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TÂMARA MELO - MEDICINA Os macronutrientes são divididos em carboidratos proteínas e os lipídios. Os carboidratos representam um dos principais componentes da dieta humana sendo que a proporção pode variar de acordo com a população (50%-58%). Ele é a PRINCIPAL FONTE DE ENERGIA do nosso corpo. Nós temos 3 principais tipos de carboidratos na nossa dieta, o primeiro deles é o amido (formado apenas por glicose), ele é um polissacarídeo. Ou seja, um carboidrato complexo encontrado em pães, massas e em muitas raízes. Os outros 2 são dissacarídeos que também estão presente na nossa dieta. Um deles é a sacarose (formado por 1 glicose + 1 frutose) e o outro é a lactose (formado por 1 glicose + 1 galactose). As diversas moléculas de glicose em sua composição podem se agrupar de forma reta ou ramificada. As cadeias retilíneas são chamadas de amilose enquanto as cadeias ramificadas são chamadas de amilopectinas. Cerca de 20-25% de um amido é formada de amilose e o resto de amilopectina. Nas cadeias retilíneas haverá a presença de ligações alfa1-4 enquanto que nas ramificadas a ligação presente será a alfa1-6. A digestão do amido se inicia na boca pela presença da amilase salivar, também conhecida como ptialina. Uma outra enzima será secretada pelo pâncreas e atuará no intestino, sendo ela a amilase pancreática. Ambas as amilases possuem o mesmo efeito, que é a quebra de ligações internas alfa1-4 do amido. Isso significa que não haverá a liberação de glicose na forma de monômero e sim a formação de dímeros, trímeros, entre outros. A diferença entre a amilase pancreática e a salivar é o peso molecular que cada uma possui, 56kd e 55kd respectivamente. Ambas agem em ph neutro que é o ph tanto da boca quanto do duodeno, sendo o ponto ótimo entre 6,9 e 7,1. Uma ressalva importante é a que amilase salivar vai ficar pouco tempo na boca já que logo em seguida realizamos a deglutição. Ao chegar ao estômago ela será inativada, contudo agirá nesse órgão por volta de 1h, já que nesse tempo, os movimentos peristálticos não começaram e o alimento que está situado no fundo e no corpo não foi misturado com o suco gástrico. Além disso, se a mesma já tiver ligada ao substrato, o ph não será capaz de interferir em sua ação, é por isso que 75% do amido é digerido antes de chegar ao intestino. Sendo o que sobrou rapidamente digerido pela amilase pancreática. o Lembrando que aqui não estamos falando da digestão final do amido e sim da quebra de ligações alfa1-4 internas. O motivo dessa redundância em as duas enzimas desempenharem a mesma função e da mesma forma é um mecanismo de proteção para que tenhamos um plano B caso alguma falhe. o Os recém-nascidos possuem um pâncreas ainda muito imaturo e por isso o papel da amilase salivar tem mais importância. Isso também ocorre nos adultos quando temos uma situação pancreática que interfira no funcionamento desse órgão como por ex. uma pancreatite aguda. TÂMARA MELO - MEDICINA Assim, o resultado poderá ser um dímero (maltose), um trímero (maltotriose), moléculas maiores como oligômeros e as alfa-dextrina limite, que foram as ramificações que não conseguiram ser quebradas. Os componentes resultantes citados vão sofrer uma segunda digestão, que é uma digestão chamada de digestão da borda em escova. Lá nos enterócitos haverá a produção de enzimas que serão responsáveis por essa segunda digestão que por ocorrer ali nas microvilosidades leva esse nome. o Algumas dessas enzimas são a glicoamilase/maltase, a sacarase, e a isomaltase/alfa- dextrinase. Dessas três a única capaz de quebrar as ligações alfa1-6 é a isomaltase. Isso significa que o amido terá uma digestão que ocorre no lúmen e o que restar desse processo será finalizado na borda em escova. Essa segunda digestão é necessária em razão de só sermos capazes de absorver os carboidratos na forma de monômeros (glicose, frutose ou galactose). Além disso, se realizássemos essa digestão final no lúmen, algumas bactérias presentes no intestino delgado poderiam consumir o nosso açúcar. Os dissacarídeos só passam pelo processo de digestão da borda em escova. Além disso, a lactose possuirá uma enzima própria chamada de lactase e por isso não sofrerá digestão pelas enzimas citadas anteriormente. Todas essas enzimas são produzidas em uma quantidade maior do que a necessária. Contudo, o processo de absorção não é garantido, já que é necessária a ação de transportadores que podem ficar saturados. Assim, o limite se da pela absorção e não pela digestão. EXCEÇÃO: a lactase é produzida em grandes quantidades nos recém-nascidos, contudo a medida que crescemos seus níveis de produção são reduzidos naturalmente. E nesse caso ela será produzida conforme o consumo de leite. Ou seja, nos adultos para que ela seja produzida, deverá haver a ingestão de leite. o ATENÇÃO: isso não é intolerância a lactose (condição na qual a pessoa tem dificuldades e problemas genéticos que determinam a pouco ou não produção de lactase, independente da ingestão de lactose) e sim uma relação de oferta/demanda. O que pode ocorrer é que se passarmos muito tempo sem ingerir leite, quando voltarmos, nas primeiras ingestões, teremos sintomas de alguém que é intolerante, mas que logo desaparece com a regulação da produção enzimática de lactase. Após a digestão teremos monômeros de glicose, frutose e galactose. A absorção desses nutrientes acontece através de transportadores situados na membrana apical e basolateral dos enterócitos. O transportador SGLT1 é um transportador de sódio, glicose ou galactose do tipo1. Ele realiza um transporte ativo secundário, através do gradiente do sódio. Isso ocorre em razão de, na membrana basolateral, a bomba de sódio e potássio retirar o sódio da célula o deixando em baixas TÂMARA MELO - MEDICINA concentrações, para compensar essa baixa, esse transportador coloca dois sódios para dentro e juntamente com ele uma glicose ou uma galactose. o Tal situação garante que tanto a glicose quanto a galactose entrem na célula independente dos seus gradientes de concentração. Uma vez dentro da célula, glicose e galactose aumentam suas concentrações e vão sair por transporte passivo facilitado pelo transportador GLUT2 situado na membrana basolateral. Já a frutose é diferente, ela entra na célula pelo transportador da GLUT5 situado na membrana apical por um transporte facilitado e por isso dependendo de seu gradiente de concentração para ser absorvido e necessitando assim estar em altas concentrações na borda em escova. Uma vez dentro da célula ela pode passar pelo GLUT2.