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O diagnóstico do trabalho de parto se faz, em geral, pela presença das seguintes condições: • Presença de CONTRAÇÕES UTERINAS a intervalos regulares, que vão progressivamente aumentando com o passar do tempo, em termos de frequência e intensidade, e que não diminuem com o repouso da gestante. O padrão contrátil inicial é, geralmente, de uma contração a cada 3-5 minutos e que dura entre 20 e 60 segundos. • APAGAMENTO (esvaecimento) e DILATAÇÃO progressivos do colo uterino. Reavaliar a gestante 1 a 2 horas após o primeiro exame pode ser necessário para confirmar o diagnóstico. A PERDA do TAMPÃO MUCOSO ou “sinal” e a FORMAÇÃO da BOLSA das águas são indicadores menos precisos do trabalho de parto, na medida em que existem grandes variações individuais entre o aparecimento desses sinais e o início real do trabalho de parto. Qualquer que seja a conduta adotada, o toque vaginal deve ser evitado até que a gestante esteja em franco trabalho de parto, para minimizar os riscos de infecção ovular e puerperal. Não existe um "momento ideal" para internar a gestante em trabalho de parto. Embora o desejável seja a internação já na fase ativa. É importante enfatizar que, quando existe excesso de contratilidade uterina (taquissistolia, hipertonia), quer espontânea, quer iatrogênica, o sofrimento fetal agudo pode se instalar em poucos minutos, o que exige uma vigilância contínua da FCF até que o quadro seja revertido. O controle rigoroso da frequência cardíaca fetal (FCF) durante o trabalho de parto assegura, na quase totalidade dos casos, a adoção de medidas apropriadas para garantir o nascimento de uma criança em boas condições. A curva de dilatação cervical se processa de forma ascendente, de início com menor velocidade de dilatação. No final, essa velocidade aumenta, ou seja, o parto se desenvolve mais rapidamente a partir dos 4 cm de dilatação. O exame físico da gestante deve incluir: • Medida dos dados vitais (pressão arterial, pulso e temperatura); • Avaliação das mucosas para inferir a presença ou não de anemia; • Presença ou não de edema e varizes nos membros inferiores; e • Ausculta cardíaca e pulmonar. O exame obstétrico na admissão da gestante para o trabalho de parto deve incluir obrigatoriamente: • Ausculta da frequência cardíaca fetal (antes, durante e após a contração uterina); • Medida da altura uterina. • Palpação obstétrica (para determinar a situação, posição, apresentação e insinuação). Em regra, a parturiente poderá locomover-se durante o período de dilatação, até a rotura das membranas. No caso de a paciente aguardar em repouso no leito, deve ficar em decúbito lateral, para a melhoria das contrações uterinas e da oxigenação fetal e evitar a síndrome da hipotensão supina (compressão do útero na veia cava inferior devido à posição decúbito dorsal, ocasionando tonturas e até perda da consciência). O mecanismo de parto constitui um conjunto de movimentos de adaptação do feto às diferentes formas de trajeto. • Insinuação; • Descida ou progressão; • Rotação interna da cabeça; • Desprendimento cefálico; • Rotação externa da cabeça; • Desprendimento dos ombros e tronco. Alguns autores, a exemplo de Resende (2012), simplificam os tempos do trabalho de parto em três: • Insinuação; • Descida ou progressão; • Desprendimento (rotação interna da cabeça, desprendimento cefálico, rotação externa da cabeça, desprendimento dos ombros e tronco). INSINUAÇÃO é passagem da maior circunferência da apresentação fetal por meio do estrito superior da bacia. Clinicamente, a insinuação (quebra do ventre) pode ser percebida com mais evidência nas primigestas, por ocorrer quinze dias antes de entrar em trabalho de parto, enquanto, nas multíparas, a insinuação ocorre durante o trabalho de parto. DESCIDA da apresentação é a passagem da cabeça fetal do estreito superior da bacia para o estreito inferior. Clinicamente, para avaliar o grau de descida fetal, usa-se o plano De Lee, conforme descrição abaixo. • Plano zero (ponto de partida) refere-se à descida da cabeça fetal no nível das espinhas ciáticas. • Acima do plano zero, a descida da cabeça representada por -1, -2, -3... no plano De Lee, o que se pode considerar uma apresentação alta, quando a cabeça encontra -se no plano De Lee -3. • Abaixo do plano zero a cabeça está +1, +2, +3..., e a partir de mais +3 inicia-se a esteriorização da cabeça pela vulva. A sequência correta do mecanismo de trabalho de parto é, respectivamente: insinuação, descida, flexão, rotação interna, extensão, rotação externa e expulsão (desprendimento). Guarde isto: a insinuação vem antes da descida. Os períodos do trabalho de parto são: dilatação, expulsão, dequitação ou secundamento e período de Greenberg ou puerpério imediato. 1° PERÍODO - DILATAÇÃO A DILATAÇÃO inicia-se com as contrações uterinas dolorosas, que começam a modificar ativamente a cérvice (colo do útero), e termina quando sua ampliação está completa (10 cm). As contrações uterinas iniciam com frequência de 2 a 3 em cada 10 minutos e com duração aproximada de 40 segundos. As contrações aceleram até que ocorram com frequência de 5 a cada 10 minutos e duração clínica de 70 segundos, quando se aproxima a expulsão do feto. Na expulsão, somam-se as contrações uterinas aos esforços expulsivos voluntários da mãe. Cada contração dilata a colo uterino até que ele atinge 10 centímetros de diâmetro. O rompimento da bolsa das águas (bolsa amniótica), com evasão parcial do conteúdo líquido do ovo, ocorre em 80% dos casos, no final da dilatação ou no início da expulsão. A duração do trabalho de parto varia imensamente, mas em média dura cerca de 12 horas para mulheres parindo pela primeira vez (primíparas), ou em torno de 8 horas em mulheres que já pariram anteriormente (multíparas). 2° PERÍODO - EXPULSIVO O PERÍODO EXPULSIVO, ou seja, o segundo período do parto, inicia- se com a dilatação total da cérvice termina com a expulsão do feto. Caracteriza- se por esforços expulsivos maternos (puxos) e sensação de preenchimento retal com desejo de evacuar, decorrente da pressão da apresentação fetal sobre reto e músculos do assoalho pélvico (ver figura à direita). Na verdade, na prática diária, o período expulsivo deve ser identificado pela dilatação cervical total, pelos puxos maternos e, geralmente, pela rotura espontânea das membranas amnióticas. 3° PERÍODO - DEQUITAÇÃO OU SECUNDAMENTO Durante o SECUNDAMNETO, ocorre a separação e expulsão da placenta (dequitação). Compreende ao desprendimento, descida e expulsão da placenta e membranas. Ocorre entre 5 a 10 minutos após término do período expulsivo. Os principais riscos maternos são a hemorragia durante ou após essa separação e a retenção de restos placentários. A hemorragia pós-parto é uma das principais causas de mortalidade materna e a maioria desses casos ocorre em países em desenvolvimento. O exame da placenta, cordão umbilical e membranas, imediatamente após a expulsão, é prática indispensável, principalmente para verificar a integridade, certificando-se de que não foram deixados restos placentários ou de membrana na cavidade uterina. Se a integridade da placenta e membranas for duvidosa, a revisão com exploração da cavidade uterina deve ser iniciada. 4° PERÍODO - GREENBERG OU PÓS-PARTO IMEDIATO Classicamente denomina-se 4° período do parto (ou de GREENBERG) ao período de pós-parto imediato, após a dequitação. Inicia-se após a dequitação da placenta e estende-se pelas primeiras horas pós- parto. É período de risco materno, com possibilidade de grandes hemorragias, principalmente por atonia uterina. Expulsa a placenta, por ação da gravidade ou por leve expressão/compressão dofundo uterino, assegura-se a hemostasia pela retração uterina persistente (globo de segurança de Pinard), que promove oclusão dos vasos na porção muscular, constituindo as ligaduras vivas de Pinard. Concomitantemente, ocorre o tamponamento trombótico dos vasos útero-placentários. Assim, os mecanismos que coíbem o sangramento do pós-parto são: • Miotamponamento: inicia-se imediatamente depois da saída da placenta e consiste na contração potente da musculatura uterina, tamponando a saída dos vasos sanguíneos que irrigavam a placenta. Se este mecanismo não ocorrer de forma adequada, há a chamada "hipotonia uterina", que pode resultar em sangramentos excessivos e coloca a vida da mulher em risco. • Trombotamponamento: depende da formação de pequenos coágulos (trombos) que obliteram vasos uteroplacentários. Diante do exposto, verificamos que o período clínico do parto compreende a dilatação, a expulsão, delivramento ou dequitação e período de greenberg ou 4o período. Em resumo, os períodos do trabalho de parto são: dilatação, expulsão, dequitação ou secundamento e período de Greenberg ou puerpério imediato. 1o Período - Dilatação: inicia-se com as contrações uterinas dolorosas, que começam a modificar ativamente a cérvice (colo do útero), e termina quando sua ampliação está completa (10 cm), ou melhor, corresponde à fase de dilatação da cérvice uterina e é subdividido em três fases: latente, ativa e de transição. 2o Período - Expulsivo: inicia-se com a dilatação total da cérvice termina com a expulsão do feto. 3o Período - Dequitação ou Secundamento: ocorre a separação e expulsão da placenta (dequitação). Compreende ao desprendimento, descida e expulsão da placenta e membranas. Ocorre entre 5 a 10 minutos após término do período expulsivo. 4o Período - Greenberg ou Pós-parto Imediato: inicia- se após a dequitação da placenta e estende-se pelas primeiras horas pós-parto. As suturas e as fontanelas ajudam a moldar a cabeça fetal, diminuindo seu diâmetro durante o trabalho de parto, fazendo os ossos deslizarem uns sobre os outros, permitindo sua entrada e, passagem pela pelve materna. A cesárea é um procedimento cirúrgico que, quando bem indicado, tem papel fundamental na obstetrícia moderna como redutor da morbidade e mortalidade perinatal e materna. Segundo o Ministério da Saúde (2001), os principais cuidados pós-operatórios da cesariana são: • Antibioticoterapia A cesárea é tida como cirurgia potencialmente infectada. Nas gestantes submetidas à cesárea eletiva ou em trabalho de parto, independentemente da integridade das membranas, recomenda-se antibioticoterapia profilática. • Sondagem vesical contínua Aconselha-se a drenagem vesical em sistema fechado, por período de aproximadamente seis horas, dadas as óbvias dificuldades de deambulação e à distensão vesical por demora no restabelecimento da micção espontânea. • Alimentação Em condições de normalidade do ato cirúrgico, pode ser permitida a alimentação da puérpera em tempo precoce, utilizando-se inicialmente dietas preferentemente líquidas. Decorrido período de aproximadamente 8 a 12 horas, libera-se a dieta. • Deambulação O levantar e caminhar precoces são recomendados. A restrição ao leito, além de desconfortável, favorece o aparecimento de fenômenos tromboembólicos. • Amamentação precoce A amamentação deve ser estimulada e iniciada o mais precocemente possível. Oferece inúmeras vantagens, entre as quais, o estabelecimento da integração psíquica mãe-filho. • Alta hospitalar A cesárea é procedimento cirúrgico invasivo da cavidade abdominal, sujeita a complicações intraoperatórias que obrigam à atenção pós- operatória. Assim, recomenda-se esperar pelo menos o restabelecimento parcial da função intestinal após a cesárea, e dar alta hospitalar ao final de 48 horas. • Retirada de pontos O fechamento da pele com fio tipo nylon implica em retirada dos pontos entre o sétimo e décimo dia pós- operatório. Para Resende (2012), os principais cuidados pós- operatórios da cesariana são: • Terapia intravenosa Durante as primeiras 12 horas pós-cesariana deve-se manter hidratração venosa generosa, de no mínimo 2.000 ml. • Dieta e função intestinal A parturiente deverá permanecer em dieta zero por 6 horas após a cesariana, quando então dieta liquida/pastosa deverá ser introduzida. Após 12 horas da cirurgia, já se pode liberar dieta sólida. • Sondagem vesical contínua A sonda vesical deverá ser retirada 12 horas pós- cirurgia, antes de levantar a paciente e encaminhá-la para o banho de aspersão, assistido pela equipe de enfermagem. • Deambulação A deambulação, em geral, deve ser iniciada após 12 horas do procedimento cirúrgico. • Retirada de pontos Em geral, os pontos serão retirados, caso realizados com fio inabsorvível, em média após 7 a 10 dias da cesariana. • Amamentação precoce O aleitamento deverá ser estimulado precocemente, mesmo antes de se levantar a paciente do leito; em média 4 horas após a cirurgia. • Alta hospitalar Em média de 72 horas após o parto, podendo ser reduzida para 48 horas em determinadas situações. A apresentação fetal cefálica é a mais frequente e a que apresenta menos complicação. Em regra, para esse tipo de apresentação, o parto indicado é o normal. As apresentações pélvica e transversa (córmica) devem ser vistas com maior atenção e a parturiente deve ser encaminhada para uma maternidade com condições de realizar o parto com distócias. Nesses casos, o parto cesariano pode ser a opção mais indicada.
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