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SALMONELOSES AVIÁRIAS DOENÇAS DE MONITORAMENTO E VIGILÂNCIA OFICIAL Doença de Newcastle Influenza aviária Salmoneloses (S. gallinarum, S. pullorum, S. enteretidis e S. typhimurium) Micoplasmoses (M. gallisepticum, M. synoviae e M. melleagridis) TAXONOMIA DAS SALMONELOSES Família: Enterobacteriacear Gênero: Salmonella Espécies: Salmonella entérica, Salmonella bongori S. entérica 1547 sorotipos S. bongori 23 sorotipos Total 26’0 sorotipos identificados SALMONELAS Descrição de um sorotipo Salmonella entérica subespécie entérica sorotipo Pullorum ou Salmonella pullorum SALMONELOSES AVIÁRIAS Pulorose → Salmonella pullorum Tifo aviário → Salmonella gallinarum Paratifo aviário → Salmonella spp. S. enteriditis e Salmonella typhimurium GÊNERO SALMONELLA São bastonetes móveis (exceto S. gallinarum e S. pullorum) São gram negativas e não produzem esporos Não fermentam lactose, nem sacarose, não produzem urease e descarboxilam aminoácidos Todos os sorotipos devem ser considerados patogênicos SALMONELOSES As salmonelas causam dois tipos de doença: Uma gastroenterite que pode resultar em uma infecção sistêmica (Ex. S. enteriditis em aves e mamíferos) Pouco comprometimento intestinal, porem com severa doença sistêmica (ex. S. gallinarum e S. pullorum em galinhas) DISTRIBUIÇÃO E OCORRÊNCIA Distribuição cosmopolita Mais comum em granjas de postura comercial Criações industriais de frango de corte IMUNIDADE A maioria das infecções por Salmonella, em aves, se iniciam por via oral: Em aves é aceito que a imunidade mediada por células, representada pelas células T, é mais importante que a resposta humoral para a “limpeza” (clearance) tecidual de sorovares altamente invasivos Enquanto que a produção de anticorpos, especialmente IgA, e os polimorfonucleares estão envolvidos no “clearance” intestinal de Salmonellas menos patogênicas como S. enteriditis Algumas linhagens de aves mais resitentes às salmoneloses sistêmicas Capacidade de alojar o patógeno, controlando ua multiplicação Invasão do epitélio (superfície apical) Ruptura e afastamento das microvilosidades Endocitose Migração célula epitelial Fagocitose por fagócitos polimorfonucleares (het) e macrófagos Salmonella no interior dos fagossomos Doença sistêmica Possuem macrófagos com maiores capacidades de produção da enzima NADPH-oxidase e com rápida resposta às citocinas pró-inflamatórias Nem sempre o organismo da ave consegue produzir uma resposta imune inata e adaptativa (humoral e celular) que seja efetiva na eliminação da Salmonella Assim, a bactéria persiste nas aves sem ser eliminada pelo sistema imune Neste caso, a ave pode manifestar a sintomatologia da doença (óbito) e, após a melhora, albergar o patógeno, tornando-se uma fonte de infecção FATORES DE VIRULÊNCIA DAS SALMONELAS A habilidade dos sorovares de Salmonella em causar doença se deve à presença de diversos fatores de virulência São considerados fatores de virulência a existência de grupos de genes e os componentes da estrutura de superfície das salmonelas Ao seguir por via oral, a Salmonella é sucessivamente exposta: suco gástrico, aos efeitos da bile, à redução da tensão de oxigênio, à flora intestinal, ao peristaltismo e à resposta imune do hospedeiro Esse ambiente hostil induz a expressão de genes bacterianos, cujos produtos são essenciais para a invasão e sobrevivência das salmonelas Ilhas de patogenicidade “SPI” 1-5, Salmonella plasmid virulence (spv), “Islets” ou “ilhotas de patogenicidade” e entre outros INTERAÇÃO DE FATORES As interações entre todos os fatores de virulência da Salmonella e a susceptibilidade dos hospedeiros determinam o quadro da doença PULOROSE Doença sistêmica de aves jovens (3 semanas) Eclosão de pintainhos infectados (transmissão vertical) Está associada a pobres condições de manejo e biossegurança ou resistência a antibióticos Como ocorreria: No caso da Pulorose a imunidade celular, representada pelas células T, é incapaz de destruir todas as bactérias do interior dos macrófagos Isso se deve a expressão de genes presentes na SPI2 da S. pullorum, cujos produtos impedem a ação efetiva do sistema imune celular, fazendo com que o organismo da ave passe a alojar a bactéria, em pequenas quantidades, no interior dos macrófagos, caracterizando o estado de ave portadora Em períodos de estresse, como o início da postura, foi demonstrado que a alta produção de corticosteroides, pelo organismo da ave, inibe a atividade do sistema imune; tal situação seria a principal responsável pela transmissão vertical Pois permitiria que a S. pullorum se multiplique em altas taxas, infectando o trato reprodutivo e consequentemente o ovo Os altos títulos de IgG gerados durante a infecção por S. pullorum são transferidos para o ovo A imunidade passiva (IgG materno) previne a multiplicação da bactéria no interior do ovo, permitindo o desenvolvimento embrionário e consequentemente eclosão de pintainhos infectados Pode ser um problema em humanos somente quando ocorre imunossupressão (HIV positivos, jovens ou idosos) Galinhas de linhagens leves (Leghorn) são menos susceptíveis que linhagens pesadas (poedeiras vermelhas) Fêmeas parecer ser mais positivas ao teste de SAR que machos, supostamente devido a esses micro- organismos instalarem-se nos folículos ovarianos Transmissão Horizontal: através de fezes e presença da bactéria em moscas, água, ração e fômites Transmissão vertical: bactéria já presente em folículos ovarianos (33% dos óvulos em uma ave infectada) Aves convalescentes podem albergar o agente Aves silvestres e mamíferos podem ser fonte de infecção Cadeia epidemiológica Agente etiológico Hospedeiro susceptível Porta de entrada Reservatório Vias de transmissão Vias de eliminação Galinhas e outras aves S. pullorum Aves e mamíferos infectados, cama e fezes Trato digestório Aerossóis, fezes, moscas, água, ração, fômites, VERTICALMENTE Fezes Sinais clínicos Aves oriundas de ovos infectados são apáticas, apresentam sonolência e falta de apetite logo após a eclosão Podem apresentar material branco aderido na cloaca Mortalidade ocorre 2 a 3 semanas pós eclosão Pode haver onfalite e artrite Aves adultas podem não apresentar sinal clínico e muitas vezes apenas diminuem o consumo e a produção de ovos Em alguns casos, aves adultas podem apresentar emplastamento de cloaca TIFO AVIÁRIO Etiologia Salmonella gallinarum Família: Enterobacteriaceae Gênero: Salmonella Espécie: Salmonella enterica Subespécie: Salmonella enterica enterica Sorotipo: Gallinarum Biótipo: Gallinarum Salmonella imóvel Bastonetes pequenos: 0,7 a 1,5x 2,5µm Não esporulados Aeróbios ou anaeróbios facultativos Fermentam glicose e outros açúcares e descarboxilam aminoácidos Produz H2S lentamente Patogenia Hospedeiros naturais: galináceos, palmípedes e pombos Linhagens leves são mais resistentes a doença, enquanto linhagens semi-pesadas e pesadas são mais susceptíveis SG foi isolada de ratos, chimpanzés, coelhos, cobaias e seres humanos Transmissão Via vertical, menos provável Horizontal de forma direta ou indireta Porta de entrada: mucosa oral Falta de higiene, limpeza, presença de moscas, pássaros, urubus, roedores entre outros contribuem Doença sistêmica: aves em todas as idades No tifo aviário, a presença de aglutininas nãosignifica proteção Embora os anticorpos devam participar do processo de eliminação de S. gallinarum pela ave, o sucesso dependerá, principalmente, da imunidade celular Este controle tem sido atribuído à ação conjunta entre o sistema retículo endotelial (SER) e as células T A S. gallinarum, por não possuir flagelos, induz uma pobre resposta imune intestinal inicial (imunidade inata), com pouca produção de interleucina pró inflamatórias (o que facilitaria a infecção sistêmica) A expressão de genes presentes na SPI-2 e dos genes spv, presentes na S. gallinarum Sinais clínicos Apatia Anorexia Perda de peso Anemia Queda na produção de ovos Diarreia amarelo-esverdeada Curso da doença de 5 a 7 dias Alterações macroscópicas Características de sepse e toxemia Congestão de órgãos internos Fígado congesto (pontos hemorrágicos, necróticos, consistência friável e de coloração esverdeado, amarelo esverdeado a bronzeado) Esplenomegalia (áreas necróticas e pontos hemorrágicos) Coração (pericardite, hidropericárdio) Rins e pulmões com áreas inflamatórias Ovário atrofiado ou com alterações inflamatórias aguda dos folículos Imunidade Imunidade inata Imunidade adquirida: resposta imune humoral, resposta imune cito-mediada PARATIFO AVIÁRIO Refere-se à infecção causada por outras Salmonellas São Salmonella sp. Móveis Em humanos, causa enfermidades intestinais que levam a grandes prejuízos econômicos Nos EUA há relatos de prejuízos de 3,5 milhões de dólares por ano com medicação e perda de produtividade por salmonelose em humanos Resistência 79°C → 45min elimina o agente da carne de frango 60°C → 3,5min são requeridos para eliminação da bactéria do ovo Liofilização de ovo parece destruir o agente Radiação gama e luz ultravioleta parecem ser efetivos para eliminar a bactéria de carcaças, ovos, etc Sintomas mais comuns em aves recém eclodidas, pouca ou nenhuma mortalidade de aves adultas A instalação gradual de uma microbiota intestinal torna a ave menos susceptível a essas salmonelas O desenvolvimento da imunidade, através da maturação do sistema imune contribui para tornar as aves mais resistentes, impedindo as manifestações sistêmicas do paratifo aviário Quando as salmonelas paratíficas infectam as aves adultas, geralmente, encontram um sistema imune responsivo A liberação de interleucina pró-inflamatórias e consequente produção de imunoglobulina A (IgA), atração de heterofilos, macrófagos e linfócitos para a mucosa Em aves jovens, o sistema imune ainda não é capaz de eliminar as salmonelas paratíficas do trato intestinal, permitindo, muitas vezes, a infecção sistêmica Transmissão Muito investimento tem sido feito com o intuito de reduzir a incidência dessa infecção em aves de corte e postura para evitar o risco em seres humanos Alterações anatomopatológicas – curso prolongado Enterite severa Lesões necróticas na mucosa do intestino Cecos: diminuição de volume, paredes espessadas e conteúdo caseoso de coloração branca a branco amarelado Baço e fígado: congestos e com pontos necróticos Rins: congestos e aumentados Hepatite e pericardite fibrino-purulenta Gema não reabsorvida, coagulada, necrótica e caseosa Aves adultas: atrofia do ovário e folículos alterados A ave fica doente, manifesta os sintomas clínicos; quando não morre, se restabelece, podendo se tornar portadora e eliminar a Salmonella (ex: Salmonella enteriditis) Uma vez albergando a bactéria, a ave pode transmiti-la, tanto horizontalmente como verticalmente, em períodos de estresse VACINAS CONTRA SALMONELOSES Salmonellas com legislação: Salmonella gallinarum, Salmonella pullorum, Salmonella enteriditis e Salmonella typhimurium Linhas puras: livres das quatro Matrizes: livres e/ou controladas Matrizes podem ser vacinadas com vacina morta para Salmonella enteriditis Avós e bisavós não devem ser vacinadas DIAGNÓSTICO Achados clínicos Anatomopatológicos Exames laboratoriais Provas sorológicas (ELISA, soro-aglutinação) Isolamento e identificação do agente PCR Órgão de eleição (baço, fígado, coração, ovário e gema) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Em relação as outras salmonelose Confirmado após a identificação e isolamento de Salmonella Outras enfermidades infecciosas – Colibacilose, micoplasmoses e Doença de Marek TRATAMENTO Reduz a mortalidade, mas não elimina o portador Sulfonamidas (Sulfadiazina, sulfamerazina,suldatiazol e sulfaquinozalina) e mitrofuranos (proibidos pela EU) Cloranfenicol (proibido em animais de produção) Maior aliado é adoção de medidas de limpeza e higiene eficazes e a eliminação rápida e correta de aves mortas PREVENÇÃO Monitoramento dos lotes de matrizes através de testes bacteriológicos e sorológicos Aquisição de linhagens de aves resistentes Limpeza e desinfecção dos galpões de criação Eliminação de aves e ovos portadores da bactéria Controle de roedores nos galpões → reservatórios naturais de Salmonella sp. Peletização da ração a 60°C e/ou aplicação de ácidos orgânicos Uso de recursos para melhorar a resistência das aves Alternativas para o controle de salmonelose em aves Probióticos, prebióticos, simbióticos, ácidos orgânicos e vacinas CONTROLE Vacinas vivas e inativadas (bacterinas) Vacina viva 9R (questionável) O uso de vacina em matrizes implica em reação sorológica positiva nos testes do programa de controle de qualidade e erradicação de Pulorose e tifo aviário que, numa primeira análise, não poderão ser diferenciados da reação positiva decorrente de um surto de campo Não substitui as medidas gerais de prevenção e controle