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A Cozinha do Garde Manger ANA PAULA CARVALHO LOPES FERNANDES A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Brigada de Cozinha: conceito e dimensão • Garde Manger: o profissional e o setor da cozinha fria • Organização do espaço físico, equipamentos e utensílios do Garde Manger • Compreender o conceito de brigada e como as cozinhas se organizam para trabalhar em sistema de bancadas. • Entender o Garde Manger como um setor da cozinha. • Conhecer o Garde Manger Profissional, suas atribuições e responsabilidades. • Estudar a estrutura física, os equipamentos e os utensílios do Garde Manger. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem Introdução Iniciaremos esta unidade com a compreensão dos fatos históricos que ocorreram para que as cozinhas profissionais obtivessem a organização e a distribuição das tarefas que são utilizadas nos dias atuais. Os acontecimentos que envolvem a alimentação vêm datados desde o início da história da humanidade. Com o surgimento das primeiras práticas de coletas e de caças à posterior des- coberta do fogo, em que os alimentos crus começaram a passar por algum processo de cocção, as civilizações de todo o mundo deixaram grandes marcas nas descobertas de novas técnicas e culturas em torno da alimentação e, desde então, o ato de se alimentar deixou de ser somente uma necessidade e passou a ter significativa importância na vida social de todas as pessoas. Vamos pular alguns anos na história e entender que o grande crescimento de profissionais cozinheiros foi inevitável, bem como a proliferação de estabelecimentos que forneciam ali- mentos e bebidas mediante alguma forma de pagamento, os conhecidos restaurantes. É sabido que a Revolução Francesa (1789 – 1799) contribuiu para o grande “boom” dos restaurantes, ultrapassando os muros de Paris e se alastrando por todo o mundo, pois dois fatos muito pon- tuais ocorreram nessa época: o primeiro foi a saída da aristocracia dos grandes centros. Com essa fuga dos nobres, os seus serviçais cozinheiros perderam suas ocupações e tiveram que trabalhar por conta própria. O segundo foi que as guildas (uma espécie de associação de ajuda aos trabalhadores da época e que regulamentava suas atividades) foram extintas, ou seja, não havia nada que controlasse a prática de atividades comerciais, assim, cada um podia produzir e comercializar o que bem desejava. Desse momento em diante, muitos restaurantes se estabeleceram e grandes nomes da gastronomia mundial se tornaram referência, porém, mesmo com o alto padrão ditado pela gastronomia francesa, esse crescimento foi, de certa forma, desordenado e rápido, pois as pessoas perceberam que comercializar alimentos era uma forte oportunidade de crescimento econômico, assim, não demorou para que muitos aventureiros se colocassem nesse mercado, situação muito presente até os dias de hoje. Assim, convido você, aluno(a), ao estudo da unidade I, que será bastante informativa e esclarecedora quanto ao conceito de Garde Manger. 13 G a r d e M a n g e r 15G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R O grande crescimento e a propagação de restaurantes pelo mundo afora estava acontecendo como um processo estocástico, fato que causava aos grandes nomes do momento certo incomodo. Diante desse cenário e em busca de melhorias e padronização dentro das cozinhas foi que o grande Chef Francês Georges Auguste Escoffier, falecido em 1935 com 89 anos, implantou alguns procedimentos e deixou grandes contribuições que utilizamos até hoje. Além de estabelecer disciplina, foi ele quem dividiu a cozinha em siste- ma de brigadas, em que cada departamento da cozinha teria um Chef responsável, conhecido como “Chef de Partie” ou Chef de Partida, ou seja, cada setor de produção dentro de uma cozinha seria de responsabilidade de um determinado Chef ou cozinheiro especializado. Brigada de Cozinha: Conceito e Dimensão G a r d e M a n g e r E deve ser esse o nosso ponto de partida, caro(a) aluno(a); para conhecermos o setor e o trabalho de um Garde Manger, faz-se necessário o total conhecimento da estrutura organizacio- nal da cozinha, como as tarefas são divididas, quem são os profissionais que atuam em cada bancada e formam a grande brigada de uma cozinha profissional. A brigada de um restaurante se divide em Brigada de Cozinha, em alguns lugares chamada de Brigada de Produção, e a Brigada de Salão, conhecida também como Brigada de Serviço, compreensível se pensarmos que na prática é isso mesmo, a cozinha produz para que o salão possa servir. De acordo com Teichmann (2000, p.69), A preparação dos alimentos é assegu- rada em restaurantes importantes por um conjunto de cozinheiros chamado de BRIGADA. Esta brigada está distri- buída em setores de acordo com suas responsabilidades, e esses setores são chamados de PRAÇAS. Aprofunde seus conhecimentos sobre a cozi- nha clássica francesa e sobre o Chef Francês Georges Auguste Escoffier consultando o material didático das disciplinas de História e Cultura Gastronômica e Cozinha Clássica! Você já tinha ouvido falar no termo BRIGADA para se referir à equipe de um restaurante? Esse termo é muito utilizado nas corpo- rações das forças armadas e todo mundo já ouviu falar, por exemplo, na brigada do corpo de bombeiros, pois esse termo repre- senta uma companhia ou grupo de pessoas que juntos combatem algo e vão em direção a um mesmo objetivo. Por isso, cabe per- feitamente ao ambiente de trabalho de um restaurante, onde cada integrante das bri- gadas de cozinha e de salão trabalha junto, buscando sempre a satisfação do cliente. Fonte: a autora Quero ainda complementar que, na lin- guagem do mercado, para se referir aos setores dentro da cozinha, pode-se utilizar a expressão PRAÇAS ou BANCADAS, as duas são coerentes e muito utilizadas. Na foto acima, é possível visualizar a atu- ação de cada profissional em sua bancada, de- senvolvendo as atividades específicas de cada Chef de Partie. Vamos, agora, visualizar o organograma padrão de uma cozinha profissional completa, em que a brigada está segmentada e bem orga- nizada por bancadas. 17G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Commis Saucier Rôtisseur Patissier Tournant Garde Manger BRIGADA DE COZINHAChefe de cozinha Subchefe Auxiliar Steward Commis Plongeur Chefe StewardAboyer Commis Commis LegumierPotager Poissonnier Commis Commis Commis Commis Entremétier Figura 01: Brigada de Cozinha Fonte: a autora Vale lembrar que cada estabelecimento deve de- finir qual é a melhor forma de compor a sua bri- gada, levando em consideração alguns pontos: • Tamanho do restaurante. • Capacidade de atendimento (número de comensais). • Tipo de cardápio. • Espaço físico da cozinha. • Equipamentos e utensílios disponíveis para produção de alimentos. • Tipo de serviço oferecido. • Nível de posicionamento de mercado do restaurante. Após a análise detalhada desses pontos, define- -se o tamanho, a composição e a qualificação dos profissionais que irão integrar a brigada de um determinado restaurante. Mas vale lembrar que, mesmo com o estudo desses aspectos, é natural que ajustes sejam necessários e feitos até que seja encontrada a brigada que atenderá com qualidade as expectativas da empresa e dos clientes. É inegável que essa divisão de trabalho dentro da cozinha, o sistema de brigadas, trouxe alguns benefícios para o setor, como uma melhor organização das atividades dentro da cozinha; a delegação de responsabilidades para cada Chef/ cozinheiro, criando um melhor clima organi- zacional, em que cada um sabe e assume o seu papel; a redução do tempo de espera pelos co- mensais; a otimização dos insumos, entre outras. G a r d e M a n g e r 19G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Observando o organograma apresentado anteriormente, vemos em destaque o Garde Manger, que é o assuntocentral deste livro. Ele ocupa dentro da brigada um lugar de destaque, em virtude dos importantes preparos que realiza em sua praça. O termo Garde Manger, no jargão da gastronomia atual, é utilizado sem nenhuma distinção para se referir ao pessoal ou ao setor de trabalho/bancada/praça. Mas, em tempos antigos, era utilizado para se referir às dispensas localizadas nos subsolos dos castelos e das residências dos nobres, lugar mais seco e fresco onde os alimentos eram acondicionados. Garde Manger: O Profissional e o Setor da Cozinha Fria G a r d e M a n g e r T ermo de origem francesa, garde = guarda, manger = comer, o termo literalmente significa “guardar para comer”, mas é in- terpretado como “guarda comida”. Com o conceito de um lugar frio onde os alimentos podiam ser armazenados e mantidos por mais tempo, o setor da cozinha fria e o profissional responsável por essas preparações passaram, também, a utilizar esse nome: Garde Manger. Quando designado ao profissional, o termo está relacionado ao colaborador que desenvolve suas funções voltadas às preparações frias, o que engloba essencialmente mise-en-place e preparo de: • molhos frios: emulsões como vinagretes e maioneses, de queijos, coulis, aspic e outros, que estudaremos com detalhes na página 35 da unidade II; • sopas frias; • saladas simples e compostas; • terrines, galantines e roulades, prepa- ros que serão aprofundados a partir da página 71; • conservas: curas, os defumados e as salmouras; • entradas frias; • decorações para pratos e buffets. Em alguns estabelecimentos, o Garde Manger pode ser ainda o responsável por: • sanduíches; • preparos de queijos simples ou pratos à base de queijos; • manter organizadas todas as câmaras frias; • abastecer diariamente as demais ban- cadas da cozinha, ou seja, ele é quem requisita e retira os insumos alimentícios do estoque e distribui na cozinha, para que a produção daquele dia de trabalho esteja assegurada e que nada tenha que ser retirado do estoque no meio da jorna- da. Esse abastecimento pode ser tanto de matérias-primas secas, frescas, refrigera- das ou congeladas. O dimensionamento desse abastecimento é definido com o Chef de cozinha e é realizado baseado na produção diária, adicionado de uma margem de segurança. • limpeza, cortes, desossa e porcionamen- to de carnes, executando o pré-preparo para outras praças; • preparo de marinadas e outros condimentos. Em estabelecimentos de grande porte, como uma churrascaria rodízio que serve muitos clientes, o Garde Manger pode ser auxiliado por “boucher” (açougueiro), profissional que manipula carnes cruas, ou em um grande hotel com muitos apartamentos, ele pode ser auxi- liado por um chefe de frios, que será responsá- vel por manter fatiados e bem abastecidos os buffets de frios (com queijos e fiambres) tanto 21G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R do café da manhã como do buffet de frios das principais refeições. Vamos conferir atenção especial à praça do Garde Manger nos estabelecimentos que oferecem o sistema self-service e disponibili- zam aos seus comensais um extensivo buffet de saladas e antepastos, expostos em grandes balcões com pista fria (módulo refrigerado). Nesse cenário, a operação do Garde Manger é bastante volumosa e pode chegar à composição de um Buffet com mais de 50 variedades de saladas e preparos frios. O setor de Garde Manger pode ser ocupado por um Chef Garde Manger ou um Cozinheiro Garde Manger, que, nesse caso, estará sob a supervisão do Chef, a depender da complexi- dade dos preparos dessa praça e do nível do restaurante, podendo apresentar, ainda, mais de um profissional dedicado exclusivamente à bancada de Garde Manger, além dos commis, quando houver a necessidade. Apesar do seu trabalho estar focado na co- zinha fria, o Garde Manger não se isenta de conhecer e saber executar com propriedade outras técnicas de cozinha, como todos os métodos de cocção, tipos de cortes e preparos quentes.Percebemos, então, que a atuação do Garde Manger não é nada simples, e desse profissional se exige conhecimento técnico, postura profissional e vocação. buffet de saladas padrão G a r d e M a n g e r Você se sente preparado para assumir a função de um Garde Manger ou outro posto dentro de uma cozinha? Você sabia que, além das técnicas de preparos, é muito importante você possuir algumas competências pessoais que são requisitos básicos para trabalhar com ali- mentos, como ter bons hábitos de higiene pessoal, com o seu ambiente de trabalho e utensílios; bom relacionamento com pes- soas e trabalho em equipe; ser pontual e comprometido profissionalmente; ser ágil e criativo; obedecer às normas de seguran- ça e ter bom nível de conhecimentos dos produtos que vai manipular? Pense nisso. Fonte: a autora G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R 23 Roberto era estudante do primeiro semestre do curso de Gastronomia e o seu maior desejo era se inserir no mercado de trabalho para se familiari- zar e ter mais intimidade com as operações de um restaurante. O grande problema era sua falta de experiên- cia na área, o seu currículo de poucas linhas e um registro em um escritório no setor administrativo, fato que o intimidava em fazer contatos com os empregadores da área. Certo dia, soube por meio de um colega do curso que um restaurante da cidade estava contratando, mas que naquele momento a vaga disponível era somente para auxiliar, ser responsável pela higie- nização dos equipamentos, utensílios e limpeza da cozinha. A princípio, Roberto não se entusiasmou, afinal, estava estudando para quê? Depois, analisando o seu potencial e a oportunidade que aquela vaga poderia significar, ele topou o desafio e no outro dia se apresentou como candidato à vaga. Foi contratado. No início foi dureza, o restaurante lotava todos os dias e, ao fim do turno, as pilhas de panelas, sauteses, chinoise e outros utensílios eram maiores do que ele. Mas, mesmo o cenário não sendo muito animador, Roberto nunca se atrasava, comparecia com o uniforme limpo e completo, era educado e curioso. Por isso, sempre que sobrava um tempinho, lá estava ele de olho no que os co- zinheiros preparavam, na forma como cortavam os legumes, porcionavam as carnes, enfim, mostrava-se solícito e interessado, o que fez com que, rapida- mente, o Chef passasse a lhe pedir auxílio para tarefas diferentes da sua função original: - Roberto, por gentileza, higienize essas folhas? Por favor, descasque essas batatas e alhos? Esprema o suco desses limões sicilianos? Ele as executava feliz da vida e aplicava as téc- nicas e as habilidades que estava aprendendo no curso de Gastronomia. A partir daí, foi só uma questão de tempo, e assim que uma vaga surgiu na cozinha, Roberto foi o primeiro a ser convidado para ocupar o posto de auxiliar na praça do Garde Manger. Comprometido e dedicado, Roberto conciliava a dupla jornada de estudos e trabalho. A paixão pela Gastronomia se intensificava e a vontade de aprender era sempre maior. Ele nunca parou, nem de trabalhar e nem de estudar. E hoje, após vários cursos e muita expe- riência prática em vários locais, Roberto gerencia a produção de dois restaurantes em uma grande rede hoteleira em Brasília e ministra aulas em uma faculdade de Gastronomia uma vez por semana. Para Roberto, o céu é o limite. Isso porque ele não deixou que as pilhas de panelas sujas fossem. Fonte: a autora G a r d e M a n g e r 25G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A organização do espaço físico de uma cozinha está diretamente ligada ao planejamento da produção, que, por sua vez, está ligado ao cardápio. Desde o projeto, deve-se planejar como deverá fun- cionar a cozinha, respeitando os fluxos: de pessoas, de insumos e de lixo. Com esses fluxos bem definidos,evita-se a contaminação cruzada dos alimentos, a exposição desnecessária dos insumos e a dificuldade de circulação das pessoas dentro da cozinha. Organização do Espaço Físico, Equipamentos e Utensílios do Garde Manger G a r d e M a n g e r I ncluindo a bancada do Garde Manger, o am- biente da cozinha, além de ser funcional, respeitar os fluxos e permitir a adequada circulação, deve ter instalações adequadas à legislação vigente e seguir algumas referências. Segundo explica Monteiro (2013), devemos con- siderar em uma cozinha: • Paredes: as paredes devem ser revestidas de material resistente e não poroso, para facilitar a limpeza e a desinfecção. • Pisos: os pisos devem ser antiderrapan- tes, fáceis de limpar, resistentes e imper- meáveis. A caída de água deve garantir que não acumule água no piso, com ralos dotados de grelhas para evitar a entrada de insetos e de roedores. • Iluminação: deve-se combinar a luz natural e artificial que possibilite a visão clara dos alimentos e da limpeza da cozinha. As lâmpadas localizadas dentro da cozinha devem ser preferen- cialmente as fluorescentes, protegidas por capa de acrílico ou outro material, evitando acidentes e a contaminação dos alimentos em caso de explosões ou quebra. • Portas: as portas das áreas de produção devem possuir dispositivos ou molas que as mantenham sempre fechadas; devem estar a 1 cm de distância do piso e ter proteção contra a entrada de roedores e de insetos. • Janelas: considerando que todo o ar quente produzido pelas cocções tende a subir, as janelas devem estar localizadas na parte superior das paredes, pois, além da troca de ar, possibilita a iluminação natural, sem incidência direta sobre os alimentos. • Tetos: indica-se as telhas de barro para os telhados, os forros de gesso e os re- vestimentos sem rachaduras, umidade ou bolor; devem ser de fácil higienização e que não propaguem o fogo. • Instalações: em ambientes de preparo de alimentos, deve-se ter atenção espe- cial nas instalações elétricas, gás, água e esgoto. • Ergonomia: em virtude da jornada de trabalho em uma cozinha ser pesada, deve-se pensar em uma disposição e instalação que levem em consideração também as questões ergonômicas, as bancadas, por exemplo, devem ter de 0,85 a 0,90 cm de altura. • Temperatura: a temperatura ideal e acei- tável para uma cozinha está entre 22ºC e 26ºC. • Sistema de Exaustão: devem ser eficien- tes e auxiliar na manutenção da tem- peratura ideal da cozinha, possuir telas removíveis para correta higienização e extração da gordura acumulada e evitar a entrada de insetos e roedores. G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A bancada do Garde Manger A bancada do Garde Manger, fisicamente falan- do, pode estar inserida no complexo da cozinha de duas formas: 1. Quarto Frio: também conhecido como sala fria, é a situação ideal, mas pouco presente nas cozinhas. O quarto frio é como se fosse uma dependência da cozi- nha, um ambiente fechado, totalmente refrigerado, na maioria das vezes, se- parado por paredes metade alvenaria e metade vidro, o acesso se dá por portas de vai e vem de PVC flexível com visor transparente. Essa situação propicia que o Garde Manger manipule todos os seus preparos sem a preocupação da expo- sição dos insumos perecíveis à tempe- ratura ambiente por um período maior de tempo. 2. Integrado à cozinha: muito ocorrente nas cozinhas profissionais. Nessa situa- ção, a bancada do Garde Manger está in- tegrada às demais bancadas, no mesmo complexo. Deve estar mais distante dos preparos quentes, chegando, às vezes, a ser dividida por uma meia parede. G a r d e M a n g e r Equipamentos e Utensílios Independentemente de sua posição física, Teichmann (2000) pontua que, para a perfeita execução das tarefas do Garde Manger, deve-se considerar, primeiramente, que a sua bancada deve atender todas as exigências já citadas anteriormente, como iluminação, ventilação, piso, paredes, escoamento etc. Além da infraestrutura, essa bancada deve conter: • Bancada de aço inox. • Cubas. • Balcões refrigeradores. • Pista Fria para mise-en-place. • Freezers. • Equipamento de refrigeração rápida. • Descascador de legumes. • Picador multifuncional. • Cortador de frios. • Batedeira. • Liquidificador. • Processador de alimentos. • Mixer. • Balança. • Tábuas de corte. • Suporte para tábuas. • Facas variadas. • Cortadores e aros em vários formatos. • Formas de vários tamanhos e formatos. • Boleador. • Descaroçador de azeitonas. • Pincéis. • Bowls em vários tamanhos. • Fuets. • Espátulas. • Termômetro. • Abridor de lata e de garrafa. • Silpat. • Pegadores. • Peneiras. • Rolo. • Jarras e Copos medidores. • Ralador. • Tesoura. • Funil. • Mandolin. • Bicos e Saco de Confeiteiro. • Maçarico. O uniforme do Garde Manger segue o padrão adotado por cada restaurante para vestir a sua brigada. Basicamente, ele é composto por calça, dólmã, aven- tal, sapatos e chapéu. O chapéu de Chef profissional é chamado de “toque”, que vem do francês “toque blanches”, auxiliares e outros cozinheiros usam uma touca, que é popularmente conhecida como bibico. G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R 29 G a r d e M a n g e r C hegamos ao final da nossa primeira unidade do livro de Garde Manger. Até aqui, familiarizamos-nos com o nosso objeto de estudo, cumprindo o nosso objetivo de formar uma base de conhe- cimentos sólidos sobre este setor e este profis- sional: o Garde Manger. Nesta unidade, compreendemos que a orga- nização da cozinha em sistemas de brigada trouxe muitos benefícios à dinâmica dos restaurantes, pois mostrou que cada um tem um papel impor- tante dentro da cozinha, com responsabilidades e funções específicas, mas que, independente- mente disso, somos todos uma única e grande brigada, trabalhando em prol de um mesmo ob- jetivo: a satisfação total do nosso cliente. Por isso, além das atividades específicas que cabem a cada bancada, deve-se ter conhecimento geral das habilidades básicas de uma cozinha. No que diz respeito ao profissional Garde Manger, observamos que ele é o responsável por todos os preparos frios, que vão dos molhos às entradas, passando pelas saladas, terrines e as conservas. Mas cabe a cada estabelecimento estabelecer sua rotina de tarefas e preparos, que será baseada no cardápio e no planejamento da produção diária. O seu ambiente de trabalho, assim como de todas as bancadas em uma cozinha, deve ser organizado fisicamente, propiciando a boa execução dos pratos, com espaço de bancada disponível, pistas refrigeradas para mise-en-place, equipamentos e utensílios específicos do Garde Manger. E é funda- mental que tudo esteja, sempre, em ótimas condições de uso. Agora que você conhece quem é e como trabalha o Garde Manger, podemos iniciar detalhadamente os estudos das preparações de responsabilidade dessa bancada, assunto que será conteúdo das duas unidades que seguem. co ns id er aç õe s fi na is 31G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R 1. São atividades do Garde Manger: I- Preparação de molhos frios. II- Preparação de saladas simples e compostas. III- Preparação das proteínas e a cocção delas. IV- Preparação de guarnições, como arroz, massas e verduras salteadas. V- Preparação de entradas frias e terrines. Estão corretas as alternativas: a- I, II e IV. b- I, II, III e V. c- I, II e V. d- II, III e V. e- Todas as alternativas. 2. Como se deu e quais foram as vantagens da organização da cozinha em sistema de brigada? 3. Cite 3 equipamentos ou utensílios essenciais à bancada do Garde Manger. at iv id ad e de e st ud o G a r d e M a n g e r A leitura do livro abaixo irá, sem dúvida alguma, complementar de forma detalhada as informações desta unidade, principalmente noque tange à estrutura física, ao planejamento e ao projeto de cozinhas profi ssionais. Livro: Cozinhas Profi ssionais Autora: Renata Zambon Monteiro Editora:Senac m at er ia l c om pl em en ta r Sinopse:Este livro fornece uma visão ampla do setor, retoma as origens dos serviços de alimentação, desde a antiguidade até nossos dias. Proporciona ao leitor conhecimento sobre quanto a história desse seg- mento se entrelaça com a história da hospitalidade. A autora discorre sobre as características específi cas de projetos de cozinhas profi ssionais, delimitando e pormenorizando suas várias demandas, como os espaços e equipamentos que devem incluir, além de normas técnicas que devem ser observadas ao longo de sua criação e implantação. 33G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A brigada de uma cozinha é formada por um grupo de profissionais, sob o comando de um chefe de cozinha, com o objetivo de preparar as iguarias a serem servidas nos restaurantes. Na cozinha de um restaurante, podemos ter a seguinte organização da brigada: a. chefe de cozinha: tem a responsabilidade de planejar, dirigir e supervi- sionar o trabalho da brigada da cozinha. Além disso, deve determinar instruções para o andamento do trabalho, cuidar da higiene e segu- rança; treinar o pessoal no ambiente de trabalho, ajudar na elaboração dos cardápios, assegurar a qualidade na execução dos pratos e super- visionar sua apresentação, supervisionar as mercadorias necessárias, determinar a escala do trabalho, elaborar fichas técnicas, organizar inventários e controles; b. subchefe: este componente da brigada deve substituir o chefe na sua ausência, receber e controlar as mercadorias solicitadas, cuidar da hi- giene nos locais de trabalho, supervisionar a qualidade da alimentação dos empregados, ocupar-se dos preparativos da cozinha no início das atividades e realizar o fechamento da cozinha; c. entremetier: deve preparar sopas, guarnições e legumes, batatas, ovos e farináceos; d. saucier: deve substituir o chefe quando a brigada não possuir o sub- chefe, preparar os molhos quentes, além de peixes, crustáceos e todas as carnes; BRIGADA DE COZINHA le it ur a co m pl em en ta r G a r d e M a n g e r e. rotisseur: deve confeccionar os pratos de carnes, aves, pescados, le- gumes e ovos; f. garde-manger: deve desossar, limpar e cortar as carnes, de acordo com as porções previamente definidas, ocupar-se das preparações frias (molhos frios), guardar os gêneros alimentícios em locais apropriados; g. pâtisser: preparar massas doces e salgadas além de modelar, montar, rechear e assar massas de confeitaria. Este componente da brigada também deve decorar os produtos de confeitaria, preparar sobremesas e sorvetes e montar o buffet de sobremesas; h. chef de garde: deve responder pelo atendimento da cozinha durante os intervalos de trabalho da brigada. i. aboyeur: deverá receber as comandas “cantar” os pedidos para as diversas peças e controlar a saída dos pedidos; e j. tournant: deverá substituir os chefes de partida durante o período de férias, as folgas semanais e doenças. Além de ter a responsabilidade de manter corretamente o padrão do desempe- nho de cada função, a brigada deve primar por algumas qualidades, tais como: limpeza, asseio pessoal, vestuário, postura, pontualidade, responsabilidade, criatividade, organização, administração e vocação. Fonte: CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. Caxias do Sul: Educs, 2003. Preparações Frias 1: Molhos, Sopas, Saladas, Conservas, Curados e Defumados ANA PAULA CARVALHO LOPES FERNANDES A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Molhos e Sopas Frias • Saladas • Métodos Clássicos de Conservação dos Alimentos • Estudar os molhos bases da cozinha fria e suas possíveis variações. • Compreender os tipos de sopas produzidas na bancada do Garde Manger. • Compreender como as saladas se classificam e suas composições. • Estudar as técnicas clássicas de conservação dos alimentos, como a cura, a defumação, a salmoura e outras. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem IntroduçãoIntrodução A partir desta unidade, vamos, de fato, entrar na cozinha prática, por isso, convido você, alu- no(a), para se abrir ao fantástico mundo do Garde Manger e observar que as preparações que aparentemente parecem simples exigem a compreensão de técnicas precisas. Para uma satisfatória execução dos molhos e das sopas frias, o grande segredo está em en- contrar o equilíbrio dos sabores, aromas e texturas. O preparo de um vinagrete é considerado uma técnica básica do Garde Manger, em que ácido e óleo se encontram, cada um respeitando o seu papel, para que juntos possam temperar, acompanhar ou embelezar os pratos. Já a execução do aspic exige um conhecimento mais aprofundado, no que tange às forças do gel necessárias para cada tipo de preparo. As saladas estão presentes nos diversos serviços de um restaurante, como entrada, na com- posição de um canapé, como fingerfood, como aperitivo, como acompanhamento de um prato principal, no sanduíche, no buffet e até na sobremesa, como salada de frutas e muito mais. O grande diferencial é conhecer a variedade de verduras folhosas que existe no mercado, conhecer suas particularidades e empregá-las na criação de pratos únicos e sensacionais. O Garde Manger profissional não deve se contentar em utilizar somente as folhas mais comuns diante de uma natureza tão generosa. No que tange aos preparos dos alimentos curados e defumados, sabe-se que essas técnicas são muito antigas e que surgiram por acaso, em situações, por exemplo, em que o homem bus- cava proteger a sua caça dos outros animais e pendurava as peças de carnes sobre as fogueiras e, ao consumi-las, elas já estavam defumadas e com textura firme; ou quando os peixes eram enterrados na faixa de areia para serem guardados para outras ocasiões e o sal residual da água do mar os conferia uma textura seca, pois desidratava os peixes, inibindo o seu apodrecimen- to. As conservas à base de salmoura também são formas de prolongar a vida dos alimentos, blindando-os da proliferação de fungos e bactérias. Essas técnicas estão presentes até os dias de hoje e, mesmo com o auxílio da tecnologia, preservam os mesmos princípios de outrora. Quer saber mais? Então vamos lá! 37 G a r d e M a n g e r 39G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Os molhos clássicos dentro da gastronomia são inúmeros, além de muitas novas receitas que são desenvolvidas todos os dias, por antigos e novos chefs. Mas ao Garde Manger cabe a execução dos molhos frios, que incluem: Molhos e Sopas Frias G a r d e M a n g e r Molhos Emulsionados Alguns exemplos de molhos emulsionados são os vinagretes e a maionese, Sebess (2014) expli- ca a emulsão como sendo uma mistura de dois líquidos, em que o que é adicionado por último forma gotículas que se dispersam no outro. O líquido que forma as gotículas é chamado de fase dispersa e o líquido que contém essas gotículas é chamado de meio de dispersão. Molho Emulsionado Estável: Maionese A maionese é um molho estável, porque, ao incorporar o óleo às gemas, obtém-se a leciti- na, que é um emulsificante natural da gema, mantendo as gotículas de óleo em suspensão, ou seja, os ingredientes não se separam mais, mesmo algum tempo depois de pronto. Abaixo, aprenderemos uma receita de maio- nese básica. Sugere-se a utilização de um óleo de sabor neutro, pois o molho de maionese pode ser aplicado em diversas receitas ou, ainda, utilizado como tempero de saladas, como dip (tipo de molho utilizado para mergulhar outros alimen- tos, como pequenos pedaços de carnes, frutos do mar, verduras, pães e outros, muito utilizado no serviço de petiscos), para espalhar em sandu- íches, dentre outras preparações. Agora, se você deseja preparar uma maionese somente para uma receita específica, poderá usar outrosóleos aromáticos na mesma quantidade. A mesma orientação vale para o ácido, sugerimos utilizar na receita base limão ou vinagre branco. O ácido tem a função tanto de aromatizar quanto de auxiliar no ponto ideal da maionese. RECEITA DE MAIONESE BÁSICA 3 gemas 500 ml de óleo neutro 50 ml de líquido ácido (vinagre branco ou suco de limão) 50 g de mostarda Quanto Basta de sal Quanto Basta de pimenta do reino branca moída Modo de preparo: Colocar as gemas em um bowl. Acrescentar o líquido ácido e mexer para auxiliar as gemas a receberem o óleo. Adicionar o óleo em fio no início lenta- mente para formar a emulsão. Depois de emulsionada toda a maionese, agregue sabor com a mostarda, o sal e a pimenta. 41G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A partir desta receita básica, é possível aro- matizar ou acrescentar outros alimentos que resultarão em tipos de molhos ou variações de maionese. Algumas, porém, exigem que os sabo- res sejam adicionados desde o início do preparo. São exemplos: maionese verde de ervas, aïoli, maionese de limão siciliano, molho rémoulade, dentre muitos outros. Nas imagens abaixo, visualizamos os in- gredientes da maionese básica e a emulsão já finalizada. • Para evitar qualquer risco de contamina- ção, como a salmonelose (causada pela bactéria salmonela), os grandes restau- rantes utilizam as gemas pasteurizadas no preparo de maionese. • Para um resultado satisfatório, os ingre- dientes utilizados nesse preparo devem estar em temperaturas semelhantes. • Após o seu preparo, a maionese deve ser mantida sob refrigeração constan- te e consumida em, no máximo, 3 dias, desde que não tenha sofrido oscilação de temperatura. G a r d e M a n g e r Os vinagretes são considerados molhos emul- sionados instáveis, pois são emulsionados por meio de uma ação mecânica, que mistura um ingrediente graxo, como os óleos, a um ingre- diente ácido, como os vinagres, ingrediente que deu nome a esse preparo, e que, atualmente, mesmo sendo preparado com outro ácido, como o limão, continua sendo chamado de vinagrete. Na tabela abaixo, de Sebess (2014, p.213), observamos algumas referências para a utiliza- ção de ácidos diversos e suas proporções. opções de vinagretes básicos Vinagres 1 + Óleo 3 Aceto Balsâmico 2 + Óleo 3 Suco de Limão 3 + Óleo 3 Tabela 01: Tabela comparativa com opções de vinagretes básicos Fonte: Sebess (2014, p.213) Agora, você já pode preparar um vinagrete uti- lizando, por exemplo, 50 ml de vinagre para 150 ml de óleo, ou 100 ml de aceto balsâmico para 150 ml de óleo, ou ainda 150 ml de limão para 150 ml de óleo. Para um vinagrete básico, coloque o ácido escolhido em um bowl, adicione o óleo em fio, batendo constantemente até ficar bem homogêneo, tempere com sal e pimenta do reino moída na hora. Especificamente na ter- ceira situação, em que se executa um vinagrete com suco de limão, às vezes se fará necessária a diluição do ácido com um pouco de água, esse procedimento vai depender fundamentalmen- te do grau de acidez da fruta, assim, torna-se inevitável degustar o vinagrete antes de sua finalização. Todos os vinagretes básicos devem ser ser- vidos em seguida do seu preparo, por serem ins- táveis, se armazenados, deverão ser novamente emulsionados antes de servir. Uma alternativa para manter o seu vi- nagrete sempre emulsionado é utilizar, no preparo, ingredientes emulsificantes, como gemas, mostarda, amidos, purê de alho, frutas ou vegetais. Esses elementos, além de funcio- narem como emulsificantes (não permitindo que o ácido e o óleo se separem), são aroma- tizantes e o resultado é a obtenção de uma grande variedade de vinagretes derivados do vinagrete básico. Quando a opção for utilizar ervas frescas no vinagrete, elas devem ser adicionadas pouco tempo antes de servir, pois, se armazenadas, as ervas perdem seus efeitos voláteis e sua coloração. No caso dos vinagretes utilizados em sala- das que serão servidas já empratadas, as folhas devem ser misturadas ao vinagrete em um bowl, para garantir que todas as folhas sejam bem envolvidas pelo molho e, posteriormente, mon- tadas na louça de serviço. Isso evita o excesso de líquido no prato que será levado ao cliente. Molho Emulsionado Instável: Vinagretes 43G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Além de saladas, atualmente, os vinagretes têm sido utilizados para acompanhar grelhados, vegetais ou, ainda, em marinadas. Não se deve confundir o VINAGRETE, estu- dado acima, com o MOLHO A VINAGRETE ou MOLHO CAMPANHA, que é uma pre- paração originalmente brasileira utiliza- da para acompanhar churrasco e feijoada, em que tomate, cebola, salsinha, e, em algumas regiões, pimentão são picados e temperados com vinagre, sal e azeite. Fonte: a autora • Para provar o sabor do vinagrete, mergu- lhe um pedaço de salada de folha verde, tire o excesso e prove, corrigindo o sabor se necessário. • Use um fouet pequeno para emulsionar vinagretes. Na imagem abaixo, visualizamos azeite e aceto balsâmico para o preparo de um vinagrete que acompanhará salada de folhas. G a r d e M a n g e r Molhos a Base de Laticínio Os molhos à base de laticínio são, de maneira geral, utilizados para temperar saladas ou como dip. A base é composta por queijos de textura cremosa, conhecidos como queijos moles, por leites fermentados, como creme fraîche e sour cream, ou por creme de leite. Podem ser acrescidos de sabores de outros queijos, como os queijos azuis: gorgonzola e roquefort, parmesão, de ervas aromáti- cas, especiarias e outros ingredientes, como alcaparras, azeitonas, picles e outros. A adição desses ingredientes vai atribuir sabor, cor e textura ao molho. Em especial, a textura deverá ser definida baseada no prato em que se deseja utilizar o molho, como vemos a seguir: Textura firme para ser servido como dip. Neste caso, os vegetais devem ser mergulhados no molho e levados à boca sem que o molho pingue. 45G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Textura mais fluida, para servir com saladas, de forma que todos os ingredientes da salada possam ser envolvidos pelo molho. Textura cremosa, semelhante a um patê, para ser servido sobre fatias de pães e canapés. G a r d e M a n g e r Coulis A palavra coulis está cada vez mais presente nos cardápios dos restaurantes. Estou certa de que você já viu por aí a clássica Panna Cotta com Coulis de Frutas Vermelhas, ou ainda Truta com Coulis de Tomate e Alho Negro. É isso mesmo, o coulis (que se pronuncia Kuli) pode ser doce ou salgado, pois nada mais é do que a concentração de sabor de um determinado ingrediente, que, depois de amassado ou de processado, podendo estar in natura ou ter passado por processo de cocção, resulta na textura de um líquido encor- pado ou até mais consistente, como um purê. Aspic Atualmente, as aplicações de aspic nas cozinhas profissionais diminuíram muito. No passado, esse molho era muito utilizado em decorações de bandejas, que ilustravam desenhos moldados por experientes profissionais Garde Manger, finalização de assados, canapés e para produção de elementos decorativos para buffets. Também conhecido como molho para re- vestir, a técnica é simples. Deve-se adicionar a gelatina em pó ou em folha a um molho quente, que pode ser um caldo, como de legumes ou de frango, ou molhos mais encorpados, como bechamel, demi-glace e velouté. Em seguida, ele deve ser resfriado em um banho-maria invertido (sobre um bowl com gelo) até que ganhe um pouco de consistência e possa ser aplicado da forma desejável. As quantidades de gelatina variam de acordo com a utilização do aspic. Logo, vai de- pender da necessidade do que chamamos de força do gel: gel delicado, gel para revestir, gel para fatiar, gel firme ou mousse. prato composto por aspic de carnes e vegetais 47G A S T R O N O M I A• U N I C E S U M A R Sopas Frias O preparo das Sopas Frias também é de res- ponsabilidade do Garde Manger. Atualmente, são muito utilizadas para serviço de entradas, fi ngerfood e, em algumas situações, como sobre- mesa. Recebe papel de destaque no serviço de fi ngerfood, pois, em pequenas porções, elas são apresentadas de forma inusitada, utilizando-se louças variadas que possibilitam uma apresen- tação encantadora, como na imagem ao lado. Segundo o Instituto Americano de Culinária (2014), podemos classifi car as sopas frias da seguinte maneira: Sopas Cremes Devem ter a mesma textura cremosa e avelu- dada da sopa creme quente, mas a consistência deve ser ajustada, uma vez que algumas sopas, quando frias, tendem a engrossar. O mais im- portante é que elas não deixem uma sensação de gordura na boca depois de frias. Um exemplo clássico desse tipo de sopa é a Vichyssoise, uma sopa creme fria, tradicionalmente francesa, mas que atualmente é consumida em todo o mundo, preparada à base de alho-poró e batata. G a r d e M a n g e r Sopas de Vegetais e Frutas Muito tradicionais nas estações mais quentes, essas sopas acompanham a sazonalidade de alguns ingredientes, podendo ter uma textura mais rústica, como a Sopa Espanhola de tomates frescos, conhecida como Gazpacho Andaluz, até uma consistência mais cremosa, como a sopa de melão. Quando necessário, pode-se adicionar caldos ou outros cremes derivados do leite para alcançar a consistência desejada. O consommé é um preparo ideal para se produzir as sopas claras feitas pelo Garde Manger. Relembre como preparar um con- sommé clássico assistindo ao vídeo sopas e consommés na unidade 06 da disciplina de Habilidades de Cozinha e não deixe de praticar a sua elaboração! Sopas Claras Exigem um caldo ou um suco clarificado rico e encorpado, com sabores intensos, que podem ser adicionados de agentes gelificantes, como as gelatinas. No consumo, devem derreter na boca. Purês, essências e infusões podem ser utilizados para dar um sabor mais pronunciado à sopa. É a que apresenta consistência mais líquida e o caldo utilizado é o que determina o sabor. Gazpacho Andaluz 49G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Vichyssoise Sopas Cremes G a r d e M a n g e r 51G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R As saladas são consideradas as grandes estrelas da praça do Garde Manger, tanto que é comum, aqui no Brasil, o profissional que atua nessa bancada ser coloquialmente chamado de “saladeiro”. Isso se deu pelo fato de que a maioria dos restaurantes oferecem saladas em seu cardápio, que originam dessa praça. O que eu quero dizer a você é que, por exemplo, não são todos os restaurantes que oferecem em seus cardápios pratos com terrines, galantines ou produções com aspic, mas as saladas, sim, estão sempre presentes. Por isso, pessoas leigas na área da gastronomia, quando falam em Garde Manger, relacionam diretamente com o preparo de saladas, o que não está errado. No entanto, deve-se esclarecer que o Garde Manger vai muito além do preparo de saladas, porém, dominar as técnicas e conhecer a fundo desde as saladas simples até as compostas e as de acompanhamentos é imperativo para quem deseja trilhar um longo caminho na cozinha. Saladas G a r d e M a n g e r Atualmente, tornou-se impossível catalogar todos os tipos de saladas existentes, pois, além das clássicas e já consagradas na gastronomia mundial, qualquer cozinheiro pode criar uma harmonização de ingredientes frescos que re- sultarão em um belo e saboroso prato de salada. Utilizaremos a classificação do Instituto Americano de Culinária (2014) para nos apro- fundarmos nas 3 principais categorias de saladas: saladas verdes, saladas para acompa- nhamentos e saladas compostas. Saladas Verdes Nesta categoria estão as saladas compostas por verduras (termo que utilizamos para nos refe- rirmos às plantas folhosas e às demais horta- liças), que, combinadas com molhos, resultam em diversos pratos de saladas. O Garde Manger pode escolher entre uma grande gama de verduras e a combinação delas é que vai determinar as características de cada salada. Podem ser: Verduras leves As alfaces são as mais famosas entre as verduras leves e podemos encontrar uma grande varieda- de, como americana, roxa, lisa, crespa, mimosa, frisée e romana. Aqui também se encontram a alface-de-cordeiro, algumas variedades de ver- duras amargas baby, verduras picantes jovens e outros. Verduras amargas e chicórias Essas verduras podem tanto ser consumidas cruas ou passar por algum processo de cocção, como a chicória crespa, rúcula, endívia, escarola, radicchio, agrião, radicchio de treviso, alface frisée, alface-de-cordeiro, tatsoi e outras. Verduras picantes Essas verduras possuem um sabor picante, mas, em sua maioria, são delicadas o suficiente para compor saladas, quanto mais jovens, menos As alfaces mais utilizadas nos restaurantes, atualmente, são a americana e a romana, devido ao fato de que suas folhas são mais grossas, garantindo uma vida mais longa e, quando em contato com molhos e outros alimentos quentes, resistem e mantêm a sua crocância, sabor e volume. Fonte: a autora 53G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R picante, como caruru roxo, rúcula, mizuna, folha de mostarda, tatsoi, agrião e outras. Podemos observar que uma mesma verdura pode se enquadrar em duas ou mais categorias. Anteriormente, comentamos que as mistu- ras de elementos folhosos podem ser feitas em diversas combinações. O que existe no mercado são combinações prontas e já consagradas, que são comercializadas pré-higienizadas e aparadas, vamos conhecê-las: a. Mesclum: mistura folhas leves e pican- tes, podendo ter adição de flores e ervas. b. Baby Mix (BMX): mistura de folhas muito jovens de diversas variedades, conhecidas como baby. c. Oriental (OMX): mistura de folhas de sabores picantes e fortes, neste mix, podem ser encontradas algumas folhas pouco cultivadas no Brasil, como algu- mas folhas características da cozinha asiática. Ervas Aromáticas São folhas que possuem sabor e aroma que atri- buem um peculiar paladar aos alimentos e às demais folhas na composição de uma salada. Nesse caso, são utilizadas as ervas de folhas tenras e macias, como a ciboulette, o manje- ricão, o hortelã, a salsinha e outras. De modo geral, essas plantas aromáticas realçam o sabor dos alimentos que compõem o prato. Quando da sua utilização fresca, devem apresentar cor característica (geralmente verde), talos e folhas saudáveis (sem aspecto de murchos) e exalar um bom perfume, esse último aspecto sensorial vale também para as ervas quando desidratadas. Além das ervas citadas acima, que são comu- mente as mais empregadas em saladas, ervas como louro, cerefólio, dill, coentro, orégano, manjerona, alecrim, sálvia, estragão, segurelha, tomilho e outras aromatizam pratos, trazendo resultados surpreendentes. Para preservar os princípios voláteis das ervas aromáticas em preparos quentes, o ideal é adicioná-las somente ao final da cocção. exemplos de ervas aromáticas frescas G a r d e M a n g e r Flores Comestíveis As fl ores comestíveis foram introduzidas na gastronomia não somente para embelezar a fi - nalização dos pratos, mas também para atribuir sabor a eles. Para isso, devemos selecionar fl ores próprias para o consumo humano e conhecer o sabor de cada uma, que pode ser doce, amargo ou picante. São divididas em fl ores de jardim e fl ores de ervas, e podem ser usadas somente na apresentação fi nal, mas também em saladas, so- bremesas, compotas, bolos, molhos, recheadas e de muitas outras formas, o importante é que se conheça o sabor de cada uma, pois, muitas vezes, não é indicado o uso da fl or inteira e, então, o que se pode fazer é utilizar somente algumas pétalas ou retirar os estamese pisti- los de fl ores maiores, que, de modo geral, são amargos e desagradáveis ao paladar. As mais utilizadas são a capuchinha, o amor-perfeito e as pétalas de rosas. Miniverduras Com sabor mais suave do que as verduras em fase adulta, as miniverduras são podadas quando a planta atinge aproximadamente 10 cm e são ainda muito jovens, chamadas, às vezes, de brotos. Cultivadas em estufas ou em tubetes, requerem muita mão de obra, o que resulta em um alto valor de comercialização. Normalmente, na cozinha, são utilizadas na decoração ou para compor alguma salada, difi cilmente como ingre- diente principal dela. salada em que são utilizadas fl ores comestíveis 55G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R • Passo 1 – Lavar: não utilize água corren- te para folhas, flores e ervas de textura delicada, elas devem ser mergulhadas na água e retiradas várias vezes, trocan- do sempre a água até que ela saia limpa e sem nenhuma areia. Folhas firmes podem ser lavadas em água corrente. Nesta etapa, elimina-se toda a sujida- de, larvas e insetos que possam estar presentes nas folhas. Após esta primeira lavagem, deve ser feita a desinfecção, processo que reduz o risco de contami- nação por bactérias e outros micro-or- ganismos presentes nesses alimentos. Esse processo consiste em imergir por 15 minutos as folhas que serão utiliza- das em uma solução preparada através da diluição de 1 colher de sopa de cloro (200ppm) ou água sanitária (de 2 a 2,5% de cloro ativo) para 1 litro de água. • Passo 2 – Secar: após lavar, seque cuida- dosamente as folhas, utilizando secador manual ou centrífuga elétrica (depen- dendo do volume manipulado). Folhas secas duram mais e absorvem melhor os molhos de saladas. • Passo 3 – Armazenar: as verduras devem ser guardadas sob refrigeração em recipientes de tamanho adequado, sem que fiquem muito empilhadas, cober- tas, primeiramente, com pano ou papel toalha úmidos e, depois, tampadas ou envolvidas em plástico filme. • Passo 4 – Utilizar: as verduras devem ser retiradas da refrigeração somente no mo- mento em que forem utilizadas, podendo ser rasgadas, o que confere um aspecto mais natural, ou utilizadas inteiras. As saladas verdes merecem atenção especial no momento da higienização das folhas e na conser- vação, seguir alguns passos básicos o(a) ajudará a garantir uma vida mais longa à suas folhas e atender às expectativas dos comensais ao degustar um prato de salada. Higienização das Folhas G a r d e M a n g e r Lembre-se da adequada manipulação dos ingredientes e de todo o processo de boas práticas em unidades de produção e serviços de alimentação, consultando sempre o material didático da disciplina de Higiene e Segurança. Saladas para acompanhamentos As saladas que chamamos de saladas para acom- panhamentos são mais substanciosas, feitas com base de vegetais, grãos, macarrão, leguminosas e frutas. Todos esses ingredientes, quando utiliza- dos para saladas, precisam passar por um preparo específico, alguns podem ser consumidos crus e são somente higienizados e aparados, outros precisam ser descascados, eliminadas as semen- tes e sofrer cortes apropriados, outros precisam passar por branqueamento (ver técnica no livro de Habilidades de Cozinha, página 252) e alguns precisam ser cozidos por completo. Saladas de leguminosas Para saladas feitas de feijão, o cozimento deve ser feito até que os grãos estejam macios inter- namente e devem esfriar no seu próprio caldo. Se a salada for composta por diferentes tipos de feijão, devem ser cozidos separadamente em virtude dos diferentes pontos de cocção. Saladas de frutas No preparo de salada de frutas, devemos respei- tar as características individuais de cada fruta. Iniciamos pelo corte das frutas menos perecíveis e resistentes, como melão, abacaxi e manga, frutas que oxidam rapidamente (maçã, banana, pera) devem ser cortadas no último momento e regadas com suco de frutas cítricas, para que o seu escurecimento seja retardado. Frutas com bastante líquida, como a laranja e a tangerina, auxiliam na suculência, e as mais delicadas e perecíveis, como morango, kiwi e framboesa, devem ser adicionadas somente ao final do pre- paro. Algumas ervas podem ser usadas como guarnição de saladas de frutas, como o hortelã e o tomilho-limão, como na imagem ao lado. Salada de macarrão e grãos Devem ser cozidas por completo, mas sem desmanchar. 57G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Inicie a cocção das batatas em água fria, para que o cozimento se inicie de dentro para fora, assim, quando o in- terior estiver cozido, o exterior ainda estará íntegro. Salada de batata As batatas devem ser cozidas por completo, mas com muito cuidado para não passar do ponto e virar ponto para preparo de purê. As batatas, após o seu cozimento, devem esfriar quando temperadas com molho maionese, mas quando a salada for temperada com molhos à base de gordura, como vinagretes, o segredo é tempe- rá-las ainda quente, para que absorvam sabor rapidamente. G a r d e M a n g e r Saladas Compostas A salada somente terá uma composição har- moniosa quando os elementos que a compõem estão equilibrados entre si, quando sabores, tex- turas e temperaturas se unem em busca de um resultado fantástico. São montadas em um prato ou baixela seguindo uma ordem lógica, em que cada ingrediente é cuidadosamente colocado no lugar certo, para que cumpra o seu papel nessa composição. Por exemplo, não faria sentido co- locar no fundo do prato os camarões grelhados, seguidos de molho e cobertos por folhas inteiras de alface. A salada composta deve ser montada valorizando os seus ingredientes, o seu sabor e com um visual atraente ao comensal. Para isso, devemos estar atentos se os sabores combinados são contrastantes ou conflitantes e a escolha de ingredientes com cores, texturas e sabores dife- rentes pode ser uma grande jogada de mestre. Na imagem abaixo, uma salada compos- ta, montada de forma que cada ingrediente cumpra um papel importante no sabor e na apresentação final. 59G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R G a r d e M a n g e r 61G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Estudaremos aqui os métodos de conservação aos quais podemos submeter os alimentos, que, além de ter sua vida útil prolongada, passam a ter um sabor mais pronunciado em relação às suas ca- racterísticas normais, independentemente do método utilizado, que conheceremos a seguir: Métodos Clássicos de Conservação dos Alimentos G a r d e M a n g e r Cura Também conhecido como salga. O Instituto Americano de Culinária (2014, p. 206) expli- ca que “cura é o termo genérico utilizado para soluções de salmoura, em conservas ou curas secas. Quando o sal, na forma de cura seca ou salmoura é aplicado a um alimento, este se de- nomina curado, salmourado, em conserva ou salgado”. • Cura seca: deve ser esfregada em toda a superfície do alimento que se deseja curar e, a cada dois dias, aproximada- mente, deve-se ir mudando o alimento de posição e recolocando a cura sobre ele. A salmoura produzida pela perda de líquido do alimento deve ser desprezada. • Salmoura (cura úmida): a cura é diluída em água e o alimento deve ser submergi- do nessa solução, em caso de peças muito grandes, a salmoura pode ser injetada. • Cura mista: primeiramente se realiza o processo da cura seca, preservando a salmoura criada pela perda de água do alimento, assim, ele passa a estar imerso em sua salmoura natural. É indicado co- locar um peso para garantir essa imersão. Muitos alimentos após o processo de cura são secos ou defumados. Estou certa de que você conhece alimentos curados, como o famoso ba- calhau ou o charque, não é mesmo? O sal utilizado para fazer a cura é diferente do sal de cozinha como conhecemos nor- malmente. O salde cura possui nitritos e nitratos que não estão presentes no sal comum. Sua função é auxiliar a conservar a cor e dar mais longevidade à qualidade do alimento, mesmo que alterando sua estrutura inicial. Fonte: Carvalho (2014, p.46) 63G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Defumação Nesse processo, é muito importante que o ali- mento seja, primeiramente, exposto ao ar, para que crie uma película que permitirá a aderência da fumaça. De forma alguma o alimento deverá ser defumado molhado. De modo geral, antes da defumação, ele passa por um processo de cura, é lavado e seco. A defumação consiste em submeter os alimentos à fumaça da queima de serragem ou madeiras de árvores específicas (as frutíferas são as mais indicadas). Existem alguns métodos de defumação industriais e outros que demandam menos equipamentos e tecnologias. Nessa sequência de imagens, podemos ob- servar trutas no processo de salga e defumação. G a r d e M a n g e r Gordura Com origem na França, a técnica de conservar embebido em gordura é muito antiga e utilizada na conservação de carnes. Um exemplo clás- sico desse método de conservação é o Confit de Canard (pato), que, em virtude do intenso sabor e maciez que atribui à carne, deixou de ser somente um método de conservação e se tornou um prato consagrado da cozinha france- sa. Ele sofre cocção imerso na própria gordura e permanece até o momento de ser servido. Essa gordura protege a carne de qualquer contato com o ar. Alguns países utilizam esse método com carnes típicas de sua cultura e de sua região. Conservas de Salmoura Além da salmoura de sal que estudamos no pro- cesso de cura, a maioria das conservas feitas em salmoura são imersas em uma solução de vina- gre e sal, às vezes, adicionadas de açúcar, como os chutneys. De acordo com Sebess (2014), as conservas duram, em média, um ano, quando bem armazenadas em locais frescos e secos com temperatura de até 30ºC e, principalmente, em frascos limpos e em ótimo estado de conser- vação. Após abertas, as conservas devem ser acondicionadas sob refrigeração e consumidas em até 7 dias. Fazem parte desse método as conservas de batatinhas, cebolinhas, picles, azeitonas, vegetais em geral, ovos, bem como os relishes e chutneys. 65G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R C aro(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade. Aqui, iniciamos o aprofundamento das preparações atribuídas ao Garde Manger na cozi- nha profissional, estudando suas particularida- des, procedimentos e, principalmente, técnicas da cozinha clássica. Os molhos são elementos importantes na formação dos pratos, e não só nos pratos ela- borados pelo Garde Manger. Muitas vezes, o molho acompanha os pratos das demais praças da cozinha, podendo ser servido frio ou em temperatura ambiente. O que se deve ter claro é que, independentemente da forma como é empregado, ele é indispensável na composição desses pratos. Quando falamos de saladas, não podemos omitir o fato de que essa iguaria vem conquis- tando cada vez mais o paladar dos comensais, não só pelo fato de que hoje algumas saladas compostas são tão fabulosas quanto um prato principal ou pela grande variedade de maté- rias-primas ofertada para o preparo de saladas, tornando-as muito mais atraentes, ou ainda pelo aumento da busca de hábitos alimentares mais saudáveis. O que se sabe é que as saladas e os demais ingredientes que as compõem tem um lugar de destaque na praça do Garde Manger. Os métodos clássicos de conservação sur- giram como uma alternativa inteligente para que os alimentos se mantivessem próprios para o consumo humano por um tempo mais longo, em uma época em que não existiam os refrigeradores. Mais tarde, essa alternativa era buscada como forma de se ter disponível as matérias-primas sazonais durante os 365 dias do ano. Atualmente, o Garde Manger não re- corre aos métodos de conservação por nenhum dos motivos acima, mas para garantir que os sabores dos alimentos curados, defumados e as conservas de salmoura, por exemplo, possam ainda ser desfrutados pelos comensais. O que seria da cozinha sem o bacon? Espero você na próxima unidade, na qual continuaremos nossos estudos sobre os prepa- ros do Garde Manger. Até breve! co ns id er aç õe s fi na is G a r d e M a n g e r 1. Explique a diferença entre um molho emulsionado estável e um molho emulsionado instável e dê um exemplo de cada um deles. 2. Relacione corretamente a primeira coluna de saladas verdes com o grupo ao qual elas pertencem, apresentados na segunda coluna, e preencha as lacunas com as letras correspondentes: primeira coluna segunda coluna (a) Sálvia ( ) Verduras Leves (b) Alface Americana ( ) Flores Comestíveis (c) Folha de Mostarda ( ) Verduras Amargas (d) Radicchio ( ) Ervas Aromáticas (e) Capuchinha ( ) Verduras Picantes 3. Quais são os tipos de cura? Comente cada um deles. 4. Qual é o nome do prato clássico francês que surgiu em decorrência do processo de conservação em gordura? Como ele é feito? at iv id ad e de e st ud o 67G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R m at er ia l c om pl em en ta r Caro(a) aluno(a), permito-me recomendar o livro abaixo como leitura complementar no estudo dos métodos de conser- vação dos alimentos, uma vez que as técnicas citadas no decorrer deste material foram superfi cialmente abordadas e uma leitura mais aprofundada se faz necessário. Livro: Os Princípios de Tecnologia de Alimentos Autor:Altanir J. Gava Editora: Nobel Sinopse: Este livro reúne a informação técnica disponível, no cenário brasileiro e internacional, sobre a área de ciência e de tecnologia de alimentos. Nos primeiros capítulos, o autor faz uma rápida revisão dos conhecimentos fundamentais, como importância da tecnologia de alimentos, princípios de nutrição, causas de alterações dos alimentos, com ênfase na microbiológica, limpeza e sanitização na indústria alimen- tícia, bem como descrição dos vários tipos de embalagens. Em seguida, expõe os vários métodos de conservação, clas- sifi cados entre os que usam calor, frio, açúcar, fermentação, aditivos, radiações ionizantes e outros métodos. G a r d e M a n g e r le it ur a co m pl em en ta r Classificação das Hortaliças Devido à grande quantidade de espécies en- volvidas e às particularidades de cada cultura, torna-se necessário uma metodologia capaz de evidenciar as semelhanças e as diferenças botânicas ou de ordem tecnológica entre essas culturas. Por isso, procura-se agrupá-las didatica- mente e, nesse sentido, existem várias classi- ficações baseadas nas características comuns. Uma classificação muito antiga considera, como critério para o agrupamento, as partes utilizadas na alimentação humana, e que têm valor comercial. Atualmente, tal classificação vem sendo utilizada, com pequenas modifi- cações, pelo sistema Nacional de Centrais de Abastecimento. A classificação é a seguinte: • Hortaliças tuberosas - são aquelas cujas partes utilizáveis desenvolvem- -se dentro do solo, compreendendo: tubérculos (batatinha, cará), rizomas (inhame), bulbos (cebola, alho) e raízes MANUAL DA HORTA Secretaria Municipal do Verde e Meio AmbientePrefeitura de São Paulo Helen Elisa C. R Bevilacqua tuberosas (cenoura, beterraba, batata- -doce, mandioquinha-salsa). • Hortaliças herbáceas - aquelas cujas partes aproveitáveis situam-se acima do solo, sendo tenras e suculentas: folhas (alface, taioba, repolho, espinafre), talos e hastes (aspargo, funcho, aipo), flores e inflorescências (couve-flor, brócolis, alcachofra). • Hortaliças-fruto - utiliza-se o fruto, verde ou maduro, todo ou em parte: melancia, pimentão, quiabo, ervilha, tomate, jiló, berinjela, abóbora. Seleção e Conservação das Hortaliças As hortaliças devem ser colhidas quando esti- verem amadurecidas.Depois de colhidas, devem ser lavadas para a retirada da terra, deixadas para escorrer 69G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R e depois selecionadas, tomando-se os seguintes cuidados: • As folhas não devem estar queimadas, com pragas, amassadas e murchas; • Os legumes não devem estar rachados, machucados e murchos; • As hortaliças mais maduras devem ser separadas das mais verdes, consumindo- -se, em primeiro lugar, as mais maduras. Para melhor conservação, as hortaliças devem ser guardadas em saco plástico, separadas por tipo de verdura ou de legume, e colocadas na gaveta da parte mais baixa da geladeira. Cuidados no Preparo das Hortaliças • Faça, sempre que possível, o cozimento das hortaliças inteiras ou cortadas em pedaços grandes. • Faça o cozimento em panela fechada, para conservar a cor e os nutrientes (vi- taminas e minerais). • Cozinhe apenas o suficiente para que fiquem macias e não deixe muito tempo no fogo, para evitar que percam o valor nutritivo. • Junte o sal quando as hortaliças já esti- veram macias. G a r d e M a n g e r Fonte: Fragmentos do Manual da Horta, publicado pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo. Disponível em:<http://www.prefeitura. sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/02manualhor- ta_1253891788.pdf>.Acesso em: 12 jan. 2014. • Coloque em panela com pouca água (apenas molhada), tampada e em fogo baixo, as verduras folhosas, como o es- pinafre e a couve. • Aproveite o líquido do cozimento das hortaliças para preparar outras receitas, como arroz, feijão e molhos, pois nessa água está contida a maior parte das vi- taminas e minerais. Mas isso só deve ser feito se a hortaliça foi cultivada sem o uso de agrotóxicos. • Não utilize bicarbonato de sódio no co- zimento, pois ele destrói as substâncias nutritivas das hortaliças. • Adicione gotas de limão à água de cozi- mento para acentuar a cor da hortaliça. • Adicione uma pitada de açúcar à água de cozimento para melhorar o sabor das hortaliças. • Consuma as verduras de folhas de prefe- rência cruas porque, além de conservar todas as vitaminas e minerais, fornecem maior quantidade de fibras. • Armazene inteiras as hortaliças frescas, que são mais ricas em vitaminas. • Não deixe as hortaliças de molho, depois de cortadas ou descascadas. • Aproveite as folhas e os talos, quando a hortaliça for cultivada sem o uso de agrotóxicos. • Não use agrotóxicos no plantio da horta, porque estes representam um grande risco à saúde. As hortaliças que apresen- tarem odor de inseticida NÃO devem ser consumidas, pois nem uma boa lavagem elimina o produto. • Também é importante saber substituir as hortaliças dentro dos seguintes grupos: Folhas: alface, couve, repolho, acelga, al- meirão, escarola, espinafre, rúcula e outros. Legumes: beterraba, chuchu, abobrinha, abóbora, cenoura, nabo e outros. Feculentos: batata inglesa, batata doce, cará, mandioca ou aipim, mandioquinha, inhame, rabanete e outros. Preparações Frias 2: Terrines, Galantines, Roulades, Entradas Frias e Elementos Decorativos ANA PAULA CARVALHO LOPES FERNANDES A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Terrines, Galantines e Roulades • Entradas Frias • Elementos Decorativos para Buffet e Pratos • Estudar os processos de produção de terrines. • Compreender a diferença entre galantine e roulade. • Conhecer as entradas feitas pelo Garde Manger e como elas se classificam. • Estudar as técnicas utilizadas na criação de elementos decorativos para buffets e pratos. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem Introdução 73 Introdução Olá, aluno(a), nesta unidade, seguiremos os nossos estudos sobre as produções realizadas na bancada do Garde Manger em uma cozinha profissional. Primeiramente, vamos estudar as diferenças existentes entre terrine, galantine e roulade e conhecer os tipos de terrines. As terrines com farce e os tipos de farces, as terrines de aspic e o pâtéencroûte, que é uma terrine envolta de massa crocante. Aprenderemos também o passo a passo de montagem de terrines. As galantines e roulades são técnicas muito antigas e que muitas vezes são confundidas, neste livro, aprenderemos o que as difere e suas possibilidades de variações. Em seguida, veremos quão amplo de possibilidades é o serviço de entradas, que definimos como qualquer alimento que precede o serviço do prato principal, por isso o nome ‘entrada’. Elas podem ser compostas de grupos diferentes de alimentos, que são conhecidos como petiscos, canapés, “amuse-bouche”, antepasto, couvert, fingerfood, entradas únicas ou “hors-doeuvre”, por isso, vamos identificar e compreender as especificações de cada uma. E, por fim, no tópico de finalização e decoração de pratos e de buffets, conheceremos os aspectos analisados no planejamento da apresentação de um prato: escolha dos ingredientes, métodos de cocção, cores, texturas, formas e escolha da louça são requisitos importantes para um prato bem apresentado. Os “garnishs”, ou enfeites, coroam os pratos, dando o toque final, e são reinventados todos os dias. Lembramos, ainda, a grande responsabilidade do Garde Manger na criação de elementos decorativos para buffets. Nesta terceira unidade, finalizaremos a abordagem dos preparos da bancada do Garde Manger. G a r d e M a n g e r 75G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Vamos iniciar nosso papo conceituando e entendendo a diferença entre esses três preparos, de acordo com Ruhlman (2009), autor de Elementos da Culinária de A a Z: • Terrine: Qualquer prato preparado em uma forma de terrine pode ser assim chamado, como o clássico “patê enterrine”. • Galantine: Preparação antiga e especial em que um recheio feito com a carne de ave, ou patê, é enrolado dentro da pele dessa ave, amarrado, escalfado, esfriado e fatiado para ser servido. • Roulade: Pedaço de carne ou patê enrolado em algum ingre- diente, revestido de papel ou filme PVC, cozido e fatiado. Terrines, Galantines e Roulades G a r d e M a n g e r Terrine Quando o autor se refere à forma de terrine, ele quer dizer um antigo utensílio de cozinha que era feito com terracota, em que alguns tipos de “farces” – que já vou explicar para você o que é – eram colocados e assados, dando origem ao nome do prato, “patê enterrine”. Nos dias atuais, encontramos no mercado formas fabricadas em diversos materiais, mas que ainda levam o nome do produto original, assim como os pratos feitos com todos os tipos de recheios são introduzidos pelo nome terrine: terrine de cogumelos, terrine de salmão e ovas de capellini, terrine de pato e ameixas etc. A produção de terrines em diversos forma- tos e tamanhos possibilita ao Garde Manger explorar toda a sua criatividade, utilizando fatias e pequenos pedaços em entradas, saladas, mesas de antepastos e guarnições. As terrines podem ser elaboradas essencialmente com a aplicação de três técnicas distintas: Terrine de farce São terrines que recebem, primeiramente, uma forração na forma, também conhecida como casaca (pois ela envolve fundo e laterais, dei- xando sobras para serem cobertas após o pre- enchimento com a farce). Essa forração pode ser feita apenas com filme PVC ou incrementada com ingredientes que, além de cumprir o papel da forração, atribuem sabor e beleza à terrine, 77G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R como fatias de bacon, presunto cru, algas, vegetais e outros. Mas, afinal, o que é um farce? De acordo com as informações do Instituto Americano de Culinária (2014), elaboramos a tabela abaixo para conhecimento dos tipos de farces: uma emulsão de carnes, de gorduras e de condimentos. Farce de estilo Camponês Normalmente produzida com carne suína, possui uma textura mais rústica, com pequenos pedaços de carne aparentes. Farce Simples Combina 50% de carnes e 50% de gordura, passa por processode moagem e emulsificação. Textura homogênea. Farce Gratin A carne, ou uma parte dela, é salteada antes de passar por moagem. Apresenta coloração mais escura. Farce Mousseline Produzida com carnes brancas e mais leves, como aves, peixes e mariscos, é finalizada com creme de leite fresco e, às vezes, ovos. Textura mais aveludada. G a r d e M a n g e r • Passo 1 – Escolha a forma de terrine (hoje se utiliza muito as retangulares, mas exis- tem as meio cilíndricas, as em trapézio, as triangulares e outras). • Passo 2 – Faça a forração da forma de acordo com sua preferência, como já explicamos acima. • Passo 3 – Preencha a forma com o farce escolhido e, com uma espátula, vá pressio- nando, eliminando todas as bolhas de ar. Se quiser usar guarnições, que dão um toque todo especial às terrines, principalmente quando cortadas, existem duas formas de adicionar novos ingredientes, como casta- nhas em geral, pedaços de carnes, vegetais, ervas e outros na terrine: ou se adiciona no meio da farce, e assim a posição das guar- nições, na terrine,serão aleatórias; ou na montagem, ao adicionar a farce, posicio- nam-se as guarnições onde desejar, o que chamamos de mosaico ou dispersão cen- tralizada. Na primeira imagem, uma terrine com guarnição de cogumelos misturados na farce e, na segunda imagem, os picles foram colocados no local desejado no momento da montagem. Após a colocação total do farce e suas guarnições, antes de fechar a forração, bata delicadamente a forma sobre uma superfície para retirar os gases que ainda permanecem. • Passo 4 – Asse a terrine em banho-maria coberta por papel alumínio a 150ºC por, aproximadamente, uma hora (vai depender do tamanho da forma), a água deve atingir a altura de até ¾ da forma. • Passo 5 – Deixe esfriar em temperatura am- biente e coloque um peso sobre a terrine que irá funcionar como uma prensa, leve à geladeira e deixe por 24 horas antes de servi-la. • Passo 6 – Desenforme e finalize guarnecen- do com criatividade. Agora que entendemos o que são as farces, acompanhe este passo a passo e monte a sua terrine preferida. Monte a sua terrine preferida 79G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Você sabia que com esses mesmos tipos de farces, além das terrines, podem ser produzidos quenelles, recheios de ravio- les, tortellines e outras massas, embutidos, roulades e outras iguarias gastronômicas? Fonte: a autora G a r d e M a n g e r Terrine com aspic Você se lembra do aspic que estudamos na sessão de molhos frios da unidade II? Então, aqui vamos utilizá-lo para unir os demais in- gredientes da terrine. Primeiramente, deve-se fazer a forração de filme PVC, iniciar a monta- gem adicionando os ingredientes previamente temperados e preencher os espaços com o aspic, Pâté em croûte Este clássico da cozinha francesa atualmente anda meio esquecido, mas de paladar muito pro- nunciado, esta terrine consiste em uma forração de massa, uma forração de revestimento como presunto ou algas, que além de atribuir cor na apresentação, evitará que a umidade da farce passe para massa. Depois de recheado com farce, fecha-se as duas forrações. O grande segredo desse preparo está em fazer um furo cilíndrico na parte superior da terrine, perfurando as duas camadas de forração, isso fará que o vapor saia e não rache o restante da massa. Asse a terrine até dourar a massa, deixe arrefecer e insira um funil no furo, injetando aspic para preencher qualquer lacuna que tenha sobrado entre a farce e as forrações. Mantenha sob refrigeração por no mínimo, 24 horas antes de servir. de forma que todos os ingredientes fiquem li- gados. Pode-se fazer camadas com guarnições e finalizar com uma fina camada de aspic. Feche a forração, coloque um peso para prensar e man- tenha sob refrigeração até que esteja firme para desenformar e cortar. 81G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Galantine Esse clássico preparo consiste em desossar cuida- dosamente o frango, mantendo sua pele íntegra. Com as carnes mais saborosas, como coxas e sobrecoxas, prepara-se um farce bem tempera- do. Abre-se um pedaço de filme PVC, coloca-se sobre ele a pele com a parte interna para cima e monta-se um recheio utilizando o farce e os pedaços de peitos como guarnição. O fechamento é feito enrolando-o bem apertado e amarrando as pontas com barbante, formando um grande cilindro. Agora, é só escalfar em caldo enriquecido e saboroso, refrigerá-lo e fatiar para servir. Roulade A diferença do roulade em relação à galantine é que este não é envolto em pele de frango. A farce é montada diretamente sobre o filme PVC, os re- cheios podem ser produzidos com ingredientes diferenciados, como carnes, peixes e vegetais, enquanto a galantine está diretamente ligada ao frango. Eles se assemelham pelo formato cilíndrico, cocção em caldo e pelo fato de serem ambos servidos frios e fatiados. Por isso é muito natural que as nomenclaturas se confundam. As galantines, como as conhecemos atu- almente, são populares desde a época da Revolução Francesa (1789 – 1799). O Chef da casa do marquês de Brancas, M. Prévost, foi quem inventou esse prato salgado e frio, feito de ave desossada recosturada dentro de sua pele. Fonte: Instituto Americano de Culinária (2014, p.316) roulade de frango com guarnição de azeitonas pretas G a r d e M a n g e r 83G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Caro(a) aluno(a), iniciaremos mais um tópico da terceira unidade deste livro e, agora, conheceremos as entradas frias executadas pelo Garde Manger. Como o próprio nome explica, consideramos como entrada todos os pratos que precedem o prato principal, ou seja, são pequenas porções de comida que abrem as refeições e preparam o paladar para o prato principal. Entradas Frias G a r d e M a n g e r A s entradas devem receber atenção especial na combinação de sabo- res, na apresentação final e até na escolha da louça. Tudo deve estar planejado e perfeito, pois, como será o primeiro serviço executado ao comensal, será baseado nela que ele formará opinião e expectativas para os pratos seguintes. Por exemplo, se um comen- sal recebe uma entrada fria que foi montada em um prato que tinha acabado de sair da lavadora e ainda estava quente; ou se o Garde Manger executou uma finalização em pirâmide, mas que, por descuido, chegou ao comensal toda desmon- tada; ou ainda um prato que pingou molho na borda e foi assim mesmo servido ao comensal; ou uma entrada que não tinha nenhuma co- nexão e harmonia com os demais pratos; tudo isso pode comprometer uma refeição inteira. O planejamento das entradas deve ser mi- nucioso e fazer parte do planejamento global do serviço. Ela deve abrir a refeição em grande estilo e chegar à mesa dando a seguinte men- sagem ao comensal: prepare-se para se surpre- ender com a nossa brigada de cozinha! E esse padrão deve ser mantido até o final do serviço com excelência e qualidade. Com o passar do tempo, os conceitos dentro da gastronomia também evoluíram e ganharam novos significados. Muito se dis- cute quanto à classificação dos alimentos que precedem a refeição e são atribuídas nomen- claturas variadas, abaixo, vamos entender cada uma delas, mas antes gostaria de esclarecer que as entradas podem ser quentes ou frias, ao Garde Manger se atribui a execução das entradas frias. Vamos lá: Petisco Porções coletivas de alimentos prontos ou sem complexidade de preparo, como: casta- nhas, amendoins, torresmo, conservas como azeitonas, picles, ovo de codorna e cebolinhas, pequenos biscoitos salgados, cubos de queijos e embutidos. Algumas porções de boteco também se enquadram na categoria petiscos. Na imagem, temos exemplos de petiscos. 85G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Canapés Originalmente, quando se oferecia um serviço de canapé,
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