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Primeiramente, é importante entender que, por ser perto do desfecho da produção, os alunos já se encontram na fase final do movimento “A Onda”, ou seja, eles se encontram cegos aos ideais e incrédulos de qualquer outro viés. Outro ponto fundamental para o desenvolvimento da explicação da cena, é a imagem da figura central e também ditador do movimento, o professor responsável por fundar esse movimento como argumento de uma de suas aulas. Na cena em questão, os alunos estão em um auditório ouvindo as palavras de um mestre ditatorial, o professor, que se diz cansado da política vigente e convence os alunos a se rebelarem a qualquer outro tipo de pensamento. Neste momento, um dos alunos, Dennis, o interrompe e diz que tudo aquilo era um absurdo, um devaneio sem sentido algum. Os alunos, numa espécie de hipnose em relação as palavras de Wenger, decidem ovacionar Dennis e transmitem a impressão de que sua namorada, uma estudante que havia se revoltado com o movimento “A Onda” o tinha influenciado. Cansado da postura e resistência em relação aos ideais do grupo, o professor Wenger decide pedir aos influenciados para trazer Dennis ao palco e assim que este é levado, todos se indagam sobre o que deveria ser feito em relação a sua oposição. O professor diz que os encarregados de levarem o último ao palco que deveriam achar uma solução que pudesse envolver matar ou enforcar. Nesse momento, devido toda a trajetória do movimento, a grande maioria não se choca até que o próprio responsável, Rainer, decide parar o movimento e explicar tudo que estava acontecendo e como isso provava o argumento de que nenhuma sociedade é especial e que todos temos predisposição de formar algo fascista, totalitário e ditatorial. Grande parte dos alunos, como reação, disseram que também havia coisas interessantes e boas no movimento e argumentaram que as coisas negativas poderiam ser arrumadas e corrigidas. A cena se encerra por completo uma vez que todos se dão conta que precisam refletir sobre o motivo do movimento ter acabado. Segundo o pensamento Marxista, o homem é capaz de modificar o ambiente e ao mesmo tempo, ser modificado por este. Dessa forma, é perceptível que o pensamento marxista, norteador e base para o pensamento da psicologia sócio-histórica, se faz presente no contexto da produção que também é baseada em fatos reais. De acordo com o mesmo autor, as sociedades capitalistas se sustentam a partir das infraestruturas e superestruturas. A infraestrutura diz respeito a todas as produções de trabalho, “trata-se das forças de produção, compostas pelo conjunto formado pela matéria-prima, pelos meios de produção e pelos próprios trabalhadores (onde se dá às relações de produção: empregados-empregados, patrões-empregados).” (BODART, 2019). Já a superestrutura pode ser definida como: fruto de estratégias dos grupos dominantes para a consolidação e perpetuação de seu domínio. Trata-se da estrutura jurídico-política e a estrutura ideológica (Estado, Religião, Artes, meios de comunicação, etc.).” ( BODART,2019). Marx também faz uma análise da relação entre estas estruturas e suas ligações com a ideologia https://cafecomsociologia.com/alienacao-em-marx/ https://cafecomsociologia.com/alienacao-em-marx/ “As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios de produção material dispõe também dos meios de produção espiritual, de modo que a ela estão submetidos aproximadamente ao mesmo tempo os pensamentos daqueles aos quais faltam os meios de produção espiritual. As idéias dominantes nada mais são que a expressão ideal das relações materiais dominantes, são as relações materiais dominantes apreendidas como idéias; portanto, são a expressão das relações que fazem de uma classe a classe dominante, são as ideias de sua dominação” (MARX, 1993, p. 72). Em outras palavras, o autor diz que as instituições ou, em termos mais técnicos, a superestrutura, é capaz de modificar o homem e solidificar uma crença que julgamos muitas vezes como inata e dessa forma, agimos devido essas ideias incorporadas pelo ambiente. Paralelamente, essa visão se vê no filme, quando os alunos, já influenciados, não conseguem aceitar o fim do movimento. Outro ponto fundamental é a visão do homem na psicologia sócio-histórica, que diz que as relações sociais são responsáveis pelo desenvolvimento humano, já que o ser é um ser que vive na historicidade. Na cena em questão, os indivíduos possuem uma sensação de afiliação e acreditam no movimento por que outras pessoas também acreditam, mantendo uma espécie de ordem social. Por fim, também é de extrema importância salientar que o pensamento de Marx é indissociável e baseado na obra de Hegel, que além de propor o movimento dialético, fala sobre as fases de tese, antítese e síntese. Dito isto, não podemos separar qualquer fato histórico de sua realidade histórica, assim como ignorar as mudanças do tempo sobre a sociedade. O experimento de Wenger nesse filme faz possível que os alunos entendam sobre essa realidade dinâmica, mas por causa da ideologia, se apegam e se diluem em um efeito contrário. Bibliografias MARX, Karl. A ideologia alemã. 9ª ed. São Paulo: Hucitec, 1993. BODART, Cristiano das Neves. Infraestrutura e superestrutura em Marx. Blog Café com Sociologia. com. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/infraestrutura-e-superestrutura-em-marx/ Acesso em: 20/11/2019
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