Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Luíza Barreto – Medicina 2020.1 → O crescimento é um processo biológico, de multiplicação e aumento do tamanho celular, expresso pelo aumento do tamanho corporal. Envolve vários fatores, não só ganho de peso e estatura (envolve questões ambientais, genéticas, hormonais e de uma programação). → O crescimento é considerado um dos melhores indicadores de saúde da criança. → Existe maior vulnerabilidade nos períodos de maior velocidade do crescimento. (Vida intrauterina, primeiros 2 anos de vida, e nos estirões que ocorrem aos 7 anos e na adolescência – devem ter maior vigilância no processo de crescimento) → Primeiros 1000 dias: período mais crítico, sobretudo os 270 dias de vida intrauterina. Crescimento: ▪ Representa o desenvolvimento físico; ▪ É expressão da hiperplasia e hipertrofia celulares; ▪ É quantitativo: avaliação do peso e altura da criança; ▪ Um dos indicadores de saúde mais importantes da criança. ▪ Apresenta faixas de regularidade. Desenvolvimento: ▪ Capacidade de uma criança de realizar tarefas cada vez mais complexas (novas habilidades); ▪ A aquisição de novas habilidades; ▪ Corresponde ao resultado da interação ▪ É qualitativo: difícil de medir de forma objetiva; ▪ Varia de criança para criança, mas mantém o padrão da ordem, vai ocorrer da mesma maneira para todas as crianças. TIPOS DE CRESCIMENTO: ▪ CRESCIMENTO GERAL – altura e peso ▪ CRESCIMENTO NEURAL – SNC e sua mielinização (relacionado com o desenvolvimento). ▪ CRESCIMENTO LINFÓIDE – progressão da imunidade (timo (principal órgão linfóides nos bebês), gânglios linfáticos, amígdalas, adenoides e folículos linfóides intestinais) Obs: As amigdalas e as adenoides só vão ser bem formadas com uma média de 1 ano e 4 meses, e toda criança vai ter as amigdalas e adenoides um pouco mais hipertrofiadas (se for uma hipertrofia exacerbada, deve ser analisado uma conduta). A tendência é que na adolescência, esses órgãos deixem de ser hipertrofiados. ▪ CRESCIMENTO GENITAL – surgimento dos caracteres secundários (início da puberdade) CRESCIMENTO: - A média é que o bebê tenha um ganho de aproximadamente 40 cm nos primeiros 2 anos (25cm no primeiro ano e 15cm no segundo ano). Depois disso, o crescimento é de 5 a 7cm por ano, e no início da puberdade vai ter o estirão, crescendo um pouco mais. Nos meninos pode ter até um aumento de 12cm por ano no estirão. - Agravos e estímulos na vida intrauterina e no primeiro ano de vida favorecem o desenvolvimento futuro de doenças. * PROGRAMAÇÃO METABÓLICA: Tem que ter um cuidado desde o pré-natal, cuidando da alimentação materna, visando um crescimento intrauterino dentro de uma faixa de normalidade, pois qualquer alteração na fase intrauterina vai repercutir no crescimento e desenvolvimento da criança. Ganho ponderal precoce e risco de doenças: - Ganho ponderal precoce em menores de 3 anos: ↑2 a 3 vezes o risco de obesidade na idade escolar e vida adulta (Monteiro 2005) - Crianças obesas fazem o seu pico de estirão mais cedo e ficam um pouco menor do que seriam se tivessem um crescimento dentro da faixa de normalidade (peso e altura normais). Como prevenir? ▪ Vigilância do crescimento (fazer o acompanhamento correto da consulta, principalmente no primeiro e segundo ano de vida ▪ Incentivo e promoção do aleitamento materno ▪ Orientação da dieta complementar ▪ Estilo de vida saudável Obs: Crianças não devem fazer atividades físicas de impacto, pois estimula o fechamento precoce das epífises. Vigilância do Crescimento: ▪ Ainda pouco utilizado na prática médica ▪ Atenção primária: menos de 15% dos domicílios visitados tinham anotações de dados antropométricos caderneta (PNDS 2006) ▪ Falta de anotação do estado nutricional em 68% dos prontuários de Hospitais Universitários (Os médicos precisam se habituar a fazer os registros na caderneta). Crescimento: processo complexo e multifatorial - Envolve aspectos genéticos, nutricionais, psicossociais e hormonais. - Lactentes: Pesam mais os fatores ambientais e nutricionais (Importância dos 1000 dias para estímulo do crescimento e desenvolvimento, inclusive através da nutrição, e a criança deve ter um sono regulado, respeitando o horário de pico do GH [observar a condição psicossocial da criança]). - Maiores 3 anos: Pesam mais os fatores genéticos e hormonais. (O segundo estirão vai ser na puberdade, e está relacionada com esse pico hormonal). Os fatores ambientais e nutricionais também são importantes depois dos 3 anos, mas vão ter uma menor influencia nessa faixa de crescimento. A avaliação do crescimento na rotina de atenção à criança visa a três aspectos fundamentais: Luíza Barreto – Medicina 2020.1 • Detectar precocemente o que está afetando o crescimento do paciente para inferir e obter a sua recuperação; • Identificar as variações da normalidade, tranquilizar a criança e a família, evitando possíveis intervenções prejudiciais; • Identificar problemas que não podem ser curados, mas que possam ser minimizados, e prover apoio ao paciente e à família ao lidar com as dificuldades. COMO REALIZAR AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: Anamnese: ✓ História clínica: Buscar tudo que possa de alguma maneira influenciar no crescimento. ✓ Hábitos alimentares – dia alimentar ou recordatório de 24h; dinâmica da refeição; lanche escolar (fazer recordatório em TODAS as consultas, inclusive com o adolescente). ✓ Hábitos de vida diária – creche, atividade física, hábitos de sono, tempo gasto com telas, brincadeiras preferidas, exposição regular ao sol (o crescimento ósseo saudável está relacionado com essa vitamina D) ✓ Dinâmica familiar – estrutura da família, qualidade do vínculo com pais e irmãos. ✓ Interrogatório sobre diferentes aparelhos - sucção, deglutição, regurgitação, vômitos. ✓ Antecedentes pessoais: peso e comprimento ao nascer, idade gestacional, intercorrências neonatais. • Peso ao nascer < 2.500 g: pode ser decorrente de prematuridade e/ou déficit de crescimento intra- uterino (DCIU). → Vai influenciar no seu crescimento ao longo da vida. • DCIU: maior prevalência de distúrbios nutricionais a curto e longo prazo. Idem para prematuros P< 1000g. Obs: Na diabetes, os bebês serão GIGs (grandes para a idade gestacional), enquanto na hipertensão os bebês serão pequenos para a IG (PIG). (isso em relação à condição não controlada da mãe durante a gestação) → Ou seja, não pode perguntar só sobre o bebê, tem que perguntar sobre a mãe, sobre como foi a gestação, etc. A faixa de normalidade do peso de nascimento dos bebês é na média de 2.500g até 4kg (dependendo da IG). Obs: Tanto bebês GIG quanto PIG tem tendência à obesidade, hipertensão, dislipidemias, etc (os extremos são associados a alterações metabólicas). ✓ Antecedentes mórbidos - doenças agudas e crônicas, medicamentos que podem interferir no crescimento. Obs: Algumas patologias tem particularidades que exigem uma curva de crescimento diferente, como por exemplo para bebês com síndrome de Down. ✓ Antecedentes socioeconômicos - ocupação e escolaridade dos pais, saneamento, animais domésticos, habitação. ✓ Antecedentes familiares – ocorrência de obesidade, alergias, doenças cardiovasculares, doenças crônicas, etc. ✓ Antecedentes nutricionais • Aleitamento materno, introdução de novos alimentos • Perguntar sobre utilização de suplementos vitamínicos e minerais • Perguntar sobre distúrbios alimentares Exame físico ✓ Sinais de carências ou excessos Obs: Se a criança estiver em aleitamento materno, tem que observar como ela mama (pega adequada). ✓ Pressão arterial ✓ Estadiamento puberal ✓ Antropometria ✓ Observar a mamada Antropometria: • Peso - De 0 a 23 meses: Feito em balança mecânica ou eletrônica - Maiores de 24 meses: Criança de costas para o medidor da balança,ereta, no centro do equipamento, pés juntos, descalça, mínimo de roupas, braço estendido ao longo do corpo. Deve ficar parada nesta posição até que se complete a aferição (Sempre calibrar antes de usar). - O peso ao nascer é, em média, de 3.300 g. Crianças nascidas com peso menor que 2.500 g são denominadas de baixo peso, e entre 2.500 g e 3.000 g, de peso insuficiente. • Estatura - De 0 a 23 meses: Criança deitada; régua antropométrica. Fatores que influenciam o Crescimento Intrauterino • Agentes infecciosos • Má-nutrição materna • Uso pela mãe de tabaco e outras drogas • Insuficiente irrigação placentária • Enfermidades maternas Fatores de risco – Atenção: • Baixo peso ao nascer • Baixa escolaridade materna • Idades maternas extremas (<19 anos e >35 anos) • Gemelaridade (pouco espaço) • Intervalo intergestacional curto (inferior a dois anos) → interfere na nutrição. • Criança indesejada • Desmame precoce • Mortalidade em crianças menores de 5 anos na família • Condições inadequadas de moradia • Baixa renda e desestruturação familiar Luíza Barreto – Medicina 2020.1 -Colocar a criança no centro do antropômetro; descalça; cabeça sem adereços, com os braços ao longo do corpo, nádegas e calcanhares em contato com superfície de apoio, e deve pressionar os joelhos e juntar os pés formando ângulo reto (Pedir ajuda da mãe para ajeitar a criança para a medição). - Maiores de 2 anos: Usar estadiômetro - Quando a criança não consegue ficar em pé, pode fazer uma estatura estimada, que não é exata, mas ajuda a ter uma estimativa (como por exemplo em crianças com paralisia cerebral). - O pico da velocidade de crescimento em comprimento durante o período intrauterino acontece no 2º trimestre da gravidez, e o do peso, no último trimestre. - Assim, se o recém-nascido (RN) apresenta um comprometimento só do peso, é maior a probabilidade de o agravo ter ocorrido nos meses finais da gestação, mas se houver uma diminuição do comprimento, é bem mais provável que o agravo tenha ocorrido há mais tempo. Isso tem implicações no crescimento, pois uma lesão crônica pode comprometer de forma bem mais acentuada e levar à baixa estatura. Obs: Crianças com privação psicoafetiva podem ter comprometimento em seu crescimento mesmo quando expostas a uma dieta ideal. Nesses casos, o quadro clínico é muito semelhante à deficiência de hormônio de crescimento (DGH), mas pode- -se ver uma aceleração na velocidade de crescimento quando o ambiente social é alterado. • Perímetro cefálico - Reflete de forma indireta o crescimento cerebral nos dois primeiros anos. - Tem um aumento maior (mais intenso) principalmente até os 6 meses, mas continua aumentando até 2 anos. - No prematuro é a primeira medida que deve apresentar aceleração (catch up - acompanhamento) - geralmente aos 8 meses de vida. - Nascimento: 35cm de PC (alguns pode considerar 32, depende da questão familiar) - Pontos de referência- proeminência do occipital e glabela. • Perímetro torácico (usa mais até uns 3 meses de idade) - Reflete de forma indireta a adiposidade central. - Quando acima do percentil 90 tem boa correlação com o desenvolvimento de dislipidemia, hipertensão arterial e resistência insulínica. - Medida no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca. Referenciais Antropométricos: • GRÁFICOS TANNER 1966 • GRÁFICOS SANTO ANDRÉ (IV) – 1975. • GRÁFICOS National Center for Health Statistics- NCHS -1978. • GRÁFICOS CDC (NCHS) – 2000 • GRÁFICOS OMS - 2006 • GRÁFICOS OMS - 2007 (>5anos até 19 anos) Obs: Os usados hoje em dia são os da OMS, que estão na caderneta Obs: Situações especiais: Síndrome de Down: Uso de curvas específicas (recomendado pelo Ministério da Saúde e SBP). Outras síndromes e encefalopatias crônicas: Utilizar referencial da OMS (curso de aprimoramento em nutrologia SBP). Encefalopatia crônica: curvas específicas (Manual de Avaliação Nutricional da SBP) . • Índice de massa corpórea Obs: Fome oculta → Nem toda criança que tem um ganho de peso adequado ou tem sobrepeso/obesidade que ela é uma criança bem nutrida, pois pode ser uma criança que tem uma alimentação restrita (ausência de alimentação colorida}. • Circunferência abdominal • Pregas cutâneas • Circunferência do braço PREMATURIDADE: - Interpretar as medidas antropométricas com base na idade corrigida para 40 semanas até 24 meses de idade (peso, estatura e PC). - Tem um gráfico específico para prematuros, com correção da IG, pois o seu crescimento é específico. Não usa o gráfico normal, pois o 0 representa a partir de 37-40 semanas, e se o bebê nasceu antes disso, tem que usar o outro gráfico. REGISTRO DE DADOS: Ponto de corte perímetro cefálico (0-2 anos): Luíza Barreto – Medicina 2020.1 1º Trimestre: 2cm/mês 2º Trimestre: 1cm/mês 3º Trimestre: 2cm (12 cm no 1º ano) 1 ano: 47cm Adulto: 57cm ( 10 cm até vida adulta) Pontos de corte peso/idade: Avaliação do ganho de peso (g/dia): - Os lactentes tem um ganho de peso mais acelerado nos primeiros 6 meses, depois desacelera. (uma média de 30g/dia no primeiro trimestre). - Se o ganho no primeiro trimestre for de 20g/dia, tem que vigiar como está sendo a alimentação do bebê (normalmente é aleitamento materno exclusivo, sendo necessário avaliar a pega e outros fatores que podem influenciar no ganho de peso, como a sucção do bebê, etc). - Quando no gráfico o bebê ficar exatamente em cima do ponto de divisão pra baixo peso, ele é considerado como baixo peso. • Peso Nascimento – 3300g (exemplo) • Pode perder até 10% do peso nos 4 a 5 primeiros dias • Recupera em torno do 8° ao 10° dia • 4°/5º mês dobra • 12 meses triplica • 2 anos quadruplica • Tem ao redor de 10 Kg com 1 ano Ponto de corte estatura/idade: - Nasce com 50 cm em média - Ganha 25 cm no primeiro ano - Ganha cerca de 7 cm/ano até 4 anos (espera-se que com 4 anos a criança tenha 1 metro, mas pode variar) - Estirão da puberdade: • 8 a 9 cm/ano sexo feminino. Pico antes da menarca. • 10 a 11 cm/ano sexo masculino. Pico antes de G3 e antes de atingir voz adulta. O crescimento pós-natal pode ser dividido em três fases: uma fase de crescimento rápido, mas também de desaceleração rápida que vai dos 2,5 anos até os 3 anos; uma fase de crescimento mais estável com uma desaceleração lenta, que vai até o início da puberdade; e a fase puberal com o estirão caracterizado por um crescimento rápido até atingir o pico, com desaceleração posterior até atingir a altura adulta. Em algumas crianças, é observado um pequeno estirão entre 7 e 8 anos de idade, denominado estirão do meio da infância. A criança cresce em torno de 25 cm no primeiro ano, sendo 15 cm no primeiro semestre e 10 cm no segundo. No segundo ano, cresce de 10 a 12 cm. A partir do terceiro ano, o crescimento é entre 5 e 7 cm por ano, de forma oscilante, mas com ligeiro decréscimo. Como as medidas são feitas de forma espaçada durante muito tempo, considerou-se que o crescimento ocorresse de forma contínua, mas atualmente está bem demonstrado que ele ocorre com paradas e saltos. Avaliação do Crescimento: Relacionar ao padrão da população de referência (ex: americanos costumam ser mais alto que brasileiros). Avaliação evolutiva através da velocidade de crescimento (intervalo mínimo de 6 meses entre uma aferição e outra). Valorizar a estatura dos pais (percentil dos pais é semelhante ao da criança). Estatura alvo (TH): Idade Óssea (IO): método de Greulich e Pyle. (Método comparativo através do aparecimento de núcleos de ossificação na mão, comparando o raio x do paciente com o raio x padrão). A maneira mais adequada de avaliar a maturação é por meio da radiografia da mão e do punho esquerdos. Não se deve radiografaras duas mãos, pois pode alterar a imagem e distorcer a avaliação. Recomendam-se a mão e o punho esquerdos porque tanto a avaliação com o atlas de Greulich-Pyle como o método de Tanner (TW2) foram elaborados com radiografias desse lado. Com o Luíza Barreto – Medicina 2020.1 método de Greulich-Pyle, o radiologista compara a radiografia do paciente com os modelos apresentados no atlas e avalia com qual idade se parece. O crescimento estatural tem uma importante relação com a idade óssea, visto que a menina cresce até atingir uma idade óssea de 15 a 16 anos, e o menino, até uma idade óssea de 17 a 18 anos. Desvios do Crescimento: • Estatura abaixo de -2 DP em relação a média da população (abaixo da curva do -2, é desvio de crescimento). • Estatura mais de 1 DP abaixo do esperado em relação aos pais (os pais estão no escore 0, e se a partir disso a criança estiver com -1 desvio padrão, e considerado desvio de crescimento). • Crescimento lento quando a velocidade de crescimento for inferior ao percentil 25. Retardo constitucional de crescimento: • Baixa estatura • Velocidade de crescimento inferior ao normal • Idade óssea atrasada • Atraso puberal, o que leva a um período maior de crescimento • Ausência de restrição de crescimento intrauterino • Ausência de doenças que comprometam o crescimento Obs: Não é considerado atraso constitucional caso seja associado a alguma patologia, como por exemplo síndrome de Down. Obs: Pesquisar função tireoidiana e níveis de IGF-1 e IGFBP3, caso o atraso não seja ligado aos fatores associados. Se tiver alguma alteração desses fatores, tem que corrigir. Ponto de corte IMC (0 a 5 anos): Pontos de corte IMC (5 a 19 anos): - Não tem mais risco de sobrepeso, já considera sobrepeso. - Vai usar só o IMC.. Importância da avaliação sequencial: Ascendente e escore z acima de +2: orientar alimentação, estimular atividade física > 4 anos, retorno com 15 dias. Ascendente e escore entre -2 e -3: Investigar desmame, infecções, dentição, alimentação complementar, formas de cuidado com a criança e afeto, retorno com 30 dias. Horizontal ou descendente entre +2 e -2: Investigar possíveis intercorrências que possam justificar a diminuição da velocidade do crescimento e registrá-las na Caderneta, retorno para 30 dias. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: Deve ser aplicada rotineiramente em todas as faixas etárias Avaliações sequenciais. Antropometria isolada permite apenas estabelecimento de situações de RISCO. Adoção de referenciais e padrões de corte atualizados DORES DE CRESCIMENTO: Causa mais comum de dores na infância. Pré-escolares e escolares 35-40%. Teorias: Fadiga, Fatores anatômicos e fatores psicológicos. É uma dor intensa, que mesmo não tendo motivos físicos, é real, mas não apresenta repercussões no crescimento. Luíza Barreto – Medicina 2020.1 Características: Intensa; Recidivante; Dores em MMII; Curta duração; Resolução espontânea ou com massagens; Vespertina/noturna. - As mais frequentes são as dores noturnas recorrentes em membros. - Trata-se de uma condição benigna, de curso autolimitado, presente em alguma fase da vida em cerca de 10% a 20% das crianças. Obrigatoriamente deve ser diferenciada de outras causas de dor presentes em doenças mais sérias. - Geralmente bilateral, nas coxas, panturrilhas, canelas, parte posterior dos joelhos. - Geralmente se apresenta no fim da tarde ou durante a noite, podendo acordar a criança. A dor não está presente pela manhã, e pode haver dias ou semanas sem dor. Não se relaciona com a atividade física. - O diagnóstico de dor do crescimento se baseia em critérios clínicos. O início das crises dolorosas geralmente tem início em crianças com idade entre 3 e 10 anos. Não há predileção de gênero. - As dores surgem à noite ou de madrugada, despertando a criança, às vezes tão intensas que a levam ao choro. Na manhã seguinte a criança está assintomática e não apresenta nenhuma limitação física. O intervalo entre as crises varia de alguns dias, semanas ou meses. Há casos em que os pais notam uma relação entre o aumento de atividade física e a dor, mas isso não é constante. Cerca de 95% referem alívio com massagens enquanto outros, com crises mais demoradas, precisam de analgésicos. - O exame físico da criança com dor do crescimento é normal. Obs: Apenas 20% dos casos de dores de crescimentos são unilaterais e merecem investigação detalhada que inclua principalmente as causas de dor de origem infecciosa e tumoral pois são emergências médicas. ADOLESCENTES: O início do desenvolvimento puberal é universal e, possivelmente, geneticamente determinado, embora possa sofrer influência de fatores ambientais, étnicos, nutricionais e emocionais. Doenças crônicas também podem retardar o início da puberdade. A puberdade feminina inicia-se em média aos 9,7 anos, mais precocemente quando comparada aos meninos (10,9 anos). A primeira manifestação clínica na menina é o aparecimento do broto mamário (telarca) em resposta ao início da produção estrogênica pelos ovários. No menino, observa-se como primeira manifestação o aumento de volume testicular atingindo 4 mL. Nas jovens, a partir do início da puberdade e por ação dos esteroides sexuais, começam a ocorrer as modificações corporais que vão redundar em um indivíduo com capacidade reprodutiva estabelecida. Assim, as meninas, além do aumento das mamas, começam a apresentar outras mudanças na forma corporal com aumento dos depósitos de gordura na região dos quadris e das mamas. A menarca ocorre cerca de 2 anos após o início da puberdade (M2), geralmente no estágio M4 de Tanner, portanto, em época de desaceleração do crescimento. O crescimento é limitado a, em média, 4 a 6 cm nos anos subsequentes. Os ciclos iniciais da adolescente podem apresentar certa irregularidade nos primeiros 2 a 4 anos (ciclos anovulatórios). Além da ativação gonadal e do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, o crescimento na adolescência envolve mudanças na composição corporal e desenvolvimento dos sistemas cardiovascular e circulatório e, na fase final do processo, desaceleração e parada do crescimento. No menino, ocorre acentuação do crescimento biacromial, aumento da massa muscular, da força e da resistência física. A primeira ejaculação ocorre mais tardiamente, quando os testículos atingem 10 a 12 mL de volume, algumas vezes durante o sono (polução noturna). Mais da metade dos meninos tem ginecomastia puberal transitória, tendendo a desaparecer entre 1 e 2 anos. No final da puberdade ocorre alteração no timbre da voz pela ação hormonal na laringe. PUBERDADE FEMININA: Telarca: aparecimento do broto mamário (é o 1° sinal); Pubarca ou Adrenarca: surgimento dos pelos pubianos; Menarca: Primeira menstruação; - Surgimento do broto mamário entre 8 e 13 anos; - A menstruação ocorre 2 a 2,5 anos depois (broto mamário); - A menarca é considerada normal entre 9 e 13 anos, mas caso ocorra mais tarde, não é necessariamente patológico (principalmente se a mãe tiver tido uma menarca mais tarde). - Surgimento do broto mamário antes dos 8 anos deve ser investigado. O surgimento deve ser entre 8 e 13 anos. PUBERDADE MASCULINA: Aumento do volume dos testículos (é o 1° sinal); Surgimento dos pelos pubianos; Aumento do pênis em comprimento e espessura; Semenarca: 1ª ejaculação com sêmen; Surgimento de pelos axilares e faciais; Mudança da voz: estimulação androgênica - Testículos começam a crescer em torno dos 10 anos, em alguns casos aos 9 anos. - Testículo esquerdo mais baixo que o direito (a percepção vai ser maior) Luíza Barreto – Medicina 2020.1 - A puberdade masculina pode durar até 14 ou 16 anos. FASES DA ADOLESCÊNCIA: PRECOCE ou INICIAL: (10 aos 14 anos) As características infantiscomeçam a ser substituídas por outras mais maduras; MÉDIA: (15 aos 17 anos) A maioria dos jovens nessa faixa etária já completaram suas modificações biológicas mais importantes; busca desenvolver sua sexualidade; TARDIA: (17 aos 20 anos) Emergem os valores e comportamentos adultos e predomina uma identidade mais estável; (há uma possibilidade de estender até 24 anos, por conta da questão mental). DESENVOLVIMENTO SEXUAL - ESTÁGIOS DE TANNER: - Variam de 1 a 5; - Avaliam: ➢ Pelos Pubianos: (P) ➢ Mamas: (M) ➢ Pênis (Genitais): (G) Obs: A maturação óssea se correlaciona com o Estádio de Tanner; Mamas: M1 Mama infantil, com elevação somente da papila. M2 Broto mamário: aumento inicial da glândula mamária, com elevação da aréola e papila, formando uma pequena saliência. Aumenta o diâmetro da aréola, e modifica-se sua textura. M3 Maior aumento da mama e da aréola, mas sem separação de seus contornos. M4 Maior crescimento da mama e da aréola, sendo que esta agora forma uma segunda saliência acima do contorno da mama. M5 Mamas com aspecto adulto. O contorno areolar novamente incorporado ao contorno da mama. Pelos púbicos (sexo feminino): P1 Ausência de pelos pubianos. Pode haver uma leve penugem semelhante à observada na parede abdominal. P2 Aparecimento de pelos longos e finos, levemente pigmentados, lisos ou pouco encaracolados, ao longo dos grandes lábios. P3 Maior quantidade de pelos, agora mais grossos, escuros e encaracolados, espalhando-se esparsamente pela sínfise púbica. P4 Pelos do tipo adulto, cobrindo mais densamente a região púbica, mas ainda sem atingir a face interna das coxas. P5 Pilosidade pubiana igual a do adulto, em quantidade e distribuição, invadindo a face interna das coxas. que assume tamanho e forma adulta. Genitais (sexo masculino): G1 Pênis, testículos e escroto de tamanho e proporções infantis. G2 Aumento inicial do volume testicular (>4ml). Pele escrotal muda de textura e torna-se avermelhada. Aumento do pênis mínimo ou ausente. G3 Crescimento peniano, principalmente em comprimento. Maior crescimento dos testículos e escroto. G4 Continua crescimento peniano, agora principalmente em diâmetro, e com maior desenvolvimento da glande. Maior crescimento dos testículos e do escroto, cuja pele se torna mais pigmentada. G5 Desenvolvimento completo da genitália, Obs: A avaliação do volume testicular utilizando-se o orquidômetro de Prader pode trazer informações importantes, pois, quando está abaixo de 3 mL, corresponde normalmente ao estádio 1 e, quando está acima de 20, já equivale ao estádio 5. Pelos púbicos (sexo masculino): P1 Ausência de pelos pubianos. Pode haver uma leve penugem semelhante à observada na parede abdominal. P2 Aparecimento de pelos longos e finos, levemente pigmentados, lisos ou pouco encaracolados, principalmente na base do pênis P3 Maior quantidade de pelos, agora mais grossos, escuros e encaracolados, espalhando-se esparsamente pela sínfise púbica. P4 Pelos do tipo adulto, cobrindo mais densamente a região púbica, mas ainda sem atingir a face interna das coxas. P5 Pilosidade pubiana igual a do adulto, em quantidade e distribuição, invadindo a face interna das coxas que assume tamanho e forma adulta.
Compartilhar