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- Colina A colina foi descoberta em 1862, mas, apenas em 1998, foi reconhecida oficialmente como um nutriente essencial para o ser humano pelo Instituto de Medicina dos Estados Unidos. A colina é uma amina quartenária que pode ser encontrada em diversos alimentos. A maior parte da colina encontra-se na forma de fosfolipídeos, como a esfingomielina e a fosfatidilcolina (lecitina), sendo esta última responsável por 95% do pool total de colina nos tecidos. É necessária para a formação de outros componentes essenciais, em quantidades pequenas, como o fator de ativação de plaquetas, a acetilcolina, os plasmalógenos de colina, a lisofosfatidilcolina, a fosfocolina, a glicerofosfocolina e a betaína. A colina é o único nutriente cuja a deficiência alimentar promove o desenvolvimento de hepatocarcinoma na ausência de qualquer outro carcinógeno conhecido. Em alguns tipos de câncer (como de mama, próstata e cérebro), foram observadas alterações no metabolismo de colina. Funções A betaína é um derivado metílico do aminoácido glicina. Exerce funções fisiológicas importantes por ser fonte catabólica de grupos metil via transmetilação para uso em várias vias bioquímicas, fornecendo uma unidade de carbono que pode preservar quantidades de metionina e colina necessárias para o organismo. Possui interação no metabolismo da betaína, folato e metionina; Possui função neuronal: acetilcolina. A acetilcolina é transportada por via transportador vesicular de acetilcolina e armazenada em vesículas pré-sinápticas. Esse transportador possui um gradiente de prótons para dirigir a captação das aminas. Cada vesícula pré-sináptica que armazena acetilcolina possui de 2-10 mil moléculas desse neurotransmissor. Após a liberação na fenda sináptica, a acetilcolina se liga a dois diferentes tipos de receptores: Receptor nicotínico de acetilcolina; Receptor muscarínico de acetilcolina. Durante a transmissão neuronal, a acetilcolina é rapidamente hidrolisada pela enzima colinesterase, formando colina e acetato na fenda sináptica. Assim, dentro do terminal pré-sináptico, as vesículas são recicladas e a colina é transportada mais uma vez ao terminal para ser reutilizada na síntese de uma nova molécula de acetilcolina; Participa do desenvolvimento cerebral do neonato: o fornecimento materno de colina é de grande importância para o desenvolvimento fetal, pois a expressão da PEMT em tecidos placentários e no fígado fetal é baixa ou até ausente. Quando o fornecimento é adequado, elementos de resposta ao estrógeno que estão presentes na região promotora do gene da PEMT e elevados no período gestacional, induzem a expressão PEMT e aumentam a biossíntese de fosfatidilcolina. A fosfatidilcolina é importante durante os processos de divisão celular e crescimento, relacionados à estrutura e à função cerebral. Além disso, participa da secreção de VLDL, removendo a gordura do fígado. A colina é necessária também para o fechamento normal do tubo neural durante a gestação. Fontes Entre os alimentos fontes de colina estão: Ovos; Carne bovina; Carne de porco; Soja. A colina é encontrada nos alimentos em sua forma livre ou esterificada, como fosfocolina, glicerofosfocolina, fosfatidilcolina e esfingomielina. A lecitina, fração rica em fosfatidilcolina, é adicionada a alimentos como agente emulsificante. Em relação aos suplementos alimentares, a colina pode ser encontrada na forma de cloreto de colina, bitartarato de colina ou como lecitina. A quantidade de betaína nos alimentos é dependente de fatores, como condições de crescimento, estresse osmótico e diferentes métodos de cocção. O cozimento do alimento pode promover perdas consideráveis de betaína. A farinha de trigo, gérmen de trigo, quinoa, beterraba, espinafre e espaguete são boas fontes de betaína. Recomendação de ingestão diária A recomendação de ingestão adequada de colina para adultos, de acordo com a IOM é de: 550 mg/dia para homens; 450 mg/dia para mulheres. Deficiência Estudos afirmam que a maioria da população não ingere a quantidade adequada de colina, preconizada pelas DRIs. A deficiência de colina pode promover danos hepáticos, em que grandes quantidades de lipídeos, principalmente os triacilgliceróis podem ser acumulados nos hepatócitos. O acúmulo de gordura no fígado se deve ao fato de o triacilglicerol não ser encapsulado como VLDL, em razão de uma menor produção de fosfatidilcolina, prejudicando sua exportação do fígado. Além disso, pode ocorrer: Danos hepáticos em razão do aumento da atividade de enzimas aminotransferases séricas; Indução a apoptose; Danos musculares, em vista do aumento da creatina fosfoquinase no sangue; Função renal prejudicada pela habilidade de concentração anormal, reabsorção de água livre, excreção de sódio, taxa de filtração glomerular alterada, fluxo renal plasmático e hemorragia renal aguda; Infertilidade; Prejuízo no crescimento; Hipertensão arterial; Anormalidades ósseas. Toxicidade A ingestão de colina em doses altas tem sido associada a efeitos adversos, como: Hipotensão; Sudorese; Odor corporal; Salivação; Hepatotoxicidade. O odor corporal de peixe pode ser atribuído à excreção de quantidades excessivas de trimetilamina, metabólito formado a partir da colina. Digestão, absorção, metabolismo e excreção A colina pode ser obtida por duas vias: Exógena, proveniente da alimentação; Endógena, a partir da síntese de novo. A síntese de novo não é suficiente para suprir as necessidades humanas e a baixa ingestão de colina pode promover sinais de deficiência. Após a ingestão a partir de fontes alimentares, uma parte da colina é metabolizada por bactérias intestinais antes de ser absorvida pelos enterócitos, que irão degradá-las para formar betaína e metilaminas. A outra parte remanescente é absorvida ao longo do intestino delgado, por meio de transporte mediado por carreadores. Grande parte da colina ingerida é convertida em fosfatidilcolina, presente em todas as células nucleadas. Ao entrar nas células, a colina é fosforilada em fosfocolina ou oxidada em betaína. O processo de oxidação da colina em betaína ocorre no fígado e nos rins e, é irreversível. Os processos de absorção e distribuição da betaína são rápidos, atingindo o pico máximo de 1-2 horas. A betaína é transportada por meio de um sistema de transporte de aminoácidos e pelo transportador ácido gama-aminobutírico de betaína. A concentração sérica de betaína varia de 20-70 umol/L. A liberação de colina a partir de fosfatidilcolina, de fosfocolina e de glicerofosfocolina alimentares pode ser feita por meio de enzimas pancreáticas. A colina livre formada entra na circulação portal hepática, enquanto a fosfatidilcolina pode entrar nos quilomícrons via linfa. Uma parte da colina proveniente da alimentação é acetilada, e forma, junto à acetil-CoA e à catálise da enzima colina acetiltransferase, a acetilcolina, um neurotransmissor presente em grande parte dos terminais de neurônios colinérgicos. A eliminação de betaína ocorre principalmente pelo próprio metabolismo, mesmo na presença de altas doses.
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