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O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL E AS POLITICA SOCIAL PARA O IDOSO
A longevidade da população é um fenômeno da contemporaneidade, sendo o envelhecimento populacional, em termos demográficos, o processo de crescimento da população considerada idosa, ampliando a sua participação relativa no total da população (FREITAS, 2004). 
O aumento no número de idosos no Brasil retrata a tendência de envelhecimento da população, conforme registra os dados do último censo do IBGE. Em 2010, esse número era de 23,5 milhões de pessoas com mais de 60 anos. O envelhecimento populacional sem dúvida deve ser considerado uma das maiores conquistas da humanidade, o que reflete a melhoria das condições de vida de uma população. O aumento dos idosos em todo o mundo deve-se às transformações socioeconômicas que determinaram grandes inovações científico-tecnológicas, associadas a melhores condições de vida.
 As políticas públicas e os programas de atenção voltados para os idosos possuem papel importante na visibilidade adquirida por esse segmento, retirando o idoso do esquecimento e do silêncio e possibilitando a eles uma condição social mais justa. Para atender essa nova realidade e os desafios que a acompanham são necessários instrumentos legais que garantam proteção social e ampliação de direitos às pessoas idosas.
 Em âmbito internacional, destaca-se a realização, no ano de 1982, da I Assembleia Internacional do Envelhecimento, realizada em Viena. No Brasil, é a partir da década de 1970 que esse processo vai adquirindo visibilidade. Em 1973, um estudo realizado pelo Ministério da Previdência observa o aumento da população idosa, apontando para a necessidade de criação de políticas sociais. Em 1974, foram criadas leis, programas e projetos voltados para o envelhecimento tais como: Programa de Assistência ao Idoso – PAI, Projetos de Apoio à Pessoa Idosa (PAPI) (CABRAL, 2000). 
Diante desse processo do aumento do número de idosos, durante a década de 1970, organizações privadas e públicas intensificam-se suas ações junto à população idosa. O Serviço Social do Comércio (SESC) adota programas para a terceira idade e a Legião Brasileira de Assistência passa a desenvolver programas para idosos de baixa renda (TEIXEIRA, 2008). No final da década de 1970, intensificam-se os movimentos em prol do idoso e de problematizações sobre o envelhecimento, como os eventos promovidos pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia que organizaram vários seminários para discussão do assunto (LOBATO, 2012). 
Em 1999, a Assembleia Geral da ONU instituiu diretrizes para orientar o desenvolvimento de políticas sociais para os idosos, considerando que o envelhecimento da população não deve ser uma carga, mas sim uma oportunidade. Estabeleceu ainda princípios como Independência, Participação, Assistência e Dignidade. 
No ano de 2002, a ONU promoveu a II Assembleia Mundial do Envelhecimento, que originou o Plano Internacional de Madri, sinalizando a importância de um compromisso de todos os governantes para adotar ações, políticas e programas que garantam uma sociedade para todas as idades. Também no ano de 2002, a Organização Mundial de Saúde instituiu a Política para o Envelhecimento Ativo. Entretanto, não podemos homogeneizar a compreensão das experiências do envelhecimento, desconsiderando aspectos como as diferenças de classes, gênero, etnia, entre outras, funcionando como uma ideologia da velhice. A velhice, denominada terceira idade nos países desenvolvidos, é importada para a os países em desenvolvimento, como o caso do Brasil, marcado pela concentração de renda, desigualdades sociais e regionais, se configurando como um paradoxo.
 Em termos de proteção a esse segmento populacional a pessoa idosa, em 1923, encontrou-se o marco legal, a Lei Eloy Chaves(14) que trata do sistema previdenciário; também há referências em alguns artigos do Código Civil (1916), do Código Penal (1940), e do Código Eleitoral (1965) (18). De 1923 a 1965 destacam-se os dois períodos de governo de Getúlio Vargas que marcaram, no Brasil, o início da preocupação com o desenvolvimento das políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da economia, essencial-mente para atender aos anseios da classe industrial brasileira, sem levar em consideração as necessidades básicas da população, mas que tinha o Estado como o principal financiador dessa industrialização, impotente para investir em tal empreitada. Ademais, as políticas resultantes são fragmentadas e, invariavelmente, em vez de minimizar, tendem a aprofundar os processos de exclusão ao continuar garantindo serviços e benefícios apenas para poucos.
Principais marcos históricos sobre o idoso a conforme a tabela exposta:
	ANO
	LEI,DECRETOE CONFERÊNCIA
	OBJETIVO
	1974
	Lei nº6.179, foi criado a Renda Mensal Vitalícia, através do então Instituto Nacional de Previdência Social – INPS. 
	Tratava sobre a aposentadoria
	1977
	Lei nº 6439, Foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), (Lei nº 6.439) integrando: o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS, a Fundação Legião Brasileira de Assistência – LBA, a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor FUNABEM, a Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social – DATAPREV, o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social – IAPAS,
	Objetivo de unificar a assistência previdenciária
	1982
	Foi realizada a I Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento (ONU), em Viena.
	Traçou as diretrizes do Plano de Ação Mundial sobre o Envelhecimento, publicado em Nova York em 1983.
	1986
	Foi realizada a 8ª Conferência Nacional de Saúde
	Propôs a elaboração de uma política global de assistência à população idosa.
	1988
	Promulgou a Constituição Federal
	assegurou ao idoso o direito à vida e à cidadania: A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhe o direito à vida
	1993
	 Lei 8.742/93 Foi aprovada a Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS
	Regulamenta o capítulo II da Seguridade Social da Constituição Federal, que garantiu à Assistência Social o status de política pública de seguridade social, direito ao cidadão e dever do Estado.
	1994
	Lei Nº 8.842/94 que estabelece a Política Nacional do Idoso (PNI), posteriormente regulamentada pelo Decreto Nº 1.948/96.6, e cria o Conselho Nacional do Idoso.
	Tem por finalidade assegurar direitos sociais que garantam a promoção da autonomia, a integração e a participação efetiva do idoso na sociedade, de modo a exercer sua cidadania.
	1999
	Foi implantada a Política Nacional da Saúde do Idoso pela Portaria 1.395/1999 do Ministério da Saúde (MS)
	Estabelece as diretrizes essenciais que norteiam a definição ou a redefinição dos programas, planos, projetos e atividades do setor na atenção integral às pessoas em processo de envelhecimento e à população idosa
	2002
	II Assembleia Mundial sobre Envelhecimento em Madrid – Plano Internacional do Envelhecimento
	Tinha o objetivo de servir de orientação às medidas normativas sobre o envelhecimento no século XXI; Participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento, na força de trabalho e na erradicação da pobreza; Promoção da saúde e bem-estar na velhice; Criação de um ambiente propício e favorável ao envelhecimento
	2003
	a Lei nº 10.741, que aprova o Estatuto do Idoso destinado a regular os direitos assegurados aos idosos e Conferência Regional Intergovernamental sobre Envelhecimento da América Latina e Caribe, no Chile.
	Principais instrumentos de direito do idoso. Sua aprovação representou um passo importante da legislação brasileira. Foram elaboradas as estratégias regionais para implantar as metas e objetivos acordados em Madrid.
	2006
	I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa.
	Foram aprovadas diversas deliberações, divididas em eixos temáticos, que visou garantir e ampliar os direitos da pessoaidosa e construir a Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa – RENADI
	2007
	Decreto nº6214, Benefício de Prestação Continuada
	Regulamenta o benefício de prestação continuada da assistência social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de que trata a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, acresce parágrafo ao art. 162 do Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá outras providências.
	2010
	Lei nº12.213, Fundo nacional do idoso
	Fica instituído o Fundo Nacional do Idoso, destinado a financiar os programas e as ações relativas ao idoso com vistas em assegurar os seus direitos sociais e criar condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.
A III Conferência Regional Intergovernamental sobre envelhecimento na América Latina e Caribe, realizada em 2012, ressalta as obrigações dos Estados com relação ao envelhecimento com dignidade e direitos, sobretudo na obrigação de procurar erradicar as múltiplas formas de discriminação baseada no recorte de gênero. Nesse sentido, recomenda:
· Prevenir, sancionar e erradicar todas as formas de violência contra as mulheres idosas, incluindo a violência sexual;
· Promover o reconhecimento do papel que os idosos desempenham no
desenvolvimento político, social, econômico e cultural de suas comunidades, destacando as mulheres idosas;
· Assegurar a incorporação e a participação equitativa de mulheres e homens idosos no desenho e na aplicação das políticas, dos programas e planos que lhes dizem respeito;
· Garantir o acesso equitativo de mulheres e homens idosos na Previdência 
Social e em outras medidas de proteção social, principalmente quando eles 
não gozem dos benefícios da aposentadoria
· Proteger os direitos sucessórios de mulheres viúvas e idosas, em especial 
os direitos de propriedade e de posse. (Brasil, 2013b, p. 516-51)
Direitos dos idosos
Para assegurar os direitos dos idosos, em 2003 foi aprovado o Estatuto do Idoso. Nele são garantidos os seguintes direitos, veja a tabela a segui:
	Atendimento
	Atendimento prioritário em órgãos públicos e privados que sejam prestadores de serviço à população de modo geral.
	Proteção
	Os idosos têm direito à proteção da integridade física, moral e psíquica.
	Ambulatório 
	Atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios.
	Acesso a medicamento
	É dever do Poder Público fornecer gratuitamente medicamentos, principalmente os de uso contínuo, próteses, órteses e recursos referentes ao tratamento, habilitação ou reabilitação.
	Desconto
	Os idosos têm direito a receber pelo menos 50% de desconto em ingressos de atividades culturais, lazer e esportes.
BENÉFICIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (BPC)
O benefício de prestação continuada, comumente chamado de BPC, é um benefício criado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei 8.742 de 7 de dezembro de 1993, e tem por objetivo principal amparar pessoas à margem da sociedade e que não podem prover seu sustento.
No art. 2º dessa lei, é citada a garantia de um salário mínimo mensal para pessoas com deficiência, para ter direito ao recebimento do benefício de prestação continuada, é necessário comprovar que a pessoa é portadora de limitações físicas, intelectuais, mentais ou motoras que a impedem de exercer efetivamente uma vida plena em sociedade, por meio do trabalho e do relacionamento interpessoal. Ou seja, não são apenas deficientes físicos que possuem esse direito, mas também pessoas com problemas mentais, ou com graves e permanentes problemas de saúde e para pessoa idosas acima de 65 anos e que comprovem não ter condições de se manter financeiramente ou tê-la provida pela sua família. Esse é o benefício de prestação continuada. Ele é pago pelo Governo Federal, com ajuda do INSS para a verificação dos requisitos e pagamento dos valores. Portanto, os valores pagos a esse título não entram nas contas dos benefícios pagos pela Previdência Social, como aposentadoria, auxílio-doença, etc. Também é requisito para a concessão do BPC que a renda familiar per capita (por pessoa) seja de até ¼ do salário mínimo.
LISTA DE SIGLAS
BPC Benefício de Prestação Continuada
CAPs Caixas de Aposentadorias e Pensões
CF Constituição Federal
CNAS Conselho Nacional de Assistência Social
CNDI Conselho Nacional dos Direitos do Idoso
CRAS Centro de Referência de Assistência Social
CREAS Centro de Referência Especializada de Assistência Social
DATAPREV Empresa de Processamentos de Dados da Previdência Social
EI Estatuto do Idoso
FNI Fundo Nacional do Idoso
IAPAS Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência
Social
INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica e Assistência Social
Empregadores de Cargas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPS Instituto Nacional de Previdência Social
LBA Legião Brasileira de Assistência
LOAS Lei Orgânica da Assistência Social
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MS Ministério da saúde
NOBs Norma de Operação Básica
OMS Organização Mundial de Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio
PNAS Política Nacional de Assistência Social
PNI Política Nacional do Idoso
SBGG Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
SDH Secretaria de Direitos Humanos
SUAS Sistema Único de Assistência Social

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