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1 Gestão do Relacionamento com os Clientes Unidade I Prof. Erik Guttmann GUTTMANN, Erik Gestão do Relacionamento com os Clientes (livro-texto I) / Erik Guttmann. São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu UNIP, 2019. 29 p. 1. Relacionamento com clientes. 2. Marketing direto. 3. Marketing um a um. Pós-Graduação Lato Sensu UNIP. III. Título. Erik Guttmann É Provisional Teaching Member em Análise Transacional da I.T.A.A. – San Francisco – CA. USA. Formado em Engenharia Mecânica pela PUC Rio e em Positive Psychology Coaching, além de possuir diversos diplomas de cursos complementares. Larga experiência profissional em cargos de gerência, decisão e direção de Planejamento de Produção, Manufatura e Desenvolvimento de Recursos Humanos em empresas como: Vicunha S/A, Paramount. Norton S/A, Telesp e Ernst & Young. Especialista em Planejamento e Gestão Estratégia; Gestão da Mudança; Modelos de Governança; Gestão, Melhoria e Redesenho de Processos; Capacitação de Pessoas e Educação. Vivência no planejamento e coordenação de eventos nacionais e internacionais. Analisa, prepara, desenvolve e ministra cursos de treinamento, atendendo necessidades específicas de clientes. Alguns temas ministrados: Gestão de Mudança, Gestão de Incertezas, Gestão de Processos, Empreendedorismo Interno e Externo, Negociação, Vendas Complexas e Consultivas. Atende diversos setores de mercado, tendo em seu portfólio clientes como Rede Ford de Distribuidores, Rede GM de Distribuidores, Santander, Bradesco Seguros, Whirlpool, J&J, Unilever, Bamberg Imoveis, GSI, Prosegur, Cosan, ABAV, Aurora Alimentos, Penske, Clariant, Bayer, Goodyear, AG, entre outros. Coautor dos Livros Consultoria Empresarial, editado pela Editora Saraiva em 2005, já em terceira edição, revista e ampliada (2017) e Comportamento Ideal em Vendas, editado pela Benvirá (2018). É professor em Consultoria Empresarial, Capital Humano, Estratégia Empresarial, Eficiência Operacional, Gestão e Planejamento Comercial, Liderança e Equipes, Planejamento de Vendas e Gestão de Canais e Prática Consultiva, entre outras disciplinas. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 1. O PROCESSO EVOLUTIVO DO NOVO PARADIGMA RELACIONAL ................ 6 1.1 Marketing transacional ...................................................................................... 7 1.2 Marketing de serviços ....................................................................................... 9 1.3 Marketing industrial ......................................................................................... 11 1.4 Marketing relacional ........................................................................................ 12 2. AS LIMITAÇÕES DO MARKETING TRANSACIONAL ....................................... 14 3. A EVOLUÇÃO DO MERCADO (TECNOLOGIA, PREFERÊNCIAS, HÁBITOS) . 16 3.1 Marketing 1.0 .................................................................................................. 16 3.2 Marketing 2.0 .................................................................................................. 17 3.3 Marketing 3.0 .................................................................................................. 17 3.4 Marketing 4.0 .................................................................................................. 18 4. O SURGIMENTO DAS AÇÕES DE RELACIONAMENTO MAIS ESTRUTURADAS ..................................................................................................... 20 5. O PARADIGMA TRANSACIONAL: DO SURGIMENTO DO MARKETING DIRETO ATÉ O CRM .............................................................................................................. 23 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 28 5 INTRODUÇÃO O presente livro-texto foi elaborado para auxiliar os estudantes da disciplina de Gestão do Relacionamento com os Clientes (GRC)1. Foi elaborado a partir de uma vasta pesquisa bibliográfica, buscando ofertar diversos conceitos, técnicas e ferramentas, que servirão como base teórica da respectiva disciplina. Esperamos que este material possa contribuir para um amplo entendimento sobre esse relevante tema da área de marketing. 1 Customer Relationship Management (CRM). 6 1. O PROCESSO EVOLUTIVO DO NOVO PARADIGMA RELACIONAL Gestão de relacionamento e de clientes não é algo novo. As empresas conheciam os clientes, dividiam esses clientes com base nas suas necessidades e desejos, como também em grupos de maior ou menor valor. Juntavam conhecimento para construir fidelidade e com isso sabendo o que os clientes queriam, não tinham em estoque produtos que não quisessem ou precisassem. Traçando uma linha do tempo para uma compreensão mais abrangente do que significa relacionamento com clientes, essa linha inicia com a Era Industrial, período que teve início no século XVIII e caracterizada pela mecanização da produção. Essa mudança repercutiu na ordem econômica e social, já que marcou crescimento da produção de massa e surgimento de classes sociais, como a burguesia e o proletariado, por exemplo. O foco principal foi atração de novos clientes e consumidores, volume de produção e vendas, lucro e participação de mercado (Market Share), esse fator em estado embrionário. No Brasil, a Era Industrial tem início no século XX, mais significativamente nos anos 1930, com a importante baixa das exportações de café, sem contrapartida para manter importação de produtos manufaturados. Essa industrialização teve forte patrocínio do governo, com Getúlio Vargas anunciando a determinação de instalar indústrias de base no país, em 1931, sendo tomadas medidas concretas durante o Estado Novo e aporte financeiro dos proprietários rurais, que anteviam a possibilidade de criar empresas, importando máquinas usadas a preços convidativos. As relações comerciais estavam focadas em produtos, mas com um primeiro olhar para foco no cliente, pois era comum a existência da caderneta de registros de compra e venda, instituída para consolidar consumo por determinado período, com pagamento concentrado em certa data de fechamento, mensal, por exemplo. É muito importante citar a introdução de técnicas de venda, a AIDA em especial. Essa técnica foi desenvolvida por St. Elmo Lewis em 1898, originalmente para ser usada em publicidade e propaganda da época. O significado original é: Atraia Atenção, significando despertar a atenção do potencial comprador ou consumidor. Ignorá-lo pode ser considerado como falta gravíssima, pois não cria uma conexão favorável no momento da interação comercial; Mantenha Interesse, que é manter interessado o potencial comprador pelo que está sendo demonstrado ou exposto; Crie Desejo, agindo no sentido de mostrar ao cliente o produto ou comentar sobre a natureza do serviço, deixando-o se manifestar favoravelmente; e Tome Ação, sendo adequado qualquer meio para chegar ao fechamento da venda. A estratégia de venda é estabelecida a partir das premissas, conhecimentos, vivências e pensamentos de que a verdade de quem está vendendo é a mesma de quem está comprando, ou seja, vender por meio de bons argumentos que se acredita irão convencer, direcionando a compra. Essa técnica foi inicialmente chamada de funil de compra. A terminologia já mostra essa evidência de foco direcionado ao cliente e não foco vindo do cliente. A maior parte da informação vinha do vendedor. O período pós Segunda Guerra Mundial marca indelevelmente as empresas, que se viram obrigadas a se reinventarem administrativa e comercialmente. Os princípios da Administração de Empresascomo conhecemos atualmente tiveram seus alicerces nessa época. Localmente, em 1943 é fundada a Fábrica Nacional de Motores, em 1946 o primeiro alto forno da Companhia Siderúrgica Nacional entra em 7 operação e a Petrobras é criada em 1953, ou seja, a estratégia de substituição de importações, principalmente em produtos básicos, toma forma definitiva. A figura mostra a evolução do paradigma relacional na linha do tempo. Do marketing transacional ao marketing relacional Fonte: ANTUNES; RITA, 2008 (adaptado). 1.1 Marketing transacional Uma definição para Marketing Transacional: é aquele que tem seu foco essencialmente na venda, para determinado consumidor, no exato momento da interação comercial. O cliente tem uma relação puramente comercial com a marca, que se preocupa com os resultados imediatos e com novas vendas, não com relacionamentos duradouros. Nessa perspectiva, os vendedores tendem a concentrar mais atenção na atração de novos clientes para futuras trocas do que em estimular trocas adicionais, envolvendo relacionamentos mais estreitos com os clientes atuais. Em razão da ênfase nas novas trocas, os vendedores, assim como os clientes, desenvolvem pouca confiança ou compromisso no relacionamento. Com isso os clientes aprenderam rapidamente a procurar a melhor oferta e escolheram os produtos principalmente com base no preço. O Marketing Transacional tem fundamentação teórica ligada à teoria do Marketing Mix, ou seja, os 4Ps, teoria proposta por McCarthy nos anos 1960. Em outras palavras, essas são as quatro dimensões básicas da oferta. Produto, todos os bens tangíveis e serviços que a empresa oferece ao mercado. Ao verificar um bem tangível devem-se levar em consideração suas características e atributos. Já no caso de serviços as características ou atributos serão os métodos, fluxos operacionais, conhecimento e desempenho do prestador de serviço, dentre outros, a serem considerados e avaliados. Questões fundamentais que um produto ou serviço responde ao ser colocado no mercado: satisfaz alguma necessidade ou desejo de um grupo de pessoas? Que atributos ou funcionalidades do bem ou serviço podem chamar a atenção dos clientes, como inovação, diferencial, exclusividade etc.? A apresentação, desenho, volume, são convergentes com as aspirações dos clientes? Qual o ciclo de vida do produto ou serviço? As diferenças entre os diversos produtos ou serviços têm que ser efetivamente percebidas pelo mercado, para que haja escolha ou preferência. Caso o produto ou serviço seja percebido como “mais um do mesmo”, o risco de encurtar seu ciclo de vida aumenta dramaticamente. 8 Preço, valor monetário aplicado para efetivar a troca. É o antigo escambo, no qual as partes determinavam algum valor para seus bens e buscavam efetivar as trocas com a maior vantagem possível para atendimento de suas necessidades ou desejos. Atualmente, o preço de um produto ou serviço é calculado e determinado por algumas variáveis, tais como quanto a empresa quer de margem, isto é, qual o valor da receita acima dos custos ou despesas gerados pelos outros Ps, produto, praça e promoção; quanto os concorrentes estão cobrando por produtos ou serviços semelhantes e que possam reduzir a possibilidade de colocação do produto ou serviço no mercado; qual a percepção de valor ou utilidade que os compradores têm a respeito do produto ou serviço, para estarem dispostos a pagar por isso; qual a estratégia de introdução ou manutenção do produto ou serviço no mercado, com políticas de descontos ou manutenção de preço de introdução no mercado, menor que o que será praticado ao longo do ciclo de vida. Em resumo, a determinação de preços deve atender as demandas internas de lucro e desenvolvimento empresarial e demandas externas de utilidade e de necessidade ou desejo atendido dos consumidores, além de demonstrar diferencial favorável para uma recompra. Esse P é o ponto de receita da empresa, já que os demais Ps representam despesas. Praça, representando todo e qualquer local onde o produto ou serviço possa ser oferecido. Nesse caso, os locais podem ser o ponto de venda, o canal de distribuição, o ambiente virtual como sítios ou aplicativos etc. É o ponto de contato e interação entre o consumidor e o produto ou serviço, o ponto que o cliente busca para interagir. Será nesse ponto de contato o lugar da troca, ou seja, da venda. Com o uso do e-commerce, cada vez mais um fator crítico deve ser levado em consideração, que é a logística, geradora de reposição e entrega rápida do produto ou serviço. Esse fator fará com que o cliente tenha uma experiência muito favorável no processo de compra, acelerando sua satisfação de necessidade ou desejo, além de dar maior visibilidade ao produto ou serviço. O P de praça pode ter influência decisiva no P de Preço, pois seus dispêndios são significativos na estrutura de custos da empresa. Promoção, sendo todas as ações que comuniquem e divulguem o produto ou serviço ao consumidor potencial. Esse P não se restringe à publicidade e propaganda ou à política de descontos de preços. Qualquer ação que possa atrair a atenção, provocar interesse e desejo de compra está nesse P. Quando se trata de ambiente físico, uma loja ou quiosque, por exemplo, a facilidade de acesso ao produto pode ser considerada uma promoção. No e-commerce a explicação precisa e suficiente dos atributos, características, funcionamento, facilidade de meios de pagamento, rapidez de entrega etc. também é um meio de promover o produto ou serviço. Os meios de divulgação mais amplos, tais como propaganda, publicidade, e-mail marketing, mala direta, fan pages, associações, sindicatos, autônomos etc., que desejem interagir com os seus clientes, assessoria de imprensa e até mesmo links patrocinados são maneiras de promoção da empresa, da marca, do produto ou serviço, todas com o objetivo maior de atração e manutenção de clientes. O P promoção também tem a função de manter vivo o valor ou utilidade do produto na mente do consumidor, para provocar recompra recorrente, pois existe uma tendência nos consumidores de experimentar novos produtos ou serviços, fazendo com que a empresa corra sérios riscos de perda desse cliente. O equilíbrio entre as quatro dimensões é essencial para o sucesso da venda, necessitando demonstrar uma conexão natural nos 4Ps. Logo, a comunicação é parte fundamental na demonstração desse equilíbrio. Com o foco no produto, pode-se afirmar que terá que ser analisado o paradigma informacional, tendo sido dominante 9 nos estudos e nas práticas de comunicação organizacional. Esse paradigma prevê a existência de um emissor enviando uma mensagem para o receptor, eliminando ao máximo o ruído na mensagem, a fim de se obter eficácia informacional. Ele decorre do modelo matemático da comunicação, desenvolvido por Shannon e Weaver no final da década de 1940. Também conhecido como telegráfico, devido à sua característica linear, foi elaborado a princípio com foco na área de telecomunicações, com o objetivo de transmitir informações. Nesse sentido, o esforço seria para assegurar sintonia entre o que foi comunicado e o que foi entendido, tentando-se eliminar toda forma de interferência na comunicação. Na abordagem organizacional, o paradigma informacional é tido como linear e unilateral, em que a organização é o polo emissor e tem como objetivo transmitir mensagens ao polo receptor, ou seja, seus públicos (LIMA; BASTOS, 2012). Por essa perspectiva, ignora-se toda e qualquer possibilidade de circularidade e mais ainda: “(…) exclui do processo o que existe de mais vital para a comunicação, que são as múltiplas possibilidades de sentido” (LIMA; BASTOS, 2012). Baseia-se na premissa de que a comunicação deveria ser medida e padronizada, ignorando assim o contexto social e a cultura. A comunicação, nesse caso, é algo fechado e passível de controle. Os canais utilizados consideram apenas uma via de comunicação.1.2 Marketing de serviços Um dos componentes do Marketing Transacional é o Marketing de serviços, entendido como mostrar ao cliente o valor de uma empresa, da área de prestação de serviços, posicionando-se como uma provedora de soluções às suas necessidades. Para esclarecer essa definição, é necessário conceituar, também o que é Serviço. Esse conceito tem origem na ideia de servir, de atender à necessidade de outra pessoa, realizando uma determinada tarefa ou um conjunto delas. A Prestação de Serviços tem algumas características extremamente importantes, já que por meio delas se consegue diferenciar serviço de produto. São elas: Intangibilidade, algo que não se pode tocar, que não se pode ver antes da compra ou da prestação, imaterial. Heterogeneidade, já que dois serviços nunca são idênticos ou iguais, mesmo que similares. Inseparabilidade, dificilmente consegue- se separar o serviço de seu prestador, como também a produção e o consumo são praticamente simultâneos. Ausência de propriedade, correspondente ao direito de receber a respectiva prestação, direito ao uso, ao acesso, mas não à sua posse propriamente dita, pela sua natural imaterialidade. Perecibilidade, sendo algo que não pode ser armazenado, como ocorre com os produtos. O serviço termina junto da prestação propriamente dita. Habitualmente os consumidores têm melhor percepção e meios de comparação ou avaliação entre produtos, algo tangível ou material. No caso de prestação de serviços a dificuldade aumenta. Para tanto, alguns mecanismos são úteis na tentativa de mitigar essa dificuldade de comparação ou avaliação. Para buscar uma transformação e “concretizar” um serviço pode-se utilizar na Intangibilidade a demonstração dos métodos, técnicas e ferramentas componentes do serviço, as provas e evidências de realizações anteriores, o nível de credibilidade e de confiança do prestador. Para Heterogeneidade devem-se buscar junto ao cliente quais os fatores críticos de análise e avaliação que ele irá utilizar, ressaltando para cada fator a 10 competência do prestador do serviço. No caso de Inseparabilidade, realizar a prestação do serviço por equipes de trabalho, não por indivíduos isolados, demonstrando que o conhecimento não está concentrado, mas difundido. Para Perecibilidade, a oferta de transferir o conhecimento ao cliente, tornando-o parceiro do prestador do serviço e não dependente dele. Os mecanismos citados acabaram por instituir mais 4Ps para o Marketing de serviços e que são: Pessoas. Todos que fazem parte da prestação de serviço são chamados de pessoas. Os profissionais envolvidos no processo de atendimento e execução, desde o líder aos colaboradores, ou seja, todos envolvidos direta ou indiretamente na prestação do serviço. No caso dos serviços, diferentemente dos produtos, a mão de obra é a matéria-prima para a produção dos serviços. Portanto, a preocupação com as pessoas envolvidas é de fundamental importância. O bom atendimento é a premissa básica, pois uma equipe que entra em contato com o cliente transmite a imagem da empresa e pode ser um diferencial competitivo muito importante no mercado. A gestão de pessoas pode ser arma potente do negócio e um fator de diferenciação em relação aos concorrentes. Treinar e capacitar os colaboradores, agregados e demais envolvidos, criando neles a ideia de que os clientes precisam ser bem tratados, sendo o foco do atendimento, garante um impacto positivo direto na qualidade do atendimento. São as pessoas que influenciam diretamente a qualidade da experiência oferecida pelo negócio. Processos, que consideram o fluxo de trabalho, incluindo metodologia administrativa e operacional. Esse P representa todos os fluxos de trabalho, procedimentos e metodologias utilizadas na prestação de um serviço. É necessário entender os processos e aperfeiçoá-los para garantir o sucesso da prestação do serviço e, consequentemente, a fidelização do cliente. O processo é a experiência que seu cliente recebe a partir do momento em que ele contata a empresa com o intuito de compra do serviço. Diz respeito às ações a serem tomadas para satisfazer os clientes. O processo também serve para diferenciar o nível de qualidade do serviço entre os diversos concorrentes no mercado. Do início ao pós-venda, o processo descreve todo o fluxo de atividades. Nesse ciclo o cliente deve se sentir próximo da empresa, que por sua vez deve aproximá-lo dos fluxos. Todos os mecanismos e ações de execução de um serviço podem ser considerados um processo. Quando mal realizados, eles afetam o cumprimento dos serviços, a produtividade e, consequentemente, a satisfação dos clientes. Uma inadequação do processo ao benefício prometido pode arruinar o mix de marketing de serviços. O sucesso do processo depende, também, da documentação dos passos mais importantes. A equipe deve conhecer os procedimentos para executá-los com perfeição. Portanto, tê-los descritos em um lugar de fácil acesso a todos é fundamental. O treinamento deve garantir que o processo seja executado como planejado. Produtividade, que para a prestação de serviços representa o desempenho no atendimento e excelência constante no relacionamento com o mercado e clientes. Nesse P entra o nível de satisfação percebido. Produtividade e qualidade são fatores de sucesso em qualquer empresa. Por isso, é necessário ter atenção especial a esses aspectos no marketing de serviços. É preciso assegurar a produtividade dos colaboradores e manter a qualidade na prestação do serviço, desde seu planejamento até o momento da entrega ao cliente, incluindo o pós venda. A produtividade do time precisa estar assegurada, é preciso que a entrega do que foi prometido seja exemplar, preferencialmente com “algo a mais”, que faz parte do processo, não envolve custos adicionais e é uma surpresa para o cliente. 11 Perfil (Physical Evidences) é a forma como a empresa interage com o cliente e o ambiente onde isso ocorre. São levadas em consideração características visuais que ofereçam evidências da qualidade do serviço, aparência, decoração e até vestuário dos profissionais. Todas as evidências físicas da prestação de serviço, como layout do local de trabalho, malas ou caixas para papéis ou ferramentas, atendimento, cartão de visitas, equipamentos, instalações etc. são fonte de avaliações para que os clientes verifiquem a qualidade de tudo aquilo que está ligado ao serviço. É preciso pensar em onde e como os serviços são prestados e como isto pode ser maximizado para que a experiência de consumo do cliente possa ser a melhor possível. Perceber o que os consumidores pensam ou esperam do serviço e do prestador são orientações a serem consideradas na elaboração de estratégias de fidelização. Esse P não é o mesmo que o P de Praça, pois se trata muito mais de aspectos tangíveis percebidos no entorno do serviço. 1.3 Marketing industrial Complementado os vários componentes do Marketing Transacional, tem-se o Marketing Industrial, também conhecido como Business Marketing ou mesmo Marketing Business to Business (B2B), sendo responsável por construir relações duradouras entre empresas. Dedicado especialmente aos consumidores organizacionais (B2B), que compram produtos e serviços não apenas para o uso na própria indústria, por exemplo, mas também para produção de outros bens e serviços destinados ao mercado de consumo, denominado Marketing Business to Consumer (B2C). O Marketing Industrial orienta e dá sentido a todas as iniciativas que permitem que um fornecedor ou provedor venha a fazer parte de um produto ou serviço final, de modo a compor um bem de consumo de alto valor percebido pelo cliente final, o consumidor. O compromisso do Marketing Industrial é dotar uma empresa válida de ações inteligentes e generosas de modo a tornar seus clientes menos sensíveis a preço. Esse tipo de marketing é destinado à satisfação das necessidades e desejos das organizações, focado em clientes e colaboradores.O conceito envolve confiança e um bom relacionamento com seus clientes. Para conseguir aplicar o marketing industrial, a estratégia deve ter a capacidade de diferenciar uma empresa das outras e torná-la mais competitiva diante do mercado. O preço deve se tornar uma informação, não devendo ser o principal motivo da escolha por uma solução. Vale dizer que uma grande vantagem competitiva dentro do marketing industrial é o conhecimento que a empresa passa a obter sobre um cliente por meio de pesquisas e análises, buscando gerar ofertas que tenham a melhor relação custo/benefício. Usando o conceito de marketing industrial B2B, uma empresa consegue competir em outros quesitos, muito mais importantes, agregando valor ao produto final e sabendo como destacar a empresa. Ao planejar suas ações, a indústria precisa levar em conta alguns fatores muito importantes como etapas do processo de compra, reconhecimento de um problema ou necessidade, avaliação das alternativas disponíveis no mercado, referência por determinado produto ou serviço que tem maior valor para o cliente. As etapas do marketing industrial seguem, aproximadamente, aquelas previstas para o marketing ao consumidor final. A primeira etapa do marketing B2B é https://www.marketingparaindustria.com.br/marketing/4-maneiras-destacar-sua-empresa/ 12 a mesma do B2C, identificar seu público alvo. A empresa deve entender quais tipos de negócios podem ser beneficiados pelo seu produto. Todas as ações de marketing devem partir desse entendimento. Em seguida, a indústria deve elaborar sua apresentação aos possíveis clientes. Uma diferença nessa etapa é que devem coexistir diversas apresentações, pois os diferentes papéis e responsabilidades serão desempenhados por várias pessoas. É crescente a importância de uma forte presença online. Potenciais clientes irão pesquisar sobre uma empresa antes de negociar a compra de seu produto. 1.4 Marketing relacional O termo marketing de relacionamento surgiu nos anos 1980 e se referia a aprimorar a relação da empresa com seus clientes, com o propósito de alcançar maior satisfação desses clientes com a marca, os produtos e serviços da empresa, tendo por consequência a geração de maior competitividade. Era uma visão “para dentro” com ações voltadas aos clientes. Para Vavra (1993) o marketing de relacionamento é uma abordagem referente às relações entre vendedor e comprador, para fortalecer e desenvolver relações de longo prazo. Cabe lembrar que o marketing transacional estabelecia relações pontuais, de curtíssimo prazo, buscando novos clientes, sem muito foco em manter os atuais. Berry (1995) amplia a visão de marketing relacional, definindo marketing de relacionamento como sendo atração, manutenção e aumento de relacionamento com clientes, enfatizando que a atração de novos clientes é apenas um passo intermediário no processo de marketing. Para ele, marketing deveria ser: solidificar relacionamentos, transformar clientes indiferentes em leais e servi-los. Considera-se, então, que a partir dos anos 1990 o marketing passa do foco transacional para o foco relacional. Não se pode esquecer que sempre existirão compradores transacionais e compradores relacionais. Isso significa que a visão de BERRY (1995) se comprova, fazendo com que ações mercadológicas privilegiem os clientes já existentes, melhorando o relacionamento com eles, sem esquecer os novos clientes, que poderão se tornar recorrentes e evoluir para relacionais. Segundo o marketing de relacionamento, os clientes satisfeitos preferem ter uma relação contínua, em vez de trocar de fornecedor recorrentemente. Do ponto de vista da empresa, é melhor manter um cliente existente que atrair um cliente novo, financeiramente, conforme esclarecimento de COBRA (1993). Para NICKELS & WOOD (1998), as palavras-chave do marketing de relacionamento são manter e longo prazo. LEVITT (1990) compreende que o Marketing de Relacionamento funciona como um “casamento” do cliente com a organização, cujas partes possuem expectativas distintas e necessidades específicas. Para ele sucesso no casamento ou no marketing de relacionamento se traduz por uma interdependência, inevitável, que leva a empresa a ter uma abordagem mais concreta de satisfação do cliente, não somente pensar em produto e prestação de serviço. Para que esse relacionamento de longo prazo seja efetivo, a empresa amplia a visão de marketing de relacionamento, incluindo todos os colaboradores e demais grupos de interesse, os stakeholders, nessa visão, conceito e prática. O marketing relacional demonstra uma verdadeira inversão de papéis entre vendedor e comprador. O cliente para a ser o protagonista e centro das atenções, não a empresa, o produto ou o serviço. O cliente é especial, “único”, deve ser acolhido, cultivado, ouvido e, principalmente, permanecer satisfeito com a marca, produto, 13 serviço e empresa. Para conseguir tudo isso, a empresa deverá oferecer escuta ativa, disponibilidade, flexibilidade, criatividade e inovação. Os clientes estão em constante mudança, com relação a desejos, preferências, necessidades e comportamentos. Logo, é necessário que a empresa adote novas técnicas para descobrir essas mudanças e aplicar ao seu relacionamento com esses clientes, para que permaneçam como centro de atenção e atendimento. 14 2. AS LIMITAÇÕES DO MARKETING TRANSACIONAL O pensamento e concepção do marketing sofreram diversas alterações desde a definição de marketing, proposta pela American Marketing Association (AMA), em 1985. O marketing era definido como “o processo de planejamento e execução de conceitos, precificação, promoção e distribuição de bens, ideias e serviços para criar trocas que satisfaçam os objetivos dos indivíduos e das empresas.” (AMA, 1985). Por várias décadas uma grande parte das empresas abordou o Marketing como um conjunto de transações, não necessariamente interligadas entre o vendedor e o cliente. Conforme explicam Nickels & Wood (1999), no Marketing transacional os vendedores colocam o foco em trocas individuais e isoladas que satisfazem as necessidades de um cliente em uma hora e local determinado. Por essa perspectiva, os vendedores tendem a concentrar sua atenção e foco na atração de novos clientes, em vez de estimular trocas adicionais, envolvendo relacionamentos mais estreitos com os clientes atuais. Segundo BOSS (1997), a abordagem transacional do marketing colocou ênfase na gestão do modelo dos 4Ps num contexto estritamente funcional, expressando operacionalmente a estratégia de produto, sendo percebido como praticamente lei imutável de marketing. Também deve ser entendido como proposta de valor ao cliente, já que levava em conta sua satisfação e atendimento à sua necessidade ou desejo. Esse modelo tem uma estrutura simples e de fácil compreensão (GRONROOS, 1994; CONSTANTINIDES, 2006). Ele tem foco na gestão das trocas, considerando as necessidades dos consumidores na criação, melhoria, adaptação de produtos e serviços, com direcionamento transacional, de alcance amplo e pontual. Carecia de uma orientação mais aprofundada para o cliente como centro das atenções e cuidados e para o relacionamento com ele. Dessa maneira, os vendedores, assim como os clientes, desenvolvem pouca confiança ou compromisso no relacionamento, pois o marketing mix (4Ps) não considera o comportamento do cliente, o considera como passivo, não permite a interação e não consegue perceber relacionamentos, não leva em consideração os elementos do marketing de serviços. Mantêm as relações no curto prazo, já que o produto é indicado isoladamente. Mas a expressiva maioria das empresas não vende somente um produto. Elas vendem produtos, linhas de produtos ou marcas, todas interligadas na mente do consumidor. Satisfação ou insatisfação dos clientes, já que o marketing mix não menciona a construção de relacionamentos com o consumidor ou as experiências da marca que os consumidorescompram, não fazendo parte do repertório dos vendedores e, finalmente, fidelidade ou lealdade não é parâmetro de referência de relacionamento. O marketing “antigo” achava que a habilidade mais importante era conseguir novos clientes. Os vendedores passavam a maior parte do tempo correndo atrás de novos clientes, em vez de cultivar o relacionamento com os já existentes. Surgiram diversos estudos que acrescentam mais Ps aos quatro inicialmente formulados. Essa necessidade de acrescer novas variáveis é vista por Gronroos (1990) como um sintoma de fraqueza e fracasso da abordagem do marketing-mix. O problema não é o número de variáveis a considerar, como sugeriram alguns autores, mas a sua própria natureza teórica ao constituir-se em um paradigma pouco firme e com uma clara estreiteza, resultando insuficiente para levar a cabo uma orientação ao mercado (SÁNCHEZ; GIL; MOLLÁ, 2000). 15 Para se conseguir a fidelização por parte dos clientes, é necessária, em primeiro lugar, a detecção de satisfação ou de possíveis insatisfações, ambas manifestadas pelos consumidores. A empresa deve descobrir os motivos capazes de fazer com que potenciais clientes manifestem recusa de consumir seu produto ou evitar a prestação de um serviço, dando preferência a um concorrente. Mantendo –se no marketing transacional, os consumidorers tendem a buscar as melhores ofertas, principalmente com base em preços. Na ponta da venda, então, para que pudessem angariar novos clientes, vendedores passam a enfatizar a redução dos preços. Com esse círculo vicioso, busca por preço e redução de preço, as margens e a lucratividade fica reduzida, fazendo com que houvesse um movimento significativo de redução de custos, comprometendo o modelo como um todo. Com a mudança no contexto econômico mundial, euforia e crise, incerteza etc., as empresas se interessam, cada vez mais, assumir compromissos com os clientes já existentes, buscando fidelidade e lealdade. Nesse novo contexto, o lucro passa a ser fundamental para dar suporte ao crescimento da competição empresarial. Estudos adicionais ressaltavam algumas limitações importantes no marketing transacional. Para GUMMESSON (1987) e GRONROOS (1994) a visão da AMA permanecia numa relação de estímulo-resposta entre a empresa e seus clientes, e que os mercados são compostos por atores independentes e passivos, mas que essa visão só poderia ser aplicada a determinados tipos de empresas e mercados. Para CHRISTOPHER; PAYNE; BALLANTINE (1994) o modelo dos 4Ps não capta a amplitude e complexidade dos aspectos práticos do marketing, nem reconhece as inter-relações existentes entre os 4Ps. Para CONSTANTINIDES (2006) os 4Ps tem as seguintes fraquezas: fator humano ignorado, falta de dimensão estratégica, postura ofensiva, falta de interatividade, fraca orientação interna e falta de personalização. Essas fraquezas fizeram com que os 4Ps não refletissem a realidade, principalmente no marketing industrial e no marketing de serviços. Devido a constante interação entre fornecedores e clientes industriais e necessidade de interação pessoal na prestação de serviços, emergiu o conceito de marketing relacional. Agora, aspectos tais como diferenciação de mercado, aumento de segmentos, distinção de reputação, captação e retenção de clientes, entre outros sejam fundamentais para potencializar valor e utilidade de produtos e serviços, aumentar vendas, dessa vez em mesmos clientes, para cumprir os objetivos estabelecidos pela empresa. O marketing de relacionamento traz em seu bojo um direcionamento a públicos específicos, comunicação diferenciada e dirigida, conceito de valor agregado para o cliente e posicionamento de marca, fazendo com que possa existir retenção de clientes, vendas recorrentes nos já existentes, satisfação dos clientes e, concluindo, fidelidade e lealdade. O objetivo maior do marketing de relacionamento é fazer com que os clientes se tornem fãs e propagandistas dos produtos, serviços, marca e empresa. Logo, um conceito adequado para marketing de relacionamento é: ações tomadas por uma empresa com o propósito de criar e manter um relacionamento positivo com os seus clientes. Portanto, para vivenciar o marketing de relacionamento é mandatório que a empresa tenha foco no foco do cliente, industrial ou consumidor final, além de conhecer e desenvolver um processo que alinhe e compatibilize o marketing de serviços com o marketing transacional. 16 3. A EVOLUÇÃO DO MERCADO (TECNOLOGIA, PREFERÊNCIAS, HÁBITOS) O mercado está em constante transformação e mudança, gerando evolução nos conceitos e práticas mercadológicos. As fases da evolução do marketing são representações dessas mudanças. Analisá-las se torna fundamental para as empresas que desejam permanecer e evoluir em seus mercados. Independentemente da categorização, pode-se afirmar que são quatro as fases do marketing, do marketing 1.0 ao marketing 4.0, cada uma com suas características diferenciadas de acordo com as necessidades e o comportamento dos consumidores. A evolução do marketing é um fenômeno que trouxe novas estratégias para divulgar e aumentar a visibilidade das empresas. Entender essas mudanças faz toda a diferença na hora de traçar estratégias, objetivos, metas e ações nas empresas, para que as campanhas sejam as mais assertivas possíveis, gerando grandes retornos para o negócio. A figura mostra qual o caminho a ser percorrido. Evolução da visibilidade da empresa Fonte: elaborado pelo autor, 2019 Pode-se trazer e adaptar para o marketing o conceito de indústria 4.0, ou seja, quarta revolução industrial. As divisões serão, basicamente, as mesmas, de 1.0 a 4.0, porém com todos os conceitos e práticas específicos do marketing. 3.1 Marketing 1.0 Antes da emissão dos primeiros conceitos de marketing, ele já existia na prática dos mercados. O “boca a boca” e as estratégias de distribuição diferenciadas em gôndolas, por exemplo, foram algumas das principais técnicas aplicadas durante o marketing 1.0. A partir da revolução industrial e início da produção em massa, novas práticas e “estratégias” foram sendo incorporadas. Pela escassez de materiais e mão de obra era necessário gerar valor funcional aos produtos e serviços, padronização, redução de custos e despesas e preços minimamente acessíveis. Outra característica 17 importante do Marketing 1.0 foi o aprimoramento do produto e a identificação da marca por meio de embalagem, pois as mercadorias eram vendidas sem isso. Com essa ação tinha início a diferenciação, gerando maior ou menor credibilidade nos consumidores. Nos anos 1960 foram apresentados os 4Ps, produto, preço, praça e promoção. Chegando ao final do século XX, com um maior equilíbrio da economia, o comportamento do consumidor também teve mudança, fazendo com que aumentasse: a competitividade mercadológica entre empresas, a necessidade de diferenciar marcas e produtos e a inovação. Essa mudança foi percebida por meio da maior exigência do consumidor, maior busca por uma relação custo-benefício favorável. O que foi construído nesse período, estratégias, práticas e conceitos, continuam a ser utilizadas, pois o processo é evolutivo e inclusivo, o que significa aproveitar, sempre que possível, uma estratégia mais antiga. 3.2 Marketing 2.0 Pode-se afirmar, com certa dose de segurança, que o marketing 2.0 começou nos anos 1970. Vender produtos e serviços e buscar incessantemente mais clientes novos não eram o foco principal, passando a ser como satisfazer o cliente já existente, fazendo com que emergissem os conceitos de público-alvo e de satisfação de cliente. Era fundamental a compreensão das necessidades emocionais do consumidor industrial ou final, já que as funcionais eram bem conhecidas. Os mercados eram extremamente competitivos e se destacar em mercados assim precisava uma compreensão e ação sobre imagem de marca, pois os consumidores queriam receber valor funcionale emocional, já que eles não apenas compravam, mas pensavam e sentiam sobre a aquisição. Para tanto, houve investimento maciço em estudos e pesquisas de comportamento do consumidor. O resultado desses estudos mostrou como e porque os consumidores acreditavam ou desacreditavam em marcas. Nos anos 1980 Tom Peters escreveu um livro, Prosperando no Caos, em que mostra como algumas empresas ou corporações enfrentavam e cresciam apesar da turbulência ambiental. Nesse período, as empresas que não foram impactadas negativamente foram aquelas que demonstravam o valor agregado que seus produtos e serviços tinham. Essa estratégia foi interessante para essas marcas, pois levava em conta o consumidor como agente no processo, não como paciente. 3.3 Marketing 3.0 No processo evolutivo do marketing, pode-se definir o marketing 3.0 como uma estratégia focada no funcional, emocional e espiritual das pessoas, com objetivo de fazer do mundo um lugar melhor para todos. A razão dessa definição reside na maior conscientização das pessoas em relação ao mundo que as cerca e em que vivem. Os consumidores passaram a se preocupar mais com aspectos sociais, não tão individuais, como sustentabilidade, vida em sociedade, voluntariado, defesa da saúde, entre outros, fazendo com que mudassem seus hábitos de consumo também. Os avanços tecnológicos, como a internet, por exemplo, possibilitaram informação, conhecimento e ações quase instantâneas dos consumidores. As empresas, então, precisaram entender esses movimentos e alterações de consumo, fazendo com que 18 o marketing devesse deixar de tratar os clientes como compradores categorizados e satisfeitos, passando a tratá-los como pessoas que buscam muito mais do que realizações e/ou status. Um exemplo disso são produtos ou serviços que mostram soluções para a preocupação de preservação do planeta, proporcionando experiências positivas de consumo. Ideias como plantar uma árvore a cada produto comprado, selos de não utilização de testes em animais, sacolas retornáveis ou canudos de papel são obrigatórias para a sobrevivência das empresas e marcas. Essa mudança, radical, de comportamento do consumidor também impactou o mercado industrial, B2B. O consumidor final passou a perceber a cadeia produtiva, não apenas seus fornecedores diretos. Logo, caso algum elo dessa cadeia destoasse dos demais, a rejeição ao produto ou serviço seria quase imediata, além do ativismo desse consumidor que influenciaria todo seu grupo social. Se um varejista tivesse algum fornecedor que utilizasse trabalho análogo ao trabalho escravo, o consumidor final deixaria de comprar ali e se tornaria ativista para salvar aquelas pessoas. As indústrias também se adaptaram às mudanças, investindo em pilares de cidadania e comunidade, com ações de proteção a biodiversidade, tais como reflorestamento, hortas em locais públicos, abrigo e preservação de animais, programas de controle ambiental. O pós-compra passou a ser acompanhado de perto e com cuidado, visando a fidelização dos clientes. Isso porque um cliente satisfeito percebe valor tangível e intangível na marca e tem menores chances de comprar na concorrência, além de poder se tornar um promotor da marca recomendando-a para seus grupos sociais. A segmentação psicográfica e comportamental se tornam essenciais para compreender o indivíduo, ou seja, o cliente. A presença da internet contribui para abrir alas para a forte inserção em redes sociais e deu início ao surgimento e disseminação do mercado on-line, possibilitando divulgação específica para públicos específicos. Técnicas como cartas, folhetos e telemarketing foram substituídas por anúncios em redes sociais e e-mails direcionados, por exemplo. O marketing 3.0 mostrou como as empresas podem ser mais efetivas em atrair os consumidores com o que de fato lhes interessa, do que serem invasivas e bombardeá-los com anúncios e publicidade de massa. Nesse contexto, a internet é parte fundamental no processo, entrando como facilitadora. O acesso à Internet é cada vez maior e seus usuários a usam para pesquisas de compra ou, minimamente, para busca de informações e comparação de produtos e serviços. 3.4 Marketing 4.0 O marketing 4.0 pode ser definido como o marketing dos sentimentos humanos, de transformações sociais, de percepção da jornada do consumidor. Tocar o coração, a razão e a consciência do consumidor é o grande objetivo do marketing 4.0. O foco do marketing 4.0 é 100% digital, virtual e uso completo da Internet. Aplicativos fáceis de usar, uso de inteligência artificial, interações “quase humanas” são algumas ferramentas necessárias no marketing 4.0. A geração de conteúdo muito relevante tem por objetivo atrair clientes de forma segmentada. O conceito de Inbound marketing explora canais como mecanismos de busca, blogs e redes sociais para ser encontrada e está focado em atrair, converter, e encantar consumidores, por meio de personalização de conteúdos direcionados ao interesse do cliente ideal, ou seja, a persona do negócio. O Marketing 4.0 está ligado à estratégia de marketing de https://buzzlead.com.br/o-guia-do-marketing-de-indicacao/ https://buzzlead.com.br/frases-marketing-boca-a-boca/ https://buzzlead.com.br/persona-no-funil-de-vendas/ https://buzzlead.com.br/persona-no-funil-de-vendas/ 19 conteúdo, responsável por gerar, atrair e divulgar conteúdos interessantes e relevantes ao público alvo segmentado. O marketing 4.0 utiliza o aspecto da personalização e direcionamento de forma mais assertiva, resultando em grandes retornos para seus clientes. O uso intensivo da tecnologia tem provocado importantes transformações em alguns setores da economia e exigido mudanças nos modelos de negócio. Temos, como exemplo, os fenômenos de pedir transporte, comida, utilização de serviços financeiros ou até bancos etc. via aplicativos, e que prometem ou até já conseguem desbancar os meios tradicionais. Essa nova e intensa forma de usar a tecnologia promete também mudar o marketing das organizações. Isso porque essa tendência já se consolida como uma realidade em países desenvolvidos e, aos poucos, começa a ganhar espaço nas empresas brasileiras. A aceleração deve-se, principalmente, ao fato de que o uso intensivo de tecnologias associadas ao marketing permite que as empresas realizem campanhas com alto índice de assertividade e menor custo, ao combinar inteligência de dados para entender o comportamento dos usuários e, automaticamente, prever, medir e adaptar ações em tempo real. Na prática, tudo isso vai muito além de uma simples leitura de dados ou uso de ferramentas de marketing digital. Esse conceito, Marketing 4.0, contempla a associação de soluções para inteligência na análise de grandes volumes de dados, com o uso de plataformas para campanhas virtuais e profissionais capacitados a orquestrar esses dois diferentes mundos, com o intuito de customizar campanhas, analisar resultados online e adaptá-las em tempo real, para atingir os públicos-alvo da forma mais rápida e assertiva possível. A figura 1 mostra os fatores que influenciam a evolução do marketing constantemente. Figura 1 – Fatores influenciadores do marketing Fonte: elaborada pelo autor, 2019 20 4. O SURGIMENTO DAS AÇÕES DE RELACIONAMENTO MAIS ESTRUTURADAS Com o aumento da capacidade produtiva das empresas, maior intensidade da concorrência, mudanças dramáticas no comportamento dos consumidores, avanços tecnológicos, o marketing relacional teve uma maior atenção dos meios acadêmicos e empresariais, quer seja pela produção de literatura a respeito, quer seja por produção de conhecimento por meio de pesquisas (BERRY, 1995; SHETH; PARVATIYAR, 1995). Segundo Madruga (2010), há duas formas distintas de as empresas interagirem com seus clientes: na forma transacional ou em uma relação. A primeira tem toda sua orientação para o curto prazo e foco excessivo na troca. A segunda tenta manter o clientedentro de uma relação colaborativa e se preocupa com a transição de valor ao cliente. O marketing relacional, característico dos anos 1990, surge, assim, por oposição ao marketing transacional, modelo dos anos anteriores. Para Gummesson (1987), o velho conceito de marketing deve ser substituído, já que não garante a abordagem que é necessária no novo meio envolvente, bastante competitivo, em que o mundo dos negócios se encontra. O marketing de relacionamento tem por foco uma relação que perdure por longos períodos, pois enfatiza a lealdade, ou seja, os consumidores recorrentes, que são aqueles que costumam voltar a comprar daquela empresa e formar relacionamentos. O marketing de transação não tem a ambição de ter o relacionamento com o cliente, mas mesmo assim, pode ser uma opção realista e funcional, como em casos de compras de menor valor e ciclos curtos de transações (GUMMESSON, 2010). Para GUMMESSON (1987), os pilares de um novo conceito de marketing de relacionamento devem ser: a relação, significando a criação, manutenção e desenvolvimento de relações com os clientes; a interatividade das partes, um estreito e intenso processo de comunicação entre vendedores e clientes para a criação e entrega mútua de valor; o longo prazo, um longo espaço temporal para criar, manter e desenvolver as relações Vários benefícios são atribuídos quando as organizações conseguem manter uma carteira de clientes fidelizados, destacando-se, entre os principais: a) As vendas mais frequentes; b) As vendas cruzadas, ou seja, pode-se comercializar outro produto ou serviço associado ou não ao item adquirido de maneira direta; c) Conquista de novos clientes a partir da indicação dos clientes já conquistados e mantidos por meio dos programas de fidelização; d) Concepção por parte dos clientes de que a troca de fornecedor pode impactar e modificar os padrões de qualidade aos quais já estão acostumados, o que faz com que paguem um preço maior, devido à segurança de que o produto ou serviço irá corresponder às suas expectativas; 21 e) Diminuição dos custos do atendimento e da prestação dos serviços, tendo em vista que a empresa já conhece os seus clientes e as rotinas associadas para atendê-los e satisfazê-los. Devido a essa compreensão a respeito dos benefícios das empresas ao obterem a fidelização de seus consumidores, para Las Casas (2006), essa variável passou a ser um componente de alto grau estratégico. Isso levou as organizações a se centrarem nas ações capazes de converter seus clientes em uma carteira de clientes fiéis e leais. Urdan e Urdan (2006) também distinguem o marketing de relacionamento do transacional. No marketing de transação, a empresa preocupa-se em conseguir novos clientes e ter seu retorno o mais rapidamente possível. Para o marketing de relacionamento a preocupação é conquistar o cliente e lucrar pela repetição das trocas no tempo de uma relação com o cliente. O Quadro 1 mostra as características de cada abordagem. Quadro 1 – Marketing transacional x marketing de relacionamento MARKETING TRANSACIONAL MARKETING RELACIONAL Ênfase nas vendas individuais Ênfase na retenção dos clientes Ênfase nas características dos produtos Ênfase no valor do cliente Visão de curto prazo Visão de longo prazo Pouca ênfase no serviço ao cliente Grande ênfase no serviço ao cliente Contato descontínuo com o cliente Contato contínuo com o cliente Baixo nível de compromisso com os clientes Elevado nível de compromisso com os clientes Nível moderado de contatos com o cliente Nível elevado de contatos com os clientes A qualidade é uma preocupação do pessoal da produção A qualidade é uma preocupação de todo o pessoal Fonte: adaptado de Christopher, Payne e Ballantine (1994) e Payne et al. (1998) 22 Com a evolução e modificação da sociedade em geral, fica evidente o acompanhamento dessa evolução pelo pensamento de marketing. Logo, também a AMA fez Claro está que o pensamento de marketing se alterou e uma revisão em sua definição, que passou a ser “Marketing é o conjunto de atividades e estabelecimento de processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que têm valor para os consumidores, clientes, sócios e sociedade em geral” (AMA, 2008). A ênfase de transmissão de valor fica ampliada, passando para todos os stakeholders envolvidos no processo mercadológico. Para Harker; Egan, (2006) essa definição indica uma aproximação à definição de marketing relacional. Essa nova realidade, orientação para criação de valor para todos os stakeholders, faz com que se desenvolva o marketing personalizado que satisfaça as diferentes necessidades do público ampliado. Sánchez; Gil; Mollá (2000) mostram que passa a existir uma evolução e diferenciação de abordagem, passando de orientação a produto para orientação a recursos. Para Gronroos (1996) a empresa orientará seus recursos e estratégias para a criação de valor e satisfação ao mercado como um todo. Palmer (1994) cita que as trocas não devem ser vistas como uma série de atos isolados, mas como uma via para estabelecer e ampliar as relações. Logo, o valor que os clientes têm para a empresa assume importância, fazendo com que a organização busque manter e reter esses clientes, numa perspectiva de longo prazo, principalmente por meio de contatos, serviços e compromisso. Diversos autores discorrem sobre o marketing relacional, apresentando-o como um novo paradigma, pois ele está centrado na construção e manutenção de relações estáveis e duradouras com os stakeholders, dando ênfase ao relacionamento com seus clientes. Além disso, essas relações passam a utilizar ferramentas de gestão da informação que o desenvolvimento tecnológico proporcionou. A estratégia empresarial tem por base, então, seus recursos (humanos, materiais, tecnológicos, financeiros etc.) e suas capacidades, gerando vantagem competitiva única ou especial, de difícil imitação ou cópia. Estudos desenvolvidos por Harker e Egan (2006) mostram que o marketing relacional tem permanência assegurada, mesmo se não for reconhecido como paradigma dominante. A mudança de orientação, de produto para relacionamento, fez com que as empresas modificassem seus indicadores de avaliação estratégica, de participação de mercado para nível da carteira de clientes, ou tempo de relacionamento, por exemplo. O conceito de confiança se torna muito importante para criar e desenvolver a rede de relações da empresa. 23 5. O PARADIGMA TRANSACIONAL: DO SURGIMENTO DO MARKETING DIRETO ATÉ O CRM O marketing direto é uma alternativa importante, pois proporciona maior atenção de seu público alvo, além de gerar maior volume de vendas com menor dispêndio de recursos. É uma maneira eficaz de comunicação mercadológica entre a organização e seus diversos públicos. Qualquer que seja seu objetivo e posicionamento estratégico, fidelizar clientes, tornar a marca mais visível, aumentar ticket médio etc., a empresa que utilizar o marketing direto e suas ferramentas em ações ou campanhas, terá uma jornada melhor sucedida. Marketing direto é um conjunto de estratégias e ações que uma empresa utiliza para se conectar diretamente, sem intermediários, a pessoas dos mais diversos grupos sociais, que mostram algum interesse na sua marca, produtos e ou serviços. Os meios e ferramentas mais usuais de contato e relacionamento são telefone, mensagens, e mail, aplicativos, dentre outros. O objetivo é atingir cada pessoa do público alvo específico de maneira personalizada, tendo por consequência, maior ticket médio, fidelização, acolhimento a novos clientes, geração de confiança no relacionamento. É indicado para qualquer porte de empresa, não somente para grandes empresas ou corporações, já que ressalta maior resultado com menor dispêndio, se comparado a outros tipos de marketing, além de contar com ferramentas de uso fácil. Dentre os muitos propósitos do marketing direto um muitoimportante é a visibilidade de marca. A retenção da marca na memória do cliente, com traços de confiança, seriedade, honrar compromissos, qualidade etc. gera consulta e possibilidade de venda. Ao surgir uma necessidade de compra no cliente e ele relacionar essa necessidade à marca, fará com que a venda se concretize, iniciando, assim, a relação. Aumentar a satisfação dos clientes existentes e sua fidelidade e lealdade à marca são dois outros objetivos fundamentais do marketing direto. Tratamento personalizado não implica em customização extrema, mas em procedimento, ações e ferramentas padronizados que levem cada pessoa do público alvo a se sentir especial, única, em vez de ter a sensação de ser “mais um” na multidão. O marketing direto não abre mão de gerar novos clientes potenciais, os leads, transformando-os em novos compradores, principalmente por meio da lembrança da marca. As ações e campanhas desenvolvidas pelo marketing direto devem demonstrar, de forma inequívoca, benefícios aos compradores e confiança no relacionamento. Apesar da rápida e constante evolução do marketing direto, algumas ferramentas e ações são mais recorrentes e duradouras, tais como, telemarketing, consistindo no uso do telefone para emitir ou receber comunicação. No caso de emissão, denomina-se telemarketing ativo, comunicando ofertas, solução de algum problema, reforçando informação, cobrança etc. e se chama receptivo na maneira inversa, recebendo elogio, crítica, sugestão, reclamação, dentre outros; email, comunicação via eletrônica nas contas dos clientes, com mensagens ou solicitações de algo; mala direta, ainda utilizada, enviando a comunicação para o endereço físico do cliente. Os endereços, eletrônico ou físico, dos clientes são conseguidos de diversas formas, tais como banco de dados da própria empresa, compra de listas de endereços, mídias sociais; catálogo, contendo portfólio de produtos ou serviços, podendo ser físico ou virtual. Todas essas ferramentas e ações permitem 24 segmentação e personalização nas mensagens, gerando a sensação de ser especial ou único no cliente. O marketing direto tem um processo de aplicação, com os seguintes passos: Identifique o público-alvo. O melhor procedimento nesse passo é definir a buyer persona, que é um perfil de cliente ideal da empresa, do segmento estabelecido ou do stakeholder, consolidando, assim, o conhecimento de como pensam e se comportam os clientes reais do segmento analisado. Como a empresa já se relaciona com todos esses públicos, esse buyer persona pode ser rapidamente elaborado, alcançando o objetivo maior, que é relacionar-se diretamente com o cliente. Uma vez tendo os vários buyer persona, é necessário mantê-los atualizados e acessíveis a todos na empresa, para que a relação com os clientes reais seja cada vez mais fortalecida. Tratando-se de clientes reais, é importante obter a permissão deles para envio de qualquer comunicação. O envio sem essa permissão pode ocasionar reclamações, ações negativas dos clientes e até ruptura do relacionamento, com consequente boca a boca extremamente negativo. Produza conteúdo relevante. A produção de conteúdo foi uma maneira encontrada pelas empresas de estabelecer e manter um relacionamento com seus clientes. Esses conteúdos precisam despertar interesse e agregar valor, ou seja, ser relevante para o público-alvo selecionado. Ele é uma espécie de “conversa” entre a empresa e o cliente. Os conteúdos mantêm o relacionamento “aceso”, pois demonstram o alto interesse que a empresa tem em fortalecer o contato e relacionamento, independentemente do volume ou frequência de venda com aquele cliente, apesar do bombardeamento de propaganda, promoções, informações e outros da concorrência e do mercado em geral. Ofereça benefícios reais. Com o grau de informação existente no mercado, fica patente que os clientes conhecem bem o que as marcas, produtos e serviços oferecem. Logo, produzir ofertas com vantagens e benefícios aparentes é um desserviço que a empresa presta a si e a seus clientes. Cada oferta deve agregar valor efetivo aos clientes do segmento selecionado, garantindo sua satisfação após a venda. Com valor agregado explícito e percebido pelo cliente, a credibilidade e confiança que ele deposita no relacionamento aumenta, fazendo com que sua atenção seja maior nas futuras ofertas que ele receberá. Decida a melhor abordagem. A elaboração do buyer persona permitirá à empresa colher informações sobre quais serão os melhores canais de comunicação e interação com seus clientes. A abordagem por apenas um canal restringe o relacionamento, podendo deixar lacunas para entrada da concorrência. Para ser a mais efetiva, a abordagem deverá utilizar esses diversos canais detectados para contato com eles. Busque reforçar o branding. Branding é o conjunto de técnicas e práticas de construção e consolidação de uma marca. As estratégias de branding buscam marcar a memória do consumidor, fazendo com que a identificação dele com a marca cresça constantemente. Outro fator importante desse reforço é a venda recorrente, já que o cliente sai em busca daquele produto ou serviço que está positivamente marcado na memória. Busque reforçar o branding. Branding é o conjunto de técnicas e práticas de construção e consolidação de uma marca. As estratégias de branding buscam marcar a memória do consumidor, fazendo com que a identificação dele com a marca cresça constantemente. Outro fator importante desse reforço é a venda recorrente, já que o cliente sai em busca daquele produto ou serviço que está positivamente marcado na memória. Escolha as melhores ferramentas. Uma vez circunscrito o público-alvo e estabelecidas as formas de abordagem, é preciso definir e escolher as ferramentas que serão utilizadas nos contatos e relacionamento. Invista no senso de urgência. Fazer acontecer, não postergar, restringir prazos, são ações componentes do senso de urgência e que devem ser 25 utilizadas para melhorar seus resultados. Todas essas ações reforçam a marca na memória do cliente, mantendo seu interesse. Recompense quem já é cliente. A lealdade do cliente com a marca deve ser ressaltada e valorizada. Identificar quais clientes são os mais antigos e constantes, com compras recorrentes, reconhecer e recompensá-los é uma ação extremamente importante. Serão esses clientes os melhores propagadores da marca. Nesse caso, pode-se tomar o marketing de relacionamento e suas ferramentas como parceiro e aliado. Teste a estratégia. Um teste ou piloto será bem vindo em cada ação ou campanha de marketing direto. Esse teste deverá ser realizado com um pequeno grupo do público-alvo, avaliando os pontos favoráveis e desfavoráveis. O teste servirá para projetar o impacto e efeito que a ação ou campanha terão nas pessoas desse segmento, proporcionando continuidade e ajustes. Meça os resultados. Definir os indicadores de desempenho e de resultado, quer seja de cada etapa da ação ou campanha, quer seja do todo e monitorar é parte fundamental. Os resultados mostrarão a efetividade alcançada e a possibilidade de evolução e consolidação do relacionamento com os clientes. O marketing direto tem diversas vantagens, as quais ajudam a empresa e a marca a tirar o maior proveito no seu mercado, por meio do relacionamento e fidelidade dos seus clientes. Algumas das principais vantagens são: Encontrar os clientes ideais. A buyer persona traz foco para segmentar mais apropriadamente quais segmentos ou públicos-alvo são mais importantes. A confecção da comunicação para esses clientes será mais personalizada, fazendo com que exista maior chance de obtenção de resultados significativos. Converter mais, gastando menos. A circunscrição dos públicos-alvo proporciona investimentos mais focados, portanto menores quando comparados a investimentos amplos ou gerais, com melhores taxas de sucesso na relação custo-benefício da empresa. Fidelizar os clientes. A construção de confiança e verdadeconstrói relacionamentos duradouros com os clientes, fidelizando-os à marca. Gerar mais leads. Com um boca a boca efetivo, pois os clientes já são fieis à marca, existirá a possibilidade de gerar novos clientes. As diversas ações e ferramentas do marketing direto reforçam o boca a boca, gerando um círculo virtuoso, de novos clientes, mais vendas, vendas recorrentes, confiança, reforço no relacionamento, divulgação boca a boca. Rastrear e medir resultados. O marketing direto permite, por meio de suas ações e ferramentas, testar mercados, analisar resultados de aumento e retenção de clientes e demais indicadores necessários ao desenvolvimento da empresa. O marketing de banco de dados, database marketing (DBM), surgiu na década de 1980 como uma nova e melhorada forma de marketing direto, que estava em ascensão, com o objetivo de abrir uma comunicação bidirecional, ou diálogo com os clientes. Esse método enfatiza o uso de técnicas estatísticas para desenvolver modelos de comportamento do cliente, que são usados para selecioná-los para as comunicações, permitindo que as respostas dos clientes sejam registradas em tempo real, com o uso das novas tecnologias. Organizações de qualquer tamanho podem empregar o database marketing, produzindo amostragens específicas que ofereçam maiores oportunidades de encontrar segmentos de clientes ou clientes potenciais para ser atingidos de forma personalizada. Nos dias atuais é necessário adicionar pelo menos um elemento à teoria dos 4Ps ou dos 8Ps: a singularidade dos consumidores. Atualmente, a reação que uma campanha causa é diferente para cada cliente. Em um ambiente que estimula fortemente a competição e facilita o acesso à informação, estruturar um bom plano de marketing sem segmentar profundamente a audiência é uma missão praticamente https://rockcontent.com/blog/como-fazer-um-bom-plano-de-marketing/ https://rockcontent.com/blog/como-fazer-um-bom-plano-de-marketing/ 26 impossível. Porém, com os avanços tecnológicos existentes e projetados o processo pode ser feito de forma cada vez mais eficiente. Com a aplicação do Database Marketing, é possível estabelecer uma comunicação frutífera com o público. Para ajudar na compreensão desse conceito, é preciso ressaltar as características do perfil do consumidor atual. Segundo o Marketing 4.0, esse consumidor confia mais na opinião de terceiros do que em ações publicitárias, espera que a empresa tenha valores e aja de acordo com eles, conta com amplo acesso à tecnologia e informação, preza pelo bom atendimento e por uma experiência satisfatória, dá preferência às marcas que oferecem uma comunicação personalizada. Observando esses traços, fica clara a necessidade de uma empresa conhecer profundamente o seu público-alvo. Cada dia mais, as empresas buscam atingir isso com a criação de uma persona, um perfil semifictício que representa o cliente ideal. A questão fundamental passa a ser: como reunir as informações necessárias para personalizar o relacionamento com o público? O DBM busca coletar, tratar e armazenar em bancos de dados todas as informações relacionadas às características e preferências de consumidores. A partir delas, é possível gerar insights valiosos sobre as estratégias mais eficientes e, assim, potencializar os resultados. Ao investir em Database Marketing, a empresa tem a possibilidade de segmentar seus contatos de acordo com suas peculiaridades. Assim, se evita o desperdício com campanhas infrutíferas, aumentando as chances de conseguir uma conversão. O DBM pode ajudar na busca por novos consumidores e, principalmente, na manutenção de clientes que já realizaram compras. Em tecnologia da informação, o termo Big Data refere-se a um grande conjunto de dados armazenados. Baseia em 5 Vs: velocidade, volume, variedade, veracidade e valor. Big Data é uma mega tendência de marketing que continua a ganhar atenção, juntamente com o crescente número de usuários de internet e empresas tentando converter essa informação em lucros para seus clientes. No caso do Big Data, muitas empresas B2B investem tempo e esforço significativos para coletar enormes quantidades de dados de sites para melhorar suas capacidades de tomada de decisão. Segundo pesquisas, empresas que fazem uso extensivo da análise de clientes têm melhora significativa no lucro, seja em termos absolutos como em relação aos seus concorrentes. Com o auxílio dessa tendência, a qual possibilita analisar comportamentos de clientes e tendo seus dados bem estruturados fica mais fácil decidir o rumo que as comunicações de um negócio devem tomar. O Customer Relationship Management (CRM)2 é um termo usado para mostrar a gestão do relacionamento com o cliente como conceito. É uma estratégia de negócio voltada ao entendimento e antecipação das necessidades e potenciais dos clientes de uma empresa, ou ainda um sistema integrado de gestão com foco no cliente, que reúne vários processos\tarefas de uma forma organizada e integrada. Os objetivos do CRM são fidelizar clientes, buscar a satisfação total do cliente, antever suas necessidades e desejos, tratar os clientes com dignidade e respeito oferecendo produtos adequados a cada um. Isso é feito por meio do entendimento das necessidades e expectativas do cliente. O método é comum principalmente na cultura empresarial voltada para atender o cliente e obter informações úteis. No geral, o CRM abrange três áreas: automação de gestão do marketing, gestão comercial e a gestão de serviços\produtos ao cliente. Essas tarefas e processos que alimentam um 2 Gestão do Relacionamento com os Clientes (GRC). https://rockcontent.com/blog/marketing-4-0/ https://rockcontent.com/blog/customer-experience/ https://rockcontent.com/blog/personas/ 27 sistema resultam no banco de dados de informações que, se utilizadas de forma adequada, podem ser consultadas a qualquer hora e por qualquer área da empresa para uma tomada de decisão. Pode-se dividir o CRM em três partes: a) parte operacional, que visa os canais de relacionamento, mais exatamente a criação de canais de vendas. b) parte analítica, que é a análise dos dados e informações, de forma que possa gerar um conhecimento voltado a criar negócios, é a inteligência do processo. Tem como objetivo identificar as necessidades dos clientes por meio do acompanhamento de seus hábitos. c) a parte colaborativa, onde o foco é a obtenção do valor, fundamentada em conhecimento e interação com o cliente. O CRM pode ser visto, também, como uma estratégia de negócio muito apoiada nos sistemas de informação. Ao adotar a estratégia de CRM a empresa interage com todos os clientes, conhece os seus hábitos, criando eventos, promoções e campanhas direcionadas, torna o atendimento mais personalizado e consegue a fidelização desses clientes. 28 REFERÊNCIAS AMA. AMA Board approves new marketing definition. American Marketing Association News, vol. 19, n.º 5. 1985. 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