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CONCEITOS DE COMPETÊNCIAS E DE GESTÃO POR COMPETÊNCIAS Professora: Dr. Cláudia Herrero Martins Menegassi Diretoria Executiva Pedagógica Janes Fidelis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Projetos Educacionais Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Designer Educacional Yasminn Talyta Tavares Zagonel Editoração Thayla Guimarães Qualidade Textual Produção de Materiais DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MENEGASSI, Cláudia Herrero Martins; Gestão por competências. Cláudia Herrero Martins Menegassi; Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 39 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Gestão. 2. competências. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0027-6 CDD - 22 ed. 658 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 04 sumário 06| CONCEITOS DIVERSOS DE COMPETÊNCIAS 11| COMPETÊNCIAS INDIVIDUAIS 15| COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS 21| GESTÃO POR COMPETÊNCIAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Definir o conceito de competências. • Apresentar as diferentes abordagens que fundamentam os conceitos de Gestão por Competências. • Apresentar o conceito de competências individuais e os seus elementos. • Apresentar o conceito de competências organizacionais e seus elementos. • Definir Gestão por Competências e seus desdobramentos. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Conceitos Diversos de Competências • Competências Individuais • Competências Organizacionais • Gestão por Competências CONCEITOS DE COMPETÊNCIAS E DE GESTÃO POR COMPETÊNCIAS INTRODUÇÃO introdução Caro(a) aluno(a)! Nesta Unidade, apresentaremos os diversos conceitos de com- petências no âmbito organizacional e seus dois principais desdobramentos: individual e organizacional. Além disso, introduziremos o conceito de gestão por competências e seus elementos. Você verá que há muitas definições, pois trata-se de um tema com diversas abordagens nos estudos organizacionais e considerado em construção. Assim, cada autor contribui para a melhor compreensão de competências e propõe uma definição específica. Não obstante essa diversidade, os conceitos convergem para uma mesma lógica: atributos que as pessoas ou organizações têm e a forma como fazem esses atributos darem algum resultado. Esse resultado é denominado por alguns autores como entrega, que é, em última análise, o que se espera, sobretudo dos indivíduos, em termos de ações concretas que derivam de seu conhecimen- to e de suas habilidades. As competências se desdobram, principalmente, em competências indi- viduais e organizacionais. Embora estejam relacionadas, cada qual tem suas especificidades, justamente por se tratar, a primeira, de pessoas, e a segunda, de organizações. Destaque para o modelo CHA (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes), muito conhecido no âmbito de Gestão por Competências e que veremos nesta Unidade. Por fim, traremos uma visão ampla do que se entende por Gestão por Competências. Começaremos fazendo uma distinção conceitual importante entre Gestão de Competências e Gestão por Competências. Pós-Universo 6 Conceitos Diversos de Competências Pós-Universo 7 O conceito de competências não é algo unânime entre os autores. É considerado um conceito em construção, até mesmo pela forte tendência a mudanças no cenário organizacional. Todavia, alguns conceitos são fundamentais para a compreensão daquilo de que trataremos nesta Unidade. Bitencourt (2005) elaborou um quadro em que apresenta o conceito de compe- tências segundo diversos autores e suas respectivas ênfases. Alguns autores, como Becker, Huselid e Ulrich (2001), relacionam competências a características de perso- nalidade que influenciam o desempenho das pessoas. Outros, como Le Boterf (1995), associam competências a responsabilidades do indivíduo frente a atividades complexas. Entre tantas ênfases distintas, reproduzo no Quadro 1 alguns conceitos que serão fundamentais para o nosso entendimento de gestão por competências. Quadro 1: Conceitos de Competências Autor Conceito Dutra, Hipolito e Silva (2000, p. 164) “Capacidade da pessoa de gerar resultado dentro dos objetivos estraté- gicos e organizacionais da empresa, traduzindo-se pelo mapeamento do resultado esperado (output) e do conjunto de conhecimentos, habi- lidades e atitudes necessários para o seu atingimento (input).” Ruas (1999, p. 10) “É a capacidade de mobilizar, integrar e colocar em ação conhecimentos, habilidades e formas de atuar (recursos de competências), a fim de atingir/ superar desempenhos configurados na missão da empresa e da área.” Fleury e Fleury (2000, p. 21) “Competência: um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo.” Hipólito (2000, p. 7) “O conceito de competência sintetiza a mobilização, integração e transferência de conhecimentos e capacidades em estoque, deve adi- cionar valor ao negócio, estimular um contínuo questionamento do trabalho e a aquisição de responsabilidades por parte dos profissionais e agregar valor em duas dimensões: valor econômico para a organiza- ção e valor social para o indivíduo.” Parry (1996, p. 48) “Um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes corre- lacionados que afeta parte considerável da atividade de alguém, que se relaciona como o desempenho, que pode ser medido segundo padrões preestabelecidos e que pode ser melhorado por meio de trei- namento e desenvolvimento.” Durand (1998, p. 3) “Conjuntos de conhecimentos, habilidades e atitudes interdependen- tes e necessárias à consecução de determinado propósito.” Fonte: Adaptado de Bitencourt (2005, p. 22-23) Pós-Universo 8 Como podemos ver, Dutra, Hipólito e Silva (2000) partem diretamente da capacida- de da pessoa em gerar resultados para a empresa, mas com um detalhe importante: dentro dos objetivos estratégicos organizacionais. Há quem produza resultados à empresa, mas não aqueles de que ela de fato necessita ou espera. Apesar de ser oriundo de uma abordagem comportamental (também conhecida como behavio- rista), o conceito de competências de Dutra, Hipólito e Silva (2000) está diretamente relacionado à vertente estratégica de competências. Ruas (1999) insere um novo elemento, mas também este relacionado com a es- tratégia: a missão da empresa. A missão estabelece a meta geral da organização; é sua razão de ser. Geralmente na missão se inclui o tipo de produto, quem são os clientes e que valores possui, ou seja, é uma declaração ampla das diretrizes que se deseja seguir na empresa (CERTO; PETER, 1993). De fato, a missão é traçada com base nas diretrizes das organizações, é o que norteia as decisões estratégicas e, por conseguinte, as ações esperadas de seu pessoal. Mais uma vez, não basta a entrega de resultados, mas a entrega coerente ao declarado na missão. Fleury e Fleury (2000) e Hipólito (2000) destacam que o conceito de competência implica também a incorporação de valor econômico para a organização e valor social ao próprio indivíduo. Essaé uma visão mais ampla, que considera não somente o que o indivíduo entrega para a organização, mas também o que as suas competências podem lhe agregar como profissional e como ser humano. Essa abordagem é inova- dora ao expressar aquilo que talvez outros autores também pensaram ou até mesmo tomaram como certo, mas não consideraram como parte integrante do conceito. Hipólito (2000) também traz uma característica diferenciada em seu conceito: o questionamento contínuo do trabalho. Esse é um conceito que vai de encontro aos modelos tradicionais de gestão (taylorista e fordista), segundo os quais o trabalhador não questionava os processos, mas somente os realizava da forma como haviam sido orientados a fazer, o mais rapidamente possível e sem a perspectiva de mudanças. Apesar de o autor trazer à tona esse conceito, é importante salientar que nem todas as empresas e gestores estão dispostos a terem funcionários que questionam o trabalho. De qualquer forma, espera-se de uma empresa que opta por uma gestão baseada em competências uma maior abertura a um estilo de gestão mais moderno. Parry (1996) relaciona competências a desempenho que pode ser medido, avalia- do e, ainda, melhorado por meio de ações de treinamento e desenvolvimento. Essa é uma visão mais funcionalista, voltada a resultados, assim como a de Durand (1998). Pós-Universo 9 Não por acaso, destaquei os conceitos que definem competências, de modo geral, como sendo a articulação de conhecimentos, habilidades e atitudes voltada ao alcance de determinados resultados. De fato, das diversas definições foi criado o famoso modelo CHA (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes). Perceba que os três componentes do modelo são interdependentes: sem conhe- cimento, as habilidades serão duvidosas e as atitudes podem ser equivocadas. Sem habilidades, o conhecimento pode ficar apenas no âmbito tácito e não se transformar em atitudes eficazes. Conhecimento é fundamental, habilidades para desenvolver determinada atividade também, mas o CHA se completa com as atitudes. Trata-se de um pressuposto básico na gestão por competências: as atitudes, ou seja, aquilo que você de fato faz com seus conhecimentos e habilidades. O conhecimento que uma empresa requer pode estar relacionado tanto ao cargo para o qual está buscando um profissional como para o candidato em si. Para o cargo, o conhecimento “refere-se à necessidade que o cargo tem de formação acadêmica, conhecimentos técnicos, especialidades” (RABAGLIO, 2013, p. 11). Para o candidato, refere-se à especificidade de sua formação, à sua escolaridade, seu conhecimento de idiomas e informática, entre outros. As habilidades referem-se à sua experiência e prática. As atitudes, por sua vez, são expressas por meio do comportamento humano (RABAGLIO, 2013). Vivemos em um tempo em que o saber e o saber fazer não são mais suficien- tes. As organizações estão buscando em seus funcionários o saber agir - é claro que sempre fundamentado no saber e no saber fazer. O CHA - conhecimentos, habilidades e atitudes - está relacionado ao saber, ao saber fazer e ao saber agir. Bitencourt (2005, p.29) aponta a reflexão de Swieringa e Wierdsma (1992) a respeito dessas três dimensões: “1. O SABER - refere-se ao conhecimento. Implica questionamentos e esfor- ços voltados à informação que possa agregar valor ao trabalho.” “2. O SABER FAZER - refere-se às habilidades. Centraliza-se no desenvolvi- mento de práticas e de consciência da ação tomada.” “3. O SABER AGIR - refere-se a atitudes. Busca um comportamento mais con- dizente com a realidade desejada.” quadro resumo Pós-Universo 10 Pense em seu trabalho em termos do modelo CHA e reflita: • Tenho o conhecimento necessário para realizar meu trabalho (saber)? • Sei aplicar meu conhecimento nas situações práticas do cotidiano (saber fazer)? • Realizo meu trabalho com responsabilidade, aplicando o que sei de acordo com os objetivos estratégicos da empresa (saber agir)? reflita Sandberg (2000) aponta três vertentes principais para a concepção de competências: a que tem orientação para o trabalhador - considera o CHA e os requisitos individuais para o desenvolvimento de atividades - a orientação para o trabalho - parte-se da análise do cargo ou da atividade a ser desenvolvida e, a partir daí, constroem-se os atributos necessários para sua realização - e a combinação das duas vertentes anteriores - que considera tanto as características do indivíduo como as do trabalho a ser realizado. Pós-Universo 11 Competências Individuais Pós-Universo 12 O modelo CHA que acabamos de conhecer se aplica às competências dos indivíduos, ou seja, diz respeito àquilo que cabe às pessoas: adquirir conhecimento, desenvol- ver habilidades e converter esses saberes em atitudes. Desse modo, a competência se fará presente na ação do indivíduo e não existe antes dela (LE BOTERF, 2003). Aprofundando mais o tema da competência individual, podemos nos deparar com outras correntes de pensamento que não isolam o indivíduo como único responsável por suas competências, mas o insere no contexto em que vive e, ainda, considera os recursos fisiológicos e do ambiente como elementos complementares ao CHA (LE BOTERF, 2003). Le Boterf (2003) afirma que a competência é individual e social ao mesmo tempo. Chega a dizer que é social antes mesmo de ser individual, pois as competências requeri- das geralmente não se aplicam a indivíduos particularmente, mas a grupos de indivíduos que exercem - ou dos quais se espera que exerçam - papéis similares ou complementares. “A pilotagem de um avião depende não apenas da competência individual do piloto, mas da competência compartilhada entre o piloto, o co-piloto, o navegador e os controladores de vôo em terra” (LE BOTERF, 2003, p. 128). atenção O mesmo autor aponta que há limites para a competência individual e que esses limites estão relacionados justamente ao contexto social e ao conhecimento coleti- vo que se tem até o momento: “a competência individual encontra seus limites, mas não sua negação no nível dos saberes alcançado pela sociedade ou por profissão que pertença a uma determinada época” (LE BOTERF, 2003, p. 89). Nesse sentido, cabe a nós considerar o argumento do autor e ponderar também a questão da capacida- de do indivíduo de inovar, ou seja, se há um limite estabelecido pelo conhecimento social que existe até o momento, há sempre a possibilidade de se extrapolar esse conhecimento propondo algo inovador. É justamente assim que a sociedade evolui. Um dos conceitos importantes associados a competências individuais é o de evento. Os eventos são as situações específicas a serem enfrentadas. Essa é uma noção mais realista da vida profissional, em que as atividades de um determinado cargo ou função podem ser previstas, mas não tomadas como certas. Ao profissional cabe também, por- tanto, a adequação de suas atitudes aos eventos. na medida em que se tem êxito nesse processo, desenvolve-se naturalmente novas competências individuais (RUAS, 2005). Pós-Universo 13 Um exemplo de competência gerencial segundo o conceito de Ruas (2005) é a habilidade de saber ouvir, que pode ser mobilizada sob a ação de ouvir clientes sobre novos serviços. Perceba que há algo além do simplesmen- te ouvir. Trata-se de utilizar-se dessa habilidade para de fato agir de acordo com o desempenho esperado naquele determinado momento. saiba mais É comum no âmbito das competências individuais ouvirmos o termo competências geren- ciais. Essa é uma linha mais específica da análise de competências individuais e refere-se não somente às competências dos gerentes em si, mas das pessoas que exercem algum tipo de liderança na empresa, podendo ou não ter a função de gerência (BITENCOURT, 2005). Ruas (2005, p. 49) baseia-se nos trabalhos de Le Boterf (1995; 1999), Zarifian (2001), Levy-Leboyer (1996) e Fleury e Fleury (2000) para formular o seguinte conceito de competênciagerencial: “uma ação através da qual se mobilizam conhecimentos, ha- bilidades e atitudes pessoais e profissionais a fim de cumprir com uma certa tarefa ou responsabilidade, numa determinada situação”. Assim como o conceito de competência é diversificado, também os modelos de- correntes o são. As competências gerenciais podem ser compreendidas sob diversas óticas, como a de Coopers e Lybrand (1997 apud ODERICH, 2005), que apresentam quatro categorias de competências, que constam no Quadro 1: Quadro 1: Categorias de competências gerenciais Categorias de competências Capacidades relacionadas Competências interacionais Capacidades interpessoais ou de liderança do gerente. Competências de solução de problemas Capacidades de percepção, de planejamento e organização, e a capacidade de decisão. Competências de capacitação Capacidade de reconhecer a necessidade de mudança e de empreender essa mudança. Competências de comunicação Capacidade de o gerente se comunicar de forma eficiente e eficaz, de forma escrita, oral e nas inte- rações interculturais. Fonte: Adaptado de Oderich (2005, p. 93) Pós-Universo 14 Em suma, essas categorias trazem um conjunto completo de capacidades daque- les que exercem alguma função de liderança, desde as habilidades interpessoais, passando pela organização e decisão, flexibilidade e comunicação. Você poderia se questionar: “mas essas características requerem um super-herói!”. Bem, não exata- mente um super-herói, mas uma pessoa capaz de adquirir, ao longo de sua vida e carreira, habilidades que formam um gestor completo em termos de competências esperadas. Certamente não é algo fácil de se adquirir. Todavia, os melhores cargos, melhores salários e as melhores carreiras nunca foram feitas de descanso ou de des- culpas, mas de atitudes e de trabalho duro. Cauduro (2005) desenvolveu um projeto de pesquisa cujo objetivo foi iden- tificar as competências mais relevantes para as atividades de gestão de empresas de produção artística e cultural. Nas conclusões da pesquisa, ob- servou-se que dificilmente todas as competências gerenciais identificadas são incorporadas por uma única pessoa, mas sim por aquilo que entendemos por gestão, e não o gestor de forma isolada. O objetivo de serem incorpo- radas pela gestão é possibilitar que a organização se diferencie das demais visando a um crescimento e uma permanência prolongada no mercado do qual faz parte. Fonte: CAUDURO, F. F. Competências organizacionais e gerenciais asso- ciadas à gestão de empresas de produção artística e cultural: um estudo exploratório. In: RUAS, R.; ANTONELLO, C. S.; BOFF, L. H. Os novos horizon- tes da gestão: aprendizagem organizacional e competências. Porto Alegre: Bookman, 2005, p. 151. saiba mais Pós-Universo 15 Competências Organizacionais Pós-Universo 16 As competências organizacionais estão associadas a elementos estratégicos da empresa, como: visão, missão e intenção estratégica (RUAS, 2005). Apesar de ter um foco mais amplo, as competências organizacionais estão intimamente ligadas às com- petências individuais. Pode-se dizer até mesmo que depende delas para se formarem. Nonaka (1997 apud ODERICH, 2005, p. 95) diz que “o novo conhecimento sempre inicia pelo indivíduo e é transformado em competência organizacional”. As competên- cias individuais são, portanto, “recursos constitutivos da competência organizacional” (FERNANDES; COMINI, 2008, p.2). Todavia, as competências organizacionais não são um somatório das individuais, mas fruto da combinação e articulação de seus elementos (LE BOTERF, 2003). As em- presas têm interesse em desenvolver em seus funcionários as competências que estejam em consonância com seus objetivos estratégicos: “o alinhamento entre es- tratégia e desenvolvimento das pessoas, em princípio, potencializa o desempenho organizacional” (FERNANDES; COMINI, 2008, p. 2). Isso quer dizer, caro aluno, que as competências dos indivíduos, quando incorpo- radas pela empresa, são a base para que possa haver competências organizacionais. Esse movimento é fundamental para que a empresa não perca as competências quando os trabalhadores se desligam dela. Uma vez que as competências se tornam organizacionais, essa dependência deixa de existir. Zarifian (1999, apud FLEURY; FLEURY, 2004) identifica diversas áreas de compe- tências organizacionais diretamente relacionadas à ação das pessoas, ou seja, às competências individuais. Essas áreas são descritas no Quadro 1: Pós-Universo 17 Quadro 1: Áreas de competências organizacionais diretamente relacionadas às competências individuais. Áreas de competências organizacionais Descrição Competências sobre processos Os conhecimentos sobre o processo de trabalho. Competências técnicas Conhecimentos específicos sobre o traba- lho que deve ser realizado. Competências sobre a organização Saber organizar os fluxos de trabalho. Competências de serviço Aliar a competência técnica à pergun- ta: “qual o impacto que este produto ou serviço terá sobre o consumidor?” Competências sociais Saber ser, incluindo atitudes que sustentam o comportamento das pessoas. O autor iden- tifica três domínios dessas competências: autonomia, responsabilização e comunicação. Fonte: Adaptado de Zarifan (1999, apud FLEURY; FLEURY, 2004, p. 47). Conforme percebemos nesse quadro, há diversos tipos de competências relacionadas a áreas distintas da organização ou, ainda, a tipos de atividade. É necessário ter claro que, embora distintas, elas se complementam, uma vez que competências sociais, por exemplo, devem estar presentes também em quem trabalha em um setor mais técnico ou operacional. A ideia é de que as competências organizacionais sejam apropriadas por todas as áreas e todas as pessoas da empresa (RUAS, 2005). Uma questão importante apontada por Fleury e Fleury (2004) é que as competências são os conhecimentos e habilidades em ação e, sendo assim, a mesma pessoa terá competências individuais diferentes se atuar em outro setor ou em outra empresa. Prahalad e Hamel (1990, apud FLEURY; FLEURY, 2004, p. 47) contribuem sig- nificativamente para o estudo de competências ao proporem o conceito de competências essenciais, “que seriam aquelas que obedecem a três critérios: ofe- recem mais benefícios aos consumidores, são difíceis de imitar e dão acesso a diferentes mercados”. São aquelas competências que estão de fato intimamente relacionadas aos objetivos estratégicos da empresa e que têm grande represen- tatividade no contexto organizacional. Pós-Universo 18 Ruas (2005) desenvolveu uma pesquisa em que procurou identificar as competências que as empresas estavam buscando desenvolver para alcan- çarem uma vantagem competitiva diferenciada no mercado. Os exemplos de competências organizacionais retirados das empresas pesquisadas pelo autor foram os seguintes: Tipo de empresa – Brasil Exemplos de competências organizacionais levantadas na pesquisa. Financeira (banco de varejo) Garantir atendimento massivo e rápido aos clientes. Orientar investimentos sob a forma de consultoria aos clientes investidores. Desenvolver e fortalecer a marca. Petroquímica Garantir a estabilidade e a segurança da planta. Controlar e dominar tecnologicamente os processos principais para ga- rantir uma performance superior (custo, tempo, qualidade). Empresa do ramo alimentício Operar a logística de forma a obter o menor custo, o melhor atendimento a maior flexibilidade. Oferecer relacionamento e valor agregado aos clientes (orientar-se para serviços). Operadora de te- lefonia móvel Garantir a cobertura do sinal da empresa em todas as regiões. Otimizar a segmentação de produtos e serviços, segundo a demanda do mercado. Empresa de comunicações Construir a malha de relacionamento e de negócios na comu- nidade regional. Atualizar e inovar em tecnologia de mídia. Um estudo realizado por Prahalad e Hamel (1995) destacou a competên- cia essencial da Sony - a capacidadede conceber e produzir produtos miniaturizados - como um elemento que trouxe uma diferenciação subs- tancial frente a seus concorrentes do segmento eletrônico. Com certeza, as capacidades relacionadas a essa competência estão muito mais próxi- mas das áreas de engenharia e desenvolvimento do que da área financeira. Entretanto, embora a área financeira não assuma um papel de “alavancagem” na geração da competência, tem uma participação fundamental em seu desenvolvimento através da análise de investimentos, de riscos e de viabi- lidade do empreendimento. Exemplo semelhante é o do papel da área de RH nesse processo, que tem a função de motivar as pessoas para enfren- tar esses desafios. Assim, cada área da empresa apropria as competências organizacionais de forma relativa, isto é, segundo a aderência entre, de um lado, sua missão e especificidade e, de outro, a relevância de sua participa- ção para o alcance dos objetivos estratégicos da empresa. Fonte: adaptado de Ruas (2005, p. 43). Fonte: Ruas (2005, p. 44). saiba mais Pós-Universo 19 Oderich (2005, p. 95) conceitua competência essencial como “um conjunto de habilidades e tecnologias que permite a uma empresa oferecer um determinado be- nefício aos clientes, diferente do de sua concorrência, que só são desenvolvidas como o apoio direto da empresa e com a soma de forças entre as unidades de negócio”. As competências organizacionais são, segundo Fleury e Fleury (2004, p. 47), “as competências necessárias a cada função”. Ao estudar as mudanças organizacionais e a noção de competências, Ruas (2001) destaca três dimensões desse constructo: as competências essenciais, as funcionais e as individuais. No Quadro 2 veremos essas dimensões, seus significados e abrangência: Quadro 2: Dimensões organizacional da competência Dimensões organiza- cionais da competência Noções Abrangência Essenciais São as competências que di- ferenciam a empresa perante concorrentes e clientes e constituem a razão de sua sobrevivência. Devem estar presentes em todas as áreas, grupos e pessoas da organiza- ção, embora em níveis diferenciados. Funcionais São competências específicas a cada uma das áreas vitais da empresa (vender, produzir, conceber, por exemplo). Estão presentes entre os grupos e pessoas de cada área. Individuais São as competências indi- viduais e compreendem as competências gerenciais. Apesar da dimensão in- dividual, podem exercer importante influência no desenvolvimento das competências dos grupos ou até mesmo da or- ganização. É o caso das competências gerenciais. Fonte: Ruas (2001, p. 248) Ruas (2001) destaca que nos últimos anos a noção de competência tem aparecido como uma forma de interação entre as pessoas (com seus saberes e capacidades) e as orga- nizações (e suas demandas no campo dos processos de trabalho e relacionais). De fato, conforme aponta Dutra (2001, p. 27), “de um lado temos a organização, com um conjun- to próprio de competências [...]. De outro lado temos as pessoas, com seu conjunto de competências que pode ou não estar sendo aproveitado pela empresa [...]. Organizações e pessoas, lado a lado, propiciam um processo contínuo de troca de competências”. Pós-Universo 20 “Na abordagem teórica desenvolvida por Heene e Sanchez (1997), o concei- to de competência refere-se à capacidade que uma organização tem para sustentar alocações coordenadas de recursos a fim de ajudar a empresa a atingir seus objetivos. De acordo com tal conceito, a empresa enfrenta dois tipos de decisões estratégicas: 1) a alavancagem de competências, o que significa que a empresa aloca os recursos sem que ocorram mudanças quali- tativas nos ativos, nas capacidades e na forma de coordenação dos recursos e 2) a construção de competências na qual as firmas adquirem e empregam ativos novos e diferentes em termos qualitativos, bem como capacidades e formas de coordenação de recursos. Ressalta-se que as competências que permeiam o referido modelo são encaradas como multidimensionais - dinâ- micas, sistêmicas, holísticas e cognitivas - , caracterizando a complexidade e a dinamicidade do ambiente”. Fonte: Leite e Porsse (2005, p. 62). saiba mais Pós-Universo 21 Gestão por Competências Pós-Universo 22 Antes mesmo de falarmos sobre Gestão por Competências, é necessário fazer uma pequena, mas importante, distinção entre Gestão por Competências e Gestão de Competências. Alguns autores tratam os dois termos como sinônimos, mas não se trata da mesma coisa o uso dessas duas preposições. A Gestão de Competências se dá por meio de atividades informais aplicadas pelos gestores que visam o crescimento profissional e o desenvolvimento de pessoas da organização. Essas atividades podem ser as mais variadas, como treinamentos espe- cíficos, atribuição de desafios, estímulo a leituras ou cursos, feedback, entre outras (FERNANDES, 2013). Sendo assim, podemos definir Gestão de Competências como o conjunto de ações que gestores e/ou empresas realizam com vistas ao desenvol- vimento de competências de seus profissionais. Essa ação se dá mesmo quando não há competências descritas e formalizadas” (FERNANDES, 2013). A Gestão por Competências, por sua vez, é algo muito mais sistematizado, que envolve projetos de médio e longo prazo e que estão voltados aos objetivos estra- tégicos das empresas. Rabaglio (2013, p. 12) define gestão por competências como: “ Um conjunto de ferramentas práticas, consistentes, objetivas e mensuráveis que torna possível às empresas instrumentalizar RH e Gestores para fazerem Gestão de Desenvolvimento de Pessoas com foco, critério e clareza. Isso é feito através de ferramentas mensuráveis, personalizadas e construídas com base nas atribuições dos cargos ou funções. A ideia é de que as pessoas tenham o perfil adequado ao cargo ou função em que atuam e que a empresa promova o desenvolvimento das competências necessá- rias para que cada trabalhador atinja os resultados esperados (RABAGLIO, 2013). Se o perfil dos trabalhadores é adequado ao perfil de seus cargos, certamente haverá um ganho mútuo para a empresa e a realização do profissional. Para implantar uma gestão por competências, é necessário certificar-se de que a alta direção da empresa está convicta dessa nova abordagem, pois trata-se de algo que difere consideravelmente dos sistemas de gestão tradicionais. Além disso, algumas outras questões devem ser observadas antes de implantar a gestão por competên- cias: a existência e eficiência do fluxo de informações na empresa; o relacionamento e a comunicação entre líderes e suas equipes; o tempo que os gestores têm para se dedicar às pessoas; a cultura da empresa; a disposição para realizar treinamentos (RABAGLIO, 2013); além das questões específicas de cada empresa e atividade. Pós-Universo 23 Para preparar a equipe gestora para um projeto de gestão por competências, são necessários alguns cuidados, conforme aponta Rabaglio (2013, p. 5-6): • Integração da equipe. • Nivelamento de informações sobre as etapas e ferramentas do projeto. • Conhecimento da metodologia que possibilite uma criteriosa escolha da consultoria parceira na implantação do projeto. • Construção de um cronograma de ações em parceria com a consultoria. • Apresentação do projeto para a alta direção. • Divulgação do cronograma de ações para toda a empresa. • Cumprimento do cronograma combinado com as ações de divulgação do projeto, que devem acompanha-lo, fornecendo todas as informações para o público-alvo. • Administrar as burocracias internas para a realização de todas as ações do projeto. • Acompanhamento de todas as ações realizadas pela consultoria contratada. • Dar suporte ao público-alvo em possíveis dificuldades encontradas na rea- lização das etapas do projeto. • Buscar soluções para possíveis problemas encontrados na realização das etapas do projeto. • Atuar como equipe de “coaching” do projeto com relação ao seu público-alvo.Não existe uma concepção padrão de Gestão por Competências. O que existe são práticas empresariais que usam essa abordagem em alguns aspectos de sua gestão, por exemplo: recrutamento e seleção por competências, programas de treinamento e desenvolvimento por competências, remuneração por competências, atribuição de cargos por competências, avaliação por competências e assim por diante. Pós-Universo 24 “Ao analisarmos as descrições de cargo ao longo dos anos 90, notaremos transformações essenciais. No final dos anos 80, tratava-se de descrições apenas das funções e das atividades exercidas pelas pessoas. Hoje, há uma preocupação em traduzir as expectativas de entrega desses cargos, le- vando-se em consideração uma escala crescente de complexidade, o que demonstra que as empresas começam a adequar-se à realidade, mesmo de maneira intuitiva. Assim sendo, podemos afirmar que, se atuarem de modo mais consciente, tornarão seus sistemas de gestão ainda mais eficientes”. (DUTRA, 2001, p. 29-30). fatos e dados Há empresas que se organizam de modo a realizar praticamente todos esses processos. Outras focam em apenas um ou alguns deles. É comum, inclusive, empresas que adotam o recrutamento e seleção por competências mas não a remuneração por competên- cias. Pode-se inferir que essa prática não é desejável, uma vez que se usa um critério para selecionar, mas não o mesmo critério para remunerar. Por vezes, a empresa exige conheci- mentos, habilidades e atitudes dos funcionários, mas não os remunera por suas entregas. Além disso, há diversos modelos para cada um desses aspectos, desenvolvidos por autores do tema e, também, pelas próprias empresas. O importante quando se estuda ou se quer aplicar a Gestão por Competências é o senso analítico. Verifique se o modelo faz sentido para a empresa; se seus elemen- tos estão conectados; se há contradição no modelo; se ele se aplica à sua realidade ou à de sua empresa; se é de fácil operacionalização; se ele será válido para todos os envolvidos, ou seja, para empresário e funcionários. Essas são apenas algumas su- gestões de reflexão para o início de uma boa visão analítica. E sinta-se livre, assim como muitas empresas o fazem, para adaptar os modelos existentes à sua realidade. Quem dera todos fizessem esse exercício perante as teorias administrativas! Sabe aquela antiga frase: “mas isso é só na teoria; na prática é outra história”. Sabe por que há a eterna divisão entre teoria e prática? Porque as pessoas não fazem esse exercício de análise e de adequação. É evidente que uma teoria é uma abstração, ou seja, ela fornece diretrizes gerais, aplicáveis ao máximo possível de realidades e a nenhuma a 100% ao mesmo tempo. E essa é a natureza da teoria; é assim que ela deve ser. Portanto, tomar uma teoria ou um modelo - como um dos tantos de Gestão por Competências - e assumi-lo tal e qual na sua realidade, certamente não trará os mesmos benefícios que uma análise prévia dele e a apropriada adequação traria. Pós-Universo 25 As diversas teorias administrativas são aplicáveis tal e qual a todas as organizações? reflita Estando clara a premissa da análise, apresento um dos modelos de Gestão por Competências, desenvolvido por Fernandes (2006). O autor demonstra uma me- todologia para mapear e alinhar competências e desempenho organizacionais. É importante ter clara essa relação, pois, nas empresas tradicionais e nos modelos tra- dicionais de Gestão por Competências, as ações estão voltadas ao desempenho, tendo ele como escopo final de suas atividades. O modelo de Fernandes (2006) segue os passos apresentados no Quadro 1: Quadro 1: Passos para mapear e alinhar competências e desempenho organizacionais. 1) Para identificação e desenvolvimento de competências: • Análise do negócio, intenção estratégica e fatores-chave de sucesso. • Identificação de competências organizacionais. • Identificação de recursos constitutivos das competências organizacionais. • Identificação das competências humanas e implementação de ações para seu desenvolvimento 2) Para mensuração e aperfeiçoamento do desempenho: • Definição do modelo de mensuração corporativo. • Definição do modelo de mensuração por áreas/processos. • Alinhamento dos modelos de competência e desempenho. Fonte: Fernandes (2006, p. 83). Começando pela análise do negócio, Fernandes (2006, p. 85) o define como “a arena onde a organização atua”, o que pode envolver diversas atividades além da sua princi- pal. Tendo definido qual o negócio, passa-se para a definição do seu perfil estratégico, ou seja, onde a empresa quer se destacar, qual será sua atividade principal, na qual pretende se destacar dentre as concorrentes. Pós-Universo 26 Em seguida, a identificação das competências organizacionais. O primeiro passo é identificar as competências essenciais da organização, conforme já vimos anteriormen- te neste capítulo. Após identificadas as competências essenciais, que caracterizarão as competências organizacionais, Fernandes (2006) sugere que se faça a mensura- ção do valor dessa competência, da sua sustentabilidade e da sua versatilidade. Essa análise mostrará o quão valiosos, sustentáveis e versáteis são os fatores-chave de sucesso que a empresa possui. Passa-se, então, para a etapa seguinte: a identificação dos recursos constitutivos das competências organizacionais. Essa fase consiste em analisar cada uma das com- petências organizacionais e identificar todos os recursos necessários para sua melhor operacionalização. Isso envolve um conceito amplo de recursos, como: recursos tan- gíveis, conhecimentos, habilidades, experiências, procedimentos e sistemas, valores e cultura, network, entre outros (FERNANDES, 2006). Tendo identificado os recursos constitutivos das competências organizacionais, o próximo passo é a identificação das competências humanas e a implementação de ações para seu desenvolvimento. Após identificadas as competências individuais, faz-se necessário trabalhar a gestão de pessoas a fim de estimular as entregas. As competências individuais passam, então, a incrementar as competências organiza- cionais (FERNANDES, 2006). Essas etapas fazem parte do primeiro momento estipulado pelo modelo de Fernandes (2006): a identificação e o desenvolvimento de competências. Passa-se agora para o segundo momento: a mensuração e o aperfeiçoamento do desempenho. O primeiro passo é a definição do sistema corporativo de mensuração do desem- penho. Há diversos modelos de aferição de performance, dentre eles o Tableau de Bord, modelo de Brown, prisma de performance e balance scorecard. Fernandes (2006) recomenda o uso do balance scorecard e do prisma de performance, lembrando que os modelos não precisam (e talvez nem seja desejável) ser implementados tal e qual se apresentam, mas sim, adaptados de acordo com a realidade de cada empresa. A próxima etapa é a definição do modelo de mensuração por área e/ou proces- so. Nesse momento, o modelo de Brown se aplica bem, por mostrar-se bastante útil para processos específicos. A figura a seguir ilustra esse modelo. Pós-Universo 27 INPUTS • Empregados motivados e capacitados • Pedidos dos clientes • Matéria-prima • Componentes • Capital • Satisfação de empregados • Desempenho de fornecedores • Finanças • Designs de produtos e serviços • Produção • Desempenho de serviços • Losgística de entrega • Processos/ operacionais • Segurança/ ambientais • Financeiras • Produtos • Serviços • Serviços financiados • Qualidade de produtos/ serviços • Desempenho financeiro • Clientes atendidos e satisfeitos • Satisfação de clientes • Repetição do negócio • Sobrevivência a longo prazo SISTEMAS DE PROCESSAMENTO MEDIDAS DE INPUTS MEDIDAS DE PROCESSOS MEDIDAS DE OUTPUTS MEDIDAS DE OUTCOMES OUTPUTS OUTCOMES OBJETIVOS A B DC 1 2 543 Figura 1: Modelo de macroprocesso de uma organização Fonte: Brown (1996, apud FERNANDES, 2006,p. 17). Por fim, o alinhamento dos modelos de competência e desempenho. Essa etapa consiste em verificar se, ao longo do processo, apareceram novos recursos e com- petências humanas e, assim, alinhar os modelos de competência e desempenho, considerando esses novos fatores (FERNANDES, 2006). Quando o sistema de avaliação foi todo realizado, em suas diversas etapas, chega o momento de avaliá-lo, a fim de verificar se ele traz dados relevantes e se todos os dados podem ser transformados em informações úteis para a tomada de decisão e realinhamento da empresa. De nada adianta um modelo completo e complexo que não servirá a nada em termos de subsídios para análise dos gestores. Mais uma vez, aqui cabe a análise crítica de que falamos anteriormente. atividades de estudo 1. O modelo CHA - Conhecimento, Habilidades e Atitudes - resume bem o que se com- preende como competências. A respeito do CHA, leia as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta: I. Conhecimento - é o ‘saber’, ou seja, é a busca por formação e por informações que possam ser úteis para a atividade a ser desenvolvida no trabalho. II. Habilidades - é o “saber fazer”, ou seja, a experiência e a prática daquilo que se sabe. III. Atitudes - é o “saber agir”, ou seja, o comportamento e a ação condizentes com a realidade desejada/estratégia da empresa. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas I e III estão corretas. c) Apenas II e III estão corretas. d) Nenhuma alternativa está correta. e) Todas estão corretas. 2. Há diversidade no conceito de competências, que é considerado um conceito em construção. Todavia, alguns elementos fazem parte da concepção de competências quando considerada a realidade organizacional. Nesse contexto, sobre o conceito de competência, leia as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta. I. Envolve o conhecimento, ou seja, o saber, a busca de formação e informação para a realização do trabalho. II. Deve-se considerar os objetivos estratégicos da empresa. III. Envolve habilidades, ou seja, o saber fazer, que implica a experiência e a prática do conhecimento. IV. Envolve atitudes, ou seja, o saber agir, que é o comportamento e a ação condi- zentes com a realidade desejada ou estratégica da empresa. V. Pressupõe-se responsabilidade e agregação de valor, tanto para a empresa quanto para o indivíduo. a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas I e III e IV estão corretas. c) Apenas IV e V estão corretas. d) Nenhuma alternativa está correta. e) Todas estão corretas. atividades de estudo 3. Coopers e Lybrand (1997, apud Oderich, 2005) apresentam quatro categorias de competências gerenciais: competências interacionais, competências de solução de problemas, competências de capacitação e competências de comunicação. Relacione as categorias com as capacidades a elas relacionadas, e assinale a alternativa que re- presenta a sequência correta: A. Competências interacionais. B. Competências de solução de problemas. C. Competências de capacitação. D. Competências de comunicação. 1 ( ) Capacidades interpessoais ou de liderança do gerente. 2 ( ) Capacidade do gerente se comunicar de forma eficiente e eficaz, de forma escrita, oral e nas interações interculturais. 3 ( ) Capacidades de percepção, de planejamento e organização, e a capacidade de decisão. 4 ( ) Capacidade de reconhecer a necessidade de mudança e de empreender essa mudança. a) A. B. C. D. b) A. D. B. C c) B. D. C. A. d) C. B. D. A. e) D. A. B. C. 4. Os eventos são situações específicas a serem enfrentadas, que exigem do profissional a adequação de suas atitudes, a fim de que tenha êxito e desenvolva novas compe- tências individuais (RUAS, 2005). Leia as afirmações abaixo a respeito dos eventos e assinale a alternativa correta: I. As atividades de um determinado cargo ou função podem ser tomadas como certas, sem a possibilidade de haver imprevistos. II. Ao profissional, cabe a adequação de suas atitudes aos eventos. III. A adequação do profissional aos eventos pode desenvolver nele novas compe- tências individuais. atividades de estudo a) Somente I está correta. b) Somente II e III estão corretas. c) Somente I e II estão correta. d) Somente I e III estão corretas. e) Todas estão corretas 5. As competências organizacionais são, segundo Fleury e Fleury (2004, p. 47), “as com- petências necessárias a cada função”. Considerando a relação entre competências organizacionais e competências individuais, leia as afirmações abaixo e assinale a al- ternativa correta: I. as competências organizacionais estão relacionadas às competências individuais II. as competências organizacionais são um somatório das individuais. III. a mesma pessoa terá competências individuais diferentes se atuar em outro setor ou em outra empresa. a) Somente I está correta. b) Somente II e III estão corretas. c) Somente I e II estão correta. d) Somente I e III estão corretas. e) Todas estão corretas 6. Relacione as áreas de competências organizacionais e sua descrição, e assinale a al- ternativa que representa a sequência correta. 1. Competências sobre processos 2. Competências técnicas 3. Competências sobre a organização 4. Competências de serviço 5. Competências sociais atividades de estudo ( ) Aliar a competência técnica à pergunta: “qual o impacto que este produto ou serviço terá sobre o consumidor?” ( ) Os conhecimentos sobre o processo de trabalho. ( ) Saber ser, incluindo atitudes que sustentam o comportamento das pessoas. O autor identifica três domínios dessas competências: autonomia, responsabiliza- ção e comunicação. ( ) Saber organizar os fluxos de trabalho. ( ) Conhecimentos específicos sobre o trabalho que deve ser realizado. a) 1. 2. 3. 5. 4 b) 4. 1. 5. 3. 2. c) 4. 3. 2. 1. 5. d) 5. 4. 2. 3. 1. e) 3. 2. 5. 1. 4 7. Muitas vezes os conceitos equivocados trazem certa confusão ao que se quer, de fato, realizar. Gestão de competências e Gestão por competências é um exemplo disso. A respeito desses dois conceitos, leia as afirmativas abaixo e assinale a alter- nativa correta: I. Gestão de Competências refere-se ao conjunto de ações que gestores e/ou empre- sas realizam com vistas ao desenvolvimento de competências de seus profissionais. II. Gestão por Competências é um conjunto de ferramentas práticas, consistentes, objetivas e mensuráveis que torna possível às empresas instrumentalizar RH e Gestores para fazerem Gestão de Desenvolvimento de Pessoas com foco, crité- rio e clareza. III. A Gestão por Competências é feita através de ferramentas mensuráveis, persona- lizadas e construídas com base nas atribuições dos cargos ou funções. a) Somente I está correta b) Somente I e II estão corretas c) Somente I e III estão corretas d) Somente II e III estão corretas e) Todas estão corretas atividades de estudo 8. Fernandes (2006) propõe em seu modelo de Gestão por Competências alguns passos referentes à identificação e desenvolvimento de competências e sua mensuração e aperfeiçoamento do desempenho. Relacione as ações abaixo com cada um desses passos, assinalando 1 para Identificação e desenvolvimento de competências e 2 para mensuração e aperfeiçoamento do desempenho. Na sequencia assinale a alternativa que represente a sequência correta: 1) Identificação e desenvolvimento de competências 2) Mensuração e aperfeiçoamento do desempenho ( ) Análise do negócio, intenção estratégica e fatores-chave de sucesso. ( ) Identificação de competências organizacionais. ( ) Definição do modelo de mensuração corporativo ( ) Definição do modelo de mensuração por áreas/processos. ( ) Identificação de recursos constitutivos das competências organizacionais. ( ) Alinhamento dos modelos de competência e desempenho. ( ) Identificação das competências humanas e implementação de ações para seu desenvolvimento a) 2. 2. 1. 1. 2. 1. 2. b) 1. 1. 2. 2. 1. 2. 1. c) 1.2. 2. 1. 1. 2. 1. d) 1. 1. 1. 2. 2. 2. 1. e) 2. 2. 1. 2. 1. 1. 2. resumo Aos conceitos relacionados a competências nas organizações, alguns elementos são recorrentes: conhecimento, habilidades, atitudes, foco no objetivo estratégico das empresas, responsabilida- de, agregação de valor para a empresa e para o indivíduo. O modelo CHA - conhecimento, habilidades e atitudes refere-se ao saber, ao saber fazer e ao saber agir, sempre em conformidade com as estratégias empresariais. O enfoque em competências pode ser dado ao indivíduo, à atividade a ser desenvolvida ou a uma combinação de ambos. O modelo CHA (Competências, Habilidades e Atitudes) se aplica às competências dos indivíduos. A compe- tência é individual e social ao mesmo tempo (LE BOTERF, 2003). Os eventos são situações específicas a serem enfrentadas, que exige do profissional a adequação de suas atitudes, a fim de que tenha êxito e desenvolva novas competências individuais (RUAS, 2005). As competências gerenciais referem-se às competências das pessoas que exercem algum tipo de liderança na empresa. As competências organizacionais estão associadas a elementos estratégicos da empresa, como: visão, missão e intenção estratégica (RUAS, 2005). As competên- cias organizacionais estão relacionadas às competências individuais. Competências essenciais são aquelas competências que estão de fato intimamente relacionadas aos objetivos estratégi- cos da empresa e que têm grande representatividade no contexto organizacional. Gestão por Competências e Gestão de Competências possuem conceitos distintos. A Gestão por Competências pressupõe preparação da equipe gestora. A Gestão por Competências envolve uma série de ações. É importante salientar, todavia, que nem todas serão aplicadas em todas as empresas. Há diversos modelos de Gestão por Competências e é necessário desenvolver uma visão crítica para adequá-los à realidade específica da empresa em questão. O modelo de Gestão por Competências de Fernandes (2006) envolve duas principais etapas: a identificação e desenvolvimento das competências e a mensuração e aperfeiçoamento do de- sempenho. Há sempre a necessidade de se avaliar o modelo utilizado. referências Na Web Você pode encontrar maiores detalhes da operacionalização do balance scorecard no e-book de Prado (2002), intitulado: Guia Balance Scorecard, disponível em: https://www.uop.edu.jo/Repository/41/Livro%20Balanced%20Scorecard.pdf O autor apresenta a origem, os conceitos envolvidos, os objetivos, a implantação e opera- cionalização do balance scorecard e suas diversas aplicações. Conclui com um glossário que explica os termos específicos desse modelo. https://www.uop.edu.jo/Repository/41/Livro%20Balanced%20Scorecard.pdf referências BECKER, B.; HUSELID, M.; ULRICH, D. The HR Scorecard: linking people, strategy and performan- ce. Boston: Harvard Business School Press, 2001. BITENCOURT, C. C. Gestão de competências e aprendizagem nas organizações. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2005. CAPANO, G.; STEFFEN, I. A evolução dos modelos de gestão por competências nas empresas. B. Téc. Senac: a R. Educ. 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