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GESTÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO E DE CARTEIRAS DE INVESTIMENTO DAS ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR Professor: Dr. Marcelo de Jesus D. Perossi Diretoria Executiva Pedagógica Janes Fidelis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Projetos Educacionais Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Designer Educacional Rossana Costa Giani Editoração Flávia Thaís Pedroso DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; PEROSSI, Marcelo de Jesus D. Fundos de Investimentos e Previdência Complementar. Marcelo de Jesus D. Perossi. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 49 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Fundo de Investimento 2. Previdência 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 330 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 04 sumário 06| O DEBATE SOBRE GESTÃO ATIVA VERSUS GESTÃO PASSIVA DE FUNDOS 12| REVISÃO DA LITERATURA SOBRE GESTÃO ATIVA E GESTÃO PASSIVA 18| PRINCIPAIS ASPECTOS RELACIONADOS À GESTÃO ATIVA E PASSIVA DE RENDA FIXA 30| PRINCIPAIS ASPECTOS RELACIONADOS À GESTÃO ATIVA E PASSIVA DE RENDA VARIÁVEL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Relacionar a Hipótese de Mercado Eficiente – HME com a decisão sobre gestão ativa ou passiva de carteira. • Discutir os argumentos que suportam o debate entre gestão ativa ou gestão passiva de carteiras. • Apresentar a revisão da literatura sobre gestão ativa e passiva de carteiras. • Apresentar os principais aspectos relacionados à gestão ativa e passiva de renda fixa. • Mostrar os principais aspectos relacionados à gestão ativa e passiva de renda variável. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O debate sobre gestão ativa versus gestão passiva de fundos • Revisão da literatura sobre gestão ativa e gestão passiva • Principais aspectos relacionados à gestão ativa e passiva de renda fixa • Principais aspectos relacionados à gestão ativa e passiva de renda variável GESTÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO E DE CARTEIRAS DE INVESTIMENTO DAS ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR INTRODUÇÃO introdução Caro(a) aluno(a), Nesta unidade, discutiremos os argumentos favoráveis e desfavoráveis a respeito da gestão ativa de fundos de investimento e apresentaremos os principais aspectos relacionados à gestão ativa e passiva de fundos de renda fixa e fundos de renda variável. Desde o artigo seminal de Jensen (1968), a performance de gestores de carteiras de investimento é uma questão controversa debatida na literatura financeira. A discussão que se faz é: gestores de carteiras de investimento com gestão ativa apresentam performance persistente superior à gestão passiva? Diversas pesquisas testaram empiricamente a existência de persistência de performance superior na gestão ativa em relação à gestão passiva. Porém, foram encontrados resultados divergentes nos estudos realizados, não se formando, ainda, um consenso em torno do tema. Se, por um lado, muitos autores demonstram que, na média, os fundos que utilizam estratégias de gestão ativa não conseguem obter performance superior à obtida pelos fundos de gestão passiva, por outro lado, artigos recentes mostram que alguns gestores de fundos ativos apresentam habilidades de seleção de ativos. Inúmeros autores, dentre eles, Jensen (1968) e Carhart (1997), não encontraram, em suas pesquisas, evidências da existência de desempenho superior causado pela gestão ativa de fundos. Contudo, trabalhos como os de Avramov e Wermers (2006) e Kosowski et al. (2006) apontam a existência de performance superior de fundos com gestão ativa. Mas, mesmo entre os fundos que superam o seu benchmark, cabe uma indagação: a performance do fundo resultou da habilidade de seleção de ativos do gestor ou ele apenas teve sorte? Responder a questões como essa é o que faremos ao longo dessa unidade. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 6 O DEBATE SOBRE GESTÃO ATIVA VERSUS GESTÃO PASSIVA DE FUNDOS Pós-Universo 7 Tendo em vista que a escolha entre uma estratégia ativa ou passiva para a gestão da carteira de um fundo de investimento depende da aceitação ou rejeição da hipótese de mercados eficientes – HME, antes iniciarmos essa discussão, precisamos, primeiro, compreender essa hipótese, além de entender o que defendem aqueles que a contestam. De acordo com o Relatório ANBIMA de Junho de 2014 de Fundos de Investimento Consolidado Por Tipo da Indústria, o patrimônio líquido dos de Ações Ibovespa com Gestão Ativa é de R$ 16,30 bilhões contra R$ 1,71 bilhões dos Fundos Ibovespa com gestão passiva. Fonte: ANBIMA. Disponível em <http://portal.anbima.com.br/informacoes- tecnicas/estatisticas/ind-de-fundos/Pages/default.aspx> fatos e dados A Hipótese de Mercados Eficientes e as Finanças Comportamentais A hipótese do mercado eficiente (HME) surgiu entre o final da década de 1960 e início da década de 1970 e se fundamenta na suposição de que o preço de um ativo revela o consenso de mercado em relação ao seu valor. Para Fama (1970), o mercado eficiente é aquele em que os investidores podem selecionar ativos, assumindo que os preços desses ativos sempre irão refletir plenamente todas as informações disponíveis relevantes. Um mercado eficiente pressupõe que todos os participantes do mercado: • Possuem condições iguais de acesso a todas as informações que afetam o preço de um ativo. • Tomam decisões racionais. • Têm conhecimento técnico suficiente para avaliar corretamente as informações. • Têm expectativas homogêneas. • Ajustam, simultaneamente, suas estimativas às novas informações. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 8 O modelo sugerido por Roberts (1967) e estruturado por Fama (1970, 1991) propõe três formas de eficiência dos mercados baseadas na classificação do tipo de conjunto de informações disponíveis aos investidores. São elas: eficiência de forma fraca, semiforte e forte. Fama (1970) sustenta que o mercado apresenta eficiência de forma fraca, quando os preços dos ativos refletem o conjunto de informações passadas desses ativos. Fama (1991) afirma que, em um mercado com eficiência na forma fraca, não se pode obter retornos anormais por meio de análise histórica dos preços. Por outro lado, um mercado eficiente na forma semiforte, de acordo com Fama (1970), envolve todas as informações publicamente disponíveis sobre os ativos. Em um mercado que apresenta eficiência semiforte, nenhum investidor consegue obter retornos anormais (FAMA, 1991). Por fim, de acordo com Fama (1991), eficiência de mercado na forma forte compreende todas as informações sobre um ativo, isto é, além de todas as informações publicamente disponíveis, as informações de conhecimento restrito, ou seja, privadas e confidenciais desse ativo. Para Fama (1991), em um mercado perfeitamente eficiente, tanto na forma fraca quanto semiforte e forte, não é possível obter retornos anormais, seja qual for a natureza da informação, pois o seu reflexo sobre o nível de preços dos ativos ou já estaria previsto pelo mercado ou ocorreria de forma tão rápida queinviabilizaria ganhos ou perdas anormais para qualquer investidor. Embora inúmeros trabalhos apresentem evidências favoráveis à HME, diversos autores encontram em suas pesquisas aspectos desfavoráveis à HME, apontando que seria possível obter retornos anormais com base nas informações sobre os ativos. Nesse contexto de contestação à HME é que surge uma ramificação das finanças modernas, conhecida como Finanças Comportamentais. As Finanças Comportamentais (Behavior Finance) propõem uma visão alternativa à HME, incorporando conceitos de outras áreas do conhecimento, como a psicologia, à Moderna Teoria de Finanças. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 9 Em 1970, Eugene Fama publicou um artigo caracterizando um mercado eficiente como aquele cujos preços sempre refletem integralmente as informações disponíveis, propondo três formas de eficiência. Para conhecer mais sobre a Hipótese de Mercado Eficiente, leia: FAMA, E. Eficient markets: a review of theory and empirical work. Journal of Finance, v. 25, no. 2, p. 383-417, May. 1970. saiba mais Enquanto a HME assume que os investidores sempre são racionais e tomam decisões buscando maximizar a sua satisfação, ou seja, a utilidade esperada, as Finanças Comportamentais defendem que os investidores não são plenamente racionais em suas decisões de investimento e seriam influenciados também por fatores comportamentais. A discussão sobre aceitação ou rejeição da HME é controversa e, como veremos a seguir, interfere diretamente na decisão sobre adotar uma estratégia de gestão ativa ou passiva em um fundo de investimento. Gestão Ativa Versus Gestão Passiva de Fundos A decisão de adotar uma estratégia ativa ou passiva para a gestão da carteira de um fundo de investimento vai depender da aceitação ou rejeição da hipótese do mercado eficiente – HME. Ao aceitá-la, reconhece-se que não seria possível obter retornos anormais a partir da seleção e alocação em ativos mal precificados, já que, em situação de equilíbrio de mercado, as carteiras eficientes são compostas apenas por diferentes combinações entre o ativo livre de risco e a carteira de mercado. Por outro lado, a rejeição da HME indica que se acredita que os mercados são ineficientes, havendo, portanto, ativos mal precificados e sendo possível obter retornos superiores aos obtidos pela carteira de mercado. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 10 A gestão passiva de uma carteira de investimento, com base no CAPM, pressupõe que todos os ativos, a qualquer momento, são negociados pelo consenso de mercado sobre o valor desse ativo. O gestor de um fundo de investimento que adota uma estratégia de gestão passiva busca obter índices de desempenho semelhantes àqueles proporcionados pelos respectivos benchmarks, procurando reproduzir a sua variação, investindo em ativos para replicar desempenho ajustado ao risco do índice de referência. A gestão ativa, por outro lado, defende que, mesmo aceitando-se a validade do CAPM, existiriam momentos em que os ativos não estariam bem precificados. “Os investidores devem ser céticos com relação a modelos baseados na história. Usando termos esotéricos como beta, gama, sigma e similares, esses modelos tendem a parecer impressionantes. Mas muitas vezes, os investidores se esquecem de examinar os pressupostos por trás dos símbolos. Nosso conselho: Desconfie de geeks produzindo fórmulas” – do megainvestidor Warren Buffet, em carta de 2008 encaminhada aos acionistas da Berkshire Hathaway, companhia de investimentos da qual é presidente e principal acionista. reflita Dessa forma, a gestão ativa tem como objetivo produzir estimativas diferentes daquelas de consenso de mercado e, a partir dessas estimativas, selecionar ativos ou carteiras de ativos que proporcionem, consistentemente ao longo do tempo, performances superiores ao benchmark e às carteiras com estratégia de gestão passiva. O desempenho de carteiras e a habilidade de gestores de fundos de investimento têm sido objeto de pesquisa de inúmeros trabalhos empíricos, desde os anos 1960, inicialmente, na literatura financeira internacional e, mais recentemente, na literatura nacional. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 11 O estudo seminal de Jensen (1968) iniciou um debate controverso na literatura financeira sobre gestão ativa versus gestão passiva de carteiras de investimento e sobre contribuição da habilidade do gestor na performance da carteira. Para Jensen (1968), um problema central na administração de carteiras de investimento seria a avaliação de sua performance, que, por sua vez, exige duas habilidades distintas do gestor: habilidade para prever os preços futuros dos ativos e habilidade para selecionar ativos. Para testar a existência de habilidade de seleção de ativos de um gestor, Jensen (1968) derivou uma medida de risco ajustado de desempenho da carteira, o alfa de Jensen, que estima o quanto a habilidade de previsão do gestor contribui para o retorno do fundo. O indicador de performance desenvolvido por Jensen (1968) foi aplicado para estimar a capacidade preditiva de 115 gestores de fundos mútuos, no período de 1945 a 1964, ou seja, procura mensurar a capacidade dos gestores para obter retornos mais elevados do que o que seria esperado, dado o nível de risco de cada uma das carteiras. Ao testar a existência de habilidade dos gestores de fundos para selecionar ativos, Jensen (1968) concluiu que não só os fundos analisados, na média, não conseguiram prever suficientemente bem o preço das ações para superar uma estratégia passiva, como também existiam poucas evidências que um fundo consiga obter um desempenho diferenciado. Posteriormente ao trabalho de Jensen (1968), surgiram inúmeros trabalhos analisando e comparando a performance dos fundos de investimento com gestão ativa e com gestão passiva. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 12 REVISÃO DA LITERATURA SOBRE GESTÃO ATIVA E GESTÃO PASSIVA Pós-Universo 13 Nesta aula, você será apresentado ao debate acadêmico sobre gestão ativa ou gestão passiva de fundos de investimento. Qual a melhor opção? Como você verá a seguir, diferentes autores apresentam pontos de vistas divergentes sobre essa questão, não havendo, até o momento, um consenso sobre o tema. O debate sobre a superioridade ou não da gestão ativa sobre a gestão passiva iniciado por Jensen (1968) foi intensificado nas décadas seguintes e a discussão ocorre até os dias atuais. Nas décadas de 1980 e 1990, diversos autores desenvolveram estudos sobre a persistência de performance dos gestores que utilizam estratégias de gestão ativa. Também analisaram um fator que pode impactar o desempenho dos fundos de investimento: o viés de sobrevivência. O viés de sobrevivência ocorre na hipótese de um gestor encerrar os fundos com gestão ativa que apresentarem performance desfavorável, mantendo-se apenas aqueles que apresentaram bom desempenho, o que pode levar a uma superestimação da sua performance. Mas será que os resultados encontrados pelos autores que analisaram os efeitos do viés de sobrevivência sobre a performance dos fundos foram confirmados pelos estudos realizados? A seguir, vamos apresentar alguns dos principais trabalhos apresentados nas últimas décadas. Grinblatt e Titman (1989a) indicam que o efeito do viés de sobrevivência é relativamente pequeno, concluindo que as análises que excluem os fundos não sobreviventes, superestimam os resultados percebidos pelos investidores de fundos mútuos. Você pode se perguntar, também, o que exatamente os autores que analisaram as performances dos fundos avaliaram e quais os resultados encontradosnas pesquisas mais relevantes. Vamos, então, ver o que encontraram em seus trabalhos Brown e Goetzmann (1995), Malkiel (1995) e Carhart (1997). A fim de verificar a persistência de performance dos fundos mútuos de ações nos EUA, Brown e Goetzmann (1995) classificaram os fundos como vencedores, quando os retornos eram maiores ou iguais à mediana de retornos de todos os fundos em um determinado ano, e perdedores, quando os retornos eram inferiores à mediana de retornos de todos os fundos no mesmo período. A análise abrangeu o período de 1976 a 1988, dos resultados de todos os fundos de ações com mais de um ano de existência, para que o estudo não sofresse o efeito do viés de sobrevivência. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 14 Brown e Goetzmann (1995) encontraram persistência significativamente positiva em períodos de sete anos e negativa em períodos de dois anos, de um total de doze anos. Concluíram, também, que são fracas as evidências de que informações históricas podem ser usadas para se obter resultados melhores do que o benchmark no futuro, e os resultados dependem do período analisado. Por fim, os autores observam que existe forte correlação entre os resultados obtidos pelos gestores de fundos, sugerindo a necessidade de estudos sobre as suas estratégias. O estudo apontou, ainda, que desempenho, além de tamanho, tempo de existência e custos, é fator relevantes para a sobrevivência de um fundo. Malkiel (1995) realizou estudo sobre o retorno de todos os fundos mútuos de ações americanos existentes de 1971 a 1991, de forma a examinar a persistência de performance no período e o impacto da existência de viés de sobrevivência no resultado dos fundos. O estudo, efetuado com dados anuais, teve como base o CAPM, utilizando a expressão a seguir, adotando o índice Standard and Poor’s 500 (S&P 500) como benchmark e a taxa do treasury bill de três meses como taxa livre de risco. Dessa forma, alfas de Jensen positivos significavam performance positiva ajustada ao risco. O autor concluiu que o estudo não foi capaz de mostrar que o investidor pode, consistentemente, obter retornos superiores ao longo de vários períodos de tempo. Foram encontradas evidências, embora não muito robustas, de que houve persistência de performance nos anos 70, enquanto que, nos anos 80, não foi possível estabelecê- la, principalmente no final da década. O estudo também indicou que os fundos tiveram, em geral, performance abaixo de seu benchmark e que seria melhor para o investidor alocar seus recursos em fundo indexado com baixas tarifas do que optar por gestores ativos. Em 1996, Elton, Gruber e Blake examinaram a persistência de performance para fundos mútuos de ações no mercado americano usando uma amostra de 188 fundos, livre do viés de sobrevivência no período de 1977 a 1993. Os resultados da pesquisa indicaram que há persistência de performance dos fundos. Fonte: ELTON, E. J.; GRUBER, M. J.; BLAKE, C. R. The persistence of risk-adjusted mutual fund performance. Journal of Business, v.69, no.2, p. 133-157, Apr. 1996. fatos e dados Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 15 Usando uma amostra livre de viés de sobrevivência, Carhart (1997) demonstra que fatores comuns aos retornos das ações em despesas de investimento explicam quase completamente a persistência do retorno de fundos mútuos de ações ajustado pelo risco. Para a pesquisa, o autor empregou dois modelos de mensuração de performance: o CAPM e o modelo de quatro fatores desenvolvido por ele mesmo e analisou uma amostra de 1892 fundos de ações americanos de diversas categorias, existentes no período de 1962 a 1993 e livres do viés de sobrevivência. Para Carhart (1997), os fundos que obtiveram retornos substanciais em um ano não necessariamente conseguem repetir essas performances nos anos seguintes. O sucesso da estratégia vencedora estaria no fato de o gestor deter posições relativamente grandes de ações com boa performance e que os ganhos obtidos são consumidos por custos de transação e despesas. Os resultados da pesquisa de Carhart (1997) mostram que a persistência de performance nos fundos mútuos não reflete uma habilidade superior do gestor para selecionar ativos, ou seja, não há evidências da existência de retornos anormais proporcionados por uma gestão ativa. Para maximizar o retorno do investidor, Carhart (1997) recomenda evitar fundos com performances persistentemente negativas, fundos com altos retornos no ano anterior têm expectativas de retorno acima da média para o ano seguinte, mas não nos anos subsequentes, e os custos do investimento, os custos de transação e as taxas de carregamento têm impactos diretos e negativos na performance. Se, por um lado, muitos autores demonstram que, na média, os fundos que utilizam estratégias de gestão ativa não conseguem obter performance superior à obtida pelos fundos de gestão passiva, por outro lado, artigos recentes mostram que alguns gestores de fundos ativos apresentam habilidades de seleção de ativos. Avramov e Wermers (2006) ilustraram os benefícios de uma gestão ativa sob uma perspectiva bayesiana, enquanto Kosowski et al. (2006) usaram uma técnica bootstrap para documentar a performance superior de alguns fundos. Barras, Scaillet e Wermers (2008) apresentam uma nova abordagem sobre a performance de fundos de investimentos. Os autores desenvolveram um modelo para mensurar a fração de gestores de fundos mútuos que apresentaram desempenho superior por mera sorte, em um universo de 2076 fundos mútuos domésticos norte- americanos, no período de 1975 a 2006. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 16 Embora um grande número de pesquisas tenha se dedicado a estudar a questão da gestão ativa de fundos de investimento, a grande maioria dos trabalhos se dedica ao mercado norte-americano de fundos mútuos de ações. No Brasil, como a questão da performance de fundos é tratada? Existem estudos brasileiros sobre gestão ativa ou passiva de carteiras? No Brasil, as pesquisas empíricas sobre gestão ativa de fundos de investimento são relativamente recentes e, assim como na literatura internacional, também apresentam resultados divergentes sobre a superioridade ou não das estratégias de gestão ativa sobre a gestão passiva. As pesquisas brasileiras concentram-se na verificação da existência de persistência de performance superior na gestão ativa e, geralmente, adotam o CAPM como modelo teórico. Também foram encontrados trabalhos brasileiros que tratam da questão do market timing e, ainda, outros que tratam do tema viés de sobrevivência de fundos. As primeiras pesquisas realizadas no Brasil sobre persistência de performance de fundos de investimento começaram a surgir a partir dos anos 1970 e 1980. Assim como na literatura internacional, os resultados das pesquisas brasileiras divergem em relação à performance superior de fundos com gestão ativa. Segundo Sanvicente e França (1989), as primeiras tentativas importantes de mensuração de desempenho de fundos de investimento no Brasil foram feitas por Vital (1973), Contador (1975) e Brito e Neves (1984). Assim como nas décadas de 1970 e 1980, você também não encontra muitos trabalhos sobre o tema no Brasil durante a década de 1990. Savoia (1991), estudando a performance de fundos de curto prazo, identificou que todos os fundos analisados apresentaram retornos inferiores à taxa livre de risco e que apenas um fundo apresentou capacidade de timing. A partir dos anos 2000, você começa a observar que mais autores brasileiros dedicam-se ao estudo da performance dos fundos de investimento. Varga (2001) mostrou as dificuldades da aplicação dos principais indicadores de desempenho nos fundos de investimento brasileiro. O autor concluiu que o principal problema da aplicação desses indicadores vem da dificuldadede estimar corretamente seus parâmetros. Outro problema apontado pelo autor diz respeito às estratégias e ao próprio gestor do fundo, que podem mudar ao longo do tempo, invalidando as análises que são baseadas em situações estáticas. Pós-Universo 17 Varga e Leal (2006) reuniram diversos trabalhos que tratam de avaliação de performance dos fundos de investimento no Brasil. Varga (2006b) examinou a performance de curto prazo dos fundos de ações brasileiros com gestão ativa. O trabalho investiga a existência de persistência positiva ou negativa de performance, o impacto do viés de sobrevivência e da taxa de administração. O autor encontra evidências da existência de persistência negativa na performance e impacto estatisticamente significativo do viés de sobrevivência sobre a performance. Varga (2006a) apresentou alguns dos principais indicadores para a mensuração de avaliação da performance de fundos de investimento. O autor conclui que indicadores não foram criados para avaliar o gestor, e sim para definir a carteira adequada para cada investidor. Concluiu, também, que alguns indicadores ajudam a eliminar gestores que apresentam bons resultados por mera sorte ou risco assumido. Franz e Figueiredo (2006) buscaram testar empiricamente a habilidade de marketing timing dos gestores de fundos de ações no Brasil. Os resultados encontrados não permitiram concluir positivamente pela existência de tal habilidade. Oda (2006) estudou a persistência de performance dos fundos de ações brasileiros, procurando identificar a existência de associação entre o desempenho de um fundo em dois períodos consecutivos. Os resultados da pesquisa confirmaram a persistência de performance, entretanto, o autor verificou a existência de habilidade de timing. Em seu trabalho que comparou a performance de fundos com gestão ativa e fundos com gestão passiva, Eid Jr e Rochman (2006) concluíram que gestão ativa adiciona valor aos investidores de fundos de ações e multimercados. Portanto, como podemos observar, o debate entre gestão ativa e passiva encontra- se em aberto, sem que haja, até o momento, um consenso sobre o tema. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 18 PRINCIPAIS ASPECTOS RELACIONADOS À GESTÃO ATIVA E PASSIVA DE RENDA FIXA Pós-Universo 19 Os gestores de fundos de investimento de renda fixa têm como objetivo reproduzir as variações das taxas de juros do mercado doméstico e dos índices de preço, investindo em títulos de renda fixa, públicos ou privados, prefixados, pós-fixados ou com taxas flutuantes. Mas como diferenciar um ativo de renda fixa de outro de renda variável? Vejamos algumas alternativas de ativos disponíveis na economia e vamos tentar classificá-los adequadamente: 1. CDB Prefixado. 2. LFT – Letra Financeira do Tesouro (título público federal pós-fixado, indexado à taxa SELIC). 3. Debênture não conversível em ações com rendimento atrelado à variação do IPCA + 6% ao ano. 4. Ações ON da Vale. 5. ADR da Petrobras. Os ADR´s - American Depositary Receipts (ADR’s) representam certificados de ações de empresas não sediadas nos Estados Unidos. Os ADR´s são emitidos por um banco depositário norte-americano, sendo as ações que lastreiam a emissão mantidas em um banco custodiante no país de origem da companhia emissora. atenção Dos ativos relacionados acima, quais podem ser classificados com renda fixa e quais podem ser considerados de renda variável? Resposta: O CDB prefixado, a LFT e a Debênture não conversível com rendimento atrelado à variação do IPCA + 6% ao ano, são exemplos de ativos de renda fixa, enquanto as ações ON da Vale e a ADR da Petrobras são ativos de renda variável. O primeiro impulso de um iniciante em finanças é pensar que um ativo de renda fixa está associado ao fato de se conhecer previamente quanto será o valor financeiro da aplicação no seu vencimento. Laura IMPORTANTE Pós-Universo 20 Mas por que um título pós-fixado, cujo valor financeiro no vencimento é desconhecido, é classificado como renda fixa? Resposta: porque o que determina se um ativo é de renda fixa não é, necessariamente, saber o valor financeiro no seu vencimento, e sim o fato de se conhecer os parâmetros de remuneração do ativo, seja ele prefixado ou pós-fixado. Assim, ao adquirir uma LFT, cuja remuneração esperada, caso permaneça com ativo até o vencimento, seja de, por exemplo, 100% da variação da taxa SELIC no período, mesmo não sabendo quanto será essa variação, a remuneração do ativo já foi definida no momento da sua aquisição. Diferentemente ocorre nos ativos de renda variável, como as ações ON da Vale ou ADR da Petrobras, que não possuem uma remuneração definida, já que essa remuneração será representada pela variação entre os preços de mercado no momento da aquisição e na venda do ativo. Os ativos que compõem os fundos de renda fixa têm seus rendimentos conhecidos no momento da operação, ou seja, seus ganhos são pré-estabelecidos. No vencimento, há o retorno do principal acrescido do rendimento da operação. Em geral, os títulos de renda fixa, caracterizam-se por devolver o principal investido, no vencimento da operação, pagando juros durante a existência do título. Alguns títulos de renda fixa são negociados com deságio, de forma a devolver rendimento para o investidor, sendo que, nesse caso, os juros estão implícitos e são refletidos no deságio da operação. Os títulos de renda fixa podem ser remunerados por taxa prefixada, pós-fixada ou taxa flutuante. Um título de renda fixa é dito prefixado quando a taxa de juros é conhecida no momento da operação. Dizemos que um título de renda fixa é pós-fixado quando o indexador é conhecido, assim como o seu cupom (juros acima desse indexador, quando houver). Dessa forma, o indexador e os juros (adicionais ao indexador) são conhecidos no momento da operação, embora não se saiba previamente qual será o comportamento desse indexador. Títulos com taxas flutuantes são aqueles cujas taxas são repactuadas periodicamente, como a taxa CDI e a Selic. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 21 Componentes do Preço de um Título de Renda Fixa Os títulos de renda fixa têm diferentes características, podendo ser indexados a índices de preços, à Selic ou prefixados. Além disso, podem fazer pagamentos de juros periódicos (cupons semestrais) ou pagar os juros apenas no vencimento do título (títulos bullet). Cupom de juros Preço de mercado Prazo de vencimento Valor de Face Em que: • O valor de face ou valor nominal do título é valor que o investidor receberá no vencimento do título e sobre o qual incide juros. • O cupom de juros corresponde ao valor periódico de juros pago ao investidor durante a vigência do título. A taxa do cupom multiplicada pelo valor de face fornece o valor em dinheiro. • O preço de mercado (PU): é o preço que o título está sendo negociado. É o valor presente dos fluxos de caixa futuros, descontadas as taxas de juros do mercado. • O prazo de vencimento ou maturidade é a data de resgate do título. A Yield To Maturity - YTM representa a Taxa Interna de Retorno - TIR do título, relacionando todos os fluxos de caixa futuros com o preço de mercado, ou seja, é a taxa de rendimento efetiva de um título de renda fixa, considerando-se que esse será mantido em carteira até seu vencimento. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 22 Para se determinar a YTM de um título, considera-se o preço de mercado do título e os fluxos de caixa futuros que esse título vai proporcionar. A função que determina o preço de um título de renda fixa é: P0 = C1 + C2 + C3 +...+ Cn + F (1+YTM) (1+YTM) (1+YTM) (1+YTM) (1+YTM) 32n n Em que: P0 = Preço de mercado do título. C1,…, Cn = juros referentes aos cuponsde cada período. F = valor de face do título. n = prazo de vencimento. Vamos ver, agora, um exemplo de como se calcula o preço de um título de renda fixa. Exemplo 1: Seja um título de renda fixa com vencimento em 2 anos, valor de face de R$ 1.000,00 e pagamento anual de juros de 10% ao ano. Se esse título for negociado a 12%, qual o preço de mercado do título? Resposta: O valor de mercado do título é obtido encontrando-se o valor presente do seu fluxo de caixa. O valor periódico dos juros incide sobre o valor de face. Sabendo- se que o valor de face é R$ 1.000,00 e o título paga juros anuais de 10% ao ano, os juros pagos anualmente são R$ 100,00. Para encontrar o preço de mercado do título, basta aplicar a função descrita acima. Assim, temos: Pós-Universo 23 Estratégias de Gestão Passiva de Renda Fixa Os investidores que rejeitam a HME e, portanto, não acreditam ser possível obter ganhos acima do benchmark têm a sua disposição os fundos de investimento com gestão passiva. Os fundos de renda fixa com gestão passiva são aqueles que buscam replicar, direta ou indiretamente, o comportamento de algum benchmark de renda fixa. Atualmente, o principal benchmark de renda fixa utilizado pelos investidores e gestores de renda fixa ainda é o CDI. Contudo, nos últimos anos, vem aumentando o número de fundos com gestão passiva que adotam outros índices de referência, notadamente o Índice de Mercado ANBIMA e seus subíndices. Uma alternativa para a implementação da gestão passiva para um fundo de renda fixa é a indexação da carteira. Contudo, dado que nem sempre é possível replicar o índice de referência, na maioria das vezes, os gestores que adotam a gestão passiva buscam manter aderência ao índice, adquirindo títulos com fatores de risco próximos aos do benchmark. Os fundos de investimento que utilizam estratégia de gestão passiva são classificados pela ANBIMA como Fundos Referenciados. Estratégias de Gestão Ativa de Renda Fixa Gestores de renda fixa que adotam a gestão ativa têm como objetivo superar o benchmark estabelecido para o fundo. A gestão ativa será adotada quando a Hipótese de Mercado Eficiente - HME for rejeitada atenção Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 24 Para alcançar esse objetivo, os gestores têm uma ampla variedade de estratégias que podem ser implementadas e podem ser agrupadas em: • Alocação em Crédito Privado. • Gestão da Duration. • Gestão da Curva de Juros. Alocação em Crédito Privado Por terem como emissor o Tesouro Nacional, os títulos públicos federais são considerados os investimentos com menor risco de inadimplência disponível aos investidores. Sendo o Tesouro Nacional o emissor com menor risco, podemos pressupor que as taxas para os títulos de dívida privada terão como referência a taxa paga pelos títulos públicos federais e serão praticadas com um spread sobre ela. De acordo com o Boletim Anbima de março/2014, em janeiro de 2014 os créditos privados representavam aproximadamente 25,30% dos ativos nos fundos de investimento. Fonte: ANBIMA. Disponível em: <http://portal.anbima.com.br/informacoes- tecnicas/boletins/fundos-de-investimento/Documents/BoletimFI_201403. pdf> fatos e dados Dessa forma, dado que os principais benchmarks de renda fixa têm como referência as taxas dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, o gestor de renda fixa pode adotar como estratégia a alocação em títulos de crédito privado como forma de superar o índice de referência. Laura IMPORTANTE Pós-Universo 25 Gestão da Duration As estratégias de duration são amplamente utilizadas pelos gestores de renda fixa. A duration (duração) tem dois significados e utilizações: • a duração é o prazo médio ponderado dos fluxos de caixa de um título ou carteira de renda fixa. • a duração é utilizada para calcular a sensibilidade do preço de um título de renda fixa em função das alterações na taxa de juros. Duration Como Prazo Médio Para se calcular a duração de um título ou carteira de renda fixa, deve-se calcular a duração de cada fluxo de caixa e fazer a média das durações ponderadas pelo preço de mercado de cada um. O cálculo da duration é dado pela seguinte fórmula: Em que: D = Duration FCt = fluxo de caixa no momento t (rendimentos + valor de face) t = tempo até quando o fluxo de caixa ocorre n = tempo até o vencimento do título YTM = yield to maturity P0 = preço de mercado do título A duration é o prazo médio ponderado de um título ou de uma carteira de renda fixa. As principais propriedades da duration são: • Quanto maior o prazo de vencimento, maior a duração. • Quanto maior o YTM menor é a duração. • Quanto maior o cupom menor é a duração. • Para um título que não pague cupom de juros, a duration é igual ao prazo de vencimento do título ou da carteira. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 26 Um exemplo numérico vai ajudá-lo a atender melhor o conceito. Vamos utilizar os dados do Exemplo 1 para calcular a sua duration. Exemplo 2: Seja um título de renda fixa com vencimento em 2 anos, valor de face de R$ 1.000,00 e pagamento anual de juros de 10% ao ano. Se esse título for negociada a 12%, qual a sua duration? Resposta: Para o cálculo da duration, precisamos encontrar o valor presente de cada fluxo, ponderá-lo pelo seu respectivo prazo. A duration será o prazo médio ponderado do título. O valor presente do primeiro pagamento de juros será chamado de PU1, o do segundo pagamento, PU2, o valor de face será o PU3 e o somatório será o PU total. Assim: A duration D será: Pós-Universo 27 Duration Como Medida de Sensibilidade Quanto maior a duração de uma carteira de renda fixa, maior sua sensibilidade a variações na taxa de juros. Nesse caso, quando os juros diminuem, o valor da carteira aumenta, quando os juros aumentam, o valor da carteira diminui. Portanto, quando se tem uma expectativa de queda de juros superior à expectativa do mercado, o ideal é ter uma carteira com a maior duração possível. Por outro lado, se a expectativa é de aumento na taxa de juros acima da expectativa de mercado, o ideal seria ter uma carteira com a menor duração possível. A duração também pode ser utilizada para imunizar a carteira quanto aos efeitos das alterações na taxa de juros. Gestão da Curva de Juros Além das estratégias de alocação em ativos de crédito e de gestão da duration, os gestores de renda fixa utilizam a gestão da curva de juros como estratégia de gestão ativa. Os possíveis formatos de uma curva de juros são: • Flat: uma curva de juros flat indica que as taxas de juros de curto, médio e longo prazo estão sendo praticadas nos mesmos patamares. • Negativamente inclinada: situação em que à medida que o prazo aumenta, as taxas de juros diminuem. • Positivamente inclinada: ocorrem quando as taxas de juros aumentam conforme aumenta o prazo. • Torção: quando as taxas de juros de curto e longo prazo são praticadas em patamares similares, mas as taxas de médio prazo não. Laura IMPORTANTE Pós-Universo 28 As figuras a seguir ilustram os possíveis formatos: Flat Torção Negativamente Inclinada Positivamente Inclinada As curvas de juros apresentam alterações em sua inclinação e em seu formato ao longo do tempo, possibilitando aos participantes de mercado montarem posições para antecipar esses movimentos. As principais alterações no formato da curva de juros são: • Movimentos paralelos da curva de juros. • Steepining. • Flattening. • Buttlerfly. Laura IMPORTANTE Pós-Universo 29 Um movimento paralelo da curva de juros indica que a mudança nas taxas de juros é a mesma para todos os vencimentos. Investidores que operam inclinação na taxa de juros esperam que movimentos paralelos da curva não tragam nem ganhos nem perdas. Diferentes prazos apresentam sensibilidades distintas para uma mesma variação na taxa de juros.Assim, quando um investidor deseja evitar que movimentos paralelos nas taxas interfiram no resultado de suas estratégias, ele deve imunizar sua carteira dos efeitos dessas mudanças. O steepning da curva de juros corresponde a um aumento no grau de inclinação da curva de juros. Ocorre quando as taxas de longo prazo aumentam mais ou caem menos do que as de curto prazo, aumentando-se, também, o spread entre elas. O flattening da curva de juros corresponde a um achatamento da curva de juros, isto é, uma redução no grau de inclinação da curva. Ocorre quando as taxas de longo prazo aumentam menos ou caem mais do que as de curto prazo, reduzindo-se, também, o spread entre elas. Uma mudança butterfly na curva de juros corresponde a uma torção e ocorre quando as taxas de curto e longo prazo são alteradas na mesma magnitude, mas as de médio prazo não. Essas mudanças podem ser positivas ou negativas. Adicionalmente, a gestão da curva de juros pode envolver estratégias para operar a taxa forward. A taxa forward, ou taxa a termo, é uma taxa de juros fixada no presente para uma operação cujo início ocorrerá em uma data futura. Trata-se de uma taxa implícita obtida a partir de duas taxas spot (à vista), que indica as expectativas dos participantes do mercado sobre a trajetória da taxa de juros (no caso do Brasil, a trajetória da taxa Selic). Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 30 PRINCIPAIS ASPECTOS RELACIONADOS À GESTÃO ATIVA E PASSIVA DE RENDA VARIÁVEL Pós-Universo 31 Assim como ocorre na gestão de fundos de renda fixa, para os fundos de renda variável, também temos duas formas distintas para a gestão da carteira de ativos: gestão passiva ou gestão ativa. Conforme já mencionado anteriormente, a decisão de adotar uma estratégia ativa ou passiva para a gestão da carteira de um fundo de investimento de renda variável vai depender da aceitação ou rejeição da HME. Aceitar a HME indica o reconhecimento de que não seria possível obter retornos anormais a partir da seleção e alocação em ativos mal precificados. Nesse caso, seria indicado adotar uma gestão passiva da carteira. Por outro lado, a rejeição da HME significa acreditar que os mercados são ineficientes, justificando-se, portanto, a adoção da gestão ativa, já que com ativos mal precificados seria possível alcançar retornos superiores aos obtidos pela carteira de mercado. A seguir, vamos discutir as principais estratégias utilizadas em cada uma das duas abordagens. Estratégias de Gestão Passiva de Renda Variável O debate sobre gestão ativa versus gestão passiva leva os investidores que acreditam na eficiência do mercado a optarem pela segunda alternativa. Um fundo de investimento que adota a gestão passiva da carteira não tem suas decisões de investimento influenciadas pelas expectativas de mercado, já que o objetivo da carteira é replicar o comportamento do índice de mercado utilizado como benchmark. Mesmo que o gestor de um fundo de investimento com gestão passiva tenha certa convicção de que determinado mercado tem uma tendência de queda, ele deve buscar a indexação da carteira ao índice de referência e não tentar superá-lo, já que seu mandato é de aderência ao índice, e não para superá-lo. Caso o cotista de um fundo com gestão passiva desejasse que o gestor superasse o índice de referência, não teria ingressado nesse fundo, e sim em outro com gestão ativa. Ao buscar a superação do benchmark, o gestor impõe ao fundo um risco de descolamento de performance em relação ao índice de referência, risco esse que não é característico em fundo com gestão passiva. A gestão passiva para um fundo de renda variável pode ser implementada de diferentes formas, visando à indexação da carteira ao benchmark. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 32 Para aqueles investidores que desejam ingressar em fundo de renda variável com gestão passiva, eles podem optar entre duas alternativas disponíveis: • Investir em um fundo de investimento em ações – FIA. • Comprar de Exchange Traded Funding – ETF. A seguir, discutiremos cada uma dessas possibilidades. Fundos de Investimento Indexados Um FIA indexado é a alternativa mais popular para investidores que buscam um fundo com gestão passiva e tem como objetivo replicar o desempenho de um índice de referência ou benchmark. Embora pareça intuitivo imaginar que um fundo indexado mantenha em sua carteira na mesma proporção todos os títulos que compõem o índice de referência, existem diferentes métodos para replicar o comportamento de um índice de referência. Dentre esses métodos, os mais comuns são: • Full replication. • Amostragem representativa. • Otimização de carteia. • Uso de derivativos de índices de ações. A indexação de um fundo de renda variável, utilizando o método full replication, consiste em adquirir para o fundo todos os ativos que compõem o índice de referência ponderados pelo peso que representam no índice. Além do método full replication, o gestor de uma carteira passiva pode emular a performance de um índice, investindo os recursos em um conjunto de ações representativas desse índice. Laura IMPORTANTE Pós-Universo 33 Alternativamente, o gestor pode implementar uma estratégia de gestão passiva a partir da otimização da carteira, que procura igualar os fatores de risco do fundo aos do índice de referência por meio de um modelo fatorial. Uma carteira que utiliza gestão passiva também pode ser indexada ao índice de referência por meio de derivativos que tenham como ativo objeto o benchmark que se pretende replicar. Embora a gestão passiva de um fundo de investimento de renda variável indexado seja menos complexa do que a gestão ativa, replicar a performance de um índice de referência, mesmo quando o gestor utiliza o método full replication, não é uma tarefa tão simples. Alterações na composição do índice de referência, custos de transação, movimentações de aplicações e resgates realizados pelos cotistas, além da taxa de administração do fundo, são alguns dos fatores que podem dificultar para o gestor cumprir seu mandato de manter a aderência entre a performance do fundo e o índice de referência. Diferentemente dos fundos com gestão ativa que, para mensurar seu desempenho utilizam medidas de retorno ajustadas ao risco, a avaliação dos fundos com gestão passiva é feita mensurando-se a aderência da performance do fundo em relação ao benchmark, em que as mais conhecidas são o Tracking Error e o Erro Quadrático Médio – EQM. Enquanto o tracking error é dado pelo desvio padrão das diferenças entre os retornos de um fundo e os retornos do seu benchmark em um determinado período, o EQM corresponde à média das diferenças ao quadrado entre os retornos de um fundo e os retornos de seu benchmark. Para ambas as medidas, quanto menor o índice, maior a aderência do fundo em relação ao seu benchmark. Por fim, fundos com gestão passiva tendem a apresentar menor tracking Error e EQM, quando comparados a fundos com gestão ativa. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 34 Exchange Traded Funds - ETF Amplamente utilizados nos mercados internacionais e, mais recentemente, mas em menor escala, também no Brasil, os ETF ou fundos de índice são uma alternativa de estratégia de gestão passiva. Tratam-se de fundos de investimento cujas cotas são negociadas em bolsa de valores. Os ETF buscam retornos de investimentos que correspondam, de forma geral, ao desempenho de um determinado índice de referência. Assim como as ações, por serem negociadas em bolsa, as cotas de fundos de índice são facilmente adquiridas e oferecem liquidez diária. Além disso, comparando-se os ETF aos fundos de investimentos indexados, observa-se que oferecem as mesmas vantagens dadiversificação, acompanhamento de mercado e taxas de administração competitivas. Estratégias de Gestão Ativa de Renda Variável Os gestores de fundos de renda variável com gestão ativa utilizam diferentes estratégias para atingir os objetivos do fundo. A seguir, veremos algumas das principais estratégias. Long Short A estratégia long & short consiste em uma operação de arbitragem em que são operadas, simultaneamente, posições compradas e vendidas no mercado de ações, buscando obter ganhos a partir da distorção de preços entre os ativos. De acordo com a classificação ANBIMA, na categoria Multimercado, existem dois tipos de fundos long & short: neutro e direcional. Os fundos classificados como long & short neutro realizam operações com ativos e derivativos de renda variável, montando, simultaneamente, posições compradas e vendidas, com o objetivo de manter exposição neutra ao risco do mercado acionário. Já os fundos classificados como long & short direcional podem manter exposição direcional ao risco do mercado acionário, mas o resultado deve ser proveniente, preponderantemente, da diferença entre as posições compradas e vendidas. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 35 Nesse tipo de estratégia, o gestor busca a performance relativa entre dois ativos, vendendo a descoberto uma ação considerada supervalorizada, isto é, com perspectiva de desvalorização. Com os recursos financeiros recebidos pela venda, o gestor compra ações consideradas subvalorizadas, ou seja, com potencial de valorização. O Patrimônio Líquido dos fundos classificados como Long & Short Neutro e Long & Short Direcional pela Anbima totalizava, aproximadamente, R$ 8,8 bilhões em julho de 2014. Fonte: ANBIMA. Disponível em <http://portal.anbima.com.br/informacoes- tecnicas/boletins/fundos-de-investimento/Pages/default.aspx> fatos e dados Dado que os ganhos em uma operação de long & short advém da performance relativa entre dois ativos, o seu resultado não depende da trajetória do índice de mercado. Isso significa que um gestor que monta uma posição long short com duas ações que compõem o Ibovespa podem obter ganhos tanto com a bolsa em alta quanto com a bolsa em baixa. Long Only A estratégia long only é a mais tradicional para gestão de fundos de investimento em ações – FIA. O principal fator de risco dessa estratégia é a variação de preços de ações negociadas no mercado à vista de bolsa de valores ou entidade de balcão organizado. Consiste na compra de ações de acordo com a filosofia de investimento e método de seleção do fundo e obtém seus ganhos a partir da alta dos preços dos ativos que compõem sua carteira. Laura IMPORTANTE Pós-Universo 36 Long Biased A estratégia long biased combina posições long only com posições long & short. São fundos que investem predominantemente na compra de ações, mas que também montam, em uma proporção menor, posições long & short. Long Biased: Uma alternativa aos fundos de ações Rodrigo Paiva, 25 anos, gestor de fundos de renda variável, conversava com Felipe Pompeu, 26 anos, também gestor de fundos de renda variável sobre uma nova categoria de fundos que vem surgindo no mercado brasileiro: os fundos long biased. Rodrigo explicou que apesar de apresentarem algumas semelhanças tanto com os fundos long only quanto com os long & short, os fundos long biased possuem algumas diferenças que os distinguem dos demais. Enquanto os fundos long only assumem somente posições compradas, os long biased também podem assumir posições vendidas como os long & short, explicou para Felipe. Rodrigo ponderou, contudo, que além de apresentar uma exposição maior a bolsa do que os fundos long & short, os long biased só assumem posições short quando o gestor tem convicção de uma queda da ação. Adaptado de: ROCHA, André. Uma alternativa aos fundos de ações. ValorInveste, 05 abr. 2013. Disponível em: <http://www.valor.com.br/valor- investe/o-estrategista/3075800/uma-alternativa-aos-fundos-de-acoes>. Acesso em: 14 jun. 2014. minicaso Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE Pós-Universo 37 Estilos de Gestão de Fundos de Renda Variável Existem diferentes estilos de gestão de fundos de investimento de renda variável. Dentre os principais estilos, temos: Value O estilo de investimento value consiste na utilização de alguns indicadores de mercado para tentar prever retornos futuros dos preços das ações. Gestores do estilo value concentram seus investimentos em empresas cujos preços das ações estejam sendo negociados abaixo do seu valor intrínseco. Para tanto, buscam investir em ações com múltiplos de preços baixos. Assim, ações com baixo índice P/L (Preço/Lucro) ou baixo P/B (Preço/Valor contábil) são alvos desse estilo de gestão, que foca no numerador desses índices. Growth Enquanto o estilo value foca no numerador dos múltiplos de preços, o gestor do estilo growth foca no denominador do índice P/L (Preço/Lucro), buscando ações de empresas com alto índice P/L, cujas expectativas são de crescimento dos lucros, o que aumentaria ainda mais os preços das ações. Blend Alguns gestores de fundos de investimentos adotam um estilo de gestão que não pode ser classificado nem com value, nem como growth. Assim, fundos de investimento com o estilo blend diversificam seus investimentos entre ações value e ações growth. Laura IMPORTANTE Pós-Universo 38 Market Cap Além dos estilos de investimento descritos acima (value, growth e blend), o gestor de um fundo de investimento pode compor sua carteira de acordo com a capitalização de mercado das ações. Por esse critério, as ações seriam classificadas em small cap, mid cap e large cap. Gestores que compõem carteiras de ações small cap acreditam que essas ações, por terem uma cobertura pelos analistas menor do que as ações de empresas maiores, estariam mais expostas a uma avaliação subvalorizada ou supervalorizada pelo mercado em relação ao seu preço justo, o que poderia gerar oportunidades para os investidores. Dividendos Uma alternativa de estilo de investimento utilizada por alguns gestores é constituir a carteira de um fundo de investimento de acordo com a política de distribuição de dividendos das empresas. Esses fundos buscam compor sua carteira com ações de empresas que pagam ou têm perspectiva de pagar elevado dividend yield. A questão sobre impacto da política de dividendos no preço das ações da companhia é controversa, já que alguns autores defendem que a política de dividendos é irrelevante para a determinação do preço da ação, enquanto outros estudos procuram mostrar que a política de dividendos influencia o preço da ação. Responsabilidade Social Nos últimos anos, tem aumentado o interesse de investidores por fundos cujo critério de seleção de ativos envolva questões relacionadas à responsabilidade social das empresas. Esses fundos têm como foco investir em companhias que apresentem postura ética e boas práticas em questões ambientais e trabalhistas. O processo de seleção de carteiras com foco em responsabilidade social envolve a avaliação de elementos ambientais, sociais e econômico-financeiros. Laura IMPORTANTE Laura IMPORTANTE atividades de estudo 1. A escolha entre uma estratégia ativa ou passiva para a gestão da carteira de um fundo de investimento depende: a) Dos preços dos ativos. b) Da aceitação ou rejeição da hipótese de mercados eficientes – HME. c) Da segregação das atividades da área de gestão de terceiros (asset management) da gestão dos recursos próprios da instituição financeira. d) Do cenário econômico. e) Da volatilidade dos mercados. 2. Sobre a gestão passiva de uma carteira de investimento não é correto afirmar: a) Com base no CAPM, pressupõe-se que todos os ativos, a qualquer momento, são negociados pelo consenso de mercado sobre o valor desse ativo. b) Busca obter índices de desempenho semelhantes àqueles proporcionados pelos respectivos benchmarks. c) Procura reproduzir avariação do benchmark, investindo em ativos para replicar o seu desempenho ajustado ao risco do índice de referência. d) Pressupõe a aceitação da hipótese de mercados eficientes. e) Acredita-se que os mercados são ineficientes, havendo, portanto, ativos mal precificados e sendo possível obter retornos superiores aos obtidos pela carteira de mercado. 3. Na avaliação de performance dos fundos de investimento, viés de sobrevivência: a) Não ocorre nunca. b) Não impacta a performance dos fundos. c) Ocorre quando os fundos com bom desempenho são encerrados. d) Ocorre na hipótese de um gestor encerrar os fundos com gestão de ativo que apresentarem performance desfavorável, mantendo-se apenas aqueles que apresentaram bom desempenho. e) Análises que excluem os fundos não sobreviventes, subestimam os resultados percebidos pelos investidores de fundos. atividades de estudo 4. No Brasil, as pesquisas empíricas sobre gestão ativa de fundos de investimento: a) Ocorrem a mais tempo do que as encontradas na literatura internacional. b) Contradizem os resultados obtidos nas pesquisas internacionais. c) Não encontram resultados divergentes e, em sua ampla maioria, concluem pela superioridade das estratégias de gestão ativa sobre a gestão passiva. d) Concentram-se na verificação da existência de persistência de performance superior na gestão passiva. e) Geralmente, adotam o CAPM como modelo teórico. 5. Sobre o conceito de duration, é correto afirmar que: a) É o prazo médio ponderado de um título ou de uma carteira de renda fixa. b) É o período pelo qual um investidor permanece em um fundo de investimento. c) Quanto menor o prazo de vencimento, maior a duration. d) Quanto menor a YTM (yield to maturity), menor é a duration. e) Quanto menor o cupom, menor é a duration. 6. O movimento da curva de juros que corresponde a um aumento no grau de inclinação da curva de juros e que ocorre quando as taxas de longo prazo aumentam mais ou caem menos do que as de curto prazo é chamado: a) Movimento paralelo da curva de juros. b) Steepening. c) Flattening. d) Buttlerfly. e) Forward. atividades de estudo 7. É correto afirmar que a taxa forward ou taxa a termo: a) É uma estratégia de alocação possível apenas para ativos de crédito privado. b) Não pode ser obtida a partir de duas taxas spot (à vista). c) É uma taxa de juros fixada no presente para uma operação cujo inicio ocorrerá em uma data futura. d) Indica que os participantes do mercado acreditam em uma alta das taxas de juros. e) Indica que os participantes do mercado acreditam em uma queda das taxas de juros. 8. É incorreto afirmar sobre os ETF (Exchange Traded Funds): a) São amplamente utilizados nos mercados internacionais e, mais recentemente, mas em menor escala, também no Brasil. b) São uma alternativa de estratégia de gestão ativa. c) São fundos de investimento cujas cotas são negociadas em bolsa de valores. d) Buscam retornos de investimentos que correspondam, de forma geral, ao desempenho de um determinado índice de referência. e) Assim como as ações, por serem negociadas em bolsa, as cotas de fundos de índice são facilmente adquiridas e oferecem liquidez diária. 9. A estratégia de gestão de fundos de renda variável, que consiste em uma operação de arbitragem em que são operadas, simultaneamente, posições compradas e vendidas no mercado de ações, buscando obter ganhos a partir da distorção de preços entre os ativos, é chamada: a) Long only. b) CAPM. c) Long & short. d) Forward. e) Duration. atividades de estudo 10. Gestores que concentram seus investimentos em empresas cujos preços das ações estejam sendo negociadas abaixo do seu valor intrínseco e que buscam investir em ações com múltiplos de preços baixos, utilizam o estilo de gestão conhecido como: a) Responsabilidade social. b) Market cap. c) Dividendos. d) Growth. e) Value. resumo Nesta unidade, além de discutirmos os argumentos que suportam o debate entre gestão ativa ou gestão passiva de carteiras, apresentamos a revisão da literatura sobre o assunto, bem como os principais aspectos relacionados ao tema, tanto para carteiras de renda fixa quanto de renda variável. O debate iniciado por Jensen (1968) entre gestão ativa e passiva provoca controvérsias até os dias atuais. A discussão que se coloca é se seria possível ou não superar, a partir de uma estratégia de gestão ativa, o benchmark do fundo. Conforme abordado ao longo da unidade, a teoria financeira que sustenta esse debate é a Hipótese de Mercado Eficiente – HME. Conceitualmente, um mercado pode ser considerado eficiente quando os preços dos ativos a cada instante refletem integralmente a informação disponível naquele momento e se alteram de maneira precisa e imediata quando novas informações são incorporadas. No modelo de mercados eficientes, pressupõe-se que qualquer informação que possa impactar os preços dos ativos estará disponível, simultaneamente, a todos os participantes do mercado, e que os investidores tomam decisões de investimentos racionais, buscando maximizar a sua utilidade diante dessas decisões. Em um mercado, eficiente os preços dos ativos a todo instante refletem todas as informações que o impactam. Nessas condições, um participante não conseguiria obter ganhos superiores à média do mercado e a gestão ativa de uma carteira não se justificaria. Contudo, alguns participantes acreditam que os investidores nem sempre são racionais nas suas tomadas de decisões e que os mercados não são eficientes. Seria possível, então, antecipar os movimentos de preços dos ativos antes dos demais participantes. Nesse caso, uma gestão ativa da carteira se justificaria. Sendo assim, a decisão entre investir em um fundo com gestão ativa ou passiva estaria relacionada à aceitação ou rejeição da HME. Ao aceitá-la, o investidor deve procurar um fundo com gestão passiva, enquanto que, ao rejeitá-la, buscar um fundo com gestão ativa. O tema é controverso e, nos próximos anos, a discussão promete continuar acalorada. Serão necessários, ainda, muitos anos de estudos acadêmicos até que se chegue a um consenso sobre o assunto. material complementar Na Web Para ver matéria sobre dúvidas a respeito de investimentos em fundos de ações, acesse: <http://globotv.globo.com/globo-news/conta-corrente/v/mauro-calil-tira-duvidas-sobre -investimento-em-fundos-de-acoes/3211620/>. Para conhecer mais sobre as características dos títulos públicos federais, acesse o site do Tesouro Nacional: <http://www3.tesouro.gov.br/tesouro_direto/consulta_titulos_novosite/download/ Caracteristicas.pdf>. Too Big To Fail – Grande Demais Para Quebrar Diretor: Curtis Hanson Ano: 2011 Sinopse: Filme produzido para a televisão e exibido pela HBO em 2011. Baseado no livro com mesmo título de Andrew Ross Sorkin, retrata os bastidores da crise financeira de 2008. Comentário: O filme retrata com extremo realismo os bastidores da crise internacional de 2008, bem como os seus efeitos sobre os mercados de renda fixa e renda variável ao redor do mundo. referências AVRAMOV, D.; WERMERS, R. Investing in mutual funds when return are predictable. Journal of Financial Economics, v.81, p.339-377, Feb. 2006. BARRAS, L.; SCAILLET, O.; WERMERS, R. False discoveries in mutual fund performance: measuring luck in estimated alphas. Working Paper Series. Robert H. 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Revista Brasileira de Economia, v. 27, n. 3, p. 19-64, jul./set. 1973. resolução de exercícios 1. b) Da aceitação ou rejeição da hipótese de mercados eficientes – HME. 2. e) Acredita-se que os mercados são ineficientes, havendo, portanto, ativos mal precificados e sendo possível obter retornos superiores aos obtidos pela carteira de mercado. 3. d) Ocorre na hipótese de um gestor encerrar os fundos com gestão de ativo que apresentarem performance desfavorável, mantendo-se apenas aqueles que apresentaram bom desempenho. 4. e) Geralmente, adotam o CAPM como modelo teórico. 5. a) É o prazo médio ponderado de um título ou de uma carteira de renda fixa. 6. b) Steepening. 7. c) É uma taxa de juros fixada no presente para uma operação cujo inicio ocorrerá em uma data futura. 8. b) São uma alternativa de estratégia de gestão ativa. 9. c) Long & short. 10. e) Value. O DEBATE SOBRE GESTÃO ATIVA VERSUS GESTÃO PASSIVA DE FUNDOS