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Garde Manger Professor Esp. Cláudio da Silva Júnior Professora Me. Queila Turchetto Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP S586g Silva Júnior, Cláudio Garde manger / Cláudio Silva Júnior, Queila Turchetto. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 120 p.: il. Color. 1. Gastronomia. 2. Culinária (pratos frios). 3. Cozinhas I. Turchetto, Queila. II. Centro Universitário UniFatecie. III. Núcleo de Educação a Distância. IV. Título. CDD : 23 ed. 641.013 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites Shutterstock, Pixabay, Freepik e Google. AUTORES Professor Esp. Cláudio da Silva Júnior ● Mestrando em Agroecologia (UEM); ● MBA em Gestão Empresarial (UniFatecie); ● Especialização em Didática e Tecnologia do Ensino Básico e Superior (UniFatecie); ● MBA em Gestão e Estratégia de Pessoas (UniFatecie); ● Especialista em Gastronomia e Cozinha Autoral pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul); ● Gastrónomo (Curso Superior em Tecnologia em Gastronomia) (UniCesumar); ● Docente do Curso Técnico de Gastronomia e Alta Cozinha – IGA (Instituto Gastronômico das Américas); ● Professor Formador EAD – UniFatecie; ● Docente do Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia – UniFatecie; ● Coordenador do Curso Superior em Tecnologia em Gastronomia (nas modalidades: Presencial, Híbrido e EAD) – UniFatecie; ● Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria – UniFatecie; ● Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Processos Cervejeiro – UniFatecie; ● Coordenador do Eixo de Hospitalidade, Turismo e Lazer – UniFatecie. No mercado desde 2010, traz consigo uma longa bagagem e diversas parcerias de sucesso, nos mais diversos segmentos. Chef de Cozinha, Personal Chef, Consultor A&B, Pesquisador, ministra vários cursos compartilhando sobre valorização da produção local, KM 0, produtos orgânicos em feiras gastronômicas e cursos de Pós-graduação pelo Brasil. Estuda a ligação da cozinha empírica com a cozinha técnica, e resgata a culinária do seu estado, Paraná, mostrando ingredientes de origem, assim como seus preparos. Considerado um cozinheiro regional urbano, traz aquela cozinha de conforto demonstrada através de técnicas da alta gastronomia. Um defensor, ao usar 100% dos alimentos que trabalha, usa-se a expressão “De cabo a rabo” – ao usar o alimento por completo. Sua influência é a mistura étnica ocorrida na região Sul que resultou em uma culi- nária completamente diferente do resto do país, e ainda, conta com a presença da culinária indígena, sobretudo, as técnicas, raízes e grãos. Inovar. Essa é a palavra que caminha junto com Chef Cláudio Jr., trazendo as características do interior do estado do Paraná, para o mundo. Mostrar que sua culinária e cultura andam de mãos dadas. CURRICULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1305124107737825 Professora Me. Queila Turchetto ● Mestre em Tecnologias Limpas (Unicesumar); ● Bacharel em Nutrição (UniCesumar); ● Especialista em Fisiologia (Universidade Estadual de Maringá); ● Professor Formador EAD - UniCesumar. Ampla experiência como professor em ensino presencial desde 2008 e EAD desde de 2015, empresária no ramo da alimentação, nutrição e estética. Vasto atendimento em consultorias em Restaurante com enfoque em processo criativo em cardápios e gestão. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Olá querido aluno (a) seja bem vindo ao material de Garde Manger do curso de Gastronomia. Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo por estar adquirindo conhecimento, independente do seu futuro profissional dentro da cozinha, técnicas, receitas, ingredientes formam a base do processo criativo, por este motivo, abra sua mente e coração e esteja preparado para os conteúdos que serão abordados em nossa disciplina. Na Unidade I, vamos conhecer o histórico de Garde Manger e abordar os conceitos e definições da antiga cozinha fria, levando os estudos ao Garde Manger moderno e finali- zando com as características da cozinha fria moderna. Na Unidade II, apresentaremos os conceitos e definições importantes para o Garde Manger associando ao histórico do profissional e a setorização da cozinha, completando com as informações sobre os tipos de equipamentos e utensílios necessários na organiza- ção da praça fria. Já na Unidade III, determinaremos os conceitos e definições de molhos frios, sopas frias, vinagretes e óleos aromatizados corroborando aos estudos na composição de saladas, montagem de sanduíches e aos tipos de conservação de alimentos através do método clássico. E finalizamos este livro na Unidade IV, em que reforçamos os conceitos e definições de embutidos, patês, terrines, galantines e pâtés en croûte, rematando à base histórica e composições de queijos utilizando na cozinha de Garde, alcançando a composição e estrutu- ra dos aperitivos e hors d`oeuvre, perfazendo os tipos de apresentação de bufê e de pratos. Espero que este livro possa te ajudar a enriquecer em conteúdo, de instigar a cozi- nhar, testar novas receitas e abrir um novo mundo ou seria, uma nova praça, a da cozinha fria em sua trajetória, muito obrigada e até uma próxima. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 O Garde Manger UNIDADE II ................................................................................................... 19 A Cozinha do Garde Manger UNIDADE III .................................................................................................. 37 Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos UNIDADE IV .................................................................................................. 87 O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações 3 Plano de Estudo: ● Histórico do Garde Manger; ● Conceitos e Definições da antiga cozinha fria; ● Campos de estudo no Garde Manger moderno; ● Características da Cozinha Fria Moderna. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar a história do Garde Manger; ● Compreenderos campos de estudo no Garde Manger moderno; ● Estabelecer a importância da cozinha fria moderna. UNIDADE I O Garde Manger Professor Esp. Cláudio da Silva Junior Professora Me. Queila Turchetto 4UNIDADE I O Garde Manger INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), nesta primeira unidade do material “A Cozinha de Garde Manger”, veremos a importância do setor e deste profissional de cozinha. Mas o que é Garde Manger ? É o profissional responsável pelas preparações (pratos) frias, saladas, molhos, hors d’oeuvres frios, decoração de buffets e pratos. Nesse sentido, o Garde Manger é classificado como a cozinha de preparações frias, de tal modo que os molhos, saladas, sanduíches frios, canapés frios, terrines e galantines, além da charcutaria (embutidos) façam parte deste setor, no qual o profissional responsável deve zelar pelo ambiente, equipamentos e utensílios utilizados nas produções, a fim de garantir a máxima qualidade e frescor dos alimentos. Nesta unidade, iniciaremos nosso conteúdo abordando conceitos históricos sobre o Garde Manger, iremos abranger nosso conhecimentos através da passagem pela cozinha fria antiga e iremos associar ao Garde Manger moderno finalizando nas características da cozinha fria moderna. 5UNIDADE I O Garde Manger 1. HISTÓRICO DO GARDE MANGER Iniciar falando de história é explanar a beleza da transformação do Garde em sua origem em uma atividade vibrante e estimulante, o termo “Garde Manger” originalmente foi usado para identificar um local fresco de armazenagem de alimentos como presuntos, linguiças, picles, queijo e pratos para banquetes, e, com o tempo passou a significar muito mais do que um local, mas, sim, uma área de cozinha que produzia alimentos ornamen- tados, com grande grau de excentricidade. Eram produzidas verdadeiras “esculturas” de comida, geralmente apresentadas em travessas ou espelhos. Verdadeiros mosaicos eram armados, graças ao estilo e facilidade de mão de obra e custo da época (nada apropriado para os tempos de hoje). A produção oriunda do Garde Manger era realmente apresentada em grande estilo, como se fosse uma exposição, com um caráter demasiadamente decorativo e nada prático, mesmo para os comensais da época. FIGURA 1 - EXEMPLO DE UMA COZINHA HISTÓRICA 6UNIDADE I O Garde Manger Porém, onde tudo começou? Evidências históricas relatam que os gregos já produ- ziam peixe salgado antes dos romanos. Escrituras de 63 a.C., detalham a importância de centros de salgamento de peixe na Espanha e a existência de produtores de sal na Crimea. O bacalhau é um exemplo de preparo de peixe salgado que manteve sua tradição culinária. As habilidades e os ingredientes para conservar os alimentos como sal, especiarias e açúcar eram considerados ingredientes de grande valor. A cidade de Roma Moderna tinha em sua disponibilidade grandes quantidades de sal, pois foi fundada perto de fontes, com isso, conforme sua expansão além terras, os romanos conquistaram ingredientes e levavam consigo suas especiarias e receitas específicas para conservar, tais como peixe, queijo e carnes. Conforme suas conquistas territoriais, os romanos levavam seus costumes alimentares e, claro, sempre existe uma troca. Os gauleses que viviam sobre a terra atual onde é a França, eram famosos pelo preparo de presunto e bacon defumados, e obviamente que esses produtos eram servidos em lendários banquetes em Roma. E após a queda do império romano, os nobres e a igreja mantiveram vivas por toda eternidade as tradições alimentares. SAIBA MAIS Podemos considerar que a história do bacon começa com a domesticação dos porcos. A origem do cultivo é datada na China em 4.900 a.C e também na Europa por volta de 1500 a.C, eles curavam barriga de porco com sal, criando uma forma inicial desse ingrediente. Especula-se que romanos e gregos aprenderam a produzir e curar bacon por meio de conquistas no Oriente Médio. Os romanos melhoraram a criação de porcos e espalha- ram a produção de suínos por todo o império. Para saber mais acesse: https://guiadohamburguer.com/bacon-day-conheca-a-historia-e-a-ascensao-do- -bacon-como-um-dos-ingredientes-mais-consumidos-do-mundo/. A partir das técnicas e dos preparos como presunto e queijos, o comércio começou a utilizar os ingredientes ao lado dos animais, empregados e até joias como forma de moeda na aquisição de outros produtos entre as cidades e estados. 7UNIDADE I O Garde Manger 2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA ANTIGA COZINHA FRIA Após a Revolução Francesa, os restaurantes tiveram uma grande procura e, na época, um chef francês, chamado Georges Auguste Escoffier, com seu conhecimento de cozinha e hotelaria, e, com o volume de produção elevado, contribuiu para a organização da cozinha em si, pois, para atender à alta demanda, foi necessário organizar e padronizar os processos, a fim de garantir qualidade. Para isso, Escoffier teve a brilhante ideia de ajustar o que o seu grande antecessor, Marie-Antoine Carême, já havia feito (1784 – 1833), cujo ajustou a forma de apresentação dos pratos e deixou o mais prático possível, além de organizar uma brigada de cozinha. Com base no sistema de produção em série (Fordismo), Escoffier criou a brigada de cozinha ou brigada de serviços, a fim de que os setores pudessem ser mais organizados e ágeis. Após a inserção da brigada de cozinha, percebemos o seu impacto até os dias de hoje, pois não se planeja um empreendimento sem pensar no cardápio, além da brigada de cozinha necessária para atender à demanda. FIGURA 2 - BRIGADA DE COZINHA 8UNIDADE I O Garde Manger O objetivo de Escoffier, na implementação da brigada de cozinha, foi guiado por vários motivos: ● organização e limpeza; ● otimização de insumos (menos desperdícios de alimentos); ● agilidade na produção; ● definição da função de cada cargo, com intenção de cada setor assumir as suas responsabilidades sem acumular funções e ou atividades; ● diminuição de tempo de cada turno de trabalho; ● organização na logística operacional. A seguir, vemos o planejamento e a organização de uma cozinha e como esta é fundamental para suas atividades. FIGURA 3 - COZINHA PLANEJADA E ORGANIZADA De tal modo, a inserção da brigada de cozinha contribuiu para o crescimento do empreendimento, pois os constantes atrasos de pedidos dos clientes e/ou desperdícios podem ter uma considerável diminuição nas vendas, o que reflete diretamente no setor financeiro e na imagem do estabelecimento. Portanto, possuir uma brigada de cozinha é fundamental para o sucesso do estabelecimento. Vale ressaltar que, de acordo com a tipologia do estabelecimento e porte (pequeno, médio ou grande), cada estabelecimento terá a sua brigada de cozinha por especificidade do empreendimento, isto é, terão seus setores (praças) específicos, de acordo com o cardápio ofertado. 9UNIDADE I O Garde Manger Na linguagem popular, praças dizem respeito a bancadas, em muitas vezes nos estabelecimentos, porém, independente disso, a proposta da brigada desenvolvida por Escoffier foi organizar sistematicamente a cozinha, a fim de ter produções mais ágeis, bem como possuir controle de qualidade. É importante ressaltar que a brigada de cozinha de um empreendimento gastronô- mico vai depender de alguns fatores, tais quais: ● tipologia do empreendimento; ● tipo de cardápio; ● tipo de serviço oferecido; ● estrutura física e funcional do estabelecimento; ● perfil do público a ser atingido; ● horário de funcionamento; ● quantidade de funcionários; ● equipamentos e utensílios disponíveis. Neste viés, após a análise desses aspectos, é possível delinear uma brigada de cozinha. Vale ressaltar que, após a sua setorização, foram trazidos vários benefícios aos gestores e proprietários de estabelecimentos de alimentos e bebidas, sendo o principal, o controle de produção que está ligado diretamente ao estoque, compras e custos. Sendo as- sim, independente do seu segmento, delegar e setorizar permitirá mais tempopara o chefe de cozinha ser criativo e auxiliar nesses controles, e o resultado final é uma rentabilidade melhor ao final de cada período (mês). REFLITA Como no setor de Garde Manger, a decoração dos buffets frios é de responsabilidade deste profissional, para poder incrementar o charme da apresentação, existe um curso, chamado Carving Fruits, no qual são apreendidas várias técnicas para esculpir em fru- tas e legumes. Para tanto, existe a necessidade de investir em boas facas e deixá-las afiadas para chegar a um acabamento perfeito. Em Cruzeiros Marítimos, existe uma equipe de profissionais para fazer somente as esculturas em frutas, legumes e gelos. Fonte: WILLIAM. A hierarquia das brigadas de cozinha. Chit Chat, 2010. Disponível em: https://chitchatba- bel.wordpress.com/2010/02/11/a-hierarquia-das-brigadas-de-cozinha/. Acesso em: 10 out. 2021. 10UNIDADE I O Garde Manger 3. CAMPOS DE ESTUDO NO GARDE MANGER MODERNO Como visto na introdução deste livro, o termo Garde Manger, de origem francesa, sig- nifica “guarda comida”, isto é, diz respeito ao profissional responsável por estocar os alimen- tos em locais frios, a fim de prolongar a “sua vida útil”, ou seja, aumentar a durabilidade dos alimentos. Então, o profissional responsável pela cozinha fria é denominado Garde Manger. FIGURA 4 - SALADA GREGA O profissional moderno desse setor deve estar focado nas preparações frias, por- tanto, são diversas as responsabilidades do chef de Garde Manger. Dentre as diversas preparações, temos: 11UNIDADE I O Garde Manger ● Molhos frios: podem ser emulsionados, como o vinagrete, maionese, queijos, coulis, etc.; ● Sopas frias: uma das mais clássicas é a espanhola, Gaspacho, à base de pepino, tomate e azeite; ● Saladas (desde as mais simples para as mais complexas, que levam mix de folhas, frutas e molhos agridoces); ● Entradas frias: canapés, patês e antepastos; ● Terrines, galantines e roulades; ● Conservas: curas, defumadas e salmouras; ● Decorações para os pratos e buffets (as decorações, normalmente, mais utiliza das em buffets são as de frutas e/ou gelo; vai depender da disponibilidade de alimentos). Dependendo da tipologia do estabelecimento, o Garde Manger poderá ser res- ponsável pelas produções de sanduíches, tábuas de frios (queijos e embutidos) e azeites aromatizados. Tudo vai depender da estrutura física e funcional, além do cardápio do em- preendimento em questão. Além disso, outras atividades correlacionadas a este setor são: ● Preparo de queijos brancos: queijo tipo minas, coalhada e ricota; ● Molhos à base de queijos; ● Preparo de marinadas e temperos diversos; ● Higienizar e manter organizadas as câmaras frias e bancadas do setor; ● Abastecer, diariamente, a bancada da cozinha quente com os legumes, frutas e molhos frios, conforme orientação do chef de cozinha. FIGURA 5 - PREPARO NO SETOR DE GARDE MANGER 12UNIDADE I O Garde Manger Caso o restaurante não tenha espaço físico específico para o boucher (açougue), esse espaço físico pode ser compartilhado para tal, mas as bancadas, como em todos os setores, devem estar devidamente higienizadas, antes da manipulação dos alimentos, para não haver contaminação cruzada. Em estabelecimentos de grande porte, como grandes Hotéis e Resorts, o café da manhã e o buffet de almoço e jantar, bem como tudo o que fizer parte do cardápio de frutas, frios, embutidos e molhos frios, são de sua responsabilidade também. Existem hotéis que oferecem mais de 120 opções para os comensais deliciarem-se no café da manhã, e o buffet do almoço e jantar com mais de 60 opções. Portanto, ser organizado e planejado é fundamental para desempenhar as atividades diárias, a fim de executar tudo com qualida- des sanitárias e sensoriais, de acordo com o cardápio proposto. FIGURA 6 - BUFFET DE CAFÉ DA MANHÃ EM HOTEL DE MÉDIO PORTE É importante ressaltar que, o profissional que atuará no setor Garde Manger deve abranger o seu leque de conhecimentos técnicos, como os tipos de cocção, tipos de cortes de carnes, peixes e frutos do mar, pois, a qualquer momento, este pode ser chamado para cobrir folga ou férias em outro setor, devendo estar preparado para o imprevisto. Neste sentido, como em qualquer profissão, devemos estar sempre atentos às tendências, pois, por mais distante que esteja do Brasil, mas sendo na gastronomia, cujo em pouco tempo se propaga, são diversos os canais de propagação existentes. Portanto, quem estiver preparado terá muito mais facilidade de assimilar e/ou introduzir novidades em seu cardápio ou em seu empreendimento. Para superar as expectativas de seus clientes, você sempre deverá estar à frente de seus concorrentes. 13UNIDADE I O Garde Manger SAIBA MAIS Leia este artigo que trata dos impactos das tendências de alimentos no Brasil e os no- vos hábitos de consumo dos clientes, além de como a indústria da alimentação está delineando os processos das estratégias da inovação por meio do perfil do consumidor: http://www.brasilfoodtrends.com.br/docs/tendencias_alimentacao.pdf. http://www.brasilfoodtrends.com.br/docs/tendencias_alimentacao.pdf http://www.brasilfoodtrends.com.br/docs/tendencias_alimentacao.pdf 14UNIDADE I O Garde Manger 4. CARACTERÍSTICAS DA COZINHA FRIA MODERNA Atualmente, o setor de “Garde Manger” foi adaptado ao restaurante, porém man- teve-se as tradições culinárias para o preparo de diversos alimentos frios e processados. O setor de “Garde Manger” contemporâneo refere-se a itens que se diferenciam dentro da cozinha profissional, em algumas cozinhas com conceitos mais clássicos mantém o local com as produções padrões que mantendo as tradições culinárias, outros o tornaram local de destaque em seus restaurantes. Podemos observar atualmente, como a cozinha fria tem ganhado destaque e isso deve-se ao perfil de cuidado dos detalhes desde a apresentação, cores, sabores e harmo- nização. Nos dias de hoje costumamos ver os preparos de Garde abrilhantado grandes eventos como festas de casamentos e itens de preparos de grandes pratos que trouxeram as técnicas “antigas” como elementos principais do processo criativo. 15UNIDADE I O Garde Manger FIGURA 7 - GALANTINE DE PATO EXEMPLIFICADO EM ESFERAS Hoje, os preparos de Garde tem abrilhantado os pratos em Delicatessens, charcu- tarias e empórios, além de ser base para criação de um negócio em que já se fornece ao consumidor local ou para restaurantes os preparos. 16UNIDADE I O Garde Manger CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro aluno (a), chegamos ao final da nossa primeira unidade do livro de Garde Manger. Podemos concluir que, até aqui estamos adentrando a um mundo novo, recheado de história que se torna base para os conhecimentos para o profissional de cozinha. Nesta unidade, compreendemos onde surgiu o setor de Garde Manger que até hoje nos apresenta técnicas e receitas fantásticas para serem utilizadas na cozinha moderna, associamos ao nosso conhecimento as características da cozinha fria antiga a cozinha moderna e ao profissional atual. Agora que você já conhece de onde tudo começou e no qual está atualmente o setor de Garde, podemos começar nossos estudos nos conceitos importantes relacionados a Garde, tais como as características necessárias do profissional. Por fim, compreender como deve ser proposta a estrutura física e funcional, além dos equipamentos e utensílios necessários para a produção das receitas. 17UNIDADE I O Garde Manger LEITURA COMPLEMENTAR Bacalhau, o peixe que mudou o mundo Por João Lara Mesquita Bacalhau, o peixe está em perigo há pelo menos 650 anos. “A história da pesca do bacalhau pelos portugueses’’ é pela primeira vez referenciada em 1353, quando D. Pedro I e Edward II da Inglaterra estabelecem um acordo para pescadores de Lisboa e do Porto poderem pescar o bacalhau nas costas da Inglaterra por 50 anos”. Mas, se seguirmos a história da pesca do bacalhau através dos séculos, apren- deremosmuito sobre a história de vários povos navegadores. Não foram poucos os que se fizeram ao mar, desde a Idade Média, atrás de seus grandes cardumes. Neste trajeto, foram escritas algumas das mais bonitas epopeias náuticas. 1353: portugueses fazem acordo sobre pesca de bacalhau. Necessidade sugere sobrepesca desde séc. XIV “A necessidade de estabelecer um acordo indica que esta ativi- dade já se realizava em anos anteriores, e em tal quantidade, que justificava a necessidade de a enquadrar nas relações entre os dois reinos”. Bacalhau: ‘o fim de uma farra de mil anos de pesca’ A frase ‘o fim de uma farra de mil anos de pesca’ está no delicioso livro ‘Bacalhau – A história do peixe que mudou o mundo”, de Mark Kurlansky, disponível no Brasil em edição da Nova Fronteira. Fonte: MESQUITA, J. L. Bacalhau, o peixe que mudou o mundo. Mar sem fim, 2017. Disponível em: https://marsemfim.com.br/bacalhau-o-peixe-que-mudou-o-mundo/. Acesso em: 10 set.2021. 18UNIDADE I O Garde Manger MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Cozinhas Profissionais Autor: Renata Zambom Monteiro. Editora: Senac-SP. Sinopse: Da celebração do convívio social em banquetes, na An- tiguidade, à oferta de refeições em albergues, séculos mais tarde, e em hotéis e restaurantes, na era Contemporânea, a história dos serviços de alimentação percorreu várias etapas de evolução. Cozinhas profissionais historiam esse processo, ilustrando a evolução desse segmento, e discute sua constituição hoje, discor- rendo sobre as necessidades inerentes ao projeto e à operação de diferentes tipos de cozinhas profissionais. FILME / VÍDEO Título: Pegando Fogo Ano: 2015. Sinopse: O chefe de cozinha Adam Jones (Bradley Cooper) já foi um dos mais respeitados em Paris, mas o envolvimento com álcool e drogas fez com que sua carreira fosse ladeira abaixo. Após um período de isolamento em Nova Orleans, ele parte para Londres disposto a recomeçar a carreira e conquistar a sonhada terceira estrela no badalado guia Michelin de restaurantes. Para tanto ele conta com a ajuda de Tony (Daniel Brühl), que gerencia um restaurante na capital britânica, e recruta uma equipe de velhos conhecidos. 19 Plano de Estudo: ● Conceitos e Definições importantes para o Garde Manger; ● Breve histórico do profissional e o setor de cozinha de Garde; ● Tipos de equipamentos, utensílios e organização da cozinha de Garde. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar parâmetros importantes abordados na cozinha de Garde Manger; ● Compreender os tipos de utensílios e equipamentos necessários para uma cozinha organizada; ● Estabelecer a importância do profissional atual para a cozinha de Garde. UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger Professor Esp. Cláudio da Silva Junior Professora Me. Queila Turchetto 20UNIDADE I O Garde Manger 20UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger INTRODUÇÃO Olá, caro aluno (a), iniciamos nossa segunda unidade do livro de Garde Manger. Quero lembrá-los da importância de se profissionalizar, estudar, treinar e praticar muito, quando se trata de campos especificos na gastronomia, e é imprescindível que este setor seja sua especialidade. Costumo dizer que o chef de cozinha quente não é bom em preparo de sobremesas, existem exceções, claro, mas o perfil metódico da confeitaria não combina muito com o dinamismo do chefe de cozinha quente, e o profissional de garde? Este é um profissional particular que necessita de prática, um misto do clássico e no campo atual um pouco de ousadia, pois sabemos que “velho” - “clássico” está voltando de forma moderna e isto inclui diversas técnicas abordadas na Cozinha de Garde. Nesta unidade, iremos abordar os conceitos básicos e mais importantes para o profissional, alinhando ao setor contemporâneo da praça e, iremos finalizar demonstrando como funciona o sistema organizacional de uma cozinha alinhando os equipamentos e utensílios necessários. Preparados? 21UNIDADE I O Garde Manger 21UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger 1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES IMPORTANTES PARA O GARDE MANGER O ato de comer é muito mais do que a simples satisfação de uma necessidade natural do ser humano. Assim, as entradas despertam o apetite e estimulam o interesse pelos pratos que seguirão em um evento, jantar ou restaurante que os comensais podem estar. Preparar entradas frias requer conhecimentos técnicos e muita criatividade, pois são necessárias escolhas bem assertivas para todas as ocasiões, desde um simples ou mais refinado petisco e/ou jantar com vários pratos (sequências). O prazer de cozinhar também estimula a cultura e o conhecimento, pois a gastrono- mia mundial possui heranças e costumes que remetem aos antepassados, os quais foram moldados ao longo dos séculos. Com a troca de experiências culinárias, surgiu a cozinha moderna dos nossos dias. O Garde Manger é o termo em francês que significa: garde = guardar e manger = comer. De forma genérica, este profissional é responsável, na brigada de cozinha, pelos alimentos fora do almoxarifado, no pré-preparo e conservação dos alimentos, sendo o mesmo especialista em comidas frias. Este especialista em cozinha fria teve o seu início na pré-revolução francesa, pois necessitava-se de comida em estoque, além de ser para a sua restauração, sendo dotado de poder, saúde e prestígio. Assim, as atividades sob sua responsabilidade diziam respeito a porcionar salgados curados e defumados durante o outono, para estes serem armaze- nados durante o inverno, a fim de terem alimentos suficientes nesta época do ano, na qual diminuía-se a oferta de alimentos frescos. 22UNIDADE I O Garde Manger 22UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger Após o movimento da Nouvelle Cuisine, na década de 1970, em reação à cozinha tradicional, existiu a influência de chefs como Paul Bocuse, em que a comida deve ser ela- borada em pouco tempo, com molhos mais leves e porções menores, além de apresentada de forma requintada e decorativa. Assim, após esse movimento, o profissional de Garde Manger é amplamente requisitado em restaurantes, pois, as decorações e a finalização dos pratos são de sua responsabilidade. Este movimento Nouvelle Cuisine também influenciou o Garde Manger, pois as produções de canapés, com a inserção dos finger foods (petiscos), exigiram, do profissio- nal, atualização e seguimento da tendência que veio para eternizar. FIGURA 1 - PINTXOS: PETISCOS COMPARTILHADOS SERVIDOS NA ESPANHA (SAN SEBASTIAN) Portanto, nas produções de Garde Manger, existem muitos aspectos a serem ob- servados para o sucesso do resultado final. Não importa se os pratos são frios ou quentes, estes precisam ter um bom sabor, quase precioso, pois, normalmente, diz respeito ao início das refeições. Surpreender os clientes é fundamental, e o visual do prato deve ser minima- lista, para conquistar os comensais pelos olhos e, depois, pelo sabor. SAIBA MAIS Leia este artigo, o qual retrata o profissional de Garde Manger do século XXI, além de suas principais atribuições, bem como as principais preparações (mise en place), que são executadas no dia a dia. Para saber mais acesse: https://www20.opovo.com.br/app/colunas/gastronomia/2012/09/15/noticiasgas- tronomia,2918731/o-guarda-comidas.shtml. 23UNIDADE I O Garde Manger 23UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger SAIBA MAIS Qual impacto a apresentação do prato e/ou buffet tem sobre os clientes? São vários os impactos que se pode ter, tanto positivamente quanto negativamente, mas a apre- sentação dos pratos deve ser muito bem pensada e planejada, pois o uso de cores dos alimentos disponíveis pode e deve despertar, nos comensais, o desejo de realização de experiências gastronômicas. Ademais, as cores contribuem com determinadas vi- taminas e/ou compostos químicos que auxiliam em uma alimentação mais funcional e saudável. Para mais informações, acesse o link disponível em: https://www.jasmineali- mentos.com/alimentacao/alimentos-coloridos/. Hoje, o Garde Manger estádiretamente ligado a uma produção que visa não só a cria- ção de pratos com critérios decorativos e bem montados, mas também a otimização de custos e mão de obra. Como ênfase, temos: SABOR e APRESENTAÇÃO. Pratos saborosos devem, por obrigação, ser bonitos. Baseado nestes conceitos, o Garde Manger tem como regra e obrigação alguns critérios de trabalho: ● Independentemente do prato a ser preparado, a filosofia indica que ele deve ser BOM; ● Ao preparar coquetéis, aperitivos e buffet frio, a primeira impressão é a aparência visual; ● Evitar manipular e decorar demasiadamente os pratos; ● As cores devem ser suaves, compatíveis e naturais. Diferenças drásticas de cor não são mais aceitas (circo); ● As porções devem ser pequenas e a decoração deve ter somente o caráter de realçar o prato, e não ser o foco principal; ● Deve-se criar um equilíbrio entre a simplicidade e a elegância, aparência e sabor, fazen- do um design que contenha um fluxo natural; ● Nas produções quentes, o aroma é quem convida a pessoa a querer comer aquele pra- to. Nas comidas frias, é a aparência. Portanto, a relação entre sabor e apresentação é estreita e obrigatória. 24UNIDADE I O Garde Manger 24UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger 2. BREVE HISTÓRICO DO PROFISSIONAL E O SETOR DE COZINHA DE GARDE No setor gastronômico atual, a função do Garde Manger mantém as características obtidas nas tradições culinárias, porém, incluiu aos preparos de uma variedade de alimento processados e frios a produção de aperitivos, hors-d ́oeuvre, saladas, sanduíches, sopas frias e os condimentos que acompanham. Além do serviço à la carte, hoje apresenta-se em banquetes, recepções, bufês e serviços de catering. Costumo dizer que a gastronomia é como um grande leque de setores, para cada es- pecialidade exige tempo de estudo na teoria e na prática. No setor de Garde Manger o domínio no preparo de patês, terrines, linguiças e queijos frescos manteve-se no setor e é comum que o profissional que se especializa-se nesta área inicia-se como aprendiz, ou commis. Houve nos últimos anos, um resgate das tradições culinárias, devido alguns movimentos na alta gastronomia, voltando a produção dos queijos artesanais, presuntos, linguiças e até terrines sendo servidos na alta gastronomia, assim evidenciando o setor e o trazendo para a modernidade. 25UNIDADE I O Garde Manger 25UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger FIGURA 2 - TERRINE DE GANSO, PURÊ DE PISTACHE ASSADO COM ASPARGOS SERVIDOS EM UM MOLHO DE LARANJA E ANIS Atualmente, as áreas de atuação do profissional de Garde se encontram em hotéis e clubes particulares que possuem a finalidade de oferecer menu à la carte. É comum neste perfil de serviço a elaboração de pratos de saladas e entradas frias, em alguns lugares o setor de garde pode ser denominado de dispensa, praça de salada ou área fria. Inicialmente, o trabalho na cozinha de garde inclui limpar e cortar ingredientes, preparar vinagretes e manteigas aromatizadas e o mercado de trabalho já concluiu que apenas a educação formal não prepara um profissional de excelência. O segredo está na prática, por isso inicialmente é preciso perguntar, escutar conselhos, seguir receitas, testar e começar a criar uma base de conhecimentos colecionando livros, jornais, revistas, bem como reunindo contatos importantes e é claro usar a internet como fonte de pesquisa. Com o desenvolvimento avançado das suas habilidades, o profissional pode passar para posições de destaque e que exigem maior responsabilidade, podendo chegar à chefe executivo e tornando-se agora o professor, quem cria, registra receitas padrões e claro realiza todos os cálculos das produções. REFLITA Qualquer profissão envolve múltiplos aspectos, e a vocação gastronômica não foge à regra. O profissional da área gastronomia é um misto de artista, empresário, cientista e explorador cultural - ser um profissional de excelência é uma viagem que dura a vida toda. Fonte: A autora (2021). 26UNIDADE I O Garde Manger 26UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger Independente do trabalho do chef de Garde estar focado na cozinha fria, o profis- sional não deve limitar seus conhecimentos nas técnicas de garde, mas sim aplicar com perfeição outras técnicas de cozinha, como todos os métodos de cocção, tipos de cortes e preparos quentes. Assim concluímos que este profissional não possui uma função simples, pois se exige conhecimento técnico, postura profissional e vocação. 27UNIDADE I O Garde Manger 27UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger 3. TIPOS DE EQUIPAMENTOS, UTENSÍLIOS E ORGANIZAÇÃO DA COZINHA DE GARDE A organização do espaço físico de um restaurante gastronômico é a base de seu sucesso, pois está interligada aos valores de investimentos em equipamentos e utensílios que, por sua vez, estão no cardápio proposto, a fim de alinhar ao seu público-alvo. Portanto, a organização do espaço físico do setor de Garde Manger tem algumas peculiaridades, as quais estão ligadas à logística operacional da cozinha e do salão, sendo: quantos (as) colaboradores (as) irão trabalhar; a quantidade de alimentos manipulados; a quantidade de alimentos produzidos; como serão distribuídos esses alimentos ou como serão acondicio- nados (como serão estocados); e por quanto tempo serão estocados. Isto é, são diversos os fatores que devem ser analisados antes da compra de equipamentos e utensílios. Primeiro, é preciso planejar e organizar os espaços físicos disponíveis. 28UNIDADE I O Garde Manger 28UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger FIGURA 3 - BRIGADA DE COZINHA Fonte: Acervo Pessoal. Nesse sentido, o Garde Manger, como manipula os hortifrutis e distribui para outros setores (cozinhas), deve respeitar os fluxos operacionais, isto é, para que os colaboradores não fiquem cruzando várias vezes e deixando o ambiente tumultuado. O planejamento e organização dos espaços físicos devem estar de acordo com as normas da Vigilância Sanitária, lembrando que existem as Resoluções da Diretoria Colegiada da Anvisa - RDCs, nas quais se têm diversas informações e orientações sobre como devem estar os espaços físicos dos locais de manipulação, cuidados do manipulador, etc. Ademais, o setor de ali- mentos e bebidas tem, como norte, a RDC 216/2004: Este regulamento estabelece os procedimentos de Boas Práticas para ser- viços de alimentação, a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado. Aplica-se aos serviços de alimentação que realizam al- gumas das seguintes atividades: manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao consumo (ANVISA, 2004, on-line). Neste sentido, o espaço físico do empreendimento, em si, deve estar todo ajustado, conforme as leis. Vale ressaltar que existem as Leis Municipais, cujo podem inserir mais adequações nos setores, portanto, antes de iniciar uma reforma ou construção, consulte o departamento de vigilância sanitária do seu município. Portanto, segundo Monteiro (2013), na hora em que for planejar uma cozinha para fins comerciais, é necessário estar atento aos seguintes detalhes: 29UNIDADE I O Garde Manger 29UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger ● pisos: devem ser de materiais antiderrapantes, impermeáveis e fáceis de lim- par, bem como ter ralos tipo grelha, a fim de escoar a água e, ao mesmo tempo, não permitir que insetos e roedores possam entrar por estes na cozinha; ● paredes: devem ser de materiais também impermeáveis, não porosos, para facilitar a higienização ao final do expediente; ● iluminação: as lâmpadas devem estar protegidas com uma capa de acrílico ou outro material, a fim de que elimine em uma possível contaminação física, de tal modo, se possível, dentro do projeto utilizar o máximo de luz natural, para que a cozinha fique clara e de fácil higienização; ● portas: devem estar equipadas com molas, para que se fechem sozinhas, tendo uma aberturapara que os funcionários possam enxergar uns aos outros e, assim, evitem acidentes. Ademais, é necessário que sejam revestidas de material (inox ou acrílico) na parte inferior, para que facilite a sua abertura com os pés, sendo de fácil higienização; ● tetos: devem ser de alvenaria e pintura que não acumule sujeira, como a tinta epóxi. Vale ressaltar que o pé direito (altura) contribui para manter a tempera- tura da cozinha mais agradável, portanto, fique atento a este detalhe, pois a temperatura ideal do setor de Garde Manger é de 22º C a 26º C; ● instalações e bancadas: de acordo com os tipos de equipamentos e seu modo de funcionamento, se são a gás, elétricos e que tipo de voltagem, entrada e saída de água, bem como sua ergonomia (altura de trabalho), que deve estar entre 85 cm a 95 cm de altura; ● coifas (sistema de exaustão): essa é a parte que mais incomoda no projeto de uma cozinha, pois são aqueles dutos de inox que transpassam os setores, a fim de “sugar” a fumaça e a gordura, auxiliando na manutenção da temperatura ideal da cozinha. Devem possuir grelhas de fácil acesso para a higienização. Existem modelos disponíveis em fornecedores que são autolimpantes, isto é, possuem um sistema integrado, com temporizador de funcionamento, aos quais, de tempo em tempo, liberem os produtos específicos para fazer a higienização. Veja, a seguir, uma imagem que representa um modelo de cozinha profissional. 30UNIDADE I O Garde Manger 30UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger FIGURA 4 - COZINHA PROFISSIONAL SAIBA MAIS Leia este artigo, que retrata sobre o que a Anvisa solicita de dados técnicos, que devem ter nos pisos e paredes nas cozinhas industriais, e os tipos de materiais mais utilizados nas cozinhas atuais.: https://a2tecnica.com.br/blog/o-que-diz-a-anvisa-sobre-o-piso-pa- ra-cozinha-industrial/. No setor de Garde Manger, o ideal é estar em um local à parte, separado, isto é, ter uma praça própria, a qual deve ser totalmente refrigerada, a fim de garantir a manipulação dos alimentos em uma temperatura segura. Normalmente, na parede frontal instalam-se vidros, a fim de que o chef possa ver o “time” de produção sem, necessariamente, ter de ficar perguntando a todo o tempo sobre como estão os processos operacionais. As portas devem, também, estar equipadas com molas, para que esta mantenha-se sempre fechada, bem como ter o visor para evitar acidentes. Atualmente, o Garde Manger está interligado com a cozinha e deve estar mais longe dos preparos quentes, sendo dividido ao menos com uma meia parede. Portanto, para ter uma produção eficiente, é preciso, primeiro, pensar no layout, com direcionamento para a proposta do estabelecimento, bem como o público-alvo a ser atendido, pois tornam-se mais assertivos os projetos de sua cozinha. 31UNIDADE I O Garde Manger 31UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger De tal modo, ao planejar o setor de Garde Manger, além de pensar no fluxo ope- racional de trabalho, deve-se estar atento ao mercado das tecnologias disponíveis, as técnicas que serão empregadas nas receitas e a viabilidade de retorno, para, assim, criar um filtro e chegar a um consenso criterioso, o qual possa eliminar os erros e diminuir os riscos de mercado. Sendo assim, segue, abaixo, uma lista base do que se deve ter no setor de Garde Manger. QUADRO 1 - LISTA BASE DO QUE SE DEVE TER NO SETOR DE GARDE MANGER Bancadas de inox Bowls (vários tamanhos) Balcões refrigerado de inox Ramekins (vários tamanhos) Freezers Fouets Ultra congelador Espátulas Pista fria para mise en place Formas diversas Balanças Tapetes de silicone Descascador de legumes Peneiras Processador de Alimentos Jarras Batedeiras Abridor de latas Liquidificadores Abridor de garrafas Moedor de Carne Tesouras Fatiador de Frios Maçaricos Tábuas de corte (polietileno) Defumador a frio Facas Ralador Facas diversas Termômetros Fonte: A autora (2021). De forma mais didática, veja, a seguir, na imagem, alguns utensílios utilizados na cozinha de Garde Manger. 32UNIDADE I O Garde Manger 32UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger FIGURA 5 - UTENSÍLIOS DE COZINHA Em relação ao uniforme do Garde Manger, irá depender do estabelecimento o que será adotado, mas dólmã, calça e sapato fechado são fundamentais para a segurança física dos funcionários. Os demais itens, como touca e aventais, cada empreendimento adotará um tipo de conceito ou uniforme padrão do local. FIGURA 6 - UNIFORME DE COZINHA Independente do setor da cozinha, os responsáveis devem estar atentos sempre às tendências de mercado, bem como às inovações tecnológicas do setor de alimentos e bebidas, pois, muitas vezes, os ajustes são encontrados nesse meio. 33UNIDADE I O Garde Manger 33UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger REFLITA Ano após ano, surgem, sempre, novas tendências gastronômicas, fato que ser empre- sário nesse segmento exige dedicação, além de muita atenção ao mercado, pois, em al- gum momento, uma dessas tendências chegará ao estabelecimento. A sustentabilidade, a acessibilidade e as tecnologias são as tendências da vez. Vocês estão preparados? Fonte: Os autores (2021). 34UNIDADE I O Garde Manger 34UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final de mais uma unidade do livro de Garde Manger, até aqui ini- ciamos uma familiarização do profissional de garde manger para criar uma paixão por esta praça fascinante. Levando como princípio uma base de conhecimento sólida do setor. Nesta unidade abordamos quais conceitos são considerados importantes para a cozinha de garde manger, no que se diz respeito ao profissional ele é responsável pelo preparo dos pratos frios que vão de saladas combinadas, terrines e as famosas conservas. Abordamos também sobre o ambiente de trabalho, além da organização padrão das bancadas que toda cozinha profissional deve obter, a lista de utensílios, equipamentos necessários para um bom ofício do profissional. Agora, que já trabalhamos estes conteúdos, podemos iniciar os estudos nas prepa- rações de garde, assunto que iremos trabalhar nas próximas unidades deste livro. 35UNIDADE I O Garde Manger 35UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger LEITURA COMPLEMENTAR Garde Manger: uma breve revisão bibliográfica sobre canapés A gastronomia pode ser considerada um ramo de estudo e conhecimentos sobre alimentos e bebidas e dentre as várias ramificações desta, se encontra a Cozinha Fria, na qual o seu chef responsável leva o nome de Garde-Manger, podendo este ser também a mesma nomenclatura de brigada. A este chef são atribuídas as tarefas de preparar os alimentos frios, tais como saladas, patës, entre outros, incluindo os canapés, o objeto de estudo desta pesquisa. Hors-d´-oeuvres podem se diferenciar de ca- napés (ou tira-gostos) por uma característica simples: tamanho do alimento e momento de ser servido. Vale ser ressaltado que ambos são sempre oferecidos em pequenas porções e fácil manuseio para os comensais (CULINARY INSTITUTE OF AMERICA, 2009). Fonte: MARCHI, F; AMARAL, C; SILVA, J; RODRIGUES, L; GURGEL, R. Garde Manger: uma bre- ve revisão bibliográfica sobre canapés, 2021. Disponivel em: https://doity.com.br/media/doity/submissoes/ artigo-9a6f46e7393b3c08ddb8dfe44cbbd3c83168187c-arquivo.pdf/. Acesso em: 15 set.2021. https://doity.com.br/media/doity/submissoes/artigo-9a6f46e7393b3c08ddb8dfe44cbbd3c83168187c-arquivo.pdf/ https://doity.com.br/media/doity/submissoes/artigo-9a6f46e7393b3c08ddb8dfe44cbbd3c83168187c-arquivo.pdf/ https://doity.com.br/media/doity/submissoes/artigo-9a6f46e7393b3c08ddb8dfe44cbbd3c83168187c-arquivo.pdf/ 36UNIDADE I O Garde Manger 36UNIDADE II A Cozinha do Garde Manger MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Garde manger: a arte e o ofício da cozinha fria Autor: Instituto Americano de Culinária. Editora: Senac. Sinopse: O garde manger tem conquistado cada vez mais impor- tância na gastronomia. Isso se deve ao fato de que a cozinha fria se preocupacom os mínimos detalhes, desde a apresentação e a harmonização das cores do prato até a união de sabor e textura dos ingredientes. Tantos detalhes requerem o domínio de como manusear corretamente os alimentos. Garde manger: a arte e o ofício da cozinha fria baseia-se na prática contemporânea da gastronomia, traduzindo habilidades e técnicas em palavras, ima- gens e receitas. Com linguagem acessível, apresenta informações detalhadas sobre o preparo de molhos frios e sopas, saladas, sanduíches, produtos embutidos, galantines, conservas, queijos, hors-d’oeuvre e aperitivos, além de trazer dicas de como organizar e dispor os pratos em um buffet. FILME / VÍDEO Título: Os Sabores Do Palácio Ano: 2013. Sinopse: Hortense Laborie (Catherine Frot) é uma respeitada chef que é pega de surpresa ao ser escolhida pelo presidente da França para trabalhar no Palácio de Eliseu. Inicialmente, ela se torna objeto de inveja, sendo mal-vista pelos outros cozinheiros do local. Com o tempo, no entanto, Hortense consegue mudar a situação. Seus pratos conquistam o presidente, mas terá sempre que se manter atenta, afinal os bastidores do poder estarão cheios de armadilhas. 37 Plano de Estudo: ● Conceitos e Definições de Molhos frios, sopas frias, vinagretes e óleos aromatizados; ● Campos de estudo em composição de saladas; ● Breve histórico e montagem de sanduíches; ● Tipos de Conservação de alimentos no método clássico. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar as bases clássicas dos molhos frios, sopas e vinagretes; ● Compreender os tipos de de folhas e montagem de saladas; ● Estabelecer a importância dos métodos de conservação dos alimentos. UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Professor Esp. Cláudio da Silva Junior Professora Me. Queila Turchetto 38UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), nesta unidade do material da disciplina de Garde Manger, va- mos mergulhar no mundo prático das preparações frias. Convido você a surpreender-se com as preparações que em um primeiro momento, até parecem simples, mas que exigem precisão e compreensão de técnicas. Executar um molho e uma sopa fria perfeita estão no currículo dos primeiros testes de habilidades de um grande chef, e podemos salientar que o grande segredo está no equilíbrio dos sabores, aromas e texturas. Não podemos banalizar o preparo simples de uma maionese que deve-se se apresentar perfeitamente emulsionada ou classificar como um preparo sim- ples o preparo de uma sopa cremosa devidamente descrita e aprimorada numa ficha técnica sem erros, parece tudo muito simples, porém exige muito conteúdo teórico e prático. Além dos desafios das emulsões, cremes e sopas, ainda nesta unidade, iremos trabalhar com o item do menu que, talvez, em um primeiro momento, não chame tanto a atenção do comensal. É a partir daí que se inicia o desafio. Costumo dizer que, se o sabor e a aparência não chamam a atenção, esta problemática está nas mãos do chef. Assim, desafio você: as saladas estão presentes em todos os serviços, como entrada, associada a uma base ácida para estimular o paladar, como acompanhamento de um prato, nos lanches e podem ser vistas, hoje, até em sobremesas, com efeito decorativo. Eu diria ser uma carta na manga, conhecer a variedade de ingredientes que estão dentro deste grupo e, ao co- nhecê-los, aposto que você enxergará as saladas com outros olhos dentro de sua cozinha. Nesta unidade também abordaremos as bases de apresentação e montagem de sanduíches, visto sua versatilidade, aprender sobre a composição e o preparo nos traz um diferencial no dia a dia do trabalho da cozinha e para finalizar esta unidade, trago os conceitos e preparos de conservas, através do modo clássico que tenhos certeza que irá se apaixonar. 39UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE MOLHOS FRIOS, SOPAS FRIAS, VINAGRETES E ÓLEOS AROMATIZADOS É de suma importância ter consciência de que os molhos clássicos são inúmeros e, todos os dias, por meio das técnicas compreendidas, novas receitas são desenvolvi- das. Podemos dizer que parte da culpa da fidelização de um prato está no molho, e obter sucesso na combinação de um prato cabe à compreensão de avaliar sabores, texturas e cores para uma perfeita harmonização de um prato. Entender que o molho pode enaltecer ou apagar sua produção traz lições valiosas para um grande chef. A acidez ressaltará ou anulará? Qual o sabor básico do alimento complementando o sabor? Qual é o seu gosto? Não pense que podemos classificar os molhos como meros acompanhamentos. Este pode ser o ator coadjuvante de sua obra prima. Em Garde Manger, cabe a execução do seguinte repertório de molhos: ● molhos frios emulsionados: vinagretes e maioneses. ● molhos à base de laticínios. ● coulis e purês. ● aspic. A seguir, veremos os molhos frios emulsionados. Vamos lá?! 40UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 1.1 Tipos de Molhos 1.1.1 Molhos frios emulsionados Os melhores exemplos para os molhos emulsionados são: Maionese e Vinagrete. De acordo com o conceito de emulsão definido por Sebess (2014) entendemos que emul- são é uma mistura de dois líquidos através de ação mecânica que pode ser realizada por um fouet, liquidificador ou até agitando um pote hermeticamente fechado de ingredientes que não se misturam naturalmente. Existem duas fases que caracterizam a emulsão: a dis- persa e a contínua, e elas podem ser representadas em dois tipos: temporária (vinagrete), permanente (maionese). FIGURA 1 - VINAGRETE O vinagrete (em francês, vinaigrette) é a soma do vinagre ou outra base ácida com azeite de oliva, sal e pimenta-do-reino. Podemos dizer que esta forma de emulsão é temporária. Nesse molho, podemos visualizar que a fase dispersa é constituída pelo azeite, promovendo uma emulsão de óleo em água. O óleo é manipulado de forma que se disperse em gotículas, como podemos ver na Figura 2, e cada gota fica dispersa em gotículas durante toda a fase contínua, neste caso o vinagre, bastando uma ligeira mistura para que volte à normalidade. FIGURA 2 - EMULSÃO DE ÓLEO EM ÁGUA 41UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos A proporção mais conhecida para a elaboração do molho vinagrete é de três partes de óleo para uma parte de ácido. Esta é uma boa base, porém todo bom chef precisa provar, analisar e, se julgar necessário, ajustar. Para realizar uma análise sensorial corretamente, pegue uma folha de alface (alface tem sabor neutro), adicione ao molho, retire o excesso e prove. A avaliação está no sabor que fica na folha. Além da referência básica, Sebess (2014) indica a proporção de ácidos diversos e suas referências, que podemos visualizar na Tabela. TABELA 1 - OPÇÕES DE VINAGRETES BÁSICOS Vinagres 1 + Óleo 3 Aceto Balsâmico 2 + Óleo 3 Suco de Limão 3 + Óleo 3 Fonte: Sebess (2014, p. 213). Pode-se observar que, independente da referência da proporção, o óleo sempre é utilizado em maior quantidade que o vinagre e o molho leve, o nome da base ácida. Isso acontece devido ao sabor predominante do ácido sobre o óleo. Porém, quando o sabor do óleo utilizado sobrepõe o sabor ácido, o vinagrete pode levar o seu nome. Para manter a emulsão do molho durante o serviço, todo vinagrete básico deve ser servido logo após o seu preparo. Ao ser armazenado, deve, novamente, ser emulsionado antes de servir. Comumente, associamos os vinagretes às saladas verdes, mas também podem ser usados de outras maneiras, tais quais marinada e tempero de massas. Hoje em dia, estes são servidos de forma aquecida. Os molhos à base de vinagrete podem ser ousados e feitos com frutas ou vegetais crus; podem levar, muitas vezes, suco cítrico como base ácida ou vinho, que deixa o sabor bem acentuado, bem como adicionar especiarias,ervas e pimentas, as quais acrescentam sabor forte e picância, que é apreciada por muitos. REFLITA No Brasil, temos uma curiosidade bastante interessante sobre vinagretes: o que é tra- tado, culturalmente, como molho vinagrete é, na verdade, o molho Campana. O Molho Campanha é composto por: tomate, molho e salsa. Fonte: BARRETO, 2008. 42UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Para inspiração, a seguir, temos a receita de um vinagrete de mostarda e nozes (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014): TABELA 2 - INGREDIENTES PARA VINAGRETE DE MOSTARDA E NOZES INGREDIENTES ● 240ml de vinaigre de champagne; ● 57g de mostarda marrom condimentada; ● 14g de açúcar; ● 4 chalotas; ● 600ml de azeite de oliva; ● 120ml de óleo de nozes; ● 14g de dill picado; ● 14g de salsinha lisa; ● 2 colheres de sopa / 6g de bicoulette bem picada; ● Sal a gosto; ● Pimenta do reino. MODO DE PREPARO 1. Misture o vinagre, a mostarda, o açúcar e as chalotas. 2. Acrescente o óleo e o azeite aos poucos, batendo a mistura. 3. Acrescente as ervas e tempere, misturando o sal e a pimenta do reino. 4. Sirva o vinagrete imediatamente ou cubra-o e leve-o à geladeira. Fonte: Adaptada de: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014). Outro molho bem conhecido é a maionese, cujo podemos definir como a combinação perfeita entre gemas, ácido e óleo. As gemas do ovo possuem lecitina, que promove uma ação emulsificante. Podemos dizer que a maionese é uma emulsão estável ou permanente, mantendo as gotículas de óleo em suspensão, visto que, mesmo depois de um certo tempo, os ingredientes base não se separam mais. As emulsões estáveis só são possíveis porque existe um agente estabilizador, que, no caso, é a lecitina, que é capaz de produzir uma membrana, denominada quimicamente, de solvatação, ao redor dos corpúsculos do líquido que está emulsionado. Ornellas (2013) ainda salienta que as moléculas superficiais mantêm uma determinada estabilidade, por serem atraídas entre si, por meio do fenômeno de adesão, resultando em, quanto maior for a tensão superficial do líquido, maior será a estabilidade. Molhos à base de maionese podem ser usados para temperar saladas, servido para o acompanhamento de porções (dip) ou para passar no pão. A proporção básica para a elaboração de uma maionese é de 180ml de óleo para 1 gema. Na produção, pode-se utilizar suco de limão e diferentes tipos de vinagre. O ácido é utilizado tanto para saborizar quanto para ajudar na consistência. 43UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Ao preparar a maionese, para atingir a emulsificação correta, todos os ingredientes devem estar em temperatura ambiente. A adição de óleo deve ser lenta e gradual; quando adicionado muito rápido, este poderá fazer com que o molho quebre. Quando isso aconte- cer, não se desespere, pois existe uma solução: bata uma gema até formar uma espuma e incorpore à maionese desandada aos poucos, batendo sem parar. A maionese pronta deverá ser armazenada sob refrigeração constante e consumida em, no máximo, 3 dias. Neste caso, esta não pode ter sofrido alteração de temperatura. Para evitar qualquer risco de contaminação, como a salmonelose, ocasionada pela bactéria salmonella, aconselha-se a sua preparação utilizando-se de ovos pasteurizados, para um maior controle de segurança alimentar do restaurante. Veja, a seguir, a receita de maionese básica. TABELA 3 - INGREDIENTES PARA MAIONESE BÁSICA INGREDIENTES ● 1 gema de ovo grande (20g); ● 240ml de óleo neutro; ● 20ml de base ácida (vinagre branco ou suco de limão); ● 6g de mostarda; ● 3g de sal. MODO DE PREPARO 1. Coloque as gemas em um bowl (tigela). 2. Adicione a base ácida e bata com as gemas. 3. Adicione o óleo em fio lentamente no início para emulsionar. 4. Após a emulsão, agregue sabor com mostarda e sal. Obs.: a base da receita está pronta e podemos, a partir desta, aromatizar ou acrescentar outros ingredientes que, por fim, resultarão em tipos variados de maionese. Fonte: Adaptada de Potter (2017). A imagem a seguir representa o modo de preparo da maionese utilizando os ingre- dientes básicos. 44UNIDADE IV O Mundo do Roulades, Hors D’Oeuvre e Apresentações FIGURA 3 - MODO DE PREPARO DA MAIONESE BÁSICA Fonte: Adaptada de: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014). No preparo da maionese, quase sempre é escolhida a gema de ovo como base em emulsificante, porque é mais simples. Sem a gema de ovo ou a lecitina propriamente dita, não seria possível fazermos uma maionese. As sementes de mostarda podem, tempora- riamente, auxiliar na emulsificação, diminuindo a velocidade que os líquidos aglutinam-se. Este é um dos motivos que torna a mostarda um dos ingredientes da receita base. 1.1.2 Molhos à base de laticínios Os molhos à base de laticínios, de maneira geral, são utilizados para temperar sala- das ou como acompanhamentos (dip), isto é, não seguem uma regra ou técnica específica. Sua base é, geralmente, cremosa e composta por queijos moles (como quark, mascarpone ou cream cheese), leites fermentados, sour cream ou creme de leite. Ademais, são de co- loração branco-amarelada e facilmente coloridos por meio da adição de frutas ou vegetais. O creme azedo (sour cream) é feito de leite fermentado naturalmente ou por meio da adição de bactérias. Além disso, possui textura suave e sabor ácido, sendo mais espesso que o creme de leite fresco (KOVESI, 2007). Adições clássicas para estes preparos são a utilização de outros queijos com sa- bores mais marcantes, como gorgonzola, roquefort e parmesão, bem como de ingredientes como alcaparras, azeitonas e picles que, além de sabor, irão proporcionar textura ao molho. Os molhos cremosos podem adquirir texturas variadas, ou seja, podem ser rela- tivamente firmes, para serem servidos como dip ou pasta para pão, ou mais fluídos, para facilitar a adição no preparo das saladas. A seguir, veremos o preparo do creme azedo (sour cream) (KOVESI, 2007). 45UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos TABELA 4 - CREME AZEDO INGREDIENTES ● 2 colheres (sopa) de leite desnatado; ● 1 colher (sopa) de suco de limão; ● 1 xícara de queijo cottage; ● 250ml de creme de leite fresco; ● Sal e pimenta a gosto. MODO DE PREPARO 1. Bata, com um fouet, o creme de leite fresco, com um pouco de sal e pimenta, até espessar ligeiramente. 2. Adicione o suco de limão e bata até a ponto de chantilly. 3. Prove e ajuste a acidez adicionando mais gostas de limão, se necessário. 4. Reserve sob refrigeração. Fonte: Adaptada de: Kovesi (2007). A seguir, veremos os coulis e purês, além de suas especificidades. 1.2 Coulis e purês Coulis ou Koli, como se pronuncia, caracteriza-se pelo purê de legumes ou frutas, cujo podem ser de sabores básicos (salgados ou doces), aquecidos em banho-maria ou cozidos lentamente. Neste, pode-se acrescentar manteiga ou creme de leite e, comumente, são utilizados para espelhar ou decorar pratos, proporcionando uma harmonia de sabores. Sua textura, muitas vezes, assemelha-se a um purê e costuma-se, conforme o tempo de serviço, soltar líquido naturalmente. Para evitar isso, adicione ao molho, durante a fervura, uma pequena quantidade de araruta diluída. Assim, sempre que for necessário servir o prato com mais antecedência, não verá manchas no recipiente. FIGURA 4 - COULIS DE FRUTAS E VEGETAIS 46UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos A coloração dos coulis é fator fundamental de sucesso para o preparo do prato. Fique atento ao pigmento natural do vegetal/fruta utilizado na receita e veja as reações em meio ácido ou alcalino, bem como em cocção prolongada. Por exemplo, os pigmentos vermelhos arroxeados, como os da beterraba e morangos, em meio ácido, ficam mais avermelhados e, em meio alcalino (adição de bicarbonato), podem ficarmais roxos e, em excesso, escurecer. 1.3 Aspic Aspic ou molhos para revestir é a nomenclatura utilizada para um consommé ge- latinizado. Atualmente, este não é tão popular quanto no passado, porém, ainda o vemos como cobertura ou finalizações em produções frias da cozinha de Garde. FIGURA 5 - ASPIC Chaud froid, que significa quente-frio, é um dos exemplos de molhos para revestir, derivado do Aspic. Para a sua produção, é utilizada gelatina e uma base de molho, como demi-glace, bechamel ou velouté. Não é muito comum encontrarmos pratos assim sendo servidos no Brasil, porém é tradicional em buffets frios de hotéis internacionais e muito comum na Europa, sendo encontrado facilmente em rotisserias e charcutarias. Veja, a seguir, a receita de chaud froid (KOVESI, 2007). 47UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos INGREDIENTES ● 24g de gelatina em pó incolor; ● 60ml de fundo; ● 400ml de velouté bem temperado (feito com fundo de carne utiliza- da); ● 100ml de creme de leite fresco. MODO DE PREPARO 1. Hidrate a gelatina polvilhando o pó fino no fundo frio. 2. Misture e deixe que ela o absorva. 3. Depois de alguns minutos, junte a gelatina hidratada ao velouté aque- cido e misture bem. 4. Adicione o creme de leite fresco e deixe chegar à temperatura ambiente coberto com filme plástico. 5. Quando estiver na consistência nappé, mas não duro, pegue um pouco de molho, com uma concha, e cubra a peça escolhida, usando uma grande, para que o molho escorra sem deixar rebarbas. 6. Leve à geladeira até firmar e repita o processo mais uma ou duas ve- zes, até que a produção esteja bem coberta e brilhante. 7. Decore conforme desejado e sirva gelado. Fonte: Adaptada de Kovesi (2007). A seguir, o chaud froid sob fatias de peito de pato. FIGURA 6 - CHAUD FROID EM FATIAS DE PEITO DE PATO Fonte: Wright e Treuille (2014, p. 225). 48UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Nas receitas clássicas, é tradicional o uso de molhos específicos para cada tipo de proteína. Em ovos e peixes, utilize o molho bechamel. Para carnes vermelhas ou de caça, é comumente utilizado caldo de carne ou aspic. A técnica, tal qual apresentada na receita, é simples (aqueça - chaud e gele - froid), até endurecer para a decoração. SAIBA MAIS Óleos aromatizados são uma combinação de sucos de vegetais, ervas, raízes e outras especiarias com óleos. Estes podem ser utilizados como molho, por si só, para decorar e finalizar produções ou, ainda, na composição de outros molhos. Para saber mais, as- sista ao vídeo no link: https://www.youtube.com/watch?v=NaeMfAUbgDk, e comece a desenvolver sua alquimia própria, isto é, sua identidade até no azeite. 1.4 Introdução a Sopas Frias As sopas são alternativas nutritivas e saborosas para o consumo diário. O valor nutricional depende de sua composição e de como esta é enriquecida. Por exemplo, cada gema adicionada será um acréscimo de 6g de gordura e 2g de proteínas. Adicionar grãos de soja e farinhas ajusta o teor proteico associado às sopas de vegetais ou cereais, corrigindo o aminograma. Para tornar as sopas mais calóricas, basta a adição de azeite ou manteiga. Por que iniciar este capítulo falando sobre nutrientes e calorias? Na Idade Média, se conhecia o poder medicinal das sopas. Na mesa dos menos favorecidos, estes eram, de longe, o alimento complementar nutritivo mais importante. Na mesa da nobreza, iniciou-se a presença dos caldos e sopas bem encorpadas, condimenta- das, agridoces e toda a alquimia presente na elaboração desses preparos. As sopas preparadas pelo Garde Manger são, geralmente, servidas frias, como entradas, aperitivos, hors-d’oeuvres ou sobremesas. Suas apresentações podem ser va- riadas: em taças resfriadas, em pratos e xícaras de sopa tradicionais ou em pequenas porções de degustação. Sopas frias renovam o palato, não importa o momento da refeição. Para servir, o ideal é após preparo ou “tempo de maturação”. Ademais, as sopas podem ser preparadas de três maneiras: ● sopa de vegetais e frutas (purê); ● sopas cremes (base engrossada); ● sopas claras (caldo fortificado). 49UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos As sopas são líquidos aromatizados, servidas não só como entradas, mas também podemos vê-las em alguns menus como prato principal. Quando falamos em sopas frias, queremos dizer que são aquelas cujo podem ser cozidas ou cruas, mas que sempre serão servidas frias ou bem geladas. 1.5 Sopa de vegetais e frutas Tradicionais às estações mais quentes do ano, são populares em todo o mundo. Essas sopas acompanham a sazonalidade dos ingredientes, podendo ter características mais rústicas, tal qual a famosa sopa espanhola, Gazpacho Andaluz, até características mais leves e cremosas, como a sopa de melão. Em inúmeras bases, adicionam-se vegetais ou frutas, para dar uma boa consistência, de modo que pode ser ajustada com adição de outros ingredientes, como creme de leite e/ou leite. No livro Le Cordon Bleu: todas as técnicas culinárias, podemos visualizar algumas técnicas de preparo à base de sopa de vegetais e frutas. FIGURA 7 - OUTROS MÉTODOS DE PREPARO DE SOPAS DE VEGETAIS E FRUTAS Fonte: Wright e Treuille (2014, p. 24). Exemplificando a sopa de vegetais e frutas, com respaldo, trago a receita do Gaz- pacho Andaluz, extraída do livro Instituto Americano de Culinária (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014). Esta receita rende 3,84l ou 20 porções de 180ml cada. 50UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos TABELA 6 - GAZPACHO ANDALUZ INGREDIENTES ● 680g de tomate sem miolo e em cubos; ● 567g de pepino descascado e em cubos; ● 284g de pimentão verde sem sementes e em cubos; ● 454g de cebola fatiada; ● 567g de pão branco sem casca e em cubos; ● 720ml de suco de tomate; ● 60ml de purê de tomate; ● 4 dentes de alho amassados até formar uma pasta; ● ½ colher (chá) / 150 g de pimenta jalapeño bem picada; ● 90ml de vinagre de vinho branco; ● 2 colheres (chá) / 6,5 g de sal; ● 1 colher (chá) / 2 g de pimenta do reino moída; ● 133g de croûton ao alho. MODO DE PREPARO 1. Reserve, aproximadamente, 2 colheres (sopa) / 30ml de cada um dos se- guintes ingredientes para a guarnição: tomate, pepino, pimentões e cebola. 2. Embeba os cubos de pão no suco de tomate. 3. Bata o pão ensopado com os vegetais em cubos, purê de tomate, o alho, a pimenta jalapenõ, o azeite de oliva e o vinagre, até formar um purê. 4. Ajuste o tempero com sal e pimenta, cubra o molho e leve-o à geladeira até o momento de servir. 5. Sirva-se com guarnições de vegetais em cubos e croûtons reservados. Fonte: Adaptada de: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014). A seguir, veremos o Gazpacho Andaluz. FIGURA 8 - GAZPACHO ANDALUZ 51UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Podemos concluir que, o melhor método de preparo das sopas de frutas e vegetais é, inicialmente, batendo os alimentos em formato de purê. Em nossa receita exemplo, utili- zamos o vinagre como base líquida. Este pode ser substituído por vinho ou suco de frutas, diversificando as receitas das sopas geladas, as quais são ideais para servir no verão. 1.6 Sopas Cremes Cozinhar tradicionalmente não é uma tarefa simples e exige, do chef, um conhecimento amplo em técnicas, além de criatividade nas adaptações, conforme a modernização dos menus. As sopas cremes são exemplos do processo evolutivo dentro dos cardápios. O que chamamos, hoje em dia, de sopas cremes, era dividido em dois grupos: veloutés e cremes. As sopas veloutés eram compostas por: molho velouté, ingredientes de sabor em forma de purê, fundo claro para diluir e liga fina para finalizar. Já as sopas cremes eram constituídas por molho bechamel, ingredientes de sabor em forma de purê, leite ou fundo claro para diluir e cremede leite para finalizar. Essas bases nas cozinhas, antigamente, eram facilmente aplicadas, porque, tradicionalmente, os molhos estavam sempre disponí- veis e, em questão de minutos, uma sopa era finalizada. Hoje em dia, as receitas clássicas que traduzem as técnicas tradicionais são bases para criar novas logísticas dentro dos restaurantes, porém a ordem não continua a mesma. As sopas cremes frias devem apresentar a mesma textura aveludada de uma sopa creme quente. O ponto avaliativo de uma sopa fria é a sensação de palato: não deve apresentar alta sensação de untuosidade e, para isso, é necessário sempre avaliar o sabor e a textura quando a sopa for resfriada. Para exemplificar, trazemos uma sopa fria tradicional francesa, a Vichyssoise. Atualmente, esta é conhecida e apreciada no mundo todo, feita à base de batata e alho poró. Essa receita foi extraída do livro “Instituto Americano de Culinária” (INSTITUTO AME- RICANO DE CULINÁRIA, 2014) e rende 3,84 litros ou 20 porções de 180ml. Veja, a seguir, a receita de Vichyssoise. 52UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos TABELA 7 - VICHYSSOISE INGREDIENTES ● 567g de alho-poró (apenas as partes verdes claras e brancas) fina- mente picadas; ● 1 cebola bem picada; ● 3 colheres (sopa) / 45ml de óleo vegetal; ● 1,3kg de batata em cubos; ● 2,4l de caldo de galinha; ● 1 mão de ciboulette picado. MODO DE PREPARO 1. Refogue o alho-poró e a cebola no óleo até que estes fiquem macios e translúcidos. 2. Acrescente a batata e o caldo e espere levantar fervura. Em seguida, reduza o fogo, cozinhando suavemente a batata, até que esta comece a desmanchar. 3. Bata a sopa até formar um purê. Esfrie-a rapidamente. Cubra e leve à geladeira até o momento de servir. 4. Para finalizar a sopa, incorpore a ciboulette e ajuste o tempero com sal e pimenta branca. Fonte: Adaptada de: (INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA, 2014). A seguir, veremos um exemplo de preparo da sopa Vichyssoise. FIGURA 9 - SOPA VICHYSSOISE Na cozinha francesa, o uso do nome Parmentier, em um menu, indica que o prato contém batata. Essa nomenclatura é resultante de Antoine-Augustin Parmentier (1737- 1813), que foi responsável pela popularização da batata como alimentação no século XVIII. Antes de Parmentier, as batatas eram consumidas na Europa somente como fonte de alimento para animais, porque não eram consideradas seguras para o consumo humano. 53UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos REFLITA Os padrões de qualidade para o serviço das sopas cremes incluem densidade, que deve aproximar-se da textura padrão do creme de leite fresco, não muito grossa; textura, sem granulosidade ou pedaços (exceto se for da guarnição); sabor, sendo claro o gosto do ingrediente principal (creme de aspargos com gosto de aspargos), sem a percepção de amido cru. Fonte: GISSLEN, 2013. 1.7 Sopas Claras Para o preparo de sopas claras, é necessário um bom caldo ou suco clarificado. É a simplicidade e a facilidade de elaborar algo que as tornam mais complexas. A base das sopas claras frias normalmente é gelatinosa, porém, algumas receitas apresentam somente um cal- do saboroso para ser guarnecido. As receitas tradicionais deste tipo de sopa são realizadas a partir de vegetais finamente picados, que são cozidos lentamente, até ficarem macios. As sopas clarificadas, também conhecidas como consomês, foram introduzidas no século XVI. Na culinária, a base de cocção dessas sopas é carne, ave ou peixe, e o resultado final, que as diferenciam de caldos comuns, é o processo de clarificação. Hoje em dia, classificamos esse processo como sopa, que pode ser servida fria ou quente, podendo ser usada como base do aspic, algo já visto nesta unidade. Para exemplificar as sopas claras, vamos trazer uma receita do livro “Le Cordon Bleu: Os Chefes”, que rende 4 porções de um Consommé Brunoise. 54UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos TABELA 8 - SOPA CLARA INGREDIENTES ● 2,5l de caldo claro; ● ½ unidade de aparas (cenoura, aipo e alho-poró); ● 1 tomate pequeno; ● ¼ unidade de cebola grande; ● 250g de carne bovina moída; ● 4 claras de ovos; ● 1 galho de tomilho; ● 1 folha de louro; ● 12 grãos de pimenta do reino; ● QB (Quanto baste) de sal. PARA A GUARNIÇÃO, OS INGREDIENTES SÃO : ● 500ml de consommé para escalfar; ● 2 cenouras; ● 1 alho-poró; ● 3 aipos; ● 60g de ervilhas erves; ● QB (Quanto baste) de sal. MODO DE PREPARO : Clarificação 1. Descasque e enxague as cenouras e o aipo. 2. Corte a brunoise e junte-a com o alho-poró e reserve a guarnição. 3. Pique as apras finamente e reserve para a clarificação. 4. Descasque e retire as sementes (émonder, épépiner) do tomate. 5. Em uma panela pequena, junte os ingredientes da clarificação. 6. Combinar a carne moída, as aparas de legumes picados, claras de ovos, tomilho, folha de louro, sal e a pimenta do reino. 7. Misture bem e acrescente lentamente o caldo de frango frio. 8. Aqueça lentamente, mexendo de vez em quando, para que as pro- teínas não grudem no fundo da panela. Quando o líquido começar a ferver e a clarificação subir para a superfície, pare de mexer. 9. As proteínas cozidas subirão para a superfície do líquido, formando uma camada de ingredientes coagulados no topo da fervura (gâteau). Não mexa e deixe ferver lentamente, em fogo baixo, por cerca de 20 a 30 minutos. 10. Gentilmente, despeje o líquido do buraco por cima da cama (gâteau) regularmente durante o cozimento. Isso faz com que o líquido seja temperado enquanto cozinha. 11. Forre uma peneira de malha fina (chinois) com filtro de café. 12. Quando a clarificação estiver terminada, use a concha, cuidadosa- mente, para retirar o líquido claro pelo buraco da camada de ingre- dientes (gâteau) e passe pela peneira forrada para uma panela limpa. 13. Mantenha o consommé aquecido em bain marie e não coloque so- bre o fogo diretamente, pois não pode ferver. Fonte: Adaptada de Fundamentos (2011). 55UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Veja, na Figura , um exemplo de Consommé. FIGURA 10 - CONSOMMÉ Em nossa receita, por exemplo, utilizamos uma guarnição de vegetais, para com- plementar a sopa clara. Quando utilizamos a adição de ingredientes, além de valorizar a produção, proporcionamos mais sabor. Utilize, para variações, legumes variados picados finamente, cogumelos, cebolinha, frango cozido e desfiado, bem como tipos de queijos, camarões e vieiras, além de croutons ou raspas de limão. 56UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos 2. CAMPOS DE ESTUDO EM COMPOSIÇÃO DE SALADAS Nesta categoria, escolhendo folhas mais molho apropriados, é possível desenvol- ver uma grande variedade de saladas, que pode atender à exigência de qualquer conceito de menu: leve, amarga, adocicada e/ou picante. Inicialmente, é necessário conhecer e classificar os tipos de verduras (nomenclatura utilizada para relacionarmos as folhas e hor- taliças) e suas características organolépticas. O chef de Garde pode relacionar verduras leves; verduras amargas e chicórias; verduras picantes; misturas de folhas; ervas e flores comestíveis; além de mini verduras. As variedades de alface representam o grupo de verduras leves, e podemos citar, para conhecimento, a grande variedade: americana, roxa, lisa, crespa, mimosa, frisée e romana. As alfaces possuem sabores neutros e facilitam a harmonia na composição das saladas. FIGURA 11 - VARIEDADE DE ALFACES 57UNIDADE III Preparações de Molhos, Entradas e Conservação dos Alimentos Para o pré-preparo, é importante selecionar as folhas crocantes, retirar as folhas murchas, machucadas ou queimadas e, posteriormente, higienizá-las com água fria. Faça a higienização com hipoclorito a 2% (200ppm), sendo 15ml (1 colher de sopa para
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