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Mariana Alves – 5º período Farmacologia Clínica Anestesicos Locais Definição: fármacos que inibem de forma reversível os processos de excitação e condução do impulso nervoso ao longo das fibras nervosas, sem produzir inconsciência. Podem ser injetáveis ou de uso tópico. Injetável – atua na área onde estão as fibras nervosas que desejamos anestesiar. Tem efeito rápido, quase imediato. Tópico – possui efeito mais lento. Por ser de uso tópico sua absorção é melhor mucosas, pois desta forma penetra mais rápido no tecido. *Dependendo da dose os anestésicos podem provocar paralisia motora Curiosidade: a cocaína foi o primeiro anestésico local a ser utilizado!!! Mecanismo de ação Os neurônios são células nervosas que são excitáveis, ou seja, através de um estímulo elas transportam o impulso nervoso. Em repouso eles possuem carga negativa no meio intracelular e carga positiva no meio extracelular (potencial de repouso). Quando ocorre a despolarização o neurônio se torna excitável, seu meio intracelular passa a ser positivo e o extracelular negativo. Essa mudança de cargas ocorre por abertura dos canais de sódio onde cargas positivas entram e negativas saem, acontecendo a despolarização na membrana. O impulso da despolarização é propagado pelo axônio até chegar na fenda sináptica, se propagando desta forma para outro neurônio. Depois dos canais de sódio se abrirem eles logo se fecham (queda na permeabilidade) e os canais de potássio abrem (aumento na condutância) e demoram a fechar. Isso ocorre até os neurônios voltarem ao seu potencial de repouso. Desta forma podemos explicar como ocorre a propagação da dor. Mecanismo de ação do anestésico local: O anestésico local faz o bloqueio dos canais de sódio, então se os canais estão bloqueados não há despolarização e nem a condução do impulso nervoso. Os anestésicos locais podem agir por duas vias: Via hidrofóbica – atravessa a membrana plasmática, atravessa a bainha de mielina e bloqueia canais de sódio, independente se ele está fechado ou aberto. Via hidrofílica – passagem pelo canal iônico, se o canal estiver fechado o anestésico local não tem acesso Mariana Alves – 5º período Farmacologia Clínica Fatores que interferem na ação do A.L. Tamanho molecular – moléculas menores desprendem mais fácil dos receptores (tempo de ação mais curto) Solubilidade lipídica – atravessam a bainha de mielina Tipo de fibra bloqueada – fibras finas e de condução lenta (efeito mais rápido) - fibras grossas e de condução rápida (efeito mais lento) pH do meio – anestésicos locais são bases fracas, se utilizado no meio ácido tem uma demora da ação Concentração do anestésico – mais concentrado ação maior, menos concentrado ação menor Associação com vasoconstrictores – prolongamento do efeito anestésico (em extremidades é contraindicado porque diminui a vascularização da região e pode causar necrose) Classificação das fibras nervosas As fibras nervosas podem ser classificadas em A, B e C. Os AL agem primeiramente nas fibras mais finas e depois nas mais calibrosas. Além disso primeiro inibem a dor pra depois inibir o tato. Ação sobre as fibras nervosas A ação vai depender do tamanho e da mielinização Fibras menores – aferentes da dor são bloqueadas primeiro Fibras maiores – tato e função motora são bloqueadas depois Mielinizadas são mais sensíveis Ação sobre outras membranas excitáveis Junções neuroefetoras são sensíveis a ação dos AL mas não tem significado importante. Já as ações sobre as fibras cardíacas têm importância (lidocaína possui ação antiarrítmica). Sequência de bloqueio - dor, frio, calor, tato e compressão profunda e função motora Molécula do anestésico local - Esteres Cocaína, procaína, tetracaína e benzocaina - Amidas Lidocaína, prilocaina, ropivacaina, bupivacaina e mepivacaina Porção hidrofílica e porção lipofílica ligada por uma cadeira intermediaria (ester ou amida). Os esteres – fármacos facilmente hidrolisados (curta duração e metabolitos excretados na urina) As amidas – mais estáveis e aumentam a atividade anestésica. Mais resistentes a hidrolise Mariana Alves – 5º período Farmacologia Clínica (metabolizado por enzimas microssomais no fígado) A mudança na composição da cadeia vai mudar a velocidade e ação do anestésico local Relação estrutura-atividade Potencia – quanto mais lipossolúvel mais potente (capacidade de realizar efeito) Tempo de Latência – tempo para início da ação. Depende da proporção base não ionizada/ionizada. Quanto maior a quantidade de base não ionizada mais rápido início de ação Duração de ação – quanto maior a proporção de AL ligados a proteína maior o tempo de duração dessa ação. Forma molecular Forma protonada Se no meio acido ex.: pH 7,2 – infecção forma molecular vira forma protonada, fazendo o tempo de latência ficar maior. Como os AL são bases fracas a diminuição do pH ira interferir na sua ação. Se no meio alcalino ex.: pH 7,8 – adição de bicarbonato forma protonada se transforma em forma molecular, diminuindo o tempo de latência. Curta duração – procaína Ação média – lidocaína e prilocaina Longa duração – tetracaina, bupivacaina e etidocaina Na pratica podem ser associados um de inicio rápido com um de longa duração para manter o efeito prolongado. Associação com vasopressores (epinefrina) - diminui absorção sistêmica - diminui toxicidade e aumenta a duração de ação (contra indicado em extremidades) Efeitos adversos dos anestésicos locais Ações cardiovasculares: redução da frequência cardíaca, colapso cardíaco Ações centrais – ansiedade com tremores, euforia, agitação, convulsões, depressão respiratória (em altas doses) Outras – reações alérgicas Quanto menor a concentração, menor o efeito adverso (gosto metálico, zumbido, convulsão, inconsciência, coma...) Anestesia peridural e subaracnoide (raqui) Indicadas para cirurgias nas pernas, abdômen inferior e cesarianas Paciente fica consciente, o anestésico deprime as funções da cintura pra baixo, mas não é uma anestesia geral. Peridural x raquianestesia Raquianestesia – anestésico é aplicado no liquido que envolve a espinha Mariana Alves – 5º período Farmacologia Clínica Peridural – agulha não atinge o espaço onde o líquido se encontra Efeitos colaterais: cefaleia, emese, retenção urinaria causada por bloqueio muscular Bupivacaina Tem cardiotoxicidade grande Utilizada em infusões epidurais usadas para controle da dor pós-operatória e analgesia no trabalho de parto. Não é apropriada para cirurgia ambulatorial porque exige que o paciente permaneça por muito tempo para recuperação (ela tem longa duração de ação) Lidocaina Em alguns pacientes pode causar uma síndrome de dor ou disestesia transitória. Excelente anestésico de duração intermediaria e continua sendo padrão de referência para a comparação da maioria dos anestésicos Mepivacaina Produz vasoconstrição, causando duração mais longa. Ideal pra bloqueio periférico grande Improprio para anestesia epidural na parturiente porque é lentamente metabolizado pelo feto Ropivacaina Utilizada em bloqueio periférico de grande volume. Anestésico de escolha pra controle da dor no trabalho do parto e pós operatória. EMLA Combinação de dois anestésicos (lidocaína e prilocaina) Muito utilizado em pediatria para anestesiar a pele antes de uma punção venosa para colocação de cateter intravenoso
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