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Delirium: Síndrome Neuropsiquiátrica Aguda

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FPM III JULIANA 
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DELIRIUM 
INTRODUÇÃO 
Síndrome neuropsiquiátrica transitória e flutuante, 
com início súbito, que se caracteriza por declínio cog-
nitivo global do nível de consciência e da atenção, ati-
vidade psicomotora aumentada ou diminuída e altera-
ção do ciclo sono-vigília. 
Delirium: estudo confusional agudo; confusão mental 
aguda; insuficiência cerebral aguda; encefalopatia 
aguda; psicose aguda da UTI. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
Alteração cognitiva aguda e de caráter flutuante; défi-
cit de atenção; desorganização do pensamento; altera-
ção do nível de consciência; distúrbios de atividade psi-
comotora; prejuízo de memória; desorientação tem-
poro-espacial; alteração de ciclo sono-vigília; distúrbios 
sensoriais. 
Confusion Assessment Method (CAM): alteração cog-
nitiva aguda e caráter flutuante + déficit de atenção; 
S95% E89% → diagnostico. 
Delirium configura um quadro agudo. Em casos crôni-
cos, trata-se de demência. 
IMPORTÂNCIA 
Trata-se de uma emergência geriátrica. Mortalidade = 
25-33%; aumenta o risco de quedas, perda cognitiva e 
funcional; acomete principalmente idosos internados 
(15-50%); aumenta a duração e os custos da internação 
hospitalar; medidor de Qualidade de Atendimento 
Hospitalar; 32-66% dos casos não são identificados; 
mecanismo fisiopatológico exato causador de delirium 
ainda é indefinido; principal hipótese → alteração de 
neurotransmissores, inflamação e estresse crônico. 
QUADRO CLÍNICO 
Delirium hipoativo: letargia; funcionamento psicomo-
tor reduzido; sonolência excessiva; déficit claro de 
atenção; pior prognóstico. 
Delirium hiperativo: agitação; funcionamento psico-
motor aumentado; insônia; alucinações visuais e audi-
tivas; agressividade, raiva, euforia e ansiedade. 
FATORES PREDISPONENTES 
Idade avançada; sexo masculino; comprometimento 
funcional; mobilidade limitada; histórias de quedas; 
prejuízo sensorial (deficiência visual e/ou auditiva); 
medicamentos psicoativos; polifarmácia; uso de álcool 
ou drogas ilícitas; multimorbidades; depressão; doença 
grave; doença renal ou hepática; doença neurológica; 
história prévia de delirium; doença que limita a vida; 
demência ou déficit cognitivo prévio. 
FATORES PRECIPITANTES 
Fatores ambientais (paciente internado com pessoas 
estranhas e em um local desconhecido); dor; privação 
do sono; infecções; imobilização; procedimentos cirúr-
gicos; sondas e drenos; distúrbios hidroeletrolíticos e 
metabólicos; abstinência; estresse emocional; conten-
ção física; medicamentos (uso inapropriado, associa-
ções, múltiplos – anti-histamínicos, opioides, benzodi-
azepínicos, anticolinérgicos, sedativos, antidepressi-
vos, corticoides, relaxantes musculares, antieméticos. 
AVALIAÇÃO 
Anamnese → revisão de medicação; exame físico geral 
+ neurológico breve; exames complementares → he-
mograma completo, creatina, ureia, eletrólitos, cálcio, 
glicemia capilar, urina tipo I, urocultura, radiografia de 
tórax, eletrocardiograma, situações específicas. 
MANEJO E MEDIDAS PREVENTIVAS 
Medidas preventivas: orientação adequada no tempo 
e espaço; promoção da interação com familiares mais 
próximos; corrigir déficits sensoriais (óculos, aparelho 
auditivo, entre outros); evitar desidratação e constipa-
ção; evitar hipóxia; encorajar mobilização precoce no 
leito; avaliar e tratar possíveis infecções; evitar catete-
rismos desnecessários; avaliar continuamente sinais 
verbais e não verbais de dor; iniciar e reavaliar continu-
amente a analgesia instituída; suplementação nutricio-
nal adequada entre as refeições; encorajar a presença 
de familiares durante as refeições; promover bons pa-
drões de sono; evitar coleta de sinais vitais, cuidados 
de enfermagem e principalmente procedimento inva-
sivos nos períodos de sono; reduzir o ruído ambiental 
para um mínimo possível durante o sono. 
A melhor estratégia de combate ao delirium é a pre-
venção – tais medidas podem e devem fazer parte do 
tratamento para reverter a doença. 
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO 
Reservado aos pacientes cujos sintomas do delirium 
oferecem perigo à integridade física do paciente ou 
equipe que o assiste ou que oferece risco de interrup-
ção do tratamento essencial. Casos de: agitação in-
tensa; sintomas psicóticos importantes; pouco con-
senso. 
 
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Antipsicóticos: "off-label"; aumentam a mortalidade. 
Haloperidol (típico); Quetiapina (atípico); Risperidona 
(atípico); Olanzapina (atípico) → risco de prolongar in-
tervalo QT. 
Benzodiazepínicos: casos de delirium tremens (DT) ou 
se a causa for abstinência de benzodiazepínicos e bar-
bitúricos; estudo recente. 
 
TRATAMENTO E O QUE NÃO DEVE SER FEITO 
1. Benzodiazepínicos podem cursar com efeito para-
doxal (agitar ao invés de acalmar). 
2. Anti-histamínicos devem ser evitados no trata-
mento de agitação. 
3. Contenção física deve ser instituída como última al-
ternativa. 
 
PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS 
Mortalidade; institucionalização; risco de quedas; risco 
de úlcera por pressão; risco de declínio cognitivo e fun-
cional; risco de fragilidade; maior tempo de internação 
e necessidade de suporte em casa. 
DELIRIUM X DEMÊNCIA 
Principais diferenças entre delirium e demência:

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