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Trauma I Neurológico – Traumatismo craniano e raquimedular Por Tainá Rehem 1. Traumatismo craniano a. Mecanismo i. Local direto: contusão, laceração e hemorragia intracraniana ii. Lesão cerebral difusa : aceleração e desaceleração súbitas b. Lesão cerebral : i. Primária: quando ocorre no momento do trauma ii. Secundária: quando inicia no momento do trauma, mas apresenta manifestações clínicas tardias. c. Hemorragia intracraniana i.Clínica ii.Vaso acometido iii.Tomografia iv.Tratar: v.Complicações vi.Subaranoide vii.Pior cefaleia da vida, náu- seas, vômi- tos, disau- tonomia e fotofobia. viii.Pode ter : meningismo e hemorra- gia vítrea – Sindrome de Terson ix. Aneurisma (+ comum – aneurisma sacular da artéria comunicante anterior) x. Fonte: Look for diagnosis xi.3 “H”s: xii.Hidratação xiii.Hipertensão permissiva xiv.Hemodiluição xv.Clip do aneurisma xvi.Ressangramento xvii.Vasoespasmo (entre 3-14 dias) xviii.Subdural xix.pacientes idosos e alcoólatras xx.Coma ou déficit de consciência na maioria dos casos xxi.Veias Ponte xxii. Fonte: Dra Raquel Zorzi xxiii.Drenagem se desvio da linha média > 5 mm ou volume superior 30 cm3 xxiv.Herniação cerebelar xxv.HIC xxvi.Extradural xxvii.Trauma contuso em região temporal xxviii.Intervalo lúcido : perda de consciência seguido de retorno dessa , com novo decaimento alguns minutos depois xxix.Artéria Meníngea Média xxx.Fonte: Anapat Unicamp xxxi.Se na fossa média ou na fossa posterior→ Sempre drena xxxii.Em outras regiões, drenar se desvio > a 5 mm, volume > a 30 cm3 xxxiii.Deteriorização rápida xxxiv.HIC • Avaliação de escala de Glasgow a. Classificação do TCE: i. O TCE leve é definido quando o paciente apresenta um escore de 14 ou 15 na Escala de Coma de Glasgow i. sem alterações neurológicas no exame físico, ou cefaleia não progressiva, tontura , vertigem ou hematomas subgaleais discretos ii. Observação clínica por 4 horas e alta , informando sinais de alarme iii. Situações atípicas que exigem conduta diferente: a. Se presença de equimoses orbitopalpebrais, lesão de couro cabeludo, intoxicação por álcool ou drogas de abuso, cefaleia progressiva, vômitos e náuseas, perda momentânea da consciência ou desorientação temporoespacial → risco moderado de desenvolver lesão cerebral, mesmo se conscientes a princípio → exigem maior vigilância (considerar TC) b. Alto risco de lesão cerebral: crianças espancadas, fístula liquórica com ou sem débito de líquor, lesão vascular traumática cervicocraniana, ferimento por arma branca, gestantes e pacientes com distúrbios da coagulação → sempre pedir exames complementares! a Sinal do Guaxinim - Equimose periorbital: Sinal de fratura de base de crânio. Fonte: Malthus.com.br c. lesões petequeais sugestivas de embolia gordurosa, piora do nível de consciência, síndrome de irritação meníngea, distúrbios de funções motoras superiores, , déficit de acuidade visual → lesão neurológica presuntiva: encaminhar para neurocirurgia ii. TCE moderado → ECG entre 9 e 13 i. Confusão mental, sonolência, rebaixamento do nível de consciência rebaixado e déficits neurológicos focais podem estar presentes ii. É mandatória a realização de TC, hospitalização e avaliação do neurocirurgião iii. Evitar hiperventilação: manter valores de CO2 normais iv. Possibilidade de hipertensão intracraniana (pressão intracerebral > 20mmHg por mais de 5 minutos) a. Manejo com drenagem liquórica, bloqueio neuromuscular e sedação. b. Caso não haja melhora → manitol 1g/Kg a cada 4-6h e por fim hiperventilação em curto prazo para que paciente seja avaliado para descompressão neurocirúrgica. iii. TCE grave → ECG entre 3 e 8 i. Monitorização intensiva da pressão intracraniana, sedação e suporte ventilatório ii. Estabilização hemodinâmica e de suporte ventilatório adequado → evitar piora decorrente de hipóxia. iii. Evitar maiores danos: Fonte: BVsalud b. Pede TC? i. Todos os pacientes com TCE moderado a grave deverão realizar tomografia do crânio sem contraste, a fim de se excluir lesões cirúrgicas. ii. Pacientes usuários de antiagregantes plaquetários, anticoagulantes, ou com distúrbios de coagulação deverão ser avaliados de forma individualizada. Se maiores de 65 anos, SEMPRE REALIZAR TC! iii. Mecanismo perigoso de lesão (um pedestre ou ciclista atropelado por um veículo motorizado, um ocupante ejetado de um veículo motorizado ou uma queda de uma altura superior a 1 metro ou 5 degraus) iv. PEDIÁTRICO: i. Algoritmo PECARN → estadiamento de risco ii. De forma geral, indica TC nas seguintes situações: a. ECG ≤ 14 b. Vômitos c. Hematoma/ irregularidade craniana (fratura?) palpável d. Sonolência não usual e. Cefaleia intensa f. Déficit/perda de consciência g. Convulsões h. Irritabilidade inexplicável i. Crianças abaixo de 1 ano (Fonte : NICE) ; ou , abaixo de 2 anos (Fonte : Regra Canadense). j. Mecanismo de alto impacto: ▪ alta velocidade, seja como pedestre, ciclista ou ocupante de veículo, queda de altura superior a 3 metros, lesão em alta velocidade por projétil ou outro objeto v. Pacientes com ECG 15 → tomografia computadorizada do crânio, de acordo com os critérios canadenses. i. Regra canadense - para TCE leve 2. Trauma raquimedular Fonte : Medicinanet a. Anátomo-clínica i. Teste motor •C5: flexores do cotovelo •C6: flexores do punho •C7: extensores do cotovelo •C8: flexores do dedo (falanges média e distal) •T1: abdutores (dedo mínimo) •L2: flexores do quadril •L3: flexores do joelho •L4: dorsiflexores do tornozelo •L5: extensor longo dos dedos •S1: flexores plantares do tornozelo 3. Trato espinotalâmico ventral: tato. a. Origem na coluna posterior, cruza para o lado oposto na comissura anterior e ascende pelo funículo anterior até o tálamo. 4. Trato espinotalâmico lateral: dor e da temperatura do lado contralateral. a. Origem na coluna posterior, cruza para o lado oposto na comissura anterior e ascende pelo funículo lateral ao tálamo. 5. Tratos espinocerebelares ventral e dorsal: propriocepção a. impulsos ao cerebelo pela medula espinal. 6. Fascículos grácil e cuneiforme: propriocepção provenientes de músculos, tendões e articulações e tato/ sensações vibratórias a. localizados na porção posterior da medula espinal, entre o sulco mediano posterior e sulco póstero-lateral 7. Tratos corticospinal lateral e ventral (vias piramidais): função motora voluntária /involuntária a. trato corticospinal lateral (que cruza para o lado oposto no bulbo) e pelo trato corticospinal ventral, que desce sem cruzar para o lado oposto, na parte anterior da medula espinal. 2. Avaliação do nível da perda e gravidade a. Os reflexos tendíneos profundos são mediados pelas células do corno anterior da medula espinal, e o córtex cerebral exerce ação inibidora para evitar resposta exacerbada aos estímulos recebidos. A ausência desse reflexo pode indicar lesão do nervo periférico, interrompendo o arco reflexo, ou presença de choque medular. i. Os reflexos tendíneos profundos de maior importância clínica são: bicipital (C5), estilorradial (C6), tricipital (C7), patelar (L4) e do calcâneo (S1). 2. Os reflexos abdominais e cremastéricos são testes do neurônio motor superior, e a ausência destes indica lesão em tal neurônio, enquanto a perda assimétrica sugere lesãono neurônio motor inferior. 3. reflexo bulbocavernoso é de grande importância na avaliação dos pacientes com TRM que apresentam choque medular. a. pode ser obtido por meio da estimulação do pênis ou do clitóris, provocando contração do esfíncter anal b. Se presente , indica o término do choque medular 3. Resposta ao trauma raquimedular a. Petéquias hemorrágicas na substância cinzenta, logo no primeiro minuto da LME, que se aglutinam na primeira hora, resultando em necrose central hemorrágica, que pode estender-se para a substância branca nas 4 a 8 horas seguintes, como consequência de redução geral do fluxo sanguíneo no local da lesão. b. Depois, células inflamatórias migram para o local da lesão, acompanhadas de proliferação de células da glia, e, de 1 a 4 semanas, ocorre a formação de tecido cicatricial e de cistos no interior da medula espinal. 4. deve-se tentar classificar as lesões de acordo com o tipo de déficit (completo ou incompleto) e de acordo com a topografia e o nível (coluna cervical, torácica e lombossacra) • 1. Deve-se considerar como caso suspeito de lesões medulares pacientes vítimas de trauma com queixa de dor cervical, parestesias nas extremidades ou dificuldades de movimentos. 2. Para pacientes com qualquer alteração do nível de consciência, considerar sempre a possibilidade de fraturas da coluna ou lesões medulares, até a exclusão com exames de imagens a. A radiografia da coluna cervical apresenta inúmeras limitações técnicas, sendo frequentemente insuficiente para a exclusão de fraturas da coluna cervical e decisão quanto à retirada do colar. b. Na indisponibilidade da tomografia, o exame radiográfico ideal consistiria em radiografias da coluna cervical em AP, perfil (com visualização completa da transição C7-T1) e transoral, para visualização do processo odontóide, com retirada momentânea do colar. 3. Síndromes relacionadas ao trauma raquimedular a. Síndrome da medula central i. ocorre principalmente na região cervical e apresenta comprometimento dos membros superiores mais acentuado que dos membros inferiores. b. Síndrome da medula anterior i. preservação da propriocepção e perda variável da função motora e da sensibilidade a dor. c. Síndrome de Brown-Séquard i. hemissecção da medula ocasiona perda das funções motora e proprioceptiva do lado da lesão e perda da sensibilidade a dor e a temperatura do lado oposto. d. Síndrome da medula posterior i. função motora e a sensibilidade a dor e a tato estão preservadas, enquanto a propriocepção está alterada e. Síndrome do cone medular i. Lesão ao nível sacral, geralmente no nível ósseo de T12/L1 ii. resulta em incontinências fecal e vesical e em alteração da função sexual. iii. A sensibilidade está alterada em 3 a 4 segmentos sacrais distais e coccígeos (anestesia em cela), enquanto o reflexo bulbocavernoso encontra-se ausente. f. Lesão da cauda equina i. Nas fraturas distais em L1 a L2, ii. O quadro clínico depende da raiz atingida, e podem ser observados paresia do membro inferior, arreflexia, distúrbios da sensibilidade e incontinências fecal e vesical. 8. Conduta a. Choque neurogênico (hipotensão associada a bradicardia) i. Ocorre nos pacientes com lesão acima de T6, para evitar a administração de líquidos e a consequente sobrecarga hídrica. b. Metilprednisolona i. Pode ser aplicada até 8 horas de trauma ii. 30 mg/ kg de peso, aplicada em bolo durante 15 minutos, e, 45 minutos após essa dose em bolo, administram-se 5,4 mg/kg em infusão constante, por 23 horas. iii. Evidência de melhora controversa iv. Contraindicada para os casos de ferimentos por arma de fogo, ferimentos por armas brancas, pacientes com risco de vida, indivíduos abaixo de 14 anos e mulheres grávidas c. Os gangliosídeos (moléculas de glicopeptídeos derivadas do ácido siálico) i. possuem, in vitro, a capacidade de estimular a formação e o crescimento dos neuritos, que são expansões protoplasmáticas dos axônios, capazes de originar novas conexões e regenerações funcionais ii. foi observada melhora da recuperação dos índices sensitivos e motores e da função esfincteriana com a administração do gangliosídeo GM1 em estudo clínico. iii. Não associar com metilprednisona (a associação apresenta resultados piores 4. Redução da fratura e o realinhamento do canal vertebral podem ser obtidos por meio da aplicação de tração longitudinal a. O realinhamento da coluna vertebral e a ligamentotaxia, produzidos pela tração longitudinal dos elementos vertebrais, promovem a descompressão indireta das raízes nervosas lesadas. b. A presença de paralisia após intervalo de quadro neurológico normal e a presença de paralisia rápida e progressiva ou de paralisia incompleta que evolui para paralisia completa têm sido consideradas indicações absolutas e urgentes de tratamento cirúrgico 5. Referências a. Atendimento de Urgência ao Paciente Vítima de Trauma - Diretrizes Clínicas Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, 2018. Disponível em < https:// saude.es.gov. br/ Media/sesa/Protocolo/ Atendimento%20de%20Urg%C3%AAncia%20ao%20 Paciente%20V%C3%ADtima%20de%20Trauma.pdf> b. Delfino, HLA ; Zardo, EA. Trauma raquimedular, 2009 . Disponível em < http:// www. medicinanet. com.br /conteudos/revisoes/5965/traumaraquimedular.htm> c. Manual do Atendimento pré Hospitalar . Disponível em < https:// www. saudedireta.com.br/ docsupload/ 1332281983cap 15 trauma_torax.pdf> d. Easter, J. S., Bakes, K., Dhaliwal, J., Miller, M., Caruso, E., & Haukoos, J. S. (2014). Comparison of PECARN, CATCH, and CHALICE rules for children with minor head injury: a prospective cohort study. Annals of emergency medicine, 64(2), 145–152.e1525. https://doi.org/10.1016/ j.annemergmed.2014.01.030 e. Head injury: assessment and early management. Disponível em < https://www.nice.org.uk/guidance/cg176/chapter/1-Recommendations> f. Andrade AF, Marino Jr R, Miura FK, Carvalhaes CC, Tarico MA, Lázaro RS, Rodrigues Jr JC. Diagnóstico e Conduta no Paciente com Traumatismo Craniencefálico Leve. Projeto Diretrizes, Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. 2001. Págs 1-13.
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