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APS - Recuperação Judicial e Sustentabilidade Carolina Pedroso Alvarenga da Silva Os institutos hoje estudados, da recuperação judicial concomitantemente com o da sustentabilidade, acompanham o conceito de função social da empresa e esta compõe-se da primordial de que as sociedades empresarias não devem visar apenas o lucro, mas também compreender que seus ideais e suas decisões refletem na coletividade a sua volta de forma positiva, como de forma negativa. Este conceito muito importante está gravado nos trechos da Constituição Federal, mas não de forma expressa, e sim a partir de um conjunto de normas contidas nesta. A recuperação judicial, contemplada pela Lei 11.101 de 2005, traz como seu principal fundamento a reorganização econômica, administrativa e financeira de uma empresa ou sociedade empresária que enfrenta uma crise econômica. Como seu próprio nome já diz, essa intervenção é feita a partir do intermédio da justiça em uma ação ágil. Seu principal objetivo, então, é enfrentar a crise que assola a empresa em questão, devolvendo sua magnitude como sociedade empresarial e fornecendo meios de arcar com seus deveres. A doutrina afirma que o conceito de sustentabilidade se dá da seguinte maneira: é uma ou mais características adotadas por uma empresa com o fim de respeitar devidamente o meio ambiente e assim propiciar o seu desenvolvimento sustentável, visando a longinquidade econômico-financeira empresarial e o bem-estar da comunidade ao qual está inserida. A sua responsabilidade social é o desenvolvimento sustentável. A importância da sustentabilidade na prevenção da empresa se dá, acima de tudo, para proteção em momentos que ocasionam crises econômicas internas. A adoção de políticas sustentáveis vem ocorrendo com maior eficiência a cada ano, mas ainda em pequena escala, possibilitando que grandes empresas não sofram as instabilidades do mercado. Acontece que quando é implantada uma política assim dentro de uma sociedade empresarial, firma-se uma proteção eficaz contra eventuais problemas e cria-se uma organização pautada no bem-estar dos envolvidos, tanto para os funcionários e credores, como quanto para a sociedade geral em que ela está posta, assim contribuindo para a sua devida funcionalidade e preservação do meio ambiente. Assim sendo, a empresa que possui uma política de sustentabilidade pautada no bem-estar coletivo, encontra-se mais bem equipada contra eventuais crises que venham a surgir em decorrência do sistema econômico- financeiro a que se está inserido. A correlação de ambos os conceitos firma um mecanismo de proteção eficaz e facilita que a configuração judicial da recuperação seja dada de forma positiva. Isso concretiza a diminuição do impacto social que a quebra de tal empresa acarretará para o mercado em que está incorporada. Posto isso, a conduta sustentável quando das crises econômico- financeiras permite que sejam vislumbrados os sinais influenciadores da derrocada logo no início, facilitando a recuperação de forma eficaz e sem causar maiores danos aos envolvidos no processo, sendo estes os credores, APS - Recuperação Judicial e Sustentabilidade Carolina Pedroso Alvarenga da Silva os funcionários e a sociedade que dependem do bom funcionamento empresarial desta. Ainda, afirma a doutrina que o leque de opções, quando observada a crise prematuramente, é muito mais elevado do que quando ela é descoberta posteriormente. Um ponto que devemos frisar é que hoje, no Brasil, a grande parte das empresas não adotam políticas sustentáveis, e assim, vislumbram a iminente derrocada de forma tardia, prejudicando as possibilidades de recuperação judicial e, consequentemente, todos os envolvidos no processo de falência. Como muito bem destacado pelo artigo, uma entre quatro empresas conseguem ingressar de forma gratificante com a recuperação judicial, e destas, apenas o índice de 1% delas consegue se recuperar e voltar à sua eficiência econômico-financeira. A empresa amplamente ligada às políticas sustentáveis possuem instrumentos de medida de recuperação a partir da reestruturação jurídico- econômica firmada e pautada na cura financeira da sociedade empresarial. Desta forma, como foi adotada tal postura, a atuação preventiva se torna eficaz e condiz com a recuperação inteligente. A partir daí a política sustentável não será comprometedora pelo fim da atividade econômica da empresa em questão. A manutenção da fonte produtora se dará a partir da própria empresa e de sua atividade primordial, quando da aplicação de medidas condizentes com a política sustentável, destaca-se ainda, que este será o parâmetro principal ao qual os demais serão traçados. Assim sendo, o fato de existir um plano de reestruturação faz com que se possa prever a possível falha e ter uma estratégia de ação eficaz para a sua retomada. A partir do discorrido no presente estudo podemos concluir que para o devido funcionamento da empresa é necessário que a mesma adquira politicas sustentáveis. Desta forma, concluímos que a sustentabilidade e a recuperação judicial andam lado a lado para o enfrentamento de uma possível crise e manutenção das relações entre as partes envolvidas nos processos empresariais. E, não menos importante, isso faz com que se respeite os preceitos originários contidos na Constituição Federal no que tange a função social da empresa.