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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVERSO – GOIÂNIA CURSO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL PROF. SÍLVIO ARAÚJO DE OLIVEIRA MÓDULO II : PRISÃO PREVENTIVA 1-Conceito de prisão preventiva Cuida-se de espécie de prisão cautelar decretada pela autoridade judiciária competente, mediante representação da autoridade policial ou requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, em qualquer fase das investigações ou do processo criminal, sempre que estiveram preenchidos os requisitos legais (cabimento ou hipóteses) - (CPP, art. 313) e ocorram os motivos autorizadores (requisitos) listados no art. 312 do CPP, e desde que se revelem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão (CPP, art. 319). 2-Decretação da prisão preventiva durante a fase preliminar de investigações. De acordo com a redação do artigo 311, caput, do CPP, a prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal. Com o advento da Lei n. 7.960/89, que versa sobre a prisão temporária, pensamos que, pelo menos em relação aos delitos constantes do art. 1., inciso III, da referida lei, bem como no tocante aos crimes hediondos e equiparados (Lei n. 8.072/90, art. 2.,& 4.), somente será possível a decretação da prisão temporária na fase preliminar de investigação, à qual não poderá se somar a prisão preventiva, pelo menos durante essa fase. Portanto, em relação a tais delitos, não se afigura possível a aplicação da temporária seguida de preventiva, exclusivamente durante a fase investigatória. Ora, se em relação a tais delitos foi criada uma modalidade de prisão cautelar com o escopo específico de tutelar as investigações, não faz sentido que a prisão preventiva também seja decretada na fase preliminar. Logo, se a prisão temporária tiver sido decretada pelo magistrado pelo prazo de 60 dias para auxiliar nas investigações de um crime hediondo, não faz sentido que, findo esse prazo, seja decretada a prisão preventiva. Portanto, se a autoridade policial não conseguir concluir as investigações no prazo máximo previsto para a prisão temporária, o indivíduo deve ser posto em liberdade, sem prejuízo da continuidade da apuração do fato delituoso. No entanto, uma vez expirado o prazo da prisão temporária, e oferecida a denúncia ou queixa, nada impede que o magistrado, ao receber a peça acusatória, converta a prisão temporária em preventiva, medida esta que deverá perdurar durante o processo enquanto subsistir sua necessidade. Isso não significa dizer que a Lei da prisão temporária (Lei 7.960/89), tenha afastado a possibilidade de decretação da prisão preventiva na fase investigatória. Na verdade, subsiste a possibilidade de preventiva na fase pré-processual em relação aos delitos que não autorizam a decretação da prisão temporária, desde que preenchidos os pressupostos do art, 313 do CPP e verificada sua imperiosa necessidade. Uma última questão merece ser analisada acerca da prisão preventiva decretada no curso das investigações: a obrigatoriedade do oferecimento da peça acusatória. Parte majoritária da doutrina entende que, havendo elementos para a segregação cautelar do agente (prova da materialidade e indícios de autoria), também há elementos para o oferecimento da peça acusatória, sendo inviável, por conseguinte, a devolução do inquérito policial à autoridade policial para realização de diligências complementares. Assim, além do cabimento da prisão preventiva durante o curso de um inquérito policial, também o será diante de outros procedimentos investigatórios, tais como comissões parlamentares de inquérito, inquéritos civis ou procedimentos investigatórios criminais presididos pelo órgão do Ministério Público. 3-Decretação da prisão preventiva durante o curso do processo criminal Consoante a nova redação do art. 311 do CPP, discorre que: “Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a PRISÃO PREVENTIVA decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial” (Lei n. 13.964/19). 3.1- A não decretação da prisão preventiva pelo juiz de ofício A modificação visualizada pela nova Lei 13.964/19, nada mais é que a retirada da possiblidade do juiz decretar a prisão preventiva na fase processual, em consonância com as demais alterações, salvo o & 5., do artigo 282 do CPP. Trata-se de medida positiva para resguardar o sistema acusatório e, assim, a imparcialidade do juiz. “O juiz poderá, de ofício, ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.” (& 5º., art.282, CPP). 3.2 – Iniciativa para a decretação da prisão preventiva Caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. IMPORTANTE! Com o advento da Lei n. 13.964/19, além de introduzir o juiz das garantias, veio sacramentar o sistema processual adotado no processo penal. A lei foi clara ao trazer a estrutura acusatória (artigo 3-A , CPP), vedada a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão da acusação. Agora há uma nítida separação entre o julgador e a acusação, não podendo o julgador fazer as funções da parte. O papel do julgador será de expectador e mão de julgador. Esta caberá às partes. O artigo 3-B, é a inclusão dada pela lei anticrime que traz a figura do juiz das garantias. Essa inclusão é fundamental para se alcançar um julgador imparcial. Esse terá a função de controlar a legalidade da investigação criminal e salvaguardar os direitos individuais que demandam autorização do poder judiciário, como medida cautelar, pessoais ou reais, busca e apreensão, entre demais medidas. Nada mais que a atuação normal de um juiz na fase de investigação. Tudo relacionado ao inquérito, flagrante e demais atos da fase de investigação ficará o juiz das garantias, resguardando assim uma possível contaminação do julgador do processo, que não terá praticado nenhum ato da fase investigativa. Teremos, portanto, na persecução penal, dois juízes, um para a fase da investigação e outro para instruir e prolatar a sentença. 4 – PRESSUPOSTOS – (fumus comissi delicti e o periculum libertatis) Como toda e qualquer medida cautelar, a prisão preventiva também está condicionada à presença concomitante do fumus comissi delicti, (prova da existência do crime e indício suficiente de autoria- art. 312, parte final, CPP), e do periculum libertatis. 5–REQUISITOS OU FUNDAMENTOS PARA A SUA DECRETAÇÃO: periculum libertatis Como se vê, os quatro requisitos para a decretação da prisão preventiva permaneceram inalteradas: (1) garantia da ordem pública, (2) da ordem econômica, (3) por conveniência da instrução criminal, (4) para assegurar a aplicação da lei penal. Entretanto, para a decretação da prisão preventiva o Pacote Anticrime, além da (1) prova da existência do crime e do (2) indício suficiente de autoria, traz mais um requisito obrigatório, qual seja: (3) perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. Antes do advento da Lei nº 13.964/2019, havendo prova da existência do crime e indício suficiente de autoria, todas as hipóteses de decretação da prisão preventiva – (1) garantia da ordem pública, (2) da ordem econômica, (3) conveniência da instruçãocriminal ou (4) se assegurar a aplicação da lei penal – eram objetivamente tidas como caraterizadores de um estado automático e presumido de perigo, de risco, para o processo, para o Estado ou para a sociedade. & 1., A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art.282, & 4.CPP). (PRISÃO PREVENTIVA SUBSTITUTIVA) & 2., A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada (& 2., art., 312, CPP). 5.1 – Da fundamentação A partir da nova lei do Pacote Anticrime, a decretação da prisão preventiva passará a exigir uma fundamentação muito maior e complexa. A demonstração do requisito da prova do perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado retira por completo o caráter de estado automático e presumido de perigo ou de risco para o processo gerado apenas pela presença das tradicionais quatro hipóteses da decretação da prisão preventiva. A definição de “perigo” não é plasma, nem fluida. Perigo é perigo! Ponto final. Não se pode confundir a nova lei do Pacote Anticrime com Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa! Perigo consiste numa situação em que está ameaçada a existência de uma pessoa ou de uma coisa. Dessa forma, para a decretação da prisão preventiva, necessário se faz a presença de três requisitos ou fundamentos: Fumaça do cometimento do crime (a materialidade e indício suficiente de autoria) + Perigo na liberdade do agente (um dos fundamentos trazidos no artigo 312 do CPP) + Cabimento (hipóteses descritas no artigo 313 do CPP). 6- HIPÓTESES OU CABIMENTO PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA Art. 313, CPP – “Nos termos do artigo 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:” I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 anos; II – se estiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Código Penal; III – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; § 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (PRISÃO PREVENTIVA IDENTIFICADORA) § 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 6.1 – COMENTÁRIOS Presentes os pressupostos do art. 312 do CPP, a prisão preventiva poderá ser decretada em relação aos crimes listados no art. 313 do CPP Na hipótese de inadmissibilidade da decretação de prisão preventiva, porquanto não preenchidos os requisitos do art. 313, incisos I,II e III, CPP, nada impede a decretação de medida cautelar diversa da prisão pela autoridade judiciária, desde que à infração penal seja cominada pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou alternativamente (CPP, art. 283, & 1.,). I – Crimes dolosos punidos com pena máxima superior a 4 (quatro) anos Nos termos do art. 312 do CPP, será admitida a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos (CPP, art. 313), Logo, independentemente da natureza da pena, reclusão ou detenção, será cabível a decretação da prisão preventiva quando a pena máxima cominada ao delito for superior a 4 anos. Perceba-se que o critério fixado pelo legislador no art.313, inciso I, do CPP, leva em consideração a pena máxima prevista para o crime doloso, que deve ser superior a 4 anos. Tendo em conta que, pelo menos em regra, o cabimento da prisão preventiva será determinada a partir do quantum de pena máxima cominada ao delito, há de se dispensar especial atenção às hipóteses de concursos de crimes, qualificadoras, causas de aumento e de diminuição de pena, agravantes e atenuantes. II – se estiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Código Penal; Nota-se que, independentemente de o crime ser punido com reclusão ou detenção, a prisão preventiva poderá ser decretada se o acusado for reincidente em crime doloso, salvo se entre a data do cumprimento o extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos, computado o período de prova da suspensão o do livramento condicional, se não ocorrer revogação , de acordo com o art. 64, inciso I do Código Penal. Portanto, como se pode notar, não basta que o acusado seja reincidente. Na verdade, o legislador exige que esta reincidência seja específica em crime doloso, hipótese em que sua prisão preventiva poderá ser decretada independentemente da quantidade de pena cominada ao delito. III – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. À primeira vista, pode-se pensar que, nessa hipótese, a prisão preventiva seria cabível tanto em relação a crimes dolosos quanto em face de crimes culposos, já que o inciso III do artigo 313, diversamente dos dois incisos anteriores, não estabelece qualquer distinção, referindo-se apenas à prática de crime. Não obstante, se o inciso III do artigo 313 pressupõe a prática de crime envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência, é evidente que referido crime só pode ter sido praticado dolosamente. Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. § 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. § 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis. 6.3 – Art. 314 do CPP – A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes nos autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II,III do caput do art. 23 do Código Penal. 6.4 – Art. 315, caput, CPP - A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada e fundamentada. O artigo 315 do Código de Processo Penal (incisos de I a VI), até com certa redundância, também foi substancialmente acrescido de instruções sobre o que é necessário para fundamentar decisões cautelares (entre elas especialmente a prisão preventiva), estabelecendo um padrão para que decretos prisionais, doravante, não sejam calcados em motivação genérica (como não era raro encontrar), apesar de a disciplina anterior já o exigir. 6.5 - Na sequência, o artigo 316 do Código de Processo Penal foi aumentado de § único com crucial importância: a decisão pela prisão preventiva deverá ser revisada a cada 90 dias e demonstrada a sua necessidade por decisão fundamentada, sob pena de se tornar ilegal. Cabe lembrar que durante longo período, havia prazo de oitenta e um dias para a manutençãoda segregação cautelar, lapso temporal que, uma vez superado, levava à revogação automática da prisão preventiva. Essa limitação (81 dias) deixou de existir e a prisão provisória no curso do procedimento criminal passou a ser indefinida, protraindo-se no tempo, muitas vezes servindo de punição antecipada, antes da formação da culpa. Era tempo de se criar anteparo a essa gravíssima distorção, de que se serviram algumas autoridades – não há como negar – para obter colaborações premiadas a granel. A execução compulsória da pena antes do trânsito em julgado e a partir de julgamento em primeiro grau de jurisdição reaparece, agora na lei, para condenações pelo Tribunal do Júri a pena igual ou superior a 15 anos (art. 492, I, “e” do CPP), o que haverá de passar em breve pelo escrutínio do Supremo Tribunal Federal, que vai decidir sobre a constitucionalidade dessa hipótese de prisão antecipada, cuja manutenção deverá ser rejeitada por ser antagônica aos princípios que regem o nosso processo penal, como a presunção de inocência, o direito ao duplo grau de jurisdição e ao efeito suspensivo do recurso de apelação. OBS: Art. 316, caput, CPP – O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. OBS: Art. 3º.C do CPP –As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas em curso, no prazo máximo de 10 dias. DA PRISÃO DOMICILIAR 1-Conceito: A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial (CPP, art.,317). 2-Da substituição da prisão preventiva pela domiciliar (CPP, art., 318) O juiz poderá substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I – maior de 80 anos; II – extremamente debilitado por motivo de doença grave; III – imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 anos de idade ou com deficiência; IV – gestante; V – mulher com filho de até 12 anos de idade incompletos; VI – homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 anos de idade incompletos. 2.1 – A Lei de Execução Penal, ao tratar da prisão domiciliar, está se referindo à possibilidade da pessoa já condenada cumprir a sua pena privativa de liberdade na própria residência, nos seguintes casos: I – condenado maior de 70 anos; II – condenado acometido de doença grave; III- condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; IV – condenada gestante. DAS MEDIDAS CAUTELARES 1 - Art.282, CPP - As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a: I – necessidade para a aplicação da lei penal, para a investigação ou instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; II – adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado; Nos termos do artigo 282, I e II, do CPP, deverá ser observado o princípio da proporcionalidade para a decretação da prisão preventiva, sopesado por meio de dois requisitos: necessidade e adequação. Necessidade: Qualquer providência de natureza cautelar precisa estar sempre fundada no periculum libertatis. Não pode ser imposta exclusivamente com base na gravidade da acusação. Maior gravidade não significa a menor exigência de provas. Sem a demonstração de sua necessidade para garantia do processo, a prisão será ilegal. Adequação: A medida deve a mais idônea a produzir seus efeitos garantidores do processo. Se a mesma eficácia puder ser alcançada com menor gravame, o recolhimento à prisão será abusivo. 2 – Necessidade e adequação para as medidas cautelares alternativas. 2.1 - A necessidade da providência alternativa se apresenta nas seguintes hipóteses: a) – para aplicação da lei penal : são situações em que há o risco de o indiciado ou acusado evadir-se do distrito da culpa, inviabilizando a futura execução da pena. b) – para garantir a investigação ou instrução criminal: a lei, ao contrário do art. 312 do CPP, corretamente substitui ao termo “conveniência da instrução criminal” por “necessidade”. A medida aqui objetiva impedir que o agente perturbe ou impeça a produção de provas, ameaça a testemunhas, apagando vestígios do crime. Sem ela, não se chegará à verdade real, sendo evidente o periculum libertatis. c) – para evitar a prática de infrações penais. 2.2 – A adequação A adequação se revela pela busca da medida mais idônea ao caso concreto, com menor gravame possível ao indiciado ou acusado. 3 – Da decretação das medidas cautelares: As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público (CPP, art.282, &.2.). 4 – As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente (CPP, art. 282, & 1.). 5 – Da audiência contraditória Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional (CPP, art.282, & 3.) 6 – PRISÃO PREVENTIVA SUBSTITUTIVA OU CONVERTIDA No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 do CPP. 7 – Da atuação de ofício pelo juiz, (CPP, art.282, & 5.), já comentado anteriormente. 8 – Da prisão preventiva como última ratio. A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 do CPP, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada (CPP, art.282, & 6.). 9 – As medidas cautelares diversas da prisão estão previstas no artigo 319 do CPP.