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PDT Acidente vascular encefálico Definição - Acidente Vascular Encefálico (AVE ou derrame cerebral) é uma emergência médica em que parte do encéfalo é privado de oxigênio - Caracteriza-se por instalação súbita de um déficit neurológico provocado por isquemia vascular cerebral (87%) ou hemorragia (13%) - Insuficiência vascular de origem arterial -> espasmo, isquemia, hemorragia ou trombose Epidemiologia - Maioria em idosos, com aumento da incidência com o decorrer da idade - Mais prevalentes na raça negra e sexo masculino - Representa a 3ª causa de morte e 1ª causa de invalidez no mundo - Atinge cerca de 16 milhões de pessoas no mundo por ano e quase 40% morrem - Custos de cerca de 50 bilhões de dólares por ano -> custos diretos (hospital, casa de repouso, médicos, medicação, atendimento domiciliar, terapia e assistência) e custos indiretos (perda de produtividade) Fatores de risco Modificáveis - Hipertensão arterial (risco de até 6 vezes maior para AVCi) - Diabetes mellitus (aterosclerose das artérias coronárias, cerebrais e periféricas) - Dislipidemia (importante fator de risco relacionado a cardiopatia isquêmica) - Doença cardiovascular prévia (fibrilação atrial e estenose carotídea assintomática) - Obesidade (síndrome metabólica) - Tabagismo, etilismo, sedentarismo e uso de contraceptivos orais Não modificáveis - Idade avançada (a incidência dobra a cada 10 anos após os 55 anos) - Sexo masculino - Etnia negra - História familiar Revisão Anatomia cerebrovascular - O encéfalo requer 1/6 do débito cardíaco e 1/5 do suprimento de oxigênio - O cérebro utiliza 10% da glicose do sangue - Quatro principais artérias fazem o suprimento do cérebro: 2 carótidas internas e 2 vertebrais PDT Edema - É o aumento patológico do conteúdo de água no tecido cerebral - Pode ser: citotóxico (intracelular) ou intersticial/vasogênico (piora depois do AVE) - Fisiopatologia: aumento do volume -> herniação dos hemisférios cerebrais e do cerebelo -> isquemia global - No caso de AVE a PIC alcança seu nível máximo 3 dias após Isquemia - Ocorre pelo bloqueio do fluxo sanguíneo - Quando tem duração maior do que 2h resulta em infarto cerebral - Possíveis complicações: infarto cerebral, necrose isquêmica, autólise cerebral e desmielinização da substância branca * No Acidente Transitório Isquêmico (ATI) os déficits neurológicos por isquemia persistem por menos de 24h Tipos de AVE 1- Acidente vascular encefálico isquêmico - É um infarto do tecido do sistema nervoso central que pode ser sintomático ou silencioso - Se manifesta pela súbita instalação de um déficit neurológico focal persistente como consequência a uma isquemia seguida de infarto no parênquima encefálico, que pode ocorrer no cérebro, cerebelo, diencéfalo ou tronco cerebral Fisiopatologia - O fluxo sanguíneo é interrompido devido a oclusão parcial ou total de um vaso (artéria de médio ou pequeno calibre) por um trombo (coágulo de sangue local) ou êmbolo que priva o tecido cerebral de oxigênio (ou seja, o fluxo sanguíneo cerebral fica insuficiente) - Na maioria das vezes, esta oclusão é do tipo embólica (trombo proveniente de local distante que caminha pela circulação arterial até impactar na artéria), mas também pode ser trombótica (o trombo é formado na própria artéria envolvida no AVEi) Causas - Arritmias (ex: fibrilação atrial -> responsável por 15% do AVCIs) - Anormalidades de válvulas e câmaras PDT - Cardiopatia valvar (ex: estenose mitral, endocardite infecciosa, cardiopatia reumática) - Embolia paradoxal (defeitos cardíacos -> êmbolos de origem venosa -> passam para o sangue arterial) - IAM (miocárdio discinético -> propensão a formação de trombos -> embolização cerebral) - Miocardiopatias (discinesia -> trombos murais -> embolização) - Aterosclerose (trombose mural -> ulceração ou ruptura de placa) Classificação A) AVE isquêmico tromboembólico - Representa 65% dos AVEs - As manifestações clínicas dependem da taxa de oclusão (oclusões embólicas tem mais chance de serem sintomáticas) Fisiopatologia • Trombo . Se forma localmente em uma placa aterosclerótica ou em um coágulo embólico • Êmbolo . É um pedaço de um trombo maior que se separa de um trombo mural no coração (originário de arritmia e de anormalidades cardíacas estruturais) ou de uma artéria mais proximal e se aloja distalmente num ponto onde o diâmetro do vaso tenha um tamanho menor . Locais mais comuns de oclusão por êmbolo: base da aorta e bifurcação da carótica comum Tipos • Cardioembólico . A fonte emboligênica é o coração . Principais causas: fibrilação atrial (trombo no átrio esquerdo), IAM de parede anterior (trombo no VE) e cardiomiopatias dilatadas (trombo em VE e/ou AE) • Arterioembólico . A fonte emboligênica é uma placa aterosclerótica instável na carótida comum, na bifurcação carotídea ou na artéria vértebral . Principal causa: HAS • Criptogênico . Apresentação clínica idêntica ao AVE embólico porém possui doppler de carótidas/vertebrais normais e portanto não pode ser classificado como cardioembólico ou arterioembólico B) AVE isquêmico de pequenos vasos/lacunas - É o infarto inferior a 2cm - Decorre da oclusão de pequenas artérias perfurantes cerebrais que nutrem o tálamo, a cápsula interna e os gânglios da base ou dos ramos arteriais que irrigam o tronco cerebral PDT - A lesão desenvolvida nessas artérias chama- se lipo-hialinóse e pode precipitar uma trombose in situ Evolução 1- Ocorrido infarto neuronal, instala-se o edema citotóxico (aumento do volume dos neurônios), acompanhado de edema vasogênico (acúmulo de líquido no interstício) 2- O pico de edema ocorre entre 3-4 dias, nos primeiros dois dias há migração de neutrófilos para o local seguida pela migração de monócitos e células gliais fagocitárias 3- Após 10 dias do edema resolvido, a transição entre a zona infartada e o tecido normal torna-se nítida Manifestações clínicas - Os sinais e sintomas de AVCi dependem do território vascular comprometido no cérebro, no entanto o AVCi pode ser sintomático ou silencioso . Um AVEi sintomático se manifesta com sinais clínicos de disfunção cerebral, raquimedular ou retiniana focal ou global causada por infarto do sistema nervoso central . Um AVEi silencioso consiste em infarto documentado do sistema nervoso central que não provocou manifestações clínicas - A causa mais frequente de manifestações clínicas isquêmicas é a oclusão da artéria cerebral média, que provoca “cortes” no campo visual, hemiparesia contralateral e déficits sensoriais . A oclusão da artéria cerebral média esquerda provoca: afasia . A oclusão da artéria cerebral média direita provoca: negligência ou desatenção com o dimídio oposto do corpo Sinais e sintomas - Fraqueza súbita - Confusão súbita - Dificuldade para falar ou compreender - Dificuldade súbita para enxergar com um ou dois olhos - Dificuldade súbita para caminhar - Tontura ou perda do equilíbrio ou da coordenação - Dor de cabeça intensa e súbita sem causa conhecida Diagnóstico - Todo paciente com déficit neurológico focal de início súbito, com duração maior que 15-20 minutos, deve ser encarado com AVE (isquêmico ou hemorrágico) - A TC de crânio nas primeiras 12-24 horas geralmente não mostra o AVEi pois o infarto só apresenta expressão radiológica após 24 a 72 horas PDT - A TC inicial serve para afastar o AVEH, pois a hemorragia aparece de imediato, como uma área hiperdensa (branca) - A RNM tem maior acurácia para diagnóstico de AVEi e é capaz de diagnósticar AVE de tronco encefálico (o qual é impossível de ser visualizado em TC) - O diagnóstico etiológico é feito através de: eletrocardiograma, ecocardiograma, doppler de carótida e/ou doppler transcraniano (capaz de mostrar artérias intracranianas obstruídas) * AIT geralmente se resolve em 2 horas (não persiste por mais de 24 horas) * Hemorragias intracerebraisapresentam progressão rápida dos déficits e cefaléia 2- Acidente vascular encefálico hemorrágico - Decorre da ruptura espontânea (não traumática) de um vaso com sangramento para o interior do cérebro (hemorragia intraparenquimatosa), para o sistema ventricular (hemorragia ventricular) e/ou para o espaço subaracnóideo - Representa 15% dos AVEs - Apresenta alta taxa de mortalidade (dependente da localização e do subtipo) - O foco é na prevenção, não tem tratamento eficaz Fisiopatologia - O sangramento ocorre dentro ou ao redor do cérebro - O sangramento pode ocorrer por aneurisma ou outras má formações no espaço subaracnoideo (ex: indução de meningite química e vasoespasmo) - Quando o sangue extravassa para o parênquima ocorre aumento do volume do cérebro -> edema -> aumento da PIC Classificação A) AVC hemorrágico difuso - Ocorre no espaço intraventricular e subaracnóideo - Decorre de ruptura de vasos na superfície ou nas proximidades do cérebro ou dos ventrículos - O sangramento geralmente vai para o LCR B) AVC hemorrágico focal - É intraparenquimatoso - Decorre da ruptura de artérias para o interior da substância cerebral Causas • Hemorragia subaracnoidea . Decorre de aneurismas, má formações ou traumas . Manifestações clínicas: cefaléia (pode causar rigidez de nuca), PA elevada, aumento da temperatura corporal, alteração do estado mental, coma, irritação meníngea, fotofobia, hemorragias retinianas (vermelho vivo), náuseas e vômitos . Diagnóstico: testes laboratoriais (hemograma completo + plaquetas), TC (localização do hematoma, volume, hidrocefalia, desvio da linha média e herniação cerebral), tempo de coagulação e análise de eritrócitos PDT • Hemorragia intracerebral primária . Ocorre como consequência de hipertensão crônica mal controlada, MAV, angiopatia amilóide, diastese hemorrágica ou abuso de drogas . Podem destruir o tecido cerebral local . Fisiopatologia: grande áreas confluente de sangue que coagula -> lentamente, o sangue é removido por fagocitose -> meses depois, surge uma pequena cavidade colabada revestida por macrófagos com hemossiderina . Causas: hipertensão, angiopatia amilóide, MAV, anormalidade hematológicas, anormalidade da coagulação, abuso de drogas . Manifestações clínicas: dependem da localização da lesão mais no geral são as mesmas de AVE isquêmico, com importante perda neurológica (há deterioração do nível de consciência em 1/4 dos pacientes) . Fatores de risco: HAS, idade maior que 55 anos, tabagismo, falta de adesão a anti- hipertensivos, etilismo, baixa concentração de colesterol (<60 mg/dl) e hemorragia intracraniana . Diagnóstico: TC, RNM e angiografia cerebral * Resolução: hematomas que se expandem com o tempo quando atingem certo tamanho aumentam a pressão tecidual e ocorre tamponamento, o qual cessa o sangramento * Grandes hemorragias ocorrem por ruptura para dentro dos ventrículos e sangramento no espaço subaracnoideo Métodos de diagnóstico TC - Uma TC de emergência deve ser feita 24h após o início da hemorragia (sensibilidade de 90%), após 48h a sensibilidade do exame declina - Em caso de ruptura de aneurisma sacular há atenuação do sinal nas cisternas basais, na fissura lateral cerebral ou na fissura intrahemisférica - Em caso de ruptura de MAV ou aneurisma micótico há sangue sobre as convexidades ou no interior do parênquima superficial do cérebro - A hemorragia na sua fase aguda aparece na TC como áreas de maior densidade (as quais são representadas por áreas mais claras) PDT TC sem contraste - Evidencia áreas homogênas de aumento de densidade e efeito de massa - Possíveis achados: . Infartos hemorrágicos: são evidentes como áreas de aumento de densidade entremadas com áreas de diminuição de densidade . Pequenas hemorragias: podem não ser detectadas nas primeiras horas (podem não ter importância clínica) . Hemorragias: são mais evidentes com o passar do tempo RM - É o melhor método para detectar pequenas lesões, principalmente na fossa posterior - Não confirma se é hemorragia ou hipoperfusão Angiografia cerebral - É usada para identificar suspeita de aneurisma ou MAV Manejo na emergência 1º Reconhecer o problema • Teste FAST - F = queda facial (face drooping): verificar se um lado da face sofreu queda ou está dormente? Peça a pessoa para sorrir. O sorriso da pessoa é irregular? - A = fraqueza do braço (arm weakness): verificar se um braço está fraco ou dormente. Peça à pessoa que levante ambos os braços. Um dos braços desloca-se para baixo? - S = distúrbios da fala (speech difficulty): verificar se a fala é ininteligível. A pessoa não consegue falar ou tem dificuldade de compreensão? Peça à pessoa que repita uma frase simples, como “O céu é azul”. As frases são repetidas corretamente? - T = ligar para a emergência (time to call 192): se alguém demonstrar qualquer um dos sintomas citados anteriormente, mesmo se os sintomas desaparecerem ligue para a emergência e leve a pessoa para o hospital imediatamente. Verifique a hora para saber quando os primeiros sintomas apareceram. • Escala pre-hospitalar de CINCINNATI - Teste da paralisia facial: peça ao paciente para mostrar os dentes ou sorrir . Normal = os dois lados do rosto se movem igualmente . Anormal = um dos lados do rosto não se move tão bem quanto o outro - Teste da queda do braço: peça ao paciente que feche os olhos e estenda ambos os braços retos, com as palmas para cima, por 10 segundos . Normal = os dois braços se movem ou nenhum dos braços consegue se mover (outros achados, como desvio pronador, podem ajudar) . Anormal = um dos braços se move ou um dos braços apresente desvio para baixo em comparação com o outro PDT - Teste da fala anormal: peça ao paciente que diga “não dá para perder os velhos hábito” . Normal = o paciente diz as palavras corretas, sem fala arrastada . Anormal = o paciente pronuncia as palavras de forma arrastadas, diz as palavras erradas ou é incapaz de falar * Se qualquer um desses 3 sinais estiver anormal, a probabilidade de AVC é de 72% * A presença de todos os 3 achados indica probabilidade de AVC superior a 85% • Escala de NIH - Avalia: . Nível de Consciência . Melhor Olhar Conjugado . Campos visuais . Paresia Facial . Membros superiores e inferiores . Ataxia de membros . Sensibilidade . Melhor linguagem . Disartria . Extinção e Desatenção • Outros sintomas importantes - Ocorrência súbita de dormência ou fraqueza muscular na face, no braço ou na perna - Confusão súbita ou dificuldade de compreensão - Ocorrência súbita de dificuldade de enxergar (unilateral ou bilateral) - Ocorrência súbita de dificuldade para caminhar, tontura, perda do equilíbrio ou da coordenação - Ocorrência súbita de cefaleia intensa sem causa conhecida 2º Estabilização clínica • Avaliar o ACBD - A = vias aéreas . Verificar se há necessidade de sucção . Evitar bronco aspiração . Há necessidade de intubação? - B = respiração . Avaliar a saturação de oxigênio (se satO2 < 94% deve oferecer O2 em baixo fluxo) . Avaliar o ritmo e a FR (padrões alterados sugerem quadros mais graves) - C = circulação . Toleram-se níveis pressóricos elevados até 220X120 mmHg inicialmente - D = incapacidade e glicemia . Deve-se realizar exame neurológico direcionado e HGT 3º Exames de imagem - Tomografia de crânio - Ressonância magnética Resumindo
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