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Virologia: Estudo dos Vírus

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VIROLOGIA – MICROBIOLOGIA 
Natureza muito particular dos vírus quando comparados a outros microrganismos. 
MÉTODOS GERAIS DE ESTUDOS DOS VÍRUS: Quais são os principais pontos da virologia. 
Origem: Imagem esculpida de um faraó usando um bastão muito longo para se apoiar, pois um membro apresentava-se hipertrofiado, indicando paralisia infantil. Era uma doença de origem viral – pólio. A evolução de todas as espécies de vertebrados aconteceu junto com as doenças virais, que são normalmente antigas, apesar de terem sido descobertas de forma relativamente recente. Também há relatos de animais esculpidos que possivelmente apresentavam doenças virais. As doenças despertavam medo e curiosidade – surgiam teorias sobre o assunto.
Importância da Virologia Veterinária: 
· Conhecimento das causas das patogenias virais para podermos estabelecer tratamento, prevenção e controle. 
Tríade epidemiológica: agente (vírus) + hospedeiro (dentro da resposta imune) + ambiente (pode contribuir ou desfavorecer o agente).
Exemplo: surto de febre amarela, doença viral - agente muito conhecido e antigo. Ocorreu um surto por modificação ambiental, pois o calor levou à proliferação do vetor que levou o vírus aos seres humanos e animais. 
Os fatores antrópicos são as intervenções humanas, sejam elas no ambiente, no hospedeiro (vacina) ou no agente (interferência nas três etapas). 
· Conhecimento da epidemiologia das doenças virais: de modo a proporcionar prevenção. A epidemiologia trabalha com índices, sendo necessário ter segurança nesses dados. Isso é complicado pois existem muitos portadores assintomáticos.
· Desenvolvimento de métodos de diagnóstico diretos e indiretos: microscopia eletrônica para visualização direta do agente ou então métodos que exploram a relação antígeno-anticorpo, respectivamente. 
· Desenvolvimento de métodos anti-virais: vacinas e soros hiperimunes, drogas antivirais, substâncias viricidas (desinfetantes). 
· Importância para biologia molecular: a virologia é uma ferramenta para auxiliar no entendimento do funcionamento de outros organismos mais complexos. 
· Tecnologia da PCR e RP-PCR (transformação de RNA em DNA), utilização de enzimas, etc. 
· Vírus já foram estudados para controle de pragas (não muito bem-sucedido) e armas biológicas.
COMPARAÇÕES ENTRE CÉLULAS E VÍRUS
CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DOS VÍRUS 
Os vírus são os microorganismos menores e mais simples que existem. São muito menores do que células eucariotas e, ao contrário destas, possuem uma estrutura simples e estática. Esses agentes não possuem a maquinaria necessária para a podução de energia metabólica e para a síntese de proteínas, necessitam das funções e do metabolismo celular para se multiplicar. Fora de uma célula viva os vírus são estruturas químicas. A sua atividade biológica só é adquirida no interior de células vivas, por isso são parasitas intracelulares obrigatórios. 
O genoma viral (RNA ou DNA) codifica apenas as informações necessárias para assegurar a sua multiplicação, empacotamento de genoma e para subversão de funções celulares em benefício da sua multiplicação. Ao contrário das células eucariotas e procariotas, os vírus não crescem ou se dividem, e sim são produzidos pela associação dos seus componentes pré formados no interior da célula infectada.
(VIROLOGIA VETERINÁRIA – EDUARDO FURTADO FLORES) 
- São partículas extremamente simples quando comparados a outras células, inclusive procarióticas. 
- Tamanhos variáveis. (20 a 300 nanômetros) -> mm dividido por milhão. Abaixo da resolução do microscópio óptico. Megavírus não infectam vertebrados. 
- Morfologia: ampla diversidade morfológica. Podem ser filamentosos, podem mudar de forma (amórficos), etc. 
- Genoma: DNA, DNA fita simples, RNA. Com ampla variação na estrutura molecular e expressão gênica. 
- Estrutura: são extremamente simples – envoltório de proteínas contendo em seu interior ácidos nucleicos e, por isso, não possuem metabolismo próprio. Alguns poucos vírus carregam em sua estrutura algumas enzimas para realizar funções que a célula hospedeira não realiza. 
Infecção -> propagação -> efeitos
- Proliferação: são parasitas intracelulares obrigatórios, sem exceção, pois não possuem metabolismo próprio.
- Antibióticos: os vírus não são afetados por antibióticos. Mas podem ser reprimidos por quimioterápicos, que irão interagir com o metabolismo da célula e consequentemente afetar os vírus. Por isso, drogas anti-virais tem muito mais efeitos colaterais em relação aos antibióticos, pois influenciam o metabolismo das células hospedeiras. 
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO VIRAL 
Ácidos nucleicos: 
Tipos: DNA ou RNA. Alguns podem carregar em sua estrutura DNA e RNA, mas a informação genética nesses vírus encontra-se no DNA, e o RNA tem função auxiliadora para acelerar a replicação. O material genético pode ser dupla fita (DS) ou fita simples (SS).
Os ácidos nucleicos podem ser dispostos em polaridade positiva, negativa ou dupla polaridade. 
Polaridade: se a sequência de nucleotídeos que se encontra no DNA ou RNA é igual ao fraine de leitura necessário à produção de proteínas virais. 
- Para que se codifique uma proteína os nucleotídeos devem se organizar em trincas para que o RNAm as leia e decodifique as informações para definir qual aminoácido será necessário à síntese da proteína. O fraine de leitura são essas trincas de nucleotídeos (sequência correta de códons). Quando a polaridade é negativa, a trinca apresenta os nucleotídeos organizados em sentido inverso e complementar ao que seria necessário para ser transcrita e traduzida nas proteínas virais. Nesse caso, necessita de uma enzima especial para passar a polaridade para positiva, e então realizar a transcrição. RNA polimerases virais = transcriptases, pois a da célula é acostumada a ler fita com polaridade positiva. 
A leitura ocorre da extremidade 5’ para 3’, mas nesses vírus de polaridade negativa a sequência correta de leitura vem da extremidade 3’ para a 5’.
Os vírus dupla fita são dupla polaridade também (+ e -).
Todo RNAm fita simples tem sempre que ter polaridade positiva para transmitir a informação correta para os ribossomos. 
Segmentação: Fita única e linear -> vírus com genoma linear não segmentado (maioria).
Mas há alguns vírus de gripe, importantes na veterinária, cujo genoma é formado por oito segmentos – cada um corresponde a um gene. Ex.: Influenza vírus RNA fita simples polaridade negativa. 
Linear (5’ -> 3’) o genoma se apresenta como um pedaço de linha com as pontas, ou extremidades, soltas ou livres.
Anelar/circular/cíclico, onde a extremidade 3’ é unida na extremidade 5’ (ex.: circovírus -> aves e suínos). 
Genoma haplóide ou diplóide: 
- Diplóide: duas fitas cópia uma da outra (ex.: família Retroviridae). 
- Haplóide: maioria. Um único genoma. 
Núcleo – proteína: 
Associado aos ácidos nucleicos dos vírus podem estar associadas/grudadas proteínas, que são denominadas nucleoproteínas.
- Nucleoproteínas de capsídeo: participam da estrutura/arcabouço viral, conferindo uma proteção a esse ácido nucleico. 
- Nucleoproteínas não estruturais com função enzimática: exemplos: transcriptase, transcriptase reversa (lê RNA e forma DNA dupla fita – ex.: vírus da raiva). Pequena quantidade, função exclusivamente enzimática e estão grudadas no ácido nucleicos de forma muito esparsa, então não conferem proteção. 
Capsídeo:
É uma estrutura do arcabouço da partícula viral, composto por uma ou mais proteínas que se depositam diretamente sobre o ácido nucleico OU formam uma caixa de proteínas, oca, que no seu interior carrega o ácido nucleico. Há duas formas de capsídeos: 
Simetria Helicoidal: é quando as proteínas do capsídeo se depositam diretamente sobre a molécula de ácido nucleico, de forma helicoidal, formando uma barreira e protegendo-o. Ao microscópio óptico se assemelha a um tubo. Exemplo: vírus da raiva.
Simetria Icosaédrica: é quando as proteínas do capsídeo as organizam formando placas, à semelhança de uma caixa com várias faces, mas ao microscópio óptico se assemelha a uma bola/esfera.Exemplo: vírus da febre aftosa
· O capsídeo é um dos mais importantes parâmetros morfológicos para tipificação viral.
O bacteriófago é um vírus que parasita excluvisamente bactérias, tendo simetria helicoidal e icosaédrica. Atualmente são utilizados para controle de bactérias, e não causam nenhum risco para vertebrados. 
Núcleo - Cápside: 
A estrutura do vírus formada pelo ácido nucleico mais o seu capsídeo.
Envelope ou Envoltura: 
Exemplo: ácido nucleico com nucleoproteínas de função enzimática, capsídeo icosaédrico e membrana do tipo membrana celular, que corresponde ao envelope viral. – Família Herpes Vírus.
Tem origem na membrana citoplasmática, modificada pela inserção de glicoproteínas virais, que algumas famílias virais se apoderam durante o processo de liberação da partícula viral pela célula hospedeira. Porém, geralmente, não há lise da membrana celular da célula hospedeira.
Alguns poucos vírus podem obter envoltório da carioteca (exemplo: herpes), RER (exemplo: retroviridae) e complexo de Golgi (exemplo: Zika Virus, Virús da Encefalomiletite Equina, Dengue).
Para incorporar esse envelope no capsídeo existe um conjunto de proteínas virais, de um só tipo, denominado matriz, cuja função é ancorar as glicoproteínas do envelope no capsídeo viral. Também participa da montagem dos vírus envelopados nas regiões onde a mebrana celular foi modificada pelas glicoproteínas virais.
Matriz:
Para incorporar esse envelope no capsídeo existe um conjunto de proteínas virais, de um só tipo, denominado matriz, cuja função é ancorar as glicoprotepinas do envelope no capsídeo viral. Também participa da montagem dos vírus envelopados nas regiões onde a mebrana celular foi modificada pelas glicoproteínas virais.
Vírion: Nome que se dá a uma partícula viral. 
CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA VIRAL
Ordem, família, gêneros, espécies
As espécies virais: são escritas em grafia comum, primeira letra maiúscula e o nome da espécie sempre em inglês. Ex.: CanineParvovirus (CPV), CanineDistemperVirus (CDV). 
Parâmetros utilizados: 
Genéricos: identificação de genes
- Critérios físico-químicos: 
01) Estabilidade (sinônimo de estabilidade estrutural que permite ao vírus ser infectante) em faixa de ph. 
02) Densidade dos vírions. Soluções com densidades diferentes demoram a se misturar, ou não se misturam. Se colocar em ultracentrífuga, durante o processo, a destrose irá permitir definir a densidade dos vírions.
03) Tamanho (dado em nanômetros, utiliza-se a microscopia eletrônica). 
- Tipo de ácido nucleico:
01) RNA ou DNA - são diferenciados através de enzimas tipo DNAase ou RNAase. Colocamos essas enzimas em dois tubos contendo o vírus com seu material genético, e depois realizamos infecção experimental em animais. Aquele patógeno que não causar doença teve seu material degradado pela enzima, permitindo identificar o tipo de material genético. 
- Morfologia Viral: amplamente variável. Uso de microscopia eletrônica.
- Tipo de ciclo de replicação:
01) Qual a célula hospedeira, citosol ou citosol do núcleo, efeito citopático sobre a célula. 
Específicos: identificação de espécies
- Análise antigênica: procura determinar a ocorrência de epítopos específicos nas proteínas virais. Para isso utiliza-se anticorpos específicos para reconhecimento desses epítopos. 
Consegue mapear os epítopos virais. Verifica o grau de compartilhamento dos epítopos.
Ex.: identificação de espécies em função dos tipos de glicoproteínas (natureza antigênica). Ex.: hemoglutinina (H) e neuranihidase (NA).
- Análise Genética: grau de compartilhamento de sequências genéticas no genoma. SIMILARIDADE GENÉTICA, dada em %. Podem encontrar vírus com até 10% de diferença , sendo da mesma espécie. Isso acontece por causa das mutações. 
Estratégia: Isola-se um vírus, manda seqüenciar seu genoma, e submete a um software (Gen Bank) que possui todos os genomas conhecidos e faz uma comparação, mostrando a porcentagem de similaridade do vírus a ser classificado com outros vírus já existentes.
· Genotipagem:o critério genotípico é o mais utilizado para classificação viral. É a análise do grau de similaridade de entre o genoma a ser classificado com outros vírus já conhecidos. 
· Sorotipagem: É a análise do genoma de virularidade entre os epítopos do novo vírus (de suas proteínas), com um banco de informações sobre os epítopos de vírus correlatos. 
A tecnologia de sequenciamento de genes virais é restrita a alguns países desenvolvidos, os quais investem em estudos de ponta.
OUTROS PARÂMETROS
São complementares para a classificação dos vírus. Ainda são muito inespecíficos, mas podem agregar valor na taxonomia de vírus que ainda não possuem parentes conhecidos. 
 Critérios epidemiológicos/patogênicos
- Tipos de hospedeiros/reservatórios
- Tecidos atacados
- Sistema de cultivo sensível
 Nomenclatura 
- Sufixos: família, subfamília e gênero
 - Prefixos: relação com características do vírus
SUFIXOS: muitos vírus não são classificados em ordem, mas os que são classificados recebem sufixo VIRALE (ex.: Monomegavirale). As famílias recebem sufixos VIRIDAE (ex.: Rabdoviridae) e as subfamílias recebem o sufixo VIRINAE (Ex.: Alfaherpesvirinae). E os gêneros recebem sufixo VIRUS – sem acento pois vem do inglês (ex.: Lyssavirus). As espécies recebem os nomes das doenças (ex.: vírus da Raiva – Rabies vírus – RABV).
Acima de gênero utiliza-se itálico, e a espécie escreve-se com grafia comum.
PREFIXOS: são de acordo com características dos vírus e sofrem ampla variação pois são denominados por aqueles que os descobrem. 
Vírus novos podem aparecer como “vírus não classificados” ou “classificados tentativamente”. 
CULTIVO DE VÍRUS
Importância do cultivo viral:
- Utilizado comumente para diagnóstico de viroses, através do isolamento puro do agente causador da doença. 
- Produção de antígenos, que são as proteínas dos vírus. Isso permite a produção de vacinas e também de testes diagnósticos baseados em interação antígeno – anticorpo. 
- Realização de estudos de patogenia e epidemiologia. Pois ao cultivar vírus obrigatoriamente estaremos infectando células. A partir de então, podemos ter conhecimento dos danos provocados ao tecido/células desses animais. 
- Para estudos de biologia celular e virologia. Principalmente relacionados a transcrição, tradução de proteínas e regulação de genes. 
- Controle biológico de doenças e pragas. 
- Arma biológica.
 Os vírus são agentes exigentes quanto aos sistemas pois obrigatoriamente necessitam de células vivas a serem infectadas. 
Tipos de sistemas celulares utilizados para o cultivo de vírus
· Ainda não há conhecimento de modelos sintéticos que possam substituir as células vivas. 
- Animais: representam a primeira fonte para descoberta dos vírus ao longo da história da humanidade. Os vírus tem um ligante (sempre é uma proteína de superfície) que obrigatoriamente tem que se conectar a um receptor na membrana de uma célula hospedeira. Se não houver esse receptor na membrana celular, não tem infecção e muito menos multiplicação viral no animal hospedeiro. Ou seja, os vírus evoluíram para reconhecerem receptores celulares nas células convenientes à eles. Eles evoluem com uma especificidade a esses receptores. Por isso, vírus, mesmo que sejam da mesma família, irão causar doenças diferentes, pois cada um reconhece receptores diferentes. Há uma alta sensibilidade que os hospedeiros naturais tem aos seus vírus, ou seja, utilizamos animais para cultivo viral porque estes tem muita chance de serem infectados quando expostos aos vírus e, portanto, ainda são muitos utilizados atualmente. Por exemplo, o diagnóstico da raiva é feito utilizando um teste rápido de imunofluorescência/antígeno-anticorpo que tem uma sensibilidade de 90%, ou seja, 10% resulta em falsos-negativos. Para confirmar, inocula-se intra-cerebralmente em um camundongo recém desmamado uma papa do encéfalo do animal com suspeita de Raiva – é uma prova biológica de altíssima sensibilidade pois contempla todas as necessidades para o desenvolvimento do vírus da Raiva. 
Porém, háalgumas desvantagens, como questões éticas. Todo diagnóstico que utiliza animais em seu processo deve ser passado por um comitê de ética. Os infectados, posteriormente, apresentam imunidade adaptativa (anticorpos, linfócitos B e T), o que representa uma desvantagem mais especificamente para os virologistas – os animais se recuperam da virose e portanto a reutilização dos animais torna-se limitada. Pode ocorrer também uma contaminação cruzada oriunda de seu microbioma (ambiente microbiológico que coloniza os animais, são benéficos), ou também o animal pode estar infectado sub clinicamente ou de forma assintomática, antes do experimento, com outro ou o mesmo vírus a ser inoculado e estudado.
- Animais SPF (SpecificPathogeneFree): são animais criados em unidades produtoras (fazendas, granjas, biotério). O local de criação dos animais é certificado por órgãos próprios responsáveis por isso e livre dos principais patógenos daquela espécie animal. Então esses animais não estão contaminados e nem com imunidade contra nenhum desses patógenos. 
- Animais gnotobióticos: animal obtido por cesárea e criado em ambiente completamente microbiologicamente controlado (nem patógenos nem microbiota natural). Cesárea, ambiente, cama, água e alimentação completamente estéreis e ar filtrado. Então, pode-se inocular patógenos e ver os seus efeitos. Porém, é uma tecnologia de alto custo. Isso acontece somente em laboratórios. Ou seja, os animais não são contaminados e não apresentam imunidade. 
A logística (fornecedor do animal, local de acondicionamento de acordo com normas de bem estar, funcionários para manejo correto) é complicada, por isso quanto menoro animal, maior a facilidade e menor o custo. Mas o tamanho do animal depende do agente a ser estudado. 
- Ovos: na prática utiliza-se ovos embrionados de galinha ou patas, pois é material de fácil obtenção. Os ovos não fecundados possuem somente uma célula, que é o ovócito da fêmea. Do 9° ao 12° dia já se tem milhões de células. O vírus vai se multiplicar nas células do embrião ou nas células dos anexos embrionárias. 
Vantagens: 
- Tem grande disponibilidade. 
- Há menor apelo ético. 
- A logística do ovo é mais fácil em relação à logística do animal. 
Desvantagens:
- Virus de mamíferos não tem ligantes que se aderem a receptores presentes na membrana de células de ovos, ou seja, não são adaptados à células aviárias. 
Embora a identificação do vírus da febre amarela não possa ser realizada em células de ovos, a vacina é realizada a partir deles, pois o vírus é atenuado (cepas atenuadas conseguem sobreviver no ovo, mas não é a mesma cepa do vírus do campo, então a vacina não causará a doença em humanos).
- Apresentam sistema imune passivo adaptativo. A gema que alimenta o embrião possui anticorpos da mãe, por isso o embrião recebe imunidade passiva. Então as fêmeas devem ser escolhidas (aquelas que não receberam vacina contra aquele patógeno). 
- O ovo, ao passar pela cloaca da galinha, externamente se suja de fezes, e ao esfriar no ambiente externo (visto que a temperatura da galinha é de 42°) contrai e os patógenos adentram e contaminam os ovos. 
- Os animais já nascem infectados com o patógeno que foi inoculado.
- Não dá pra visualizar a célula do embrião em tempo real, atualmente. Então, as alterações celulares também não são vistas em tempo real. 
Quando faz-se necessário esse acompanhamento das alterações em tempo real, conforme o desenvolvimento dos animais vai eutanasiando-os e analisando as modificações. Mas isso gera questões éticas intensas. 
Sistema de explante: Significa retirar órgãos ou tecidos de um doador e mantê-los vivos in vitro por um período de tempo necessário para o experimento. Oferece proteção, nutrição, temperatura e ph estabilizado, onde o tecido pode permanecer vivo por até três semanas em média, tempo suficiente para multiplicar a maioria dos vírus convencionais.
Vantagens: 
- Mantém o fenótipo molecular idêntico ao do animal doador, ou seja, é tão sensível quanto infectar o próprio doador. 
- Um tecido explantado pode oferecer várias unidades experimentais ao pesquisador. 
Ex.: todos os mamíferos domésticos podem ser atingidos por um patógeno denominado Rotavírus, causador de diarréia severa em crianças e neonatos animais, os quais já são altamente sensíveis a desidratação. Está associado a perdas na produção e também à mortalidade infantil no Brasil e em outros países, cujo saneamento básico é precário. Esse vírus gosta de se multiplicar em células altamente especializadas do ápice das vilosidades intestinais. Por serem altamente diferenciadas, há uma grande dificuldade em cultivá-las in vitro. Portanto a única forma de isolá-lo e estudar a sua patogenia é ter alça intestinal viável – a infecção é feita experimentalmente nos própios animais. 
Um animal infectado representa uma unidade experimental. Mas quando o intestino delgado é explantado, por exemplo, pode-se cortar o intestino em segmentos e cultivá-los separadamente, realizando em cada segmento uma infecção experimental. 
- Por isso outra vantagem é a otimização do animal, reduzindo custos e problemas éticos, pois então precisaríamos de uma menor quantidade de animais. 
Células primárias e células de linhagem:
Efeitos citopáticos virais: a infecção pelos vírus causa sempre algum tipo de dano celular, a célula perde exponencialmente a capacidade de manter o seu metabolismo. 
Portanto, corresponde a alterações morfológicas e estruturais nas células infectadas. 
Tempo X Dano: bioindicadores do progresso da replicação viral. 
- Cultivo apenas de camadas celulares (sistema de “monocamada” ou “tapete”): as células, vindas de um doador, são cultivadas dentro de um meio liquido, cuja cor indica o ph, que provê a nutrição celular.
- As células são aderentes e ficam no fundo da garrafa, que geralmente é de material plástico. Essas células fazem mitose e formam o tapete celular, portanto quanto maior a área maior o rendimento celular, por isso geralmente as garrafas ficam de lado (cultura 2D – aproveita a largura e o comprimento da garrafa). Temos garrafas de 25 a 300 cm2.
- As células podem ser adquiridas de um animal ou humano doador, onde retira-se um tecido e através de digestão enzimática (colagenases e tripsina) obtém-se as células individualizadas, que são as células primárias. Em um processo aleatório/ao acaso, essas células primárias podem sofrer mutações, o que as habilitam a se multiplicar in vitro de forma sustentada, e se tornarem células de linhagem (um dia foram células primárias e já possuem um grau de diferenciação). 
Ou seja, as células primárias sobrevivem +/- 1 mês, e células de linhagem sobrevivem por muito mais tempo (anos, décadas). 
- Células de Hela: pesquisadores tentaram o cultivo de células cancerígenas como primárias, e como essas células já eram mutantes, tornaram-se células de linhagem.
Diferenças entre células primarias e células de linhagem: 
Primárias: 
- Tempo de vida curto in vitro.
- Perfil fenotípico molecular é o original do tecido, pois não ocorreu mutações. 
- Disponível no animal doador. Há questões éticas, e as células podem vir contaminadas pelo microbioma. 
As células primárias são indicadas para cultivo e isolamento de vírus selvagens (vírus de campo) que infectam a espécie animal doadora das células. Como essas células mantém o seu perfil fenotípico original, então a infecção acontece mais facilmente (= elevada sensibilidade). 
Linhagem: 
- São perenes desde que mantidas em condições adequadas à sua sobrevivência.
- Perfil fenotípico molecular é diferente, pois as mutações nos genes induziram modificações nas proteínas formadas. Os receptores são proteínas e portanto podem ser alterados anatômicamente e não se conectarem no ligante viral. Então pode não ocorrer infecção.
- As mutações acontecem não somente uma vez. Ou seja, as células vão acumulando mutações, visto que no ambiente da garrafa não há células do sistema imune para degradá-las. Essas células competem pelos nutrientes e há aquelas que vão predominar. 
- As células podemser congeladas em nitrogênio líquido, paralisando seu metabolismo, paralisando a multiplicação, e depois serem reutilizadas. 
- Disponível comercialmente. 
As células de linhagem são indicadas para estudos de biologia viral com cepas virais a elas adaptadas. 
Vantagem: 
· Pode-se colocar essas células próximo a objetiva de maior aumento de um microscópio óptico, podendo analisar o efeito citopático viral na célula de tempos em tempos e registrar em imagens ou vídeos. 
A indústria de vacinas necessita de kg de proteínas virais, então falamos de CULTURA EM SUSPENSÃO Produção viral em escala industrial. 
Cilíndros de aço inoxidável são utilizados para essa produção, pois são bem grandes e proporcionam um alto volume (3D). Ex.: 7.500 litros. Esses fermentadores são repletos de meios celulares de cultivo. Há uma porta de entrada para que células sejam inoculadas e dispersem nesse meio líquido. Então há um eixo que promove um giro contínuo, o que não permitirá que as células se depositem no fundo do cilíndro, pois isso cria uma força centrífuga maior que a força da gravidade. Logo após esse cultivo injetamos o vírus, que irá dizimar a população celular, restando apenas partículas virais, a partir dos quais serão produzidas as vacinas. 
A maioria das células utilizadas são de linhagem pois elas se dividem e povoam cilindro. 
Meios utilizados: são meios de cultura de células. 
- Água pura (filtrada e esterilizada) 
- Energia: glicose
- Aminoácidos: para construção das proteínas
- Sais Mineiras e Vitaminas: para cofatores enzimáticos e equilíbrio eletrolítico celular.
- O pH deve ser ideal, o que geralmente corresponde ao neutro, tolerando uma variação de 6,5 a 7,5. Portanto, para estabilizar o pH, necessita-se de tampão, que é uma solução de ácidos ou bases fracas, que vão doar ou retirar íons H+. O principal tampão do nosso organismo é o bicabornato. Pode ser adicionado à água. Existem meios celulares mais refinados que podem utilizar outro tipo de tampão (hepes – composto por moléculas orgânicas. É comprado). Há uma escala de tampão dependendo do pH que se é desejado. 
Aditivos: as células precisam de fatores estimuladores do crescimento e de mitose. São citocinas/hormônios, cuja produção laboratorial é de alto custo. Portanto, adiciona-se ao meio soro advindo de fetos bovinos ou equinos de aproximadamente 6 meses. Nessa faixa semanal, há maior concentração de fatores de crescimento pois há maior desenvolvimento fetal, além disso já atingiram um tamanho considerável aumentando a quantidade obtida. Essas espécies são escolhidas em decorrência do tipo de placenta, que não permite a passagem de anticorpos via passiva - o feto vem de ambiente estéril (útero) e sem imunidade vinda da mãe. 
· A indústria farmacêutica adquire fetos de frigoríficos para diversas finalidades. 
Conservantes: são os inibidores anti – microbianos. Para que eventuais microrganismos advindos de contaminação ou erro de preparo não atinjam as células de cultivo. 
- Antibóticos e anti-fúngicos. Geralmente penicilina + estreptomicina B para bactérias e anfotericina para fungos. 
Condições de cultivo celular: 
- Temperatura: ajusta-se de acordo com a célula a ser cultivada. Geralmente para mamíferos é de 37º e peixes 22º a 25º. 
- pH
- Umidade: no tecido tem menos oxigênio em relação a concentração atmosférica, para que ocorra facilmente a difusão. Correspondentemente tem mais CO2 também em relação ao meo exterior para facilitar a saída para o meio. Mas o CO2 vai reagir com a água do meio e formar H2CO3+, processo repetitivo, até que então vai perder muito CO2 para atmosfera, e o ácido vai se perdendo conjuntamente para a atmosfera. Logo, vai alcalinizar o meio, o que é extremamente tóxico para mamíferos, ocasionando a morte da célula de cultivo (CO2 + H2O H2CO3). Então coloca em uma estufa (estufa de CO2) para controlar essa concentração.
Os mesmos meios são utilizados para tecidos de explante, células primárias e células de linhagem. 
Cultivo de vírus: Inoculação em animais
Arboviroses: os arbovírus são transmitos pela picada de vetores. Uma forma de isolar esses vírus é submeter animais que são sensíveis a uma infecção experimental. 
Os animais apresentam algumas manifestações neurológicas:
A) Cauda torcida 
B) Animais apresentam diferença de tamanho, e um deles apresenta paraplegia dos membros posteriores.
C) Animal colocado de costas não tem o reflexo de voltar para a posição normal – apresenta incoordenação motora. 
D) Animais que passaram pela infecção. O animal V, infectado, apresenta retardamento no crescimento. 
Vírus do Nilo: surto em cavalos no Espírito Santo. 
- Será que o vírus tem origem em animais selvagens? Capturá-los seria muito complicado, além de causar impactos ambientais. Então são espalhados animais (ratos de laboratório) no meio ambiente e verifica-se quais foram afetados e quais os vírus que prevalecem. Ou seja, animais são usados para monitorar arbovírus no mundo todo. Vigilância epidemiológica ativa.
Quando os vírus tem como principais hospedeiros primatas, dificulta-se um pouco o estudo atualmente, em decorrência de questões éticas. Mas ainda são utilizados. 
Ratos de laboratório: injeta o vírus na cavidade peritoneal, e após obtém-se macrófagos infectados como células primárias. 
Cultivo de vírus: inoculação em ovos embrionados 
Desinfectação da casca do ovo e realização de um orifício com uma agulha com posterior infecção no tecido desejado – seja diretamente no embrião, no saco vitelínico ou na membrana alantóica, depende do vírus a ser inoculado. Para facilitar, utiliza uma caixa de papelão com luz forte (ovoscópio) e então podem ser visualizadas as estruturas internas do ovo. Mas existem meios mais tecnológicos para inoculação em massa. 
É um processo similar à vacinação de ovos, para evitar morte de pintinhos por infecções extremamente precoces. 
Porém, nem todos os vírus de mamíferos infectam ovos, geralmente para que isso ocorra são feitas modificações pelo homem. 
Cultivo de vírus: cultura de células 
Primárias ou de linhagem. 
- Garrafas, capela de fluxo laminar com ambiente completamente estéril, meios de cultura, microscópio óptico invertido. 
- Fotos e imagens reais de microscopia eletrônica permitem a visualização das funções celulares. 
Passo a passo para obtenção de células primárias: 
-- As células primárias são altamente sensíveis pois mantém o fenótipo molécular idêntico ao apresentado no tecido. 
-- Essa obtenção laboratorial permite a obtenção de dezenas de unidades experimentais. 
Após a morte do animal, retira-se o órgão de interesse, que sofrerá ação de colagenases para desestrituração. Usa-se um antifúngico e depois tripsina para separar as células. Com as células individuais, faz-se a centrifugação, retira-se o sobrenadanete e faz-se a cultura. Cultura deve ficar em agitamento para fazer posteriormente a placa. Tem como finalidade aumentar o número de unidades experimentais.
Todas as fotos mostram monocamadas, ou seja, o tapete celular já encontra-se formado. 
01) Células Vero: célula epitelial renal de macaco verde. Uso universal. Quase todas as vacinas de raiva, exceto uma que utiliza bactérias, produzidas em culturas de células, utilizam estas células. 
02) Células Hela: célula epitelial cancerosa de colo de útero humano. São utilizadas para a maioria dos vírus de origem humana. 
03) Células Fibroblásticas de embrião de galinha. Então não precisa mais de ovo. 
04) Células Caco: células epiteliais de macacos. Não são amplamente utilizadas, apenas para cepas vacinais de Rotavírus. 
Cultivo de vírus: explante de tecidos
Ex.: Células de traquéia. 
- Esquerda: antes da replicação viral
- Direita: após replicação viral 
* Vírus Sincicial Respiratório Bovino: especializado em infectar células epiteliais. Diminui a quantidade de vilosidades e/ou os atrofia. 
CULTIVO DE VÍRUS – Efeito citopático viral 
Ver vírus é submicroscópico, ou seja, necessita-se de microscopia eletrônica, que é uma tecnologia de alto custo. Além disso, requer técnicas especiais decontraste com metais (ouro, molibdênio) e técnico especialista na área, pois o protocolo é altamente sofisticado. Por isso é mais fácil ver o efeito da infecção viral sobre a célula hospedeira, que dão diagnóstico e uma visão sobre a patogenia viral. 
Definição de efeito citopático viral: São alterações morfológicas e extruturais que surgem nas células parasitadas por vírus. Servem para o diagnóstico de doenças virais e e estudo de patogênese de doenças virais.
- Partículas virais são submicroscópicas: 20 nm a 300 nm. 
Primeiro efeito citopático: Inclusões ou corpúsculos de inclusão.
· São acúmulos citoplasmáticos ou intranucleares de proteínas virais ou virions semi-prontos. 
01) Corte de fígado de cão. Nos núcleos de hepatócitos podem ser observados halos brancos. Essa inclusão é provocada pelo vírus da hepatite infecciosa canina, sendo esse halo branco um acúmulo de capsídeo do vírus. Esse acúmulo causa dilatação da carioteca e compactação da cromatina, que estava espalhada dentro do núcleo. Serve de diagnóstico para adenovírus canino (biópsia hepática e citologia) pois é possível visualizar essa alteração na microscopia óptica.
02) Células vesicais epiteliais. Dentro do citoplasma – inclusões de Lentz. 
03) Corpos de neurônios. Corpúsculos de Negri.
Segundo efeito citopático: Formação de sincícios. 
· O ligante viral se conecta à receptores na membrana plasmática da célula. 
· Peptídeos fusogênicos: fusão do envelope viral com a membrana citoplasmática para permitir que o nucleocápside entre no citosol e prossiga a infecção. 
· Quando se ligam o peptídeo torna-se ativo (vai fundir a membrana celular e o vírus).
· Ocorre, então, a infecção. O sincício é o efeito patogênico da infecção viral. 
· Após ocorrer a infecção, quando o vírus já encontra-se dentro da célula, outra célula que estiver próxima poderá se conectar e fazer também a fusão de membranas. Ou seja, ocorre fusão de células vizinhas.
· Surge uma célula multinucleada. 
Em outras palavras: Em vírus envelopado, surgem com frequência nos ligantes virais, peptídeos fusogênicos que fundem o envelope viral à membrana citoplasmática para permitir que o nucleocápside entre no citosol e prossiga a infecção. Após a conexão ligante + receptor, o peptídeo se torna ativo. 
Como as céluas vizinhas também possuem receptores, o peptídeo fusogênico se liga a elas, formando uma única célula multinucleada.
Além disso, se um vírus está infectando uma célula e passa para outra através da ponte, ela pode transitar entre células, fugindo da imunidade adaptativa humoral (mediada por anticorpos). 
Sincícios são pontes intercelulares que surgem a partir da fusão da membrana citoplasmática de uma célula infectada com células vizinhas, devido a ação de peptídeos fusogênicos, existentes nos ligantes de vários vírus envelopados. Ex.: Retroviridae e Paramyxoviridae. É um sistema de fuga da imunidade humoral.
Terceiro efeito citopático: lise da célula.
A infecção viral leva à replicação e transcrição em escala exponencial do vírus. (escraviza o metabolismo celular). A bomba de sódio e potássio é responsável por manter o equilíbrio hidroeletrolitico dentro da célula. Quando o sistema celular colapsa ocorre parada dessa bomba, fazendo com que a pressão osmótica aumente, e esses íons acumulados tendem a atrair a água, que entra de forma passiva. As células ficam então globosas, e finalmente se rompem. 
A paralisação da bomba de sódio e potássio é vista de forma mais agressiva nos vírus envelopados. Ex.: Picornaviridae.
ALTERAÇÃO CELULAR
Ocorre alteração do metabolismo celular e também nas taxas de mitose, tornando as células neoplásicas. 
Sempre há vírus que induzem ao câncer. Ex.: Leucose (linfócitos T e macrófagos). São cânceres contagiosos, por vírus. 
REPLICAÇÃO VIRAL - fases
01) Vírus conectam-se à receptores celulares atrés de seus ligantes. Ocorre a penetração viral (fase inicial, demora de 30min a 01 hora aproximadamente). 
02) Eclipse: A partícula é desmontada. Poucos vírus se replicam com a estrutura, a maioria tem que expor o ácido nucléico -> desnudamento, que corresponde a desmontagem do vírus seguida de replicação do acido nucléico e transcrição deste. Nesta fase, temos a infecção viral, mas não é possível a visualização de partículas. Há uma grande variação de tempo entre as famílias (08 horas até meses e anos).
O herpesvirus bloqueia a produção de proteínas, por isso os antígenos não são inicialmente apresentados. 
03) Maturação: fase de montagem de novos vírions. Caracterizada pela presença de proteínas virias e ácidos nucléicos no interior da célula, com conseguente montagem de vírus na progênie. 
Existem duas formas da célula liberar o que está sendo produzido de vírus: 
- a célula incha e rompe liberando as partículas. Quando a célula morre paralisa a replicação.
- em vírus como o herpesvirus não rompe a célula de imediato (exocitose e brotamento). O virus não quer matar a célula. Esse tipo de vírus depende do contato do hospedeiro para uma boa transmissão. São vírus mais frágeis. Não tem interesse em produzir grande quantidade de uma vez, mas sim produzir por muito tempo (IBR). 
A febre aftosa poduz muito e é resistente no ambiente. É um vírus radical que possui mais de um foco. 
04) Liberação viral: pode ser lise, exocitose ou brotamento na superfície celular. O vírus paralisa a bomba de sódio e potássio estimulando a lise. 
- Liberação por lise celular
- Liberação por exocitose: Quando o vírus faz transcrição, isso significa que DNA mensageiros de proteínas virais podem ir para ribossomos livres e produzir então proteínas simples. A rota dos RNAm: dos ribossomos vai para o RER, onde a partir das vesículas ali presentes ocorre a tradução e o empacotamento das proteínas com transporte para o Complexo de Golgi. Pode ocorrer uma adição de moléculas de glicose ou outros tipos de açucares à proteína, originando as glicoproteínas. É o ribossomo quem produz as proteínas virais. Posteriormente ocorre formação de proteínas complexas e formação de ligantes virais. 
- Liberação por brotamento: é uma variação da exocitose. A vesícula vai ate a membrana citoplasmática da célula e se funde à ela. Se adere à área subadjacente da membrana e isso provoca uma invaginação. 
APCC: citotoxicidade dependente de anticorpo (IgG). Se o animal tem anticorpo, quando o virus expressa glicoproteinas, se as células NK e macroófagos ativados as encontram, eles matam a célula. 
Virus que fazem brotamento ou exocitose conseguem mantem a viabilidade da célula por longos períodos: produzem poucas quantidades mas por muito tempo. 
Brotamento e exocitose estão relacionados a transmissão por contato direto (doenças infectocontagiosas). Transmissão horizontal via ambiente. -> Rotavirus e Parvovirus, são resistentes ao meio ambiente. 
1- Em outras palavras: Momento 0: vírus infecta a célula. Ligação do ligante viral com o receptor celular. UNIÃO E PENETRAÇÃO VIRAL.
Tempo: entre 30 e 60’
2- ECLIPSE: Partícula desmontada. Poucos vírus se replicam com sua estrututra montada.
Inicia com a desmontagem do virion (desenvolvimento), seguida da replicação do ácido nucléico e transcrição do mesmo. Possui ampla variação de tempo entre as famílias.
3- MATURAÇÃO: Fase de montagem de novos virions. Caracterizada pela presença de proteínas virais e ácidos nucléicos no interior da célula com consequente montagem de virions da progênie. Visualização de partículas prontas e semi-prontas.
Existem duas formas da célula liberar os vírus: LISE CELULAR, onde o vírus é produzido, a célula colapsa ,incha e se rompe liberando as partículas. Ex.: Picornaviridae, onde novos vírus vão infectar novas células. Vírus liberado por EXOCITOSE ou BROTAMENTO na superfície celular, não envolvem ruptura de célula. Esses vírus se mantém replicando na célula de forma lenta, regulando a fase de replicação e transcrição. Dependem do contato entre hospedeiros para ocorrer transmissão, pois não sobrevivem no ambiente.
Forma de liberação dos vírus:
1- Lise 
2- Liberação viral por exocitose: Quando ovírus é transcrito, o genoma viral da origem ao RNA de proteínas virais, que vão para os ribossomos livres, se as proteínas são estruturalmente mais simples, fazendo a transcrição. Se as proteínas são mais complexas (glicoproteínas), o RNAm vai para os ribossomos do RER para fazer a tradução, a partir daí, vesículas do RER (da sua membrana) transportam as proteínas para o Golgi (já que no C. Golgi estão as proteínas de glicosilação) onde ocorrerá a adição de moléculas de glicose ou outros açucares à proteína, originando as glicoproteínas, que vão compor o envelope do vírus.
3- Liberação viral por brotamento: envelope viral liberado pela membrana plasmática, não pelo complexo de Golgi.
Se o animal é vacinado, ele tem anticorpos contra glicoproteínas virais. Ocorre ADCC (citotoxicidade celular dependente de anticorpos): Os anticorpos se conectam à proteínas virais e células citotóxicas podem matar as células infectadas, principalmente as Natural Killer e os Macrófagos M1, já que elas tem receptores para IgG (CD16 eCD32).
Rastros antigênicos: Glicoproteínas ficam na membrana, na entrada e saída dos vírions.
Vírus que fazem britamento/exocitose conseguem manter a viabilidade das células por longos períodos. Transmissão do vírus por contato direto.
Vírus que causam lise celular tem transmissão indireta via ambiental (sobrevivem no ambiente).
As famílias serão abordadas em uma ordem crescente de complexidade.
FAMÍLIA PICORNAVIRIDAE
- Vírus RNA pequenos. Estruturalmente são simples.
- Elevada instabilidade genética, ou seja, são propensos a ocorrência de mutações pontuais (aquelas que envolvem deleção, inserção ou substituição de uma base). Esta instabilidade genética é responsável por ampla variação anti-gênica. Por isso existem mais de 200 sorotipos.
- Sorotipo: são tipos virais ou grupos de vírus que compartilham epítopos. Como esses epítopos são identificados com o auxilio de anticorpos específicos, o nome se refere ao local de onde se extrai os anticorpos (soro). 
Sorotipificação consiste em confrontar vírus com um padrão de anticorpos conhecidos. 
Então, há a necessidade de vacinas polivalentes para proteger o animal - pelo menos - dos sorotipos mais prevalentes. Quanto maior a quantidade de sorotipos, maior a dificuldade na produção de vacinas. As vacinas podem proteger – ou não. 
Ex.: A febre aftosa é um Picornavírus do gênero aftovírus A,O,C. Eles são estruturalmente idênticos, tem o mesmo tipo de replicação e mesmas células alvos, mas os antígenos são diferentes. Então a vacina de febre aftosa deve conter esses três epítopos diferentes, para que no caso do contato com o vírus, o animal tenha os três anticorpos específicos. 
- Vírus já foram isolados em várias espécies de vertebrados: humanos, bovinos, macacos, cavalos, suínos, roedores, pássaros. 
Na imagem, as partes em azul são os receptores para os ligantes virais.
Poliovírus: necrose de células da medula espinhal leva a paralisia irreversível, principalmente de membros posteriores. 
Coxasckle: um dos vírus que causam resfriado
Hepatite A: replicação com necrose de hepatócitos e morte por insuficiência hepática aguda. Também ocorre em indivíduos que tem imunidade celular comprometida causando morte por cirrose hepática. Muito comum e está associada a má condição de ambientes – pois o mecanismo de transmissão é fecal oral. 
Febre Aftosa: um dos patógenos mais importantes para o Brasil visto a necessidade de exportação de carne. Como é um vírus altamente contagioso, após identificação de surtos vários países cancelam a compra de produtos brasileiros. 
· Animais permanecem em jejum antes do abate para proporcionar esvaziamento do tubo digestivo e evitar assim, rupturas durante o processo. Animal entra em hipoglicemia e passa a obter energia por processos anaeróbicos, gerando ácido láctico. Isso é benéfico pois o vírus da febre aftosa necessita de ph > 7. Confirmando que não há risco de transmissão para pessoas, então.
Doença vesicular dos suínos: semelhante a febre aftosa e deve-se ter um diagnostico diferencial de febre aftosa. Problemas na cadeia produtiva e comercial. 
Hepatite dos patos:
Encéfalomiocardie: problemas em roedores de biotérios. 
· Para saber a classificação dos vírus, verificar o site oficial ICTV. 
- Todos os vírus, independente do gênero, são pequenos (25nm), não envelopados, RNA polaridade + e núcleoproteína denominada VPG. O capsídeo é pequeno e do tipo icosaédrico, por isso possuem aspecto redondo.
A taxonomia baseia-se em:
- Parêmetros físico-químicos, principalmente ph.
- Organização genômica
- Estratégica de replicação (padrões de clivagem de proteína)
- Similidade genética ou similaridade de antígenos
Morfologia e Estrutura
- Bem simples
- Vírus icosaédricos, 25 nm, sem envelope
- Capsídeo com uma superfície externa regular e simétrica, lembrando uma esfera. 
- Capsídeo com 60 protômeros/capsômeros. São subunidades , que tem um formato normalmente triangular, formadas por proteínas (nessa família viral são 4), denominadas VP1, VP2, VP3 (ligação de anticorpos) e VP4 (associada a RNA viral). Cada protômero é cópia um do outro, são montados de forma a montar o capsídeo. 
Para o vírus da febre aftosa, o VP1 é o antígeno principal, pois compôs o ligante viral que pode ser bloqueado por anticorpos neutralizantes da classe IgG. 
- Vacina de febre aftosa é feita através de um purificado de VP1.
Cada vírus tem o seu receptor para entrar na célula. No caso dos Picornavírus o receptor é o ICAM-1. ICAM-1 na célula hospedeira vai se conectar a VP1 dos vírus. 
A vacina impede os animais de se infectarem por formarem uma barreira de anticorpos ao redor dos receptores ICAM-1 nas células. 
O vírus da febre aftosa não consegue se ligar ao ICAM-1 de cavalos. Não há febre aftosa em equinos. 
- Ácido nucleico RNA ss (+) que atua diretamente como RNA. 
5’:
- O RNA está associado a uma proteína promotora de replicação do genoma, chamada VPG na sua extremidade 5’. 
-Nesta região também tem uma estrutura denominada IRES (sítio de entrada ribossomal interna), que é responsável pela dobradura do RNA. É uma região para reconhecimento pelos ribossomos celulares.
O RNA viral não possui CAP (ou capuz). Esse CAP é necessário para o reconhecimento ribossomal. Então, o vírus evoluiu desenvolvendo outra estrutura -> IRES, que substitui o CAP. 
3’:
- Cauda feita de 20 a 30 adenina -> cauda poli A.
-- Se o genoma do patógeno já é traduzido diretamente, o processo é então acelerado. Mesmo que não tenha capsídeo, o acido nucleico é infectante desde que inoculado dentro da célula. 
-- Formado por 4 proteínas. Composto por 30% de RNA e 70% de proteína. Internamente VP4, cuja função é conectar cada triângulo (capsômero) no RNA que encontra-se dentro do vírus. VP1, VP2, VP3 estão externamente. 
Genoma:
+/- 8500 bases.
RNAm ss (+), monocistrônico (um único gene que codifica somente uma poli-proteína. Essa poli-proteína, após fragmentação por proteases celulares e virais dá origem aos componentes da estrutura do vírus e proteínas necessárias à replicação e virulência.)
O 1/3 do genoma codifica as proteínas estruturais dos vírus – VP1, VP2, VP3 e VP4. 
Os outros 2/3 do genoma codifica as proteínas VPG (que posteriormente se conecta aos novos RNA) e a RNA polimerase viral dependente de RNA, além de outras.
Existem diferentes tipos de IRES: são dobraduras do ácido nucleico. O ácido nucleico, ao se replicar, fica linearmente, mas há sequências que tem afinidade por outras sequências, que se atraem e se colam, formando uma dobradura. Regiões que não tem afinidade não se aderem entre si. Substitui o papel do CAP pois será reconhecida pelos ribossomos. 
O IRES tem uma importância para o nosso sistema imune pois é um PAMP dos Picornavirus, já que são RNA dupla fita, pois se dobrou e colou, o que não existe no nosso organismo, e será então reconhecida pelos receptores celulares. -> Modificação na virulência, morfologia e sensibilidade a temperatura.
Ex.: - Tipo 1: vírus da febre aftosa 
Replicação
São vírus que tem grande variedade. Então será utilizadocomo molde de estudo o vírus da febre aftosa (modelo FMDV). Lembrar-se sempre que não tem impacto na saúde publica, visto que não é uma zoonose. Mas pode ser confundido com outra doença que causa bolhas em pés e mãos. 
· O vírus da febre aftosa tem como ligante as estruturas/pentâmeros de VP1, onde no centro forma-se um sulco ou fenda que se conecta a receptores celulares do tipo ICAM, que é um tipo de integrina (proteína contém três domínios), que tem em sua superfície Heparan Sulfate Proteoglycans (HS). O HS tem uma porção ligante de VP3 e VP2. Por isso há uma especificidade de hospedeiros – tipo de HS na superfície de seus ICAM que interagem com VP2 e VP3. Os capsômeros se dobram para dentro e o capsideo do vírus é, então, trazido pra bem perto/ junto da membrana da célula. Isso promove a formação de um poro, fazendo o que com ocorra injeção do RNA viral VPG transmembrana dentro da célula. Ou seja, não precisa do capsídeo entrar dentro da célula, ele fica do lado de fora, preso porém vazio. O ácido nucleico passa a se situar dentro do citosol celular. 
· O vírus da paralisia infantil pode ser endocitado. Essa endocitose é mediada por clatrinas (proteínas da célula hospedeira). Essas clatrinas são utilizadas pela célula para fazer endossomos. Ficam no citosol pré formadas, porém não utilizadas. Quando o vírus da paralisia infantil conecta no ICAM, este recruta as clatrinas para a região da membrana – processo complexo que requer várias enzimas – o que consequentemente promove uma invaginação que vai trazer o capsídeo para dentro do endossoma. Dentro do endossoma irá entrar ions H+, o que fará com que o capsídeo desmanche, liberando material genético + VPG. Esse RNA é então lançado no citosol. 
A replicação é exclusivamente citosólica. Como tem IRES pode ser imediatamente traduzido em poliproteínas a partir de ribossomos citosólicos livres, que fazem a leitura 5’ -> 3’. As proteínas virais se acumulam no citosol após a tradução das poliproteinas. 
O que entra na célula é RNA viral fita simples (+) 
5’ VPG .... 3’ . 
A RNA polimerase dependente de RNA incia sua atividade na extremidade 5’, onde formará um complexo, originando uma copia invertida também fita simples (-). 
3’.....5’. 
Este RNA cópia por sua vez será reconhecido novamente pela RNA polimerase, que nem desfaz esse complexo, formando um novo RNA progênie fita simples (+). 
5’....3’.
Complexo replicativo: é o RNA viral + RNA de polaridade (-) + RNA polimerase + VpG. 
VP1,VP2,VP3 tem alta afinidade. Então se colam formando os capsômeros, Por baixo está a VP4 que tem tropismo por RNA. 
Alguns picornavirus invadem macrófagos, o que é extremamente benéfico para os vírus. Por isso alguns vírus saem dos enterócitos e vão para o SNC. Enquanto estão nos fagócitos, após induzirem apoptose, não são atingidos por anticorpos. 
No caso da febre aftose, o vírus tem interesse em evitar a apoptose, pois não atinge fagócitos, e sim células epiteliais. Produz proteínas anti-apoptóticas para prolongar a vida útil da célula hospedeira e evitar que sejam fagocitados e destruídos. 
· Proteínas pró-apoptóticas e contra apoptose são fatores de virulência.
· Proteínas shut off = desligamento. Pequeno peptídeo denominado L, que se liga a região CAP dos RNAm celulares e, assim, bloqueiam seu reconhecimento pelos ribossomos da célula. Deixam os ribossomos livres da célula disponíveis somente para transcrição de proteínas do vírus, ocorre um desligamento da síntese de proteína celular. 
Caracteristicas antigênicas:
Sempre tem RNA polimerase. Todas tem uma deficiência na conferência de nucleotídeos que elas estão polimerizando (atividade de conferência de leitura). 
Os vírus, especialmente os RNA, tem altíssimas taxas de mutação (ate dez mil vezes a chance de mutação de um dna eucariótico). Ou seja, aparecem muitos vírus defeituosos na progênie. Mas há mutações não prejudiciais, que modificam antigenicamente os vírus. Dai surgem os conceitos de sorotipo e subtipos.
Sorotipo são vírus que tem correlação antigênica entre si, porém são completamente diferentes nos seus epítopos, dos vírus de outro sorotipo. Ou seja, vírus de sorotipos diferentes, não compartilham antigenicidade e imunogenicidade (anticorpos para um não protegem para outros.) Ex.: o vírus da febre aftosa possui 7 sorotipos, sendo que A O C acontecem no Brasil. Não há imunidade cruzada entre eles. Pode ser imunizado para um sorotipo mas contrair outro. A vacina contempla todos os três, mas atualmente o C será retirado da vacina pois foi erradicado no país, desonerando a vacina e reduzindo possíveis reações para esse antígeno do vírus. 
Subtipo são variações mais discretas entre vírus de um mesmo sorotipo. Subtipos de um mesmo sorotipo possuem algum grau de imunidade cruzada, podendo ser de baixa até alta dependendo da proximidade genética de ambos. Os subtipos são importantes porque podem causar infecções subclínicas nos hospedeiros que já passaram por infecção anterior, e esses animais são difíceis de serem detectados. 
Então no momento em que paralisa a vacinação, podem existir surtos.
FAMÍLIA FLAVIVIRIDAE
- Virus RNA ss (+)
- Capsídeo icosaédrico 
- Envelope viral com glicoproeínas virais (ligantes)
- 4 gêneros: sendo dois deles os de interesse principal para a Medicina Veterinária.
 Flavivirus: 
- Febre Amarela. É uma zoonose transmitida através da fauna selvagem, e há uma grande taxa de mortalidade de primatas.
 - Vírus da Peste do Nilo. É também uma zoonose transmitida por Aedes spp. e Culex spp.. É um patógeno importante para equideos, causando encefalite e morte.
Fazem parte dos arbovírus pois são transmitidos por insetos vetores. O aquecimento global tem contribuído significativamente para que mais regiões sejam atingidas por essas doenças. 
 Pestivirus: 
- Peste suína clássica. Muita perda por mortilidade em suínos, que afeta principalmente leitões. O vírus pode ser reintroduzido através da introdução de animais assintomáticos, porém portadores, em rebanhos; ou então pela distribuição de restos alimentares para criações de subsistência.
- Diarreia Bovina vírus / Doença das mucosas. A maior preocupação sanitária e de mercado mundial é a febre Aftosa, porém esta encontra-se controlada no país. Atualmente, para proteger o mercado interno, certos países exigem que o país exportador não tenha essas doenças. Daí a importância em controlar esses patógenos no rebanho. Esse vírus causa uma infecção sistêmica e é um dos principais causadores de problemas reprodutivos em bovinos. 
Estrutura do vírion	
- São esféricos, medem entre 40 e 60 nm de diâmetro. 
- RNA ss (+) e, envolvendo-o, um capsídeo de simetria icosaédrica. 
- Envelope: derivado de células hospedeiras, na qual estão inseridas dois tipos de proteínas, a proteína de envelope (E), proteína de membrana (M) ou sua precursora (prM). 
-> Glicoproteína E
Trímero: possui três cadeias peptídicas (domínios) dispostos em pares. Há uma sequência específica de aminoácidos, extremamente importante, pois representa o peptídeo de fusão: fusão do envelope viral com a membrana citoplasmática da célula alvo, após a interação do ligante viral com o receptor celular -> entrada do vírus na célula. 
Na imunização é fundamental a produção de anticorpos IgG que venham a impedir a ação do peptídeo fusogênico, através do bloqueio da glicoproteína E. Os vírions só vão se tornar infecciosos quando as glicoproteínas estão organizadas na superfície (maturação do virion).
O correto posicionamento dos pares de glicoproteínas E e dos dois peptídeos fusogênicos nelas existentes depende da maturação da proteína M. Durante as fases finais de montagem dos virions e, mesmo, após sua liberação pela célula hospedeira, a proteína matriz é imatura, sendo encontrada como precursora PrM. Para maturação final da proteína M é preciso a ação de uma protease viral que, ao clivar a PrM, modifica a sua forma e a retrai, o que força o posicionamento correto das cadeias das glicoproteínas E. 
As proteases são alvo de estudos para elaboração de drogas anti-virais.Material genético da família
Ciclo do vírus
1- Os vírus entram por endocitose através da ligação entre receptores celulares (integrinas) e ligantes virais. Ligação de glicoproteínas E com receptores da célula hospedeira (integrinas, receptores de IgG, CD19, ...). Essa ligação causa mudança conformacional e expõe os peptídeos fusogênicos.
2- Normalmente os Flavivirus são endocitados
3- O PH ácido do endossomo desestabiliza o capsídeo. Desmancha o capsídeo pela alteração de pontos isoelétricos, mudando a capacidade de ligação da proteína C.
4- RNA chega ao citosol da célula
5- RNA viral traduzido no ribossomo
6- Transcrição e replicação: O RNA ss(+) possui CAP e, por isso, é traduzido diretamente em poliproteina pelos ribossomos livres existentes no citosol celular. 
Poliproteína precursora é gerada na tradução do RNAv.
Clivagem mediada por proteases celulares e virais, gerando dois conjuntos de proteínas: 
Estruturais ( 1º: 1/5 genoma) e Replicativas (2/3 finais).
As enzimas replicativas são geradas, inclusive a RNA polimerase dependente de RNA que farão as cópias do genoma semelhante ao Picornavirus.
As enzimas de replicação ficam presas na membrana do RER. Consequentemente a replicação viral ocorre adjacente ao RER.
01) Clatrina é uma proteína da célula que faz o endossoma através de uma invaginação da célula. O ligante viral se adere ao receptor e ativa as clatrinas, que são responsáveis por deformar o envelope. 
02) Genoma dentro do citosol. 
REPLICAÇÃO
O genoma viral tem um sítio de reconhecimento e um códon de início de leitura, onde se conectará a RNA polimerase depende de RNA, ou seja, depende de um RNA viral ss (+) como um molde. Sintetiza/polimeriza RNA usando como molde outra molécula de RNA. 
Obs.: Em eucariotos a RNA polimerase depende de DNA como molde. Ou seja, sintetiza RNA a partir de DNA. 
Após, ocorre a leitura da sequência de nucleotídeos, realizando uma cópia de polaridade -, invertida e complementar. Ou seja, inverte a sequência e complementa com o nucleotídeo correspondente. Vai fazer uma nova cópia do genoma do virus. 
Ex.: 
5’ CGGGCTAATTCGC 3’
3’ GCCCGUTTUUGCG 5’ SERVE APENAS COMO MOLDE, NÃO REALIZA TRADUÇÃO E SINTESE DE PROTEÍNAS. TEM POLARIDADE NEGATIVA. UMA ENZIMA FAZ, ENTÃO, UMA CÓPIA A PARTIR DESSE SEGMENTO DE RNA, FORMANDO NOVOS GENES VIRAIS. 
Quando o RNA é copiado, ele já fica preso à proteína C. O vírus é gerado, com as proteínas presas à membrana do RER. Inicialmente o RNA é internalizado pelas proteínas C e nesse momento as proteínas M e E envolvem o capsídeo formando o virion imaturo. O víriom é transportado ao Golgi a partir de uma vesícula.
No Golgi ocorre a glicosilação da proteína E, então o vírion é transportado até a membrana e exocitado.
O processo replicativo ocorre na membrana externa do retículo endoplasmático rugoso.
ORDEM Menomegavirales 
FAMÍLIA Rabdoviridae
São vírus RNA ss (-) não segmentados. É uma ordem grande mas esta família foi selecionada pois contém, além de outros vírus importantes, o vírus da Raiva.
- Origem do termo Rabdovirus: morfologia na microscopia eletrônica assemelha-se a um projétil de revolver. Rabdo, em grego, significa cilindro.
- É uma família muito grande, com muitos vírus, que acometem desde plantas, até vertebrados e invertebrados. 
- Existe um gênero específico que causa doença em camarões, provocando lesões brancas em seu exoesqueleto. O vírus da Mancha Branca infecta os camarões na fase de larva. Pode causar graves prejuízos econômicos para aqueles que produzem. 
- Tem importância econômica pois promove mortalidade alta em várias espécies, como por exemplo a Raiva em mamíferos, de produção ou companhia, onde a mortalidade é superior a 99,9%, tendo também importância na saúde pública. 
- Infecção grave nos sistemas hematopoiético, renal e nervoso de peixes alevinos. Como há uma época específica de reprodução, pode trazer grandes prejuízos econômicos. 
Morfologia:
- As partículas virais, dependendo do gênero, variam muito de tamanho. Mas a média é de 175 nm de comprimento x 75 nm de diâmetro. 
- Apresentam envelope, que é uma bicamada lipídica, obtida da membrana celular. Esse envelope é muito frágil diante de radiação, do tipo luz ultra violetra, frágil à dessecação/desidratação ao ser exposto ao meio ambiente, são sensíveis aos desinfectantes comuns e rotineiros, e aos solventes lipídicos (éter, álcool e clorofórmio), visto que estes atacam a membrana. 
- O formato do capsídeo proporciona o formato do vírus. É um capsídeo helicoidal, formado por uma única proteína (nucleoproteína N), representada na imagem em amarelo. Se deposita por afinidade em cima do RNA. A nucleproteína N é a proteína mais abundante produzida na replicação viral após infecção celular. Se constitui no principal antígeno do vírus explorado para imunodiagnóstico (métodos diretos). Os métodos diretos de imunodiagnóstico evidenciam nas amostras clinicas o antígeno do vírus. Qualquer método que mostre o agente na amostra são métodos diretos. E o maios comumente utilizado é a imunofluorescência direta (IFD), onde utiliza-se anticorpos contra antígenos do agente, e esses anticorpos são marcados por fluorescenina, brilhando em verde fosforescente. No caso específico da Raiva, ela é o componente principal do Corpúsculo de Negri. Como é muito produzida durante a replicação viral, acaba gerando um excedente, formando os corpúsculos. Tem também uma importância citotóxica levando à necrose das células nas quais ela se acumula. Faz parte da patogenia do vírus a síntese dessa nucleoproteína. É um antígeno importante para a imunidade adaptativa celular. 
O vírus da Raiva tem alta mortalidade pois atingem as células do sistema nervoso. Os neurônios são péssimos produtores de MC-I, que apresentam os antígenos aos linfócitos TCD-8. Portanto a imunidade celular não acontece. 
Ainda dentro do capsídeo, a figura mostra estruturas em laranja, que é o complexo transcriptase. No caso dos vírus de polaridade negativa, a RNA ss (-) dependente de RNA é chamada “transcriptase”, que gera RNA a partir de outro RNA(+).
L = RNA polimerase 
P = fosfoproteína
Embora não tenham função estrutural, e sim enzimática, fazem parte do capsídeo. 
- A matriz envolve o nucleocapsídeo, e é composta por uma única proteína, que é a proteína M. A função dela, para o vírus, é intermediar o reconhecimento do nucleocapsídeo (capsídeo + ácido nucleico + enzimas = RNA ss (-) + N + L + P) pelas glicoproteínas do envelope, durante a fase de brotamento do vírus na replicação intracelular. 
Em outras palavras:
A glicoproteína está na membrana celular, após ser gerada por um processo celular. Assim que o RNA da progênie é produzido, as nucleoproteínas tem afinidade, então forma-se o núcleo do vírus, mas ele precisa receber envelope, e para isso vai depender da proteína matriz que, inicialmente, terá afinidade por uma cauda carboxila das glicoproteínas, onde irá se ligar. A nucleoproteína M que está envolvendo o nucleocápside também tem afinidade pela proteína M. Então essas proteínas vão estabelecer ligações químicas não covalentes, fazendo com que o nucleocapsídeo saiba onde buscar seu envelope. 
Origem do envelope é a membrana citoplasmática. Os rabdovirus são diferente dos flavivírus, que obtém do retículo endoplasmático rugoso. O envelope viral é composto por uma bicamada lipídica + glicoproteína G. A glicoproteína G é importante para os vírus pois representam os ligantes virais, que determinam a especificidade à receptores celulares (-> tropismo celular).
Ex.: 
Febre Aftosa: epitéliotrópico
Raiva: neurotrópico, onde o principal recepetor celular é a acetilcolina. 
Quando são pantrópicos, os receptores estão presentes em diversos tipos celulares. Não é porque tem muitos ligantes no vírus. 
Para o sistema imune, a importância dos ligantes são os anticorpos, da classe IgG, que neutralizam os ligantes virais, por obstrução mecânica. Ao receber/aplicar a vacina para Raiva, inocula-se o vírus mortos com os antígenos (glicoproteína G), e os linfócitos B vão produzir anticorpos contraisso, que vão proteger contra a infecção, pois os ligantes celulares estarão obstruídos. 
Glicoproteina G: 
- Indutora de imunidade adaptativa humoral
- Também apresenta toxicidade celular, exclusivamente para células nervosas – neurônios. Pois quando o vírus da raiva induz a expressão de glicoproteínas na membrana da célula, faz com que ocorra um prejuízo na transmissão de impulsos nervosos. Então, é a primeira a provocar sinais clínicos, antes mesmo da morte celular. 
No neurônio há uma mancha rósea, representando o corpúsculo de Negri. É uma encefalite pois há uma infiltração linfocitária típica de infecção viral ou protozoário, que não dá as inclusões. Mas a técnica de HE não é a mais indicada. 
A técnica de Sellers cora todas as estruturas celulares em azul, mas as inclusões apresentam-se avermelhadas.
Mordeduras, quanto mais próximas do SNC, menor o período de incubação, pois já infecta diretamente os neurônios, sendo as manifestações clínicas apresentadas rapidamente.
As técnicas de corante tem uma sensibilidade de 60% (não muito alta). 
Por isso surgiu a imunofluorescência, onde utiliza-se IgG conjugados com fluorescenina, contra antígenos de vírus, no caso da raiva o cospúsculo de Negri. Ao incindir uma luz UV nos anticorpos, cuja fluorescenina responde devolvendo uma luz verde. A sensibilidade é de 90%. 
Os outros 10% geralmente realiza-se a prova biológica de inoculação em ratos de laboratório, onde não há a possibilidade de falsos-negativos. Posteriormente pode-se fazer também a imunofluorescência no encéfalo do camundongo.
Os carnívoros podem transmitir o vírus antes de iniciar os sinais clínicos, aproximadamente 10 dias antes do período de incubação, via saliva.
- Por isso que animais são isolados por 10 dias após ocorrer mordidas, mesmo que os animais não apresentem sinais clínicos da doença. Mas animais vacinados, cujos donos praticam a posse responsável, e são domiciliados, a chance de o animal estar contaminado com a raiva é de 99%. No caso de animais abandonados, sem vacinação, devem ser observados – a prefeitura da cidade local é responsável por isolar o animal. 
O comprometimento do SNC é progressivo, por isso as alterações iniciais são comportamentais (medo, agressividade, inquieto). A agressividade também pode aparecer em herbívoros, principalmente equinos e caprinos. 
Genoma: polaridade (-). Ou seja, começa no 3’ e termina no 5’ – a sequência é invertida e complementar em termos da sequência de nucleotídeos. Cada retângulo corresponde a 1 gene, ou seja, são 5 genes (policistrônico), formando 5 proteínas diferentes. Os números representam a quantidade de bases, por isso a imagem é proporcional. Como a polaridade é negativa, não pode ser traduzido diretamente pelos ribossomos. É preciso uma sequência onde sejam gerados RNAm (5 diferentes), que são sempre fita simples (+), que possam então serem traduzidos, processo realizado pela transcriptase (L+P no caso da raiva). 
Atenuação da transcrição: esse genoma so tem uma porta de entrada para a RNA transcriptase, que se dá no inicio da extremidade 3’. A transcriptase lerá cada um dos genes no sentido 3’ -> 5’, gerando os RNAm de todos. A transcriptase pode se descolar dos genes nos stop códons, e para reiniciar o processo tem que voltar na extremidade 3’ (são vários pontos de saída e somente um ponto de entrada). Isso vai fazer com quem vários RNAm sejam produzidos a mais quando voltam para a extremidade 3’, os RNAm da extremidade 3’ serão produzidos em muito maior quantidade em relação aos que estão próximos a extremidade 5’. Os genes do final do genoma são menos transcritos. 
Ou seja - a atenuação da transcrição é a produção em quantidade decrescente de RNAm dos genes do genoma dos Rabdovirus. Os genes mais próximos do começo (extremidade 3’) são mais transcritos do que os genes mais próximos ao final do genoma (extremidade 5’), porque só existe um sitio de entrada para a transcriptase, porém existem 5 pontos de desconexão para ela, o que a obriga a sempre fazer a transcrição dos genes iniciais para fazer posteriormente a transcrição dos genes finais. Isso leva a um excesso de transcrição dos genes iniciais.
Classificação 
Ordem mononegavirales 
Gêneros de interesse veterinário:
- Lyssavirus (lyssa significa loucura em grego – corresponde ao vírus da raiva)
- Vesiculovirus (vírus que cirucula na américa e causa a estomatite vesicular que atinge mamíferos de produção, principalmente herbívoros e suínos)
- Novirhabdovirus (nesse gênero tem um pequeno gene a mais = 6 genes, então. O RNAm dele dá origem a uma proteína não estrutural, que utiliza para alguma parte do processo de replicação). Esse gênero engloba os rabdorvirus dos animais aquáticos. 
Classificação genética dos Lyssavirus 
São tipificados em função da sequência de nucleotídeos da nucleoproteína M. É uma tipificação genotípica. São sete genótipos (7 tipos de vírus da Raiva, determinados genéticamente pela sequência de nucleotídeos da nucleoproteína M). 
- No Brasil tem-se somente o RABV – Rabies vírus. A vacina para raiva é igual para todas as espécies, o antígeno é o mesmo, independente da espécie a qual será utilizada. 
Mas os vírus compartilham antígenos. 
- É preciso que se tenha vigilância epidemiológica para que esses outros genótipos não sejam introduzidos no Brasil. Para transporte de carnívoros domésticos, há a necessidade de um atestado que confirme a vacinação para a doença. Mas não se sabe confirmadamente se a vacinação RABV protege para os outros genótipos.
Então deve-se tomar cuidado com o tráfico clandestino de animais selvagens, e com viagens para países que possuem outros genótipos, além do transporte não controlado de animais entre países. 
Ordem Monomegavirales
Família Paramyxoviridae 
· Paramyxo = assemelhado/parecido + muco.
· São os vírus que causavam doenças semelhantes a gripe. Há dois importantes gêneros de interesse na medicina veterinária que causa problemas respiratórios. 
GÊNEROS 
· Respirovirus: Parainfluenza bovina PI – 1,2 e 4 e canina (CPIV)
· Avulovirus: Doença de New Castle (NDV OU APMV-1). É uma doença altamente contagiosa, com elevada letalidade e com manifestações neurológicas principalmente em aves. No Brasil não se tem a doença de New Castle nas criações comerciais de aves. Essas cepas que causam manifestações neurológicas não podem chegar ao Brasil.
· Morbillivirus: peste bovina (RPV), Cinomose (CDV) e sarampo (MeV). A cinomose causa elevadas taxas de óbito em cães e é um problema ambiental para a conservação da fauna, pois cães portadores introduziram essas cepas virais entre os grandes felinos e em outras espécies, causando mortalidade expressiva. Atualmente estão ocorrendo surtos sérios de sarampo com mortalidade de pessoas – ocasiona vasculite daí as manchas vermelhas, pdoendo ocorrer manifestações neurológicas. A peste bovina é uma doença erradicada no mundo, não acontece no Brasil. 
· Pneumovirus: vírus sincicial respiratório bovino. 
MORFOLOGIA
- É um dos maiores vírus existentes. As partículas virais tem aproximadamente 300 nm. Mas não é uma esfera perfeita, tem uma deformação que varia muito (pleomórfico ou que tende ao esférico). Essa variação ocorre porque o envelope é frouxo, e nesse envelope existe um material genético grande e frouxo, que pode se acomodar de diferentes formas. 
- RNA ss não segmentado (+)
- Presença de transcriptase (“L” + fosfoproteina “P”)
- Capsídeo helicoidal, formado por um único tipo de proteína (NP), que envolve os ácidos nucleicos. 
- O envelope com dupla camada lipídica é derivado também da membrana citoplasmática celular. Há gêneros que terão glicoproteínas NH e F e outros gêneros que terão glicoproteína G e F. Ou seja, sempre apresentam duas. Parte dessas glicoproteínas podem ser visualizadas na superfície dos vírus.
- A composição de um paramyxovirus é muito parecida com a do rabdovirus. São famílias evolutivamente próximas. 
- O genoma é significativamente maior. Há gêneros que podem ter maior complexidade. 
Nucleocápside é composto por RNA e associado a esse genomatem-se o complexo L+P. Proteína matriz M é muito similar funcionalmente à M dos rabdovirus – faz a ligação do nucleocápside com as caudas das glicoproteínas G que encontram-se no envelope - isso é importante na fase de brotamento. Glicoproteina NH e F são ligantes virais. NH o ligante é acido siálico (ácido neuramínico – são cadeias de açúcares que ficam na superfície externa de proteínas de membrana celular. Ou seja o ácido siálico são terminações nas extremidades amina das glicoproteínas de membrana citoplasmática.) Nossas células utilizam essas moléculas de acido siálico para inibir o ataque do complemento quando da via alternativa. Os microorganismos são pobres em ácido siálico. A porção H (hemoaglutinina) das glicoproteínas NH tem afinidade por ácido siálico – é uma propriedade biológica, não esta obrigatoriamente associado a patogenia – essa aglutinina causa aglutinação das hemácias que são ricas em acido siálico -> entrada do vírus na célula. As neuraminidases (porção N das glicoproteínas NH) -> para quando os vírus forem liberados por brotamento na superfície da célula. As glicoproteínas F (de fusão) vão aproximando os vírus da membrana celular, sendo responsável pela fusão de membranas lipídicas, e compõe o envelope para provocar a fusão deste com a membrana citoplasmática da célula que está sendo infectada. Isso permite a penetração do nucleocapside no citosol celular. 
Nas proteínas G não há atividade hemoaglutinina e nem neuraminidase, portanto há receptores celulares específicos nas células de seus hospedeiros. 
Resumindo: 
IMPORTÂNCIA DAS PROTEINAS VIRAIS 
- Glicoproteínas F e NH 
-> as três ações podem não estar presentes em todos os gêneros. 
-> F: fiaxação e fusão célula-célula (ação lisolecitina). ). Permite a infecção celular do nucleocapside após a fusão do envelope com a membrana citoplasmática. Promove os sincícios.
-> NH: ação hemoaglutinina:
-> NH: ação neuraminidase 
Porção H é o ligante viral e a porção N é permite o descolamento do vírus das proteínas celulares da membrana durante a fase de liberação dos vírus.
Ác siálico: sinalização típica de células endógenas para evitar o ataque do sistema complemento.
Função da neuraminidase: clivar as ligações da porção ligante viral H com as terminações siálicas existentes nas proteínas da membrana celular hospedeira, liberando os vírions da célula.
O sincício é importante na patogenia das doenças virais pois é uma estratégica de evasão da imunidade humoral. Não há exposição aos anticorpos. Ex.:
Encefalite do cão velho na cinomose -> as únicas manifestações clinicas desenvolvidas são as neurológicas. Os vírus conseguem sobreviver no organismo do animal mesmo que esse esteja imunizado, pois atingiu o SNC e se propaga por sincício. É uma forma crônica da doença.
Vacina para cinomose deve ser atenuada pois não basta ter a imunidade humoral, tem que ter também a celular. É importante junto com a imunidade celular a imunidade também por anticorpos contra esses ligantes virais. 
- Proteínas M e NP 
Por serem antígenos internos aos vírus não são bons para a imunidade humoral mas são bons antígenos para a imunidade celular. 
- Proteínas L e P ou P/C/V 
SENSIBILIDADE VIRAL
- A transmissão da cinomose se dá através do contato direto entre os animaisnão infectados com os infectados. As paramyxoviroses são doenças que aproveitam, então, do comportamento de seus hospedeiros, desenvolvendo uma contagiosidade. TODAS SÃO ALTAMENTE CONTAGIOSAS. Há um potencial epidêmico muito elevado. 
O individuo na forma pré-clínica é capaz de infectar outros indivíduos (ex. sarampo) (alta taxa de ataque). 
- No ambiente os paramyxovirus são muito sensíveis (radiação, dessecação, produtos químicos). 
Parvovirose não deve ser confundida com cinomose. O parvovirus é altamente estável e permanece por longos períodos de tempo no ambiente. Já o vírus da cinomose é altamente instável permanecendo por pouquíssimo tempo no meio ambiente. 
Animais completamente isolados tem baixa probabilidade de se contagiarem com cinomose. Mas deve-se considerar falhas na vacinação e os períodos de incubação, onde a manifestação clinica acontece somente quando o animal é acometido por outros problema. 
Na clinica ao manejar animais infectados e não infectados com cinomose, e parvovirose, deve-se trocar as roupas e as luvas. E preferencialmente um local isolado para os animais infectados, assim como as pessoas que tem acesso a esse local.
O vírus da cinomose é epiteliotrópico, como muitos órgãos tem epitélio, vários sistemas são atingido. É linfotrópico e neurotrópico. O motivo dessa ampla gama de infecção é o ácido siálico que é comum a essas células. O vírus da cinomose produzem inclusões em neutrófilos (inclusões de Lentz). 
REPLICAÇÃO: igual aos rabdovirus. Somente a entrada e a saída apresentam algumas diferenças. 
· Replicação citoplasmática. Tropismo em epitélio, linfonodos e SN
Diferenças da família Rhabdoviridae: 
1- Família Rhabidoviridae não tem peptídeo de fusão. Sua entrada se da por endocitose e posterior fusão do envelope com o endossomo.
Família Paramyxoviridae contam com proteína específica para fusão (F), fundindo seu envelope diretamente com a membrana citoplasmática.
2- Em termos de efeito citopático, os vírus da cinomose produzem inclusões citoplasmáticas em neutrófilos (inclusões de Lentz). 
Obs.: Ocorre vizualização de corpúsculos de inclusão no núcleo, mas não há replicação lá. Ocorre replicação no Rer (que é uma extensão da carioteca), e ocorre fluxo retrogrado de proteínas para o núcleo, incluindo os corpúsculos de inclusão.
Causam lise celuar.
FAMÍLIA Retroviridae 
Uma das famílias mais conhecidas porém não se tem vacinas e os tratamentos são conservativos, visando manter os pacientes. A prevalência é ampla. 
Essa família não está agrupada em nenhuma ordem e tem um genoma muito particular (RNA ss (+), diplóide). O RNA desse vírus é uma copia um do outro, com os mesmos genes e a mesma sequência de bases. Porém, esse RNA não é o responsável pela expressão gênica na célula hospedeira. Dentro da célula esse RNA será codificado e transformado em DNA dupla fita, que por sua vez sofrerá transcrição e gerará as proteínas virais. Dentro da célula hospedeira então encontra-se 2 DNA dupla fita, pois cada RNA que entra dá origem a 2 DNA virais. Essa transformação dentro da célula hospedeira (RNA->DNA) necessidade de uma enzima que é carregada exclusivamente por vírus dessa família: TRANSCRIPTASE REVERSA. É uma DNA polimerase dependente de RNA.
Atualmente essa enzima é purificada e vendida para uso em diagnostico, genética, palenteologia (estudos de moléculas de RNA). 
GÊNEROS 
Deltraretrovirus -> leucose enzoótica bovina. Apesar de provocar baixíssima mortalidade, trás enormes prejuízos. Pode-se considerar que 90% dos animais estão infectados com esse vírus. A leucose é um câncer de células do sistema imune (câncer do tipo leucemia) -> linfócitos B. 
Grupo viral PTLV primates -> câncer de células T, principalmente em comunidades indígenas. 
Lentivirus: as infecções tem longos períodos de infecção. -> AIDS, AIE, FIV, CAE (artrite encefaline caprina), entre outros vírus imunossupressores. 
Gammaretrovirus: virus da leucose aviária, transmitido pelo gameta. Deve-se ter um controle rígido, principalmente em matrizes, pois não há conhecimentos para eliminação desse virus. Granjas podem falir por destruição de todo material genético. Há tentativas de clonagem de aves para evitar perda de matriz genética.
As divisões em subfamília são feitas de acordo com as propriedades patogênicas.
OS gêneros são de acordo com a analise genética do genoma desses virus e seus respectivos hospedeiros. 
Estrutura dos virions retrovirais 
- São partículas relativamente simples. 
- É um virus envelopado. Esse envelope é derivado de membrana citoplasmática. E nesse envelope os virus mantém duas glicoproteínas (SU – superfície ) e (TM – transmembrana). 
- Essas proteínas: SU é o ligante e é representado na imagem pelas bolinhas azuis. A TM é representado em verde, ancorando a SU na camada

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