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Tecnologia e Processamento de Pescados Curso de Engenharia de Alimentos Disciplina: Fundamentos da Tecnologia de Pescados Professora: Daiane dos Santos Pinto INTRODUÇÃO • O pescado é importante na dieta humana Proteínas, lipídeos • A indústria fornece uma variedade de produtos, em que o peixe é o componente principal. Peixes inteiros, em pedaços, resfriados, congelados, enlatados, produtos secos, curados, óleo de peixe. • São conhecidas mais de 12.000 1.500 dessas espécies são considerados de relevância comercial. DEFINIÇÃO DE PESCADO Pescado são todos os peixes, crustáceos, moluscos, anfíbios, quelônios, mamíferos, de água doce ou salgada destinados à alimentação humana; • Peixes: Cartilaginosos (tubarão, cação, raias), ósseos (pescada, sardinha, tainha); • Crustáceos: Camarão, lagosta, siris, caranguejos; • Molusco: Lulas, polvos, caramujos, mexilhões; • Anfíbios: Rãs; • Quelônios: Tartaruga, jacarés, crocodilos; • Mamíferos: Baleias. CLASSIFICAÇÃO DO PESCADO Em geral, os peixes são classificados de acordo com sua posição trófica na coluna d’ água sendo denominadas: Pelágicos Habitam a superfície Grandes predadores (atum) e presas (sardinhas) Demersais Se encontram próximos ao fundo Não possuem hábitos migratórios (pescada, corvina) Bentônicos Permanecem junto ao fundo Línguados, raias CARACTERÍSTICAS DO PESCADO Estrutura do peixe • Estrutura simétrica (cabeça, corpo e cauda); • Superfície recoberta de pele e nela, assentam-se as escamas; • Fibras musculares mais curtas; • Dois tipos de tecido muscular; - Tecido muscular branco ou claro; - Tecido muscular vermelho ou escuro; Músculo claro Músculo escuro CARACTERÍSTICAS DO PESCADO Estrutura do peixe • A parte útil dos peixes, também denominado de corpo, é a parte destinada à industrialização; • O corpo limpo representa em média 62,6% do peso dos peixes; • O pescado filetado apresenta um rendimento que varia conforme a espécie. CARACTERÍSTICAS DO PESCADO Estrutura do peixe Peixe Peso (kg) Cabeça(%) Corpo limpo(%) Filé com pele (%) Filé sem pele (%) Bagre 2,40 21,4 63,2 49,9 38,6 Cavalinha 0,40 20,9 57,0 43,5 - Curimbatá 0,70 13,7 69,9 59,0 50,2 Corvina 1,80 28,2 48,5 37,2 32,0 Traíra 0,63 18,1 68,8 58,6 47,5 Pescada 0,37 15,4 64,5 54,2 49,1 Tilápia 0,53 19,1 56,1 - 32,2 Tabela 1 – Rendimento em filé com e sem pele de diferentes peixes. COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Fatores que influenciam na composição físico - química do pescado Fatores da matéria - prima Idade (jovens - adultos) Época do ano e região de captura Sexo Fatores da amostragem Zona do corpo (cabeça, cauda) Fatores da amostragem Tipo de músculo (claro, vermelho) Remoção eficiente dos resíduos (ossos) COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Água • Principal componente do pescado; • Pode variar de 60 – 85%; • 15 – 25% da água se encontra ligada a proteínas e carboidratos (água de constituição); • Outra fração estar ligada a estrutura do músculo e tecido conectivo, atuando como meio de dissolução (água livre); • Afeta sua coloração, suculência, textura e sabor; • Relacionada com a deterioração do pescado. COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Gordura (lipídeos) • As variações lipídicas entre indivíduos da mesma espécie são muito acentuadas; • Os lipídeos não se distribuem igualmente no corpo do animal; • Bacalhau: < 1%; • Merluza: 1 - 1,5%; • Sardinha, cavala e arenque: até 25% ou mais; • Proporção de ácidos graxos de cadeia longa é maior no pescado; • Lipídeos ricos em ácidos graxos poli-insaturados. COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Gordura (lipídeos) • Em função do teor de lipídeos os peixes podem ser classificados em: • Magro: < 5% (ex: linguado, bacalhau, pescada); • Semi - gordo: 5 - 10% (ex: peixe espada); • Gordo: > 10% (ex: atum, sardinha, salmão). COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Proteínas • Compostos nitrogenados protéicos e não protéicos; • Proteínas sarcoplasmáticas (20 - 30% solúveis em água) e a maioria tem atividade enzimática; • Proteínas miofibrilares (65 - 75%); - Sendo 50 - 54% miosina, 25 - 27% actina, 15 - 20% tropomiosina; - Proteínas insolúveis, presente nos vasos sanguíneos, nervos e no estroma (10 - 15% importantes na textura do pescado). Ex: colágeno, elastina; - Importantes do ponto de vista nutritivo e tecnológico. COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Compostos inorgânicos (elementos minerais) • Representa 1,5 % da composição do pescado; • Sendo mais expressivo em espécies marinhas; • Influenciado pela qualidade da água, ambiente e alimentação; • Dependendo da água os peixes podem acumular metais em grande quantidade; • Os elementos minerais se concentram no músculo; • Sódio, potássio, magnésio, enxofre estão presentes em maior quantidade. COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Carboidratos • O conteúdo de carboidratos dos peixes varia de 0,3 - 1%; • Glicogênio; • Mucopolissacarídeos (principalmente quitina, presente no exoesqueleto de crustáceos); • Exceto em algumas espécies de moluscos e crustáceos que os estocam como reserva energética (até 5% ou mais); COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Espécie Água Proteína Gordura Minerais Atum 70,4 24,7 3,9 1,3 Bacalhau 80,8 17,3 0,4 1,2 Cavala 67,5 18,0 13,0 1,5 Merluza 79,2 17,9 1,5 1,3 Truta 78,2 18,3 3,1 1,4 Ostra 83,0 9,0 1,2 2,0 Mexilhão 83,0 10,0 1,3 1,7 Tabela 2 - Composição físico-química aproximada (%) de algumas espécies de pescado. ALTERAÇÕES POST-MORTEMDO PESCADO • As alterações obedecem três causas: enzimática, oxidativa e microbiológica; • Dependem da conservação, higiene, manutenção da cadeia de frio, espécies capturadas e métodos de captura; • O frescor do pescado determina a qualidade dos produtos derivados; • Fatores que influenciam o frescor do pescado. Grau de esgotamento pós - captura Danos físicos Limpeza e higiene Produção de muco Rigor Mortis Autólise Decomposição microbiana ALTERAÇÕES POST-MORTEMDO PESCADO Grau de esgotamento pós-captura • Alguns tipos de equipamento de pesca, como as redes, podem provocar a morte dos peixes depois de esforço extenuante; • Causando rápido rigor mortis e sinais precoces de alteração no peixe; • Captura por cordas e anzóis, se mostram muito importantes para prolongar o frescor do pescado. ALTERAÇÕES POST-MORTEMDO PESCADO Danos físicos • Equipamentos empregados e manipulação; • A carga e descarga de peixes no barco com a ajuda de garfos, tridentes ou varas com ganchos; Orifícios (aspecto e conservação) Avanço rápido de alterações bacterianas ALTERAÇÕES POST-MORTEMDO PESCADO • O pescado logo após sua captura, sofre uma série de alterações bioquímicas, físicas, químicas e microbiológicas. • 1º) Enzimas musculares autolíticas (proteínas e gorduras); • 2º) Ação dos micro-organismos, até completa deterioração. ALTERAÇÕES POST-MORTEMDO PESCADO Abate Falha da circulação sanguínea Interrupção do aporte de oxigênio Metabolismo Anaeróbio 1 molécula de glicose 2 moléculas de ATP (energia) ALTERAÇÕES POST-MORTEMDO PESCADO • De acordo com o grau de utilização do ATP remanescente no músculo post-mortem e o grau de contração muscular resultante desta utilização, o período em que essas alterações aparecem, se distribui em três etapas: • Pré-rigor mortis; • Rigor mortis; • Pós-rigor mortis; ALTERAÇÕES POST-MORTEMDO PESCADO Pré-rigor mortis • Etapa compreendida entre a morte do animal e o início da contração muscular post-mortem; • A carne é elástica, as fibras musculares são extensíveis e tem uma boa capacidade de retenção de água; • As extremidades podem ter contração visíveis; • O oxigênio residual é consumido e tem início a glicólise anaeróbica, acúmulo de ácido lático, e degradação de ATP; ALTERAÇÕES POST-MORTEMDO PESCADO Tabela 3 – Propriedades físicas do músculo na etapa de pré-rigor mortis ALTERAÇÕES POST-MORTEMDO PESCADO Rigor mortis • Inicia-se entre 1 a 7 horas após o abate; • Perda da extensibilidade do músculo, apresentando-se firme, rígidos,e secos também conhecido como rigidez cadavérica; • Não existe mais ATP nas células para desfazer as ligações actina-miosina. ALTERAÇÕES POST-MORTEMDO PESCADO Pós-rigor • Enzimas presentes no músculo, provocam o fim da etapa de rigor mortis. • Catepsina - Degrada actina e miosina; - Atividade sobre o colágeno presente no músculo; • Calpaína - Responsável pelo amaciamento da carne;
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