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1 PEDIATRIA 17 Marina Prietto DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO E REFLUXO FISIOLÓGICO DEFINIÇÃO: É caracterizado pelo retorno de conteúdo gástrico para o esôfago, atingindo, algumas vezes, a faringe, a boca e as vias aéreas superiores. É considerado fisiológico, principalmente no período pós prandial, em várias faixas etárias e sem complicações clínicas. RGE FISIOLÓGICO DO LACTENTE: É bastante comum entre os lactentes; Normalmente se inicia < 8 semanas; Com pico dos sintomas entre 2 a 4 meses E resolução do quadro em até 2 anos; - Ocorre me devido a imaturidade funcional do TGI, ou seja, dos mecanismos antirrefluxo (menor comprimento esofagiano, peristaltismo imaturo e alterações no tônus do esfíncter inferior). - Outros fatores que corroboram para o aparecimento dos sintomas é a alimentação predominantemente liquida e o fato de ficarem em decúbito horizontal por mais tempo. - Aos 6 meses – começa a apresentar uma redução gradual pós episódios de refluxo, pois: Ocorre o amadurecimento do TGI A criança passa e ficar mais tempo na postura ereta Começa a introduzir uma alimentação mais sólida. DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é feito com base na história clínica, não sendo necessário realizar exames; 1. Idade: 3 semanas a 12 meses; 2. Com mais de 2 episódios de regurgitações/dia por mais de 3 semanas seguidas; 3. NA AUSÊNCIA DE: Déficit ganho ponderal; Náuseas /Hematêmese; Deglutição ou postura anormal Aspiração e apneia Ou seja, a criança tem apenas regurgitação (regurgitador feliz = bom ganho ponderal); Quando ponderar a realização de exames? - Em casos de crianças que apresentem vômitos biliosos; - Que ocorram no período neonatal; - Que persistam após 1º ano de vida; Exames como o exame radiológico contrastado de esôfago, estômago e duodeno (RxEED) é importante para diagnosticar anormalidades estruturais anatômicas que podem causar sintomas similares aos da DRGE (obstrução gástrica, má rotação ...) TRATAMENTO: Não é necessário utilizar nenhum medicamento; Tranquilizar os pais da melhora progressiva; Orientações 2 PEDIATRIA 17 Marina Prietto Posturais: Manter ereto após a mamada (20 a 30 min); Cabeceira elevada a 30 a 40° Alimentares: Fracionar a dieta – diminuir o tamanho das porções das refeições/mamadas –volumes menores em intervalos menores; Pode ponderar o uso de espessantes ou leites por fórmulas antirrefluxo (fórmulas AR) – Objetivo: diminuir os episódios de regurgitação (não reduz o refluxo, porém ele apenas regurgita menos por estar mais espessado o leite); Reduzir o tabagismo passivo (está relacionado com o aumento do relaxamento transitório do EEI); Dormir: SEMPRE decúbito dorsal horizontal – decúbito lateral e barriga para baixo aumenta em até 3x o risco de morte súbita; A elevação da cabeceira auxilia na redução dos episódios. DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) Na doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é caracterizada quando o RGE causa manifestações clínicas de gravidade variável associadas ou não a complicações, tais como a esofagite. Fisiopatologia - Ocorre um prejuízo nos mecanismos antirrefluxos, tais como relaxamento transitório do EEI (1º), hipotonia do EEI, aumento da pressão intra-abdominal (como a obesidade), retardo no esvaziamento gástrico; - Além desses fatores fisiopatogênicos, existem também os fatores ambientais que podem contribuir para o aparecimento de episódios de regurgitamento, como: alimentação predominantemente liquida e o fato de ficarem em decúbito horizontal por mais tempo. Fatores de risco: Prematuridade; Obesidade Doenças neurológicas (dismotilidade esofágica) Doenças pulmonares crônicas Más formações do TGI (hérnias de hiato, obstruções gástricas, atrasia de esôfago corrigida ...); DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é feito com base na história clínica + presença de manifestações clínicas; E podem ou não estarem associadas a complicações, como: Esofagite, úlcera esofágica, Estenose de esôfago, esôfago de barrett; Manifestações: TÍPICAS: divergem de acordo com a faixa etária; Lactentes: Déficit ponderal – principal alteração. Vômitos Recusa alimentar Irritabilidade Escolares e Adolescente: Azia/Pirose (similar ao adulto) Dor retroesternal Plenitude gástrica; OBS: LEMBRAR! → Em todo Lactente com diagnóstico de DRGE, é necessário investigar o diagnóstico diferencial de Alergia a proteína do leite de vaca (APLV); 3 PEDIATRIA 17 Marina Prietto → Pensar nesse diagnóstico principalmente se o quadro vier associado a uma dermatite atópica, alergia alimentar na família ou associado a um quadro de sangramento nas fezes; → Diagnóstico é feito por um teste terapêutico – exclusão do leite na dieta do paciente por 2 a 4 semanas (avalia a presença de melhora dos sintomas); ATÍPICAS: São manifestações extra esofagianas; Pulmonares: Tosse crônica; Sibilancia Pneumonia recorrente Apneia Síndrome da morte súbita Otorrinolaringológicas: Rouquidão IVAS de repetição Laringite crônica; Orais: Erosão do esmalte, halitose e aftas; Toda vez que o paciente apresentar sintomas atípicos, é necessário SEMPRE confirmar com exames complementares EXAMES COMPLEMENTARES NÃO existe padrão ouro no diagnóstico de DRGE na pediatria; pHimpedânciometria Ela é bastante válida por identificar refluxos tanto ácidos quanto básicos; Ela poderia ser considerada um padrão ouro, entretanto, não existe padrões de normalidade definido para as diferentes faixas etárias pHmetria de 24 horas; É bastante útil para identificação de refluxos ácidos; É extremamente indicado para correlacionar com os sintomas atípicos, principalmente os respiratórios com o DRGE; Pode ser indicada para a avaliação da resposta terapêutica além de ser um exame obrigatório para o pré e pós cirúrgico; Consegue avaliar o índice de refluxo – o tempo total de exposição ácida do esôfago naquele período analisado; São considerados valores anormais: Se > 5% em crianças maiores de 1 ano; Se > 10% em crianças menores de 1 ano; Cintilografia Não deve ser feito NUNCA de rotina (não serve para o diagnóstico); EDA: É feito para o diagnóstico das complicações como esofagite, esôfago de barrett etc; Endoscopia normal não quer dizer que ele não tenha DRGE, quer dizer que ele não tem COMPLICAÇÕES da DRGE; Quando solicitar? Em casos de comorbidades (Ex: pacientes com doenças neuromusculares, diagnóstico prévio de atresia de esôfago); OUTROS EXAMES COMPLEMENTARES: São uteis para a descartar outros diagnósticos diferenciais; 4 PEDIATRIA 17 Marina Prietto USG de Abdome: Serve para o diagnóstico de estenose hipertrófica de piloro e para má rotação intestinal. Não apresenta alterações na DRGE; Exame radiológico contrastado de esôfago, estômago e duodeno (RxEED) É importante para diagnosticar anormalidades estruturais anatômicas que podem causar sintomas similares aos da DRGE (hérnia de hiato, volvo, obstrução gástrica, má rotação ...) TRATAMENTO: NÃO FARMACOLÓGICO: Lactentes: é a principal forma de terapia (orientações quanto a elevação da cabeceira, fracionamento das refeições, uso de fórmulas para espessamento do leite etc) – SEMPRE realizar diagnóstico diferencial de APLV (via exclusão do consumo de leite por 2 a 4 semanas); Para crianças mais velhas, evitar: Cafeína, bebidas gaseificadas, chocolate, álcool, tabagismo; FARMACOLÓGICO: É principalmente indicado em casos de manifestações clínicas graves OU na presença de complicações associadas, como esofagite; 1. Pró cinéticos Atuam aumentando o tônus do EEI, o clerance esofágico e o esvaziamento gástrico; Ex: Domperidona (associado ao prolongamento do intervalo QT), Bromoprida; 2. Anti ácidos; Gera alívio dos sintomas e a cicatrização da mucosa; Exemplos: Ranitidina (antagonista do receptor H2) e o Omeoprazol (IBP) – pode ser usado como uma forma de teste terapêutico em adolescentes (em média por 4 a 6 semanas); CIRÚRGICO: Principal técnica em crianças: fundoplicatura de Nissen por via laparoscópica. É ponderado em casos refratários a terapia medicamentosa e que podem oferecer risco de morte (sangramento, crise de apneia, desnutrição associada) Normalmente esses quadros estão associados em crianças que possuem algum tipo de comorbidade, como encefalopatia crônica, doenças pulmonares graves;
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