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DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 
Resumo: Os dois primeiros anos de vida 
Laura Pereira da Encarnação - 201557191 - 2020/2 
 
O crescimento físico 
Nos três primeiros anos de vida, a criança cresce rapidamente; aos dois, 
ela terá metade da altura que terá ao completar seu desenvolvimento físico, e, 
dos três aos onze, o crescimento é longo e lento, embora regular. Na 
adolescência, acontece o fenômeno conhecido como “estirão”, aonde há um 
aumento de 8 a 10 cm na altura, por ano. Para a maioria das pessoas, o 
crescimento se completa aos dezoito anos. 
O crescimento é variado entre os indivíduos. As crianças que crescem 
mais cedo, não necessariamente se tornarão mais altas do que as outras. 
Existem diferenças entre os sexos quanto ao padrão de crescimento, o “estirão” 
da adolescência é mais precoce para as mulheres, assim como seu processo 
de maturação. 
No crescimento físico, existem mudanças de certas partes do corpo que 
crescem em proporções diversas e atingem seus limites em diferentes 
momentos. Na adolescência, os pés e as mãos são os desenvolvidos mais 
rápido; o tronco apresenta um crescimento mais lento, fazendo com que a 
percepção dos braços e pernas sejam desproporcionais. 
Dentre os fatores que interferem no crescimento físico destacam-se 
hereditariedade, nutrição, saúde, equilíbrios hormonais e estados emocionais. 
Existe um processo de maturação que é o agente das mudanças. As mudanças 
na estatura são determinadas por fatores genéticos, porém, a altura que cada 
indivíduo terá quando adulto, é um fator herdado. O crescimento corporal é 
fortemente influenciado por fatores hereditários. 
Alguns fatores como má nutrição, doenças e estresse, quando severos 
e prolongados, podem ter impacto negativo sobre o crescimento físico. 
Crianças má nutridas tendem a ser mais baixas, pesar menos e possuir 
um ritmo de crescimento mais lento. Quando a má alimentação ocorre nos 
primeiros dois anos de vida, seus impactos são irreversíveis; caso contrário, a 
má alimentação se der após os dois anos, seus efeitos podem ser revertidos. 
Doenças, assim como a má nutrição, podem ser superadas caso não causem 
danos permanentes. 
Um ambiente de tensão e o estresse prolongado também interferem no 
crescimento, causando mudanças no ritmo e inibição potencial do 
desenvolvimento, pois há uma menor produção e liberação do hormônio de 
crescimento. Os desequilíbrios hormonais decorrem de problemas na hipófise 
ou tireoide, causando danos permanentes ao crescimento. 
O desenvolvimento cognitivo 
Em cada estágio de sua vida, os comportamentos mudam e a criança 
enfrenta novos desafios. Ao descobrir uma nova habilidade, a criança emprega-
a de forma exagerada até incomodar os adultos, como por exemplo, “Por quê?”. 
Com o decorrer do tempo, o “novo” perde o poder de fascinação e passa a ser 
apenas uma característica do comportamento geral. 
À medida em que desenvolve suas potencialidades, a criança apresenta 
novos interesses e suas formas iniciais de comportamento serão modificadas. 
Dessa forma, o desenvolvimento humano está sempre em processo de vir-a-
ser. Em qualquer etapa de sua vida, as mudanças que ocorrem na vida da 
pessoa produzem alterações no seu meio e passam a afetá-la. 
A tarefa principal da criança durante seus dois primeiros anos de idade 
é a descoberta do mundo físico e de si mesma como objeto nesse mundo. O 
processo de aprendizagem de si próprio inicia-se com a percepção. Perceber 
é um processo que unifica e codifica os estímulos de acordo com os esquemas 
mentais e experiências individuais. 
A partir do potencial inicial, formam-se outros esquemas de assimilação 
que capacitam o recém-nascido a responder aos aspectos de seu ambiente, 
que, em um primeiro momento, não tinham significado algum para ele. A 
descoberta do mundo físico é um processo gradual, iniciado no nascimento e 
completo em torno dos dezoito meses. A criança possui noções de objeto 
permanente, espaço unitário, tempo e causalidade. 
Processos de construção das noções de objeto, espaço, tempo e 
causalidade 
O contato do recém-nascido com o mundo se dá através da sucção, 
visão, audição e preensão, ao exercitar esses reflexos, ele os altera e os 
fortalece com comportamentos adquiridos. O bebê começa a agarrar objetos 
que são colocados em suas mãos, levantam a cabeça para alcançar o seio, 
cessam o choro ao receber carinho etc. Estes são comportamentos adquiridos, 
representam modificações de respostas iniciais. 
Cada feixe perceptivo possui seu espaço próprio, sendo assim, o 
universo é composto por espaço bucal, tátil, visual, auditivo etc., fazendo com 
que os objetos não possuam permanência. Se um objeto sai do campo de visão 
do bebê, ele deixa de existir. A partir do quinto mês, a criança aprende a agir 
sobre as coisas, se interessa pelas relações entre suas ações e reações, pelas 
consequências de seus atos. 
Durante essa etapa, de quatro a oito meses, a criança está buscando 
novidades. Dos oito aos doze, suas ações são atos completos de inteligência 
prática. A criança inicia uma ação com um objetivo e seleciona os meios para 
alcançá-lo; imita comportamentos após tê-los observado em alguém; procura 
objetos quando estes saem do seu campo de visão; diverte-se em brincadeiras 
de entregar e receber. 
A criança é capaz de compreender “antes” e “depois”, mas apenas 
quando aplicados a eventos imediatos ou ligados à sua atividade. A partir de 
um ano de idade, a criança mostra desempenho consolidado na noção de 
objeto permanente e espaço contínuo. Ela é um elemento do universo, podendo 
ser tanto agente quanto receptor das ações e elementos do meio. É capaz de 
reconstruir as causas de um efeito percebido. 
Quando, por volta dos dezoito meses, ela começa a demonstrar um certo 
ressentimento quando algo lhe é tomado, isso indica duas coisas: 1) Ela possui 
consciência de sua habilidade de controlar o que acontece e 2) Os objetos se 
tornaram permanentes. As noções de “antes e “depois” agora aplicam-se para 
todo o campo da percepção. Piaget denomina essa fase do desenvolvimento 
de estágio da inteligência sensório-motora, pois a criança representa o mundo 
pelas ações e baseia seus julgamentos em sensações e percepções. 
O desenvolvimento emocional 
Enquanto a criança constrói as noções de objeto, tempo, espaço e 
causalidade, ela também elabora uma noção de “eu corporal” ou “eu somático”, 
dando-lhe uma vaga consciência de si mesma como individual. É necessário 
que a criança diferencie as sensações que tem origem de suas necessidades 
orgânicas, e as respostas que o adulto dá a essas sensações. 
No universo do bebê, a presença do adulto é muito importante, pois ele 
quem o alimenta e troca suas fraldas, esse atendimento é percebido como algo 
do mundo exterior. A consciência de si, surge quando o bebê é capaz de 
separar as sensações das modificações ambientais causadas pela presença 
do outro. Quando ele é capaz de diferenciar interior de exterior. 
Esses cuidados desenvolvem a confiança básica, definida pela certeza 
de que suas necessidades serão atendidas assim que se manifestarem. A 
criança adquire o sentimento de que é capaz de fazer o adulto aparecer e a 
aliviar. Se suas necessidades não forem satisfeitas adequadamente, o mundo 
torna-se uma fonte de ameaça e frustração. 
A base do “aprender a ser”, dá-se no prazer da criança ao ser pega no 
colo, embalada com cantigas de ninar e quando se dirigem a ela com carinho. 
A confiança é constituída a partir de um clima emocional estável que nutre sua 
capacidade de se tornar uma personalidade segura. Um clima emocional 
saudável é composto de períodos em que o bebê possa experimentar uma 
variedade de estimulações, mas que esteja estável quanto ao amor. 
O desenvolvimento social 
O desenvolvimento, nesta fase, restringe-se ao nível sensorial e motor, 
na exploração de objetos e brinquedos que lhe são oferecidos em função de 
comportamentosrecém-adquiridos. A repetição é um meio pelo qual a criança 
procura compreender os objetos e acomodas os esquemas mentais a realidade 
nova. 
A maior parte das interações sociais da criança em seus dois primeiros 
anos de vida é com o adulto. Os bebês diferem muito quanto à aceitação de 
outros adultos. Alguns se esquivam e outros brincam, os fatores que dizem 
respeitos a esse comportamento são as experiências antecedentes com 
estranhos e o grau de liberdade dado pelos pais. 
Se o contato com estranhos for feito de maneira calma, a criança 
aprenderá a se aproximar de pessoas não-familiares, caso contrário, ela irá se 
esquivar de estranhos. Quanto ao grau de liberdade, alguns pais permitem o 
contato da criança com estranhos enquanto outros impedem, isso irá favorecer 
comportamentos de esquiva ou aproximação. 
Apenas a partir dos dois anos de idade é que as crianças interagem entre 
si, antes disso, embora reunidas, não brincam juntas. Não há muitas interações 
a não ser por competição de brinquedos ou atenção. A tarefa da criança é 
descobrir o mundo ao seu redor, os outros bebês entram como um elemento 
desse universo e não como alguém com atrativos.