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Diário de campo - Propostas Pedagógicas e Práticas da Educação Infantil

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2020.1 
D I Á R I O D E
C A M P O -
P R O P O S T A S
P E D A G Ó G I C A S
E P R Á T I C A S
D A E D U C A Ç Ã O
I N F A N T I L
P R O F E S S O RA : C r i s t i n a
F a ç a n h a
a l u n a : i n d i r a g a r c i a
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
S U M Á R I O
apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .03
Prática de educação e cuidados na
educação infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .04
Organização de tempo e rotina . . . . . . . . . . . . . .05
Ambiente , materiais e relações . . . . . . . . . . . . .06
Planejamento e pedagogia de projetos . .07
Currículo na educação infantil . . . . . . . . . . . . .09
Documentação pedagógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
Abordagem Pikler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
0 2
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
A P R A S E N T A Ç Ã O
Essa edição , foi realizada com o objetivo de explanar
os conhecimentos adquiridos na disciplina de
Propostas Pedagógicas e Práticas da Educação
Infantil , no semestre de 2020.1, que ocorreu de forma
online , sendo uma espécie de diário de campo em
formato de revista online .
Escrevi cada texto baseado nos textos propostos ,
aulas síncronas e os webnários assíncronos , onde
sintetizei meus conhecimentos , opiniões e perspectivas
em 6 temas específicos .
Foi um trabalho muito interessante e desafiador de
realizar , principalmente por conta da realidade
vigente da pandemia de 2020 que alterou
completamente nossa rotina , que como iremos
perceber ao longo dessa edição , é fundamental para o
ensino de qualidade .
0 3
Quando uma criança atua por iniciativa e
interesse próprio, adquire capacidades e
conhecimentos muito mais sólidos que se
tratamos de lhe ensinar.
Emmi Pikler
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
P RÁT I CA D E E D U CAÇ Ã O E
C U I DAD O S NA E D U CAÇ Ã O
I N FAN T I L
A pedagogia organiza-se em torno de saberes que se
constrói na ação situada em articulação com as
concepções teóricas e com as crenças e os valores,
assim a podemos enxergar uma triangulação
praxiologica entre as ações práticas, os saberes e
teorias e as crenças e valores, essa triangulação pode
ser visualizada na imagem ao lado.
É possível perceber duas formas de fazer a pedagogia:
pela a transmissão e pela a participação. A pedagogia
da transmissão está centrada no professor, na
transmissão de conteúdos e nos resultados. Seus
objetivos se resumem em adquirir capacidades
acadêmicas, acelerar as aprendizagens e compensar os
déficits. Sua pratica é limitada pelas a normas rígidas
e a criança deve ser contida e obediente, sendo assim,
uma coadjuvante de sua educação. Já a pedagogia da
participação foca nos processos, tendo como
protagonista a criança, que questiona, planeja e
experimenta, investiga e coopera nas resoluções de
problemas, uma criança que participa. Objetiva
promover o desenvolvimento e as aprendizagens
dando significado as experiencias. O professor tem o
papel de escuta e observação, além de instigar a
curiosidade e a experiencia dos alunos ele avalia a
criança dentro da pratica pedagógica.
Um modelo pedagógico não existe nos escritos
teóricos, mas sim na práxis, que é a casa da
pedagogia, como veremos nos próximos textos. Assim,
é necessário, não somente ler e estudar com afinco as
teorias, mas trocar experiências e buscar dominar os
três pontos da triangulação pedagógica, sem se
especializaar ou negligenciar nenhum deles, afim de
possuir uma práxis de excelência.
0 4
crenças e valores
ações
práticas
saberes 
e teorias
práxis
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
O R GAN I ZAÇ Ã O D E T E M P O E
R O T I NA
As rotinas, vista por muitos como algo chato e monótono, é
muitas vezes mal interpretada, pois na verdade ela é parte
essencial do nosso cotidiano e sendo elas produtos
culturais, criadas e reproduzidas no nosso dia-a-dia, com o
objetivo de organizar o cotidiano. A rotina é essencial
principalmente na pratica da educação infantil necessária
para desenvolver o trabalho cotidiano das instituições.
É importante salientar que a rotina e o cotidiano não são
sinônimos, mas que a rotina faz parte do cotidiano. A
importância das rotinas na educação infantil advém da
possibilidade de construção da própria visão como
concretização paradigmática do conceito de educação para
o cuidado. Pode-se concluir que sintetizam o projeto
pedagógico das instituições e apresentam uma proposta de
ações educativas para os profissionais. 
Podemos entender que embora as rotinas se apresentem
como propostas flexíveis, em alguns casos acabam sendo
universais e padronizadas. No entanto, as rotinas também
podem ser analisadas sob outro ponto de vista, em que os
rituais servem como meio de criação de uma identidade
social, criando assim significados para as crianças.
Apesar das propostas de rotinas das creches transmitirem a
ideia de que são algo particular e singular às unidades
educativas, elas estão diretamente relacionadas à
organização social e política, ou seja, as rotinas não são
construídas naturalmente, mas de acordo com as "regras"
impostas pela sociedade, como um reflexo da mesma.
Portanto, o cotidiano pedagógico é um elemento muito
importante na estruturação e organização do tempo e do
espaço de uma instituição de educação infantil, levando-se
em consideração a especificidade dos ujeitos envolvido .
0 5
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
AM B I E N T E , MAT E R IA I S E
R E LAÇ Õ E S .
Ao pensarmos no espaço da educação infantil, imaginamos
logo um ambiente colorido, com moveis acessíveis e
adaptados as crianças, sendo pequenos e sem pontas,
contudo, muitas vezes, não entendemos sua importância na
pratica pedagógica. O ambiente é um elemento do currículo
invisível e seus elementos simbólicos e a decoração
exterior ou interior respondem a padrões culturais
pedagógicas que criança internaliza e aprende. Quanto mais
o espaço estiver organizado e estruturado, mais ele
auxiliará na autonomia das crianças. 
O ambiente é um espaço construído pelas pessoas que o
habitam, sendo assim, as crianças devem fazer parte da
construção do ambiente escolar, e esse ambiente deve ser
criado para elas e com elas, no dia a dia da escola. Apesar
de ser um espaço construído pelas as crianças, não significa
dizer que devemos deixá-lo desorganizado, pelo o
contrário, a delimitação do espaço é essencial, pois,
oferecer tudo é como nada dar, assim reafirmo a
necessidade da rotina.
A arquitetura de um prédio diz muito sobre seu projeto
político e pedagógico, geralmente as escolas são projetadas
em um estilo arquitetônico padrão sem refletir sobre
questões simples, como a temperatura, a posição do sol e a
idade dos usuários. Quando se tem uma escola pensada
para e com a comunidade, valorizando os pontos citados
anteriormente, tem se um ambiente mais leve e
aconchegante que valoriza seus membros.
O espaço atua favorecendo ou não o desenvolvimento das
estruturas cognitivas e subjetivas das crianças. Ao mesmo
tempo, pode impor limites ou abrir espaço ao imaginário
dos adultos que criam (com a ajuda das crianças) ambientes
ricos e ambiciosos, nos quais todos têm a oportunidade de
vivenciar experiências diferentes, ampliando suas
possibilidades de aprendizagem, expressando sentimentos
e pensamentos. A disponibilidade de diferentes ambientes e
a diversidade em um mesmo ambiente ampliam o universo
cultural e conceitual das crianças.
0 6
P L A N E J A M E N T O E P E D A G O G I A D E
P R O J E T O S
O planejamento deve ser proposto no cotidiano como um processo de reflexão, pois não é apenas
um papel a ser preenchido, mas também uma atitude que abrange todas as atividades e situações
do educador no cotidiano de seu trabalho pedagógico. O planejamento pedagógico é uma atitude
crítica do educador em relação aoseu trabalho docente. Então não é uma fórmula! Ao contrário, é
flexível e, como tal, permite ao educador pensar, repetir e buscar novos significados para sua
prática pedagógica.
Por muito tempo foi possível enxergar nas escolas, praticas repetidas e engessadas, podendo até
serem classificadas como “formulas de ensino” que exponho abaixo, mas que não devem ser
seguidas engessadamente e sem reflexões sobre elas.
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
0 7
Listagem de
aprendizagens
PLANEJAMENTO
As atividades são planejadas e
listadas de acordo com o tempo
da criança e não com o
desenvolvimento e a
aprendizagem das mesmas.
CARACTERÍSTICAS
É uma criança passiva, sem
particularidades ou
necessidades especificas,
que espera pelo o
atendimento do adulto, sem
nada a dizer ou expressar.
VISÃO DE CRIANÇA
Assistencialista, de baixa
qualidade, com foco maior
na moral e não no
intelectual, um espaço de
cuidados, um deposito de
crianças, enquanto os pais
trabalham.
INSTITUIÇÃO
Datas
comemorativas
As atividades são planejadas e
listadas de acordo com o
calendário. Não amplia o
repertorio cultural da criança,
massifica e empobrece o
conhecimento.
A criança é passiva, seu
conhecimento é
menosprezado, fragmentado,
infantilizado e sem
significados.
Assistencialista, de baixa
qualidade, com foco maior
na moral e não no
intelectual, um espaço de
cuidados, um deposito de
crianças, enquanto os pais
trabalham.
Aspectos do
desenvolvimento
As atividades são planejadas de
acordo com a psicologia do
desenvolvimento e é organizada
em três pontos chaves: o tema, o
objetivo e atividades que
desenvolvam o tema, afim de
alcançar os objetivos.
A criança é o centro do
planejamento, contudo é
idealizada, não levando em
conta a criança real, com
características diferenciadas,
determinadas pelo o seu
contexto.
Pré-escola com objetivos
em si mesma, privilegia o
desenvolvimento da
criança na fase em que se
encontra, sem relaçao com
as fases anteriores.
Baseadas em
temas
As atividades são planejadas de
acordo com um tema, estes
fazem parte da realidade da
criança, e as atividades
propostas tem uma
continuidade.
A criança é o centro do
planejamento e o foco são
suas necessidades e
perguntas, e a educação
possui um sentido.
Prioriza a criança
nas escolhas dos temas,
separando, na maioria das
instituições, os temas para
cada fase, quando não o
fazem se assemelham aos
planejamentos anteriores.
Conteúdos
organizados por
áreas do
conhecimento
As atividades são planejadas de
acordo com os conteúdos e
organizados por áreas do
conhecimento, e a educação vai
muito além do cuidar e do
guardar.
A criança é o centro do
planejamento e o foco são
suas necessidades e
perguntas, e a educação
possui um sentido.
É um espaço pedagógico
com o objetivo de socializar
os conhecimentos
acumulados socialmente,
onde a criança se
desenvolve, e paralelamente
adquire e produz novos
conhecimentos.
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
0 8
P R O J E T O S D E T R A B A L H O
N O M E
J U S T I F I C A T I V A
O B J E T I V O G E R A L
A S S U N T O S , A T I V I D A D E S E
S I T U A Ç Õ E S S I G N I F I C A T I V A S :
F O N T E S D E C O N S U L T A S
R E C U R S O S
T E M P O P R E V I S T O
 M O S T R A R A D I R E Ç Ã O , O H O R I Z O N T E A S E R T R A Ç A D O
D E V E C O N T E M P L A R A H I S T Ó R I A D O P R O J E T O : C O M O
S U R G I U , P O R Q U E F O I E S C O L H I D O , O F E R E C E N D O U M
R E T R A T O D O G R U P O E S T U D A D O , P E L O S O L H O S D O
E D U C A D O R
É O D E S E N H O D O H O R I Z O N T E P R E T E N D I D O , 
É O “ P A R A Q U E ” D O P R O J E T O
 D E L I N E A R O A S S U N T O A S E R E S T U D A D O , A S S I T U A Ç Õ E S
A S E R E M P R O P O S T A S E A S A T I V I D A D E S A S E R E M
R E A L I Z A D A S . É O " C O M O F A Z E R " E " O Q U E F A Z E R " ,
S Ã O A S R E F E R Ê N C I A S U S A D A S P A R A C R I A R O P R O J E T O
É P R E C I S O P R E V E R O S R E C U R S O S Q U E S E R Ã O
U T I L I Z A D O S N O P R O J E T O , P A R A E V I T A R R E C O R R E R A
I M P R O V I S A Ç Ã O N A A U S Ê N C I A D E A L G U M M A T E R I A L
É N E C E S S Á R I O P E N S A R E M Q U A N T O T E M P O V O C Ê
P R E C I S A R A P A R A R E A L I Z A R C A D A A T I V I D A D E P R O P O S T A ,
R E S S A L T A N D O Q U E E L E D E V E S E R F L E X Í V E L E D I N Â M I C O .
P L A N E J A M E N T O E P E D A G O G I A D E
P R O J E T O S
Ao observar os modelos da pagina anterior, percebemos que eles não são perfeitos, pois, na
verdade, não existem crianças ideais, com turmas e escolas ideais, na pratica, cada criança tem
suas particularidades e devem ser tratadas levando em conta cada uma delas, por isso a melhor
“formula” são os projetos de trabalho, onde seus elementos podem incluir o trabalho com
qualquer grupo de crianças, cada grupo sendo um projeto específico e único, expresso
especialmente em princípios gerais, baseados na realidade vigente. 
O projeto seria viável tanto para bebês quanto para crianças maiores, mas com conteúdos
diferenciados dependendo das características dessas faixas etárias. Além de trazer uma ideia de
horizonte e de perspectiva, que no processo podem obter melhores contornos e definições mais
amplas, se adaptando a realidade.
O projeto de trabalho, deve partir da leitura do grupo e elaborado com base na observação de
seus movimentos, procurando identificar seus interesses, se estruturando de acordo com as
delimitações descritas abaixo:
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
C U R R Í C U L O N A E D U C A Ç Ã O
I N F A N T I L
Os bebês sabem muitas coisas que nós culturalmente não
conseguimos ainda compreender e, portanto, valorizar como um
saber. Suas formas de interpretar, marcar e comunicar se dão por
meio de gestos, olhares, sorrisos, choros, como movimentos
expressivos e comunicativos que precedem a linguagem verbal e, ao
mesmo tempo, constituem os primeiros canais de interação com o
mundo e com o outro, permanecendo em nós por toda a vida e na
forma como nos relacionamos com a sociedade.
Sendo assim, o currículo da educação infantil deve abarcar suas
especificidades, contudo, o cotidiano das escolas de Educação
Infantil evidencia que as propostas curriculares, na especificidade da
creche, se reproduzem através de três modalidades. 1) listagem de
ações educativas espelhadas no Ensino Fundamental, sustentadas
nas áreas do conhecimento; 2) ações de “vigilância” ou “aceleração”
do desenvolvimento infantil com base nas etapas evolutivas; 3)
ações voltadas prioritariamente para o cuidado. Essas modalidades
apontam para uma pedagogia voltada para o adultocêntrismo e
“escolarizadas”, em que bebês e crianças pequenas não são
reconhecidos como seres linguísticos, ativos e interativos em suas
primeiras lições de vida no e com o mundo.
O poder delas de aprender a apropriar-se de significados através da
inserção gradual em um conjunto de relações e processos constituem
um sistema de sentido. A função docente, como coprodutora de
currículo, efetiva-se na construção de um espaço educacional que
favoreça, através da interlocução com as crianças e as famílias,
experiências nas diferentes linguagens e nas práticas sociais e
culturais de cada comunidade. Os bebês, ao interagirem, interrogam
esses modelos curriculares ao afirmarem, nas suas ações cotidianas,
a interseção do lúdico com o cognitivo nas diferentes linguagens: a
conciliação entre imaginação e raciocínio, entre corpo e pensamento,
movimento e mundo, em seus processos corporais de aprender a
operar linguagens e narrativas.
0 9
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
D O C U M E N T A Ç Ã O P E D A G Ó G I C A
A documentação pedagógica é o processo de tornar o trabalho pedagógico
visível ao diálogo, interpretação, contestação e transformação da prática.
Ela promove a ideia da escola como lugar de prática política democrática
permitindo que todos seenvolvam com a infância, o cuidado infantil, a
educação e o conhecimento. 
Um dos pontos chaves da documentação pedagógica é a escuta ativa, uma
forma de escuta que parte de um envolvimento e de uma curiosidade séria
nos eventos do aqui e agora, é escutar aquilo que quer se fazer ouvido, é
uma escuta confiante e afirmativa que recepciona uma infinidade de
respostas possíveis.
Existem duas linguagens dentro da educação, linguagem da avaliação e a
linguagem de criação de significado. A linguagem da avaliação desenvolve-
se a partir do pensamento administrativo, afim de garantir o controle, a
previsibilidade e o desempenho, oferecendo um conhecimento objetivo e
universal. Representa as escalas de classificação e as ferramentas
normativas, que avaliam a partir de um conjunto de critérios que se
presume serem estáveis, uniformes e objetivos. Já na linguagem de criação
de significado devemos nos responsabilizar por nossas ações e práticas
como parte do ato de uma democracia em processo. Ela problematiza o
complexo processo da educação infantil, com suas imagens de criança, do
conhecimento, da aprendizagem e do ambiente, ela abre a complexidade
para que possamos trabalhar e aprender com ela. Essa linguagem pode ser
encontrada na documentação pedagógica.
A documentação pedagógica abre espaço para que os professores
examinem e cruzem as estruturas usuais encrustados em nossas
construções tradicionais da infância, do conhecimento, da aprendizagem e
do ambiente, abrindo uma nova visão da infância. Por meio da
documentação pedagógica podemos estudar e fazer perguntas mais
facilmente sobre a prática, pois, quanto maior a nossa consciência sobre as
nossas práticas de ensino, maior a possibilidade de podemos promover a
mudança, construindo um novo espaço em que um discurso alternativo
possa ser estabelecido.
O esse processo também pode funcionar como uma forma de revisitar e
revisar experiências e eventos anteriores, ao fazer isso criamos novas
interpretações e reconstruções do que aconteceu no passado, assim
aprofundamos e utilizamos experiências bem estabelecidas, enquanto
simultaneamente participamos do desenvolvimento de novas teorias,
quanto a aprendizagem e a construção do conhecimento nas crianças
usando o a documentação como base. 
É preciso estar atento a documentação pedagógica, pois ela pode virar um
ato de poder e controle, utilizado para criar estratégias afim de prever e
controlar as crianças mais efetivamente por meio do processo de
normalização e vigilância. Por isso é tão importante ter uma escuta ativa,
uma linguagem de criação de significado e uma leitura empática do grupo.
1 0
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
A B O R D A G E M P I K L E R
Emmi Pikler foi uma pediatra austríaca que realizou seu trabalho profissional
na Hungria. Trabalhou como pediatra de família e foi, durante mais de trinta
anos, diretora de uma instituição que acolhe crianças órfãs e abandonadas. La
ela desenvolveu uma abordagem inovadora de educação e cuidado com bebes
que é conhecida e estudada ate hoje, a Abordagem Pikler. Essa abordagem
tem como objetivo erradicar os fatores de carência da vida das crianças,
contudo, sem reproduzir nelas uma relação maternal e de dependência. 
Para Pikler a criança é um ser ativo e competente desde seu nascimento, e
por isso ela valoriza a atividade autônoma do bebe, deixando seu corpo livre
para conhecer e explorar o mundo, sendo o brincar livre a base de todo o
sistema pedagógico. Para o bebe, o movimento é mais do que um prazer
funcional, é um instrumento e uma forma de expressar sua orientação no
ambiente, suas ações e sentimentos. A criança deve ser capaz de se mover
livremente, explorar as potencialidades de seu próprio corpo e compreender,
passo a passo e espontaneamente, como funcionam suas habilidades motoras.
Além disso, os adultos não devem forçar movimentos que a criança ainda não
consiga fazer sozinha (por exemplo, coloca-la sentada ou em pé). 
Outro ponto fundamental nessa abordagem é a autonomia, os adultos não
devem interferir nas atividades das crianças. Eles devem permitir que as
crianças descubram seus arredores e interajam umas com as outras. Mesmo
que os mais pequenos façam coisas que possam parecer "estranhas" porque é
assim que descobrem o mundo. Entretanto, cabe aos adultos oferecer atenção
quando chamados e garantir que as crianças estejam em segurança. Por isso o
ambiente e sua organização devem ser uma prioridade, os objetos devem
estar ao alcance do bebe, lhe proporcionando autonomia, mas devem ser
escolhidos e organizados visando sua segurança.
Um dos pontos chaves dessa abordagem é o adulto de referência, pois ele
representa o afeto, e para Pikler vários aspectos do desenvolvimento são
sustentados pela a relação com o adulto. Os momentos de cuidados corporais,
como o banho e alimentação, por exemplo, são os momentos mais
importantes dessa abordagem, pois é nesse momento que os adultos e os
bebes conseguem construir um vínculo de confiança e respeito com o adulto
que está responsável pelos seus cuidados. A criança é tratada com todo
respeito, e deve ter uma participação ativa no seu próprio desenvolvimento,
ao invés de receber passivamente os estímulos e atenções vindos dos adultos.
Assim poderá conquistar sua autonomia de maneira segura e com bons
referenciais para vida. Durante esses momentos o educador deve observar e
perceber a criança na sua singularidade, deve sempre olhar a criança nos
olhos e fazer movimentos delicados, e sempre narrar a criança tudo que está
acontecendo, sem idiotiza-la, por exemplo ao dar um banho na criança, deve
dizer “vamos agora passar o sabonete” ... e assim por diante.
1 1
2020.1DIÁRIO DE CAMPO - P.P.P.E.I. //
R E F E R Ê N C I A S 
As múltiplas linguagens no cotidiano da criança.
(GONÇALVES, Cristiane Januário; ANTONIO, Débora
Andrade).
Pedagogia(s) da Infância: reconstruindo uma práxis de
participação. (FORMOSINHO, Júlia Oliveira).
Por amor e por força (BARBOSA, Maria Carmen Silveira).
A organização do ambiente (BARBOSA, Maria Carmen
Silveira).
As cem linguagens da Criança (EDWARDS, Carolyn;
GANDINI, Lella; FORMAN, George).
Planejamento na Educação Infantil: mais que uma
atividade, a criança em foco (OSTETTO, Luciana)
Projetos Pedagógicos na Educação Infantil (BARBOSA,
Maria Carmen Silveira; HORN, Maria da Graça Souza).
Os bebês interrogam o currículo: as múltiplas linguagens
na creche. (BARBOSA, Maria Carmen Silveira; RICHTER,
Sandra Regina Simonis).
Por que é que a lua redonda e bicuda? (FORMOSINHO,
Júlia Oliveira; COSTA, Hélia).
Desenvolvimento de crianças de 0 a 3 anos: qual currículo
para bebês e crianças bem pequenas? (BARBOSA, Maria
Carmen Silveira; RICHTER, Sandra Regina Simonis)
Vínculo, movimento e autonomia (SOARES, Suzana
Macedo)
1 2

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