principalmente norte-americanos. As realidades culturais eram distintas, portanto houve uma incorporação e do- minação da cultura norte-americana em nossa sociedade. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza4242 Além disso, os professores controlavam a prática educati- va, utilizando atividades mecânicas imersas em uma perspectiva pedagógica rígida e totalmente programada, e isso significa dizer que: 1) o professor era um mero especialista na aplicação de manuais, e sua criatividade ficava limitada às técnicas experimentais reproduzidas e mero executor de obje- tivos instrucionais, de estratégias de ensino e feedback (avaliação); 2) o aluno tem a função de reagir aos estímulos correspon- dendo às respostas desejadas pela escola, ou seja, era preparado para responder às perguntas de questioná- rios para obter sucesso escolar; 3) o método de ensino parte de uma instrução programa- da, em que há etapas sequenciadas, ou seja,