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ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO No Brasil, o controle sanitário de alimentos é uma responsabilidade compartilhada entre órgãos e entidades de administração pública. Entre os órgãos, os principais são Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Ministério da Saúde (MS) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O médico veterinário é profissional responsável que atua como fiscal agropecuário em Instituições Públicas de âmbito Nacional, Estadual ou Municipal são responsáveis pela fiscalização e inspeção de Produtos de Origem Animal (POA) quanto ao cumprimento das normas sanitárias assim como pelo controle do trânsito dos animais e seus produtos. A legislação brasileira relativa à inspeção de POA está descrita no Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) do MAPA. Esse regulamento contém normas de inspeção industrial e sanitária de recebimento, manipulação, transformação, elaboração e preparo de POA. MAPA O MAPA cabe a inspeção dos alimentos exclusivamente de origem animal (carnes, leite, ovos, pescados e seus derivados), bebidas em geral (alcoólicas, não alcoólicas e fermentadas) e vegetais in natura. Conforme o Artigo 51 do Decreto n° 30.691/52: Art. 51 – Nenhum estabelecimento pode realizar comércio interestadual ou internacional com produtos de origem animal, sem estar registrado no D.I.P.O.A. Parágrafo único – para efeito de comércio internacional, além do registro, o estabelecimento deverá atender às necessidades técnico-sanitárias fixadas pelo D.I.P.O.A. ANVISA À ANVISA cabe a regulamentação, o controle e a fiscalização de produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública, como os bens e produtos de consumo submetidos ao controle e fiscalização sanitária, dos quais os alimentos, inclusive bebidas, águas envasadas, seus insumos, suas embalagens, aditivos alimentares, limites de contaminantes orgânicos, resíduos de agrotóxicos e de medicamentos veterinários são alvo de suas incumbências. Dessa forma, os produtos alimentícios de competência da Vigilância Sanitária são divididos em três grupos: 1 - Alimentos com registro obrigatório prévio à comercialização (anexo II da RDC 27/2010). 2 - Alimentos isentos da obrigatoriedade de registro (anexo I da RDC 27/2010). 3 - Alimentos isentos da obrigatoriedade de registro e dispensados de comunicação de início de fabricação (item 5.1.6 da Resolução 23/2000). DIVISÃO DOS SERVIÇOS DE INSPEÇÃO ÂMBITO INDUSTRIAL: 1 - SIM Serviço de Inspeção Municipal (SIM) – realizado pelas Secretarias Municipais de Agricultura. 2 - SIE Serviço de Inspeção Estadual (SIE) – realizado pelas Secretarias Estaduais da Agricultura. 3 - SIF Serviço de Inspeção Federal (SIF) – realizado pelo MAPA. ÂMBITO COMERCIAL: 1 - ANVISA A fiscalização no comércio varejista compete à Secretaria da Saúde, através da ANVISA. HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL SOBRE O POA INSPECIONADO Todos os POA inspecionados por fiscais agropecuários possuem um carimbo/selo de inspeção que pode ter diferentes formatos e tamanhos, dependendo da esfera do Serviço de Inspeção, SIM, SIE ou SIF. Assim, todos os POA deverão conter esta identificação nos rótulos. Os POA com o selo do SIM somente podem ser comercializados dentro do município e os POA com o selo SIE podem ser comercializados em todo o Estado. Apenas o POA com o selo SIF podem ser comercializados em todo o território brasileiro e exportado. INSPEÇÃO DE LEITE O leite é um alimento de origem biológica, com sabor suave e próprio, agradável e ligeiramente adocicado, largamente consumido pela população e de alto valor nutritivo, pois contém grande quantidade de proteínas de alto valor biológico, carboidrato, ácidos graxos, sais minerais, vitaminas e água. Art 235 - RIISPOA, leite é, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. Características: teor de gordura mínimo de 3%; acidez em graus Dornic entre 15 e 20; densidade a 15ºC entre 1.028 e 1.033; lactose - mínimo de 4,3%; extrato seco desengordurado - mínimo de 8,5%; extrato seco total - mínimo de 11,5%; índice crioscópico mínimo de -0,55ºC e índice refratométrico no soro cúprico a 20ºC não inferior a 37º Zeiss. CLASSIFICAÇÃO DO LEITE QUANTO AO PROCESSO TÉRMICO: LEITE CRU REFRIGERADO É um produto refrigerado, transportado em carro- tanque isotérmico da propriedade rural para um posto de refrigeração de leite ou estabelecimento industrial adequado para ser processado. A IN n° 62/2011 estabelece a temperatura máxima de 7ºC para a coleta de leite, possível de ser atingida em tanque de refrigeração. É permitida a recepção de leite em latão até duas horas após o final da ordenha. Pequenos produtores podem enviar o leite para as indústrias obedecendo à IN 62/2011 quando utilizados os "Tanques Comunitários". A temperatura máxima de conservação do leite estabelecida é de 7ºC na propriedade rural/tanque comunitário e de 10ºC no estabelecimento processador. As características sensoriais (aspecto e cor) devem ser verificadas, como líquido branco opalescente homogêneo, sabor e odor característicos, isenção de odores e de sabores estranhos. LEITE PASTEURIZADO É o leite líquido que foi submetido ao tratamento térmico. Na pasteurização rápida há o aquecimento à temperatura de 72 a 75°C, por 15 a 20 segundos, em equipamento de placas com termorregistrador e termorregulador automático, seguido de refrigeração imediata à temperatura igual ou menor que 4°C, seguido do envasamento. Na pasteurização lenta o leite é aquecido a 63ºC durante 30 minutos e passa por resfriamento natural. A IN 62 ainda classifica o leite pasteurizado de acordo com a concentração de gordura: integral, semidesnatado e desnatado. Após a pasteurização, o leite deve apresentar os seguintes resultados laboratoriais: • Teste qualitativo para fosfatase alcalina - negativo • Teste de peroxidase - positivo • Contagem de coliformes a 30/35° - menor que 0,3 NMP/ml LEITE UHT É o leite líquido homogeneizado que foi submetido à temperatura entre 130 e 150° C, durante 2 a 4 segundos, mediante processo térmico de fluxo contínuo, e imediatamente resfriado à temperatura inferior a 32° C, seguido de envasamento asséptico. QUANTO À CONPOSIÇÃO BIOLÓGICA: LEITE TIPO A É oriundo de um controle mais rigoroso na produção e higienização do leite. É uma produção mecanizada e de um único rebanho de vacas. O leite é produzido, pasteurizado e embalado na própria fazenda. É uma mini usina, existindo, portanto, uma menor quantidade de microrganismos. LEITE TIPO B O leite é produzido de rebanhos de vacas diferentes e sua ordenha pode ser manual ou mecânica. P leite é refrigerado no próprio local de ordenha (propriedade rural) por até 48h por ≤ 4°C para ser transportado para indústria na qual ele é pasteurizado e embalado. LEITE TIPO C Tem a mesma origem e tipo de ordenha do tipo B. Entretanto, não é refrigerado na fazenda leiteira. Após a ordenha, o leite é transportado em tanques até um local apropriado (estabelecimento industrial) até as 10:00h do dia de sua obtenção, onde só então é processado, seguindo os prazos estipulados por lei. Este processo eleva bastante o número de bactérias presentes no leite. QUANTO AO TEOR DE GORDURA: INTEGRAL Contém, no mínimo 3% de gordura. SEMIDESNATADO Contém de 2,9-0,6% de gordura. DESNATADO Contém, no máximo 0,5% de gordura. OBJETIVOS DA PRODUÇÃO LEITEIRA A produção leiteira busca aausência de resíduos (antibióticos e pesticidas), baixa carga de CBT (diminuição na carga microbiana, mostrando melhoria na higiene), baixa carga de CCS (a diminuição de células somáticas mostra melhoria na saúde do úbere) e melhor composição (aumento no valor nutritivo e de rendimento industrial). • CCS alta: indicativa de processos infecciosos na glândula mamária (mastite) e está relacionada a uma questão sanitária. A CCS de animais sadios normalmente é inferior a 300 mil cel/ml. Acima disso, indica condição anormal do úbere • CBT: relacionada às questões de higiene na ordenha, na conservação e no transporte do leite PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE E MELHORIA DA QUALIDADE DO LEITE São conjuntos de para instituir e consolidar políticas de incentivo à produção de leite de alta qualidade. Promove a melhoria da qualidade do leite e derivados, garantir a saúde da população e aumentar a competitividade dos produtos lácteos em novos mercados. IN 51/2002 Antes da IN 51 de 2002 do MAPA, existiam leites pasteurizados dos tipos A, B ou C. A IN 51 determinou que o leite tipo C fosse extinto até o ano de 2007, sendo substituído pelo então denominado “leite cru refrigerado” que, após o tratamento térmico recebe o nome de “leite pasteurizado”. Porém todos os outros tipos de leite já eram também pasteurizados. A ideia da implementação da IN n. 51/2002, tinha como principal objetivo a melhoria da qualidade do produto no Brasil. No entanto, a normativa foi publicada sem considerar a condição do produtor e a opinião de todos os interessados. Havia a expectativa de melhorar a qualidade da produção brasileira, de atingir um padrão de qualidade internacional, de que fosse implantado um pagamento diferenciado por esse predicativo e de que a composição do leite fosse mais valorizada, com mudanças no tipo de negociação entre produtor e indústria. Passados os primeiros nove anos da IN n. 51, as regiões Sul, Sudeste e CentroOeste, que eram as primeiras do cronograma, não haviam alcançado as metas, e estimavase que 70% dos produtores de leite do país estavam em desacordo com as regras IN 62/2011 A atual IN 62/ MAPA de 2011, extinguiu também o leite tipo B. Não existindo mais o leite tipo B, esse passa a ser classificado apenas como leite cru refrigerado e, após a pasteurização, como leite pasteurizado. A principal alteração foi nos limites de CCS e CBT. De acordo com a legislação vigente hoje no Brasil, temos dois tipos de leite cru: o leite cru refrigerado tipo A e o leite cru refrigerado. IN 7/2016 Em 1 de julho de 2016, deveriam entrar em vigor os novos limites para Contagem de Células Somáticas (CCS) e Contagem Bacteriana Total (CBT) do leite, segundo a IN n. 62, de 2011. No entanto, no dia 03/05/2016 o MAPA publicou nova IN, a número 7, que altera a IN n. 62/2011, estendendo os prazos estipulados por mais dois anos. Com isso, as regiões Sul, Sudeste e Centro- Oeste deverão se adequar às normas até 2018, e as regiões Norte e Nordeste em 2019. A nova IN modificou os limites básicos da CCS e da CBT, que caíram para 100 mil cls/ml e 400 mil UFC/ml. As metas previstas pela IN n. 51, de 2002, e depois pela IN n. 62, de 2011, não foram alcançadas. IN 31/2018 IN 76 E 77/2018 As INs 51/2002, 62/2011, 7/2016 e 3/2018 foram todas revogadas pela IN 76 e 77/2018. A IN 76 e 77/2018 são as leis vigentes atualmente. A IN 76 trata das características e da qualidade do produto na indústria. Quanto às características e a qualidade, o leite cru refrigerado manteve-se à descrição bacteriana máxima de 300 mil unidades por ml e 500 mil células somáticas por ml. A bebida não pode conter substâncias desconhecidas à sua composição, como, por exemplo, agentes inibidores do crescimento microbiano, neutralizantes da acidez e tão pouco resíduos de produtos veterinários. Na IN 77, são definidos critérios para obtenção de leite de qualidade e seguro ao consumidor e que englobam desde a organização da propriedade, suas instalações e equipamentos, até a formação e capacitação dos responsáveis pelas tarefas cotidianas, o controle sistemático de mastites, da brucelose e da tuberculose. LEITE CRU REFRIGERADO TIPO A Dá origem ao leite pasteurizado tipo A e a derivados lácteos que sejam produzidos nesse laticínio. Esse tipo de leite deve ser produzido, beneficiado e envasado na granja leiteira, respeitando uma série de exigências. A granja leiteira produtora de leite A não pode receber leite de outras propriedades. A ordenha deve ser obrigatoriamente mecânica e realizada em uma sala própria para este fim, com canalização do leite em circuito fechado e resfriamento em tanques de expansão à no máximo 4°C. Além disso, ainda deve obedecer a parâmetros microbiológicos e de CCS (contagem de células somáticas) mais rigorosos do que os previstos para o leite cru refrigerado. O resultado dessas exigências pode ser percebido na sua qualidade. A ausência de contato do leite como meio externo reduz significativamente a possibilidade de contaminação. Já a inexistência da etapa de transporte da matéria-prima faz com que a pasteurização ocorra geralmente em um curto intervalo de tempo depois da ordenha, minimizando as possíveis alterações promovidas por microrganismos durante a refrigeração do leite. Por isso, os parâmetros microbiológicos para o leite pasteurizado tipo A são também mais rigorosos que para o leite pasteurizado resultando, na prática, em um prazo de validade maior para o leite tipo A. LEITE CRU REFRIGERADO Após o tratamento térmico adequado, dará origem ao leite pasteurizado, ao leite UHT ou aos demais derivados lácteos. Não existem exigências em relação ao tipo de ordenha do leite cru refrigerado, podendo ser realizada de forma manual ou mecânica, totalmente em circuito fechado ou do tipo balde ao pé. Essa matéria prima deve ser transportada ao laticínio em caminhões isotérmicos e beneficiado num prazo máximo de 48 horas, período no qual deve-se obrigatoriamente permanecer refrigerado em tanques de expansão (no máximo à 4°C) ou de imersão (no máximo à 7°C), ou ainda ser entregue em temperatura ambiente em até 2 horas após a ordenha. A soma desses fatores aumenta a possibilidade de contaminação do leite e de alterações causadas por microrganismos se não forem tomados os devidos cuidados de higiene. Por isso, os padrões microbiológicos para o leite cru refrigerado e pasteurizado são um pouco mais flexíveis que para o leite cru e pasteurizado tipo A. INSPEÇÃO ABATE BOVINO INSPEÇÃO ANTE-MORTEM Os bovinos devem chegar ao frigorífico e permanecerem 24h em descanso antes da inspeção no curral de chegada e seleção. No descanso o animal fica sob jejum sólido, mas com fornecimento de água à vontade. O descanso ainda serve para a recuperação das taxas de glicogênio muscular. A melhor hora para se realizar a inspeção ante- mortem é na primeira hora no período da tarde. O gado já deve estar separado em lotes e contado nos currais. O técnico responsável pela inspeção é o médico veterinário do SIF. Deve-se avaliar a documentação do gado pelo Guida de Trânsito Animal (GTA) e pelo Boletim Sanitário. O GTA é o documento que autoriza o trânsito dos animais das fazendas até ao abatedouro, nele ainda, está descrito, sob um panorama geral a espécie, raça, sexo, idade, condições especiais etc. Na ausência ou falhas no GTA não há abate. O Boletim Sanitária descreve sob quais vacinas o gado foi submetido. A próxima etapa é o exame visual geral do gado. O M.V. visualizo o gado em geral para checar o estado geral dos animais. Observar os animais em conjunto,parados, em movimento, a engorda, sinal de dor, lesão, feridas, claudicação, dispnéia, se estão apáticos e sinais neurológicos ou comportamentais. Os animais que, foram selecionados no curral de chegada e seleção, por estarem com alguma enfermidade que possa comprometer o seu estado geral, ou que precisem de uma avaliação mais específica, são destinados ao curral de observação. O M.V. observa, com cautela e realiza o exame físico os animais com suspeita de doenças. DESTINO DOS ANIMAIS: AUTORIZAÇÃO PARA ABATE Abate normal e sem restrições. Ocorre quando o animal está saudável e nem apresenta alterações. MATANÇA DE EMERGÊNCIA IMEDIATA É o abate imediato quando constatado o sofrimento do animal. Não espera-se o descanso e o jejum, pulando essas etapas para poupar o sofrimento do animal e prevenir carne DFD. É um método de maior risco de contaminação. O abate é feito no abatedouro ou no próprio curral. MATANÇA DE EMERGÊNCIA MEDIADA O animal apresenta alguma doença infectocontagiosa, por isso, é abatido separadamente dos outros. Esses animais serão abatidos por último para não ocorrer o risco de contaminação. O lote de animais infectados deve ser sinalizado no período ante e post-mortem. ADIAMENTO DA AUTORIZAÇÃO DO ABATE Condição rara no abate. Acontece por atraso ou demora no transportes, fazendo com os animais apresentam-se fadigados, além de carência de antibióticos e fêmeas nos primeiros 10 dias pós- parto. Nessas condições, os animais são mantidos no curral para jejum e descanso. REPROVAÇÃO PARA ABATE Quando o animal apresenta alguma doença infecciosa ou está desnutrido. O animal é sacrificado, mas nunca devolvido ao produtor. DEPARTAMENTO DE NECRÓPSIA É constituído da sala de necrópsia e do forno de incineração. Além dos animais mortos no pré- abate, serão sacrificados e examinados animais que tenham indicação de problemas sanitários graves. INSPEÇÃO POST-MORTEM É a parte em que o M.V. do SIF e seus auxiliares avaliam as peças dos animais e as julga se são aptas ou não para consumo. Ocorre a avaliação individual de cada peça da carcaça do animal, o M.V. pode ainda usar da palpação e incisão em órgãos, e, ainda, usar do olfato e visão. Esse exame é feito durante e após a evisceração dos animais. As peças que tenham alguma estrutura alterada são separadas e levadas ao Departamento de Inspeção Final (DIF). LINHAS DE INSPEÇÃO: São os locais de inspeção. O número de linhas depende da velocidade de produção do estabelecimento. Artigos 147 a 198 do RIISPOA. LINHA A Exame de mãos e pés (mocotós). Inspeção de caráter obrigatório, quando de estabelecimentos exportadores. Em fêmeas: glândula mamária. LINHA B Exame do conjunto cabeça-língua. Inspeção de massas musculares, parótida e linfonodos. Acrescente-se ainda lábios e bochechas. LINHA C Cronologia dentária. Facultativo. Determina a idade dos animais. LINHA D Trato gastrointestinal, baço, pâncreas, bexiga e útero. Exame dos órgãos intactos ou cortados quando necessário, e linfonodos de rotina. LINHA E Exame do fígado. São realizadas incisões buscando lesões, degenerações, parasitoses e lesões nos linfonodos. LINHA F Exame dos pulmões e do coração. Exame de linfonodos, musculatura cardíaca, presença de resíduo ruminal ou sangue, parasitoses e outras alterações. LINHA G Exame dos rins. Pesquisa a aparência, aspecto, volume e consistência. LINHA H Exame da parte caudal da meia-carcaça. Análise das massas musculares e integridade das articulações. Exame dos linfonodos inguinais, sub- ilíacos, ilíacos e isquiático. LINHA I Exame da parte cranial da meia-carcaça. Semelhante a Linha H, além do ligamento cervical, e exame dos linfonodos pré-peitorais e cervicais superficiais. LINHA J Carimbagem das meias-carcaças. Marca elíptica no coxão (posterior), lombo, ponta de agulha e paleta. DECISÕES DAS PEÇAS AVALIADAS: APROVADA PARA CONSUMO Aprovada ao consumo humano, sem DIF. APROVEITAMENTO CONDICIONAL É o aproveitamento condicional da carne pelo calor, salga ou frio. A carne encontra-se boa, mas não pode ser vendida “in natura”, apenas sob embutidos. REPROVAÇÃO PARCIAL Apenas algumas das peças são viáveis para consumo. É separado e enviado fabricação de embutidos, não é permitido a venda “in natura”. REPROVÇÃO TOTAL Não está aprovado para consumo humano. Pode ser destinado para consumo animal, para adubo ou incineração. DEPARTAMENTO DE INSPEÇÃO FINAL (DIF) Local da sala de abate onde são encaminhadas as carcaças, órgãos/vísceras e cabeças, que na linha de inspeção apresentaram algum tipo de alteração, para serem reinspecionadas pelo Médico Veterinário Inspetor. Tem o objetivo de julgar o destino mais adequado para ela, que poderá ser a liberação, destino condicional ou condenação TIPOS DE APROVEITAMENTO CONDICIONAL: CALOR É utilizado em carnes PSE/DFD, doenças parasitárias, bacterianas, infectocontagiosas ou zoonoses. Surge as carnes enlatadas, embutidos e cozidas. Diferentes temperaturas para diferentes tipos de carne. SALGA Utilizado em quadros parasitários. Sal. FRIO Utilizado em quadros bacterianos e parasitários. Refrigeração em -15°C por 7 dias. DESTINO DE CARCAÇAS Tabela de avaliação geral: TIPOS DE DOENÇAS: ABSCESSOS Art. 134. As carcaças, as partes das carcaças e os órgãos que apresentem abscessos múltiplos ou disseminados com repercussão no estado geral da carcaça devem ser condenadas, observando-se, ainda, o que segue: Aproveitamento condicional pelo calor quando em abscessos múltiplos e estado geral bom. • I - devem ser condenados carcaças, partes das carcaças ou órgãos que sejam contaminados acidentalmente com material purulento • II - devem ser condenadas as carcaças com alterações gerais como caquexia, anemia ou icterícia decorrentes de processo purulento • III - devem ser destinadas ao aproveitamento condicional pelo uso do calor as carcaças que apresentem abscessos múltiplos em órgãos ou em partes, sem repercussão no seu estado geral, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas; • IV - podem ser liberadas as carcaças que apresentem abscessos múltiplos em um único órgão ou parte da carcaça, com exceção dos pulmões, sem repercussão nos linfonodos ou no seu estado geral, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas; e • V - podem ser liberadas as carcaças que apresentem abscessos localizados, depois de removidos e condenados os órgãos e as áreas atingidas ACTINOMICOSE E ACTINOBACILOSE É uma doença que acomete a região da cabeça e língua “língua de pau”. Causa o comprometimento do osso da maxila (Actinomicose) e causa enegrecimento das peças (Actinobacilose). Art. 135. As carcaças devem ser condenadas quando apresentarem lesões generalizadas ou localizadas de actinomicose ou actinobacilose nos locais de eleição, com repercussão no seu estado geral, observando-se ainda o que segue: • I - quando as lesões são localizadas e afetam os pulmões, mas sem repercussão no estado geral da carcaça, permite-se o aproveitamento condicional desta para esterilização pelo calor, depois de removidos e condenados os órgãos atingidos • II - quando a lesão é discreta e limitada à língua afetando ou não os linfonodos correspondentes, permite-se o aproveitamento condicional da carne de cabeça para esterilização pelo calor, depois de removidos e condenados a língua e seus linfonodos; • III - quando as lesões são localizadas, sem comprometimento dos linfonodos e de outros órgãos, e a carcaça encontrar-se em bom estado geral, esta pode ser liberada para o consumo, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas; e • IV - devem ser condenadas as cabeças com lesões de actinomicose,exceto quando a lesão óssea for discreta e estritamente localizada, sem supuração ou trajetos fistulosos SEPTICEMIA Art. 137 As carcaças de animais que apresentem septicemia, piemia, toxemia ou indícios de viremia, cujo consumo possa causar infecção ou intoxicação alimentar devem ser condenadas. Geralmente, condena-se totalmente a carcaça. Parágrafo único: incluem-se, mas não se limitam às afecções de que trata o caput, os quadros clínicos de: • Inflamação aguda da pleura, do peritônio, do pericárdio e das meninges; • Gangrena, gastrite e enterite hemorrágica ou crônica; • Metrite; • Poliartrite; • Flebite umbilical; • Hipertrofia do baço; • Hipertrofia generalizada dos nódulos linfáticos • Rubefação difusa do couro BRUCELOSE Art. 138. As carcaças e os órgãos de animais com sorologia positiva para brucelose devem ser condenadas, quando estes estiverem em estado febril no exame ante mortem. Animais com brucelose devem ser levados à matança de emergência imediata e, assim, condenar sangue, úbere e genitália. É permitido o consumo “in natura” quando não há lesão nas peças, senão, deverá ser condionada ao reaproveitamento pelo calor. § 1º Os animais reagentes positivos a testes diagnósticos para brucelose devem ser abatidos separadamente e suas carcaças e órgãos devem ser encaminhados obrigatoriamente ao Departamento de Inspeção Final. § 2º Os animais reagentes positivos a teste diagnósticos para brucelose que apresentem lesões localizadas devem ter suas carcaças destinadas ao aproveitamento condicional pelo uso do calor, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas, incluindo o úbere, o trato genital e o sangue. § 3º Os animais reagentes positivos a teste diagnósticos para brucelose, na ausência de lesões indicativas, podem ter suas carcaças liberadas para consumo em natureza, devendo ser condenados o úbere, o trato genital e o sangue. CARBÚNCULO HEMÁTICO Doença causada por uma bactéria esporulada, também conhecida como “Bacilo antraz”. É uma zoonose muito resistente e de difícil eliminação. Provoca a morte súbita de vários animais e é capaz de contaminar o pasto. Não é permitido a realização de necrópsia pois, quando em contato com O2, a bactéria esporula-se. O único tratamento é por incineração. Na suspeita ou presença da bactéria é realizado a suspensão do abatedouro para desinfecção. Art. 140. As carcaças de animais acometidos de carbúnculo hemático devem ser condenadas, incluídos peles, chifres, cascos, pelos, órgãos, conteúdo intestinal, sangue e gordura, impondo-se a imediata execução das seguintes medidas: • I - não podem ser evisceradas as carcaças de animais com suspeita de carbúnculo hemático; • II - quando o reconhecimento ocorrer depois da evisceração, impõe-se imediatamente a desinfecção de todos os locais que possam ter tido contato com resíduos do animal, tais como áreas de sangria, pisos, paredes, plataformas, facas, serras, ganchos, equipamentos em geral, uniformes dos funcionários e qualquer outro material que possa ter sido contaminado • III - uma vez constatada a presença de carbúnculo, o abate deve ser interrompido e a desinfecção deve ser iniciada imediatamente; • IV - recomenda-se, para desinfecção, o emprego de solução de hidróxido de sódio a 5% (cinco por cento), hipoclorito de sódio a 1% (um por cento) ou outro produto com eficácia comprovada; • V - devem ser tomadas as precauções necessárias em relação aos funcionários que entraram em contato com o material carbunculoso, aplicando-se as regras de higiene e antissepsia pessoal com produtos de eficácia comprovada, devendo ser encaminhados ao serviço médico como medida de precaução; • VI - todas as carcaças, as partes das carcaças, inclusive pele, cascos, chifres, órgãos e seu conteúdo que entrem em contato com animais ou material infeccioso devem ser condenados; e • VII - a água do tanque de escaldagem de suínos por onde tenha passado animal carbunculoso deve ser desinfetada e imediatamente removida para a rede de efluentes industriais CARBÚNCULO SINTOMÁTICO Art. 141. As carcaças e os órgãos de animais acometidos de carbúnculo sintomático devem ser condenados. • Carbúnculo sintomático causa claudicação com crepitação palpável no membro pela necrose instalada CONTAMINAÇÃO Art. 147. As carcaças, as partes das carcaças e os órgãos que apresentem área extensa de contaminação por conteúdo gastrintestinal, urina, leite, bile, pus ou outra contaminação de qualquer natureza devem ser condenados quando não for possível a remoção completa da área contaminada. § 1º Nos casos em que não seja possível delimitar perfeitamente as áreas contaminadas, mesmo após a sua remoção, as carcaças, as partes das carcaças, os órgãos ou as vísceras devem ser destinados à esterilização pelo calor. § 2º Quando for possível a remoção completa da contaminação, as carcaças, as partes das carcaças, os órgãos ou as vísceras podem ser liberados. CONTUSÃO Art. 148. As carcaças de animais que apresentem contusão generalizada ou múltiplas fraturas devem ser condenadas. São condenadas quando generalizadas e aproveitadas quando localizadas. Quando extensa: aproveitamento condicional pelo calor. § 1º As carcaças que apresentem lesões extensas, sem que tenham sido totalmente comprometidas, devem ser destinadas ao tratamento pelo calor depois de removidas e condenadas as áreas atingidas. § 2º As carcaças que apresentem contusão, fratura ou luxação localizada podem ser liberadas depois de removidas e condenadas as áreas atingidas. GLOSSITE Art. 154. As línguas que apresentem glossite devem ser condenadas. ICTERÍCIA Art. 156. As carcaças e os órgãos de animais que apresentem icterícia devem ser condenados. Parágrafo único: As carcaças de animais que apresentem gordura de cor amarela (adipoxantose) decorrente de fatores nutricionais ou características raciais podem ser liberadas. Na dúvida para icterícia ou adipoxantose: levar as peças à câmara fria, na qual, a peça com adipoxantose desaparecerá em 24h. MIOCARDITE Art. 158. Os corações com lesões de miocardite, endocardite e pericardite devem ser condenados. § 1º As carcaças de animais com lesões cardíacas devem ser condenadas ou destinadas ao tratamento pelo calor, sempre que houver repercussão no seu estado geral, a critério do SIF. § 2º As carcaças de animais com lesões cardíacas podem ser liberadas, desde que não tenham sido comprometidas, a critério do SIF. NEFRITE Art. 159. Os rins com lesões como nefrites, nefroses, pielonefrites, uronefroses, cistos urinários ou outras infecções devem ser condenados, devendo-se ainda verificar se estas lesões estão ou não relacionadas a doenças infectocontagiosas ou parasitárias e se acarretaram alterações na carcaça. Parágrafo único: A carcaça e os rins podem ser liberados para o consumo quando suas lesões não estiverem relacionadas a doenças infectocontagiosas, dependendo da extensão das lesões, depois de removidas e condenadas as áreas atingidas do órgão. MAGREZA Art. 161. As carcaças e os órgãos de animais magros livres de qualquer processo patológico podem ser destinados ao aproveitamento condicional, a critério do SIF. TUBERCULOSE Art.171. As carcaças de animais portadores de tuberculose devem ser condenadas quando: • I - no exame ante mortem o animal esteja febril; • II - sejam acompanhadas de caquexia; • III - apresentem lesões tuberculósicas nos músculos, nos ossos, nas articulações ou nos linfonodos que drenam a linfa destas partes; • IV - apresentem lesões caseosas concomitantes em órgãos ou serosas do tórax e do abdômen; • V - apresentem lesões miliares ou perláceas de parênquimas ou serosas;• VI - apresentem lesões múltiplas, agudas e ativamente progressivas, identificadas pela inflamação aguda nas proximidades das lesões, necrose de liquefação ou presença de tubérculos jovens; • VII - apresentem linfonodos hipertrofiados, edemaciados, com caseificação de aspecto raiado ou estrelado em mais de um local de eleição; ou • VIII - existam lesões caseosas ou calcificadas generalizadas, e sempre que houver evidência de entrada do bacilo na circulação sistêmica § 1º As lesões de tuberculose são consideradas generalizadas quando, além das lesões dos aparelhos respiratório, digestório e de seus linfonodos correspondentes, forem encontrados tubérculos numerosos distribuídos em ambos os pulmões ou encontradas lesões no baço, nos rins, no útero, no ovário, nos testículos, nas cápsulas suprarrenais, no cérebro e na medula espinhal ou nas suas membranas. § 2º Depois de removidas e condenadas as áreas atingidas, as carcaças podem ser destinadas à esterilização pelo calor quando: • I - os órgãos apresentem lesões caseosas discretas, localizadas ou encapsuladas, limitadas a linfonodos do mesmo órgão; • II - os linfonodos da carcaça ou da cabeça apresentem lesões caseosas discretas, localizadas ou encapsuladas; e • III - existam lesões concomitantes em linfonodos e em órgãos pertencentes à mesma § 3º Carcaças de animais reagentes positivos a teste de diagnóstico para tuberculose devem ser destinadas à esterilização pelo calor, desde que não se enquadrem nas condições previstas nos incisos I a VIII do caput § 4º A carcaça que apresente apenas uma lesão tuberculósica discreta, localizada e completamente calcificada em um único órgão ou linfonodo pode ser liberada, depois de condenadas as áreas atingidas. § 5º As partes das carcaças e os órgãos que se contaminarem com material tuberculoso, por contato acidental de qualquer natureza, devem ser condenados MASTITE § 2º As glândulas mamárias devem ser removidas intactas, de forma a não permitir a contaminação da carcaça por leite, pus ou outro contaminante, respeitadas as particularidades de cada espécie e a correlação das glândulas com a carcaça. § 3º As glândulas mamárias que apresentem mastite ou sinais de lactação e as de animais reagentes à brucelose devem ser condenadas. § 4º O aproveitamento da glândula mamária para fins alimentícios pode ser permitido, depois de liberada a carcaça. NEOPLASIA Art. 165. As carcaças de animais com neoplasias extensas que apresentem repercussão no seu estado geral, com ou sem metástase, devem ser condenadas. § 1º As carcaças e os órgãos de animais com linfoma maligno devem ser condenados. § 2º Deve ser condenado todo órgão ou parte de carcaça atingidos pela neoplasia. § 3º Quando se tratar de lesões neoplásicas extensas, mas localizadas e sem comprometimento do estado geral, a carcaça e os órgãos devem ser destinados à esterilização pelo calor depois de removidas e condenadas as partes e os órgãos comprometidos. § 4º Quando se tratar de lesões neoplásicas discretas e localizadas, e sem comprometimento do estado geral, a carcaça pode ser liberada para o consumo depois de removidas e condenadas as partes e os órgãos comprometidos. CISTICERCOSE Art. 185. As carcaças com infecção intensa por Cysticercus bovis (cisticercose bovina) devem ser condenadas. § 1º Entende-se por infecção intensa quando são encontrados, pelo menos, oito cistos, viáveis ou calcificados, assim distribuídos: • I - dois ou mais cistos localizados, simultaneamente, em pelo menos dois locais de eleição examinados na linha de inspeção (músculos da mastigação, língua, coração, diafragma e seus pilares, esôfago e fígado), totalizando pelo menos quatro cistos; • II - quatro ou mais cistos localizados no quarto dianteiro (músculos do pescoço, do peito e da paleta) ou no quarto traseiro (músculos do coxão, da alcatra e do lombo), após pesquisa no DIF, mediante incisões múltiplas e profundas. § 2º Quando forem encontrados mais de um cisto, viável ou calcificado, e menos do que o fixado para infecção intensa, considerando a pesquisa em todos os locais de eleição examinados na linha de inspeção e na carcaça correspondente, esta deve ser destinada ao aproveitamento condicional pelo uso do calor, após remoção e condenação das áreas atingidas. § 3º Quando for encontrado um cisto viável, considerando a pesquisa em todos os locais de eleição examinados na linha de inspeção e na carcaça correspondente, esta deve ser destinada ao tratamento condicional pelo frio ou pela salga, após a remoção e a condenação da área atingida. § 4º Quando for encontrado um único cisto já calcificado, considerando todos os locais de eleição examinados, rotineiramente, na linha de inspeção e na carcaça correspondente, esta pode ser destinada ao consumo humano direto sem restrições, após a remoção e a condenação da área atingida. § 5º O diafragma e seus pilares, o esôfago e o fígado, bem como outras partes passíveis de infecção, devem receber o mesmo destino dado à carcaça. § 6º Os procedimentos para pesquisa de cisticercos nos locais de eleição examinados rotineiramente devem atender ao disposto nas normas complementares. DOENÇAS INFECCIOSAS NO ABATE: FEBRE AFTOSE Vírus da família Picornaviridae do gênero Aphtovírus. CARACTERÍSTICAS É uma zoonose. Há 7 grupos distintos do vírus, mas no Brasil é de ocorrência o tipo A, C e O. É um vírus muito mutagênico, lábil em pH <6 (a acidez da carcaça por inativar o vírus com exceção de órgãos como: MO e linfonodos) ou >9. A persistência viral na medula óssea de cortes cárneos congelados pode variar de 5 a 11 semanas e, nas carcaças e peles de animais preparados pós- abate pode ser de 21 a 352 dias. É sensível aos desinfetantes químicos como carbonato de sódio a 4%, formol a 10%, hidróxido de sódio 2% (soda cáustica) e meios físicos como calor, radiação ultravioleta, ionização por raios gama e luz solar. Resistente no feno e pelo dos bovinos por quatro semanas. Pelo exposto, é um grande problema a persistência viral em estábulos e salas de ordenhas, além de troncos, comedouros e bebedouros. Os reservatórios naturais do vírus são os animais bi ungulados domésticos e selvagens. Bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos, e suínos, dentre as espécies domesticas, camelídeos e elefantes. Os equídeos são totalmente refratários á febre aftosa. Rebanhos de todas as idades são susceptíveis, a febre aftosa. CICLO DA DOENÇA Esta enfermidade geralmente ocorre na forma de surto que rapidamente se dissemina de rebanho para rebanho, antes de ser controlada. O vírus é eliminado para o meio ambiente em todas as secreções e excreções dos bovinos doentes (lagrima, secreções nasais, saliva, sêmen, leite, urina e fezes), contaminando o meio ambiente. Além dos animais infectados são fontes também de infecção abatedouros, estábulos, leiteria e outras instalações. A entrada do vírus geralmente se faz através das mucosas das vias digestivas através da ingestão de água e alimentos contaminados e pela via respiratória ocorre através das gotículas de ar expirado pelos animais doentes. Uma conjunção de baixa temperatura, alta umidade e ventos moderados favorecem sobremaneira a difusão do vírus, que pode alcançar locais distantes ate 10Km do foco original. Os rios e riachos também apresentam grande importância na difusão do vírus da febre aftosa, seja pela contaminação por dessedentação de animais doentes ou pela ação de pessoas irresponsáveis que os contaminam com restos de cadáveres. ALTERAÇÕES NA CARCAÇA • Erosão e úlceras na mucosa oral, epitélio nasal e mamário e, língua • Vesículas, erosões e úlceras em mucosa oral e língua • Erosão e úlceras em membros e cascos • Lesõescardíacas BRUCELOSE Doença causada pela bactéria Brucella, principalmente pela Brucella abortus. CARACTERÍSTICAS É uma zoonose. São Gram (-), intracelulares facultativas, imóveis, não-esporuladas, de bastonetes curtos, aeróbicos de pH ótimo 6,6-7,4. A B. abortus possui 7 biotipos (1, 2, 3, 4, 5, 6 e 9). A Brucella spp apresenta-se exigente quanto à multiplicação in vitro, porém possui uma ampla capacidade de sobrevivência em ambientes que apresentam condições de umidade, abrigo de luz solar direta, pH neutro, temperatura e matéria orgânica, podendo resistir em pastagens, fetos abortados, anexos fetais e fezes úmidas por longos períodos. Todas as espécies do gênero são sensíveis ao calor e à acidez, e quando submetidas à ação de desinfetantes comuns, como soluções de formaldeídos a 2%, produtos clorados (2,5% de cloro ativo), compostos fenólicos a 2,5% e permanganato de potássio (1:5000). Em carnes, a Brucella spp pode manter-se viável durante meses, sendo pouco afetada pela acidificação muscular, refrigeração ou congelamento. Além do calor, a eliminação do agente só ocorre em situações de pH inferior a 4. CICLO DA DOENÇA No Brasil, a brucelose é endêmica. A principal via de infecção de Brucella spp no organismo é a oral, além do trato respiratório, conjuntivas, pele e trato genital. Os animais contaminados transmitem as bactérias do gênero Brucella através do parto ou aborto, valendo destacar que as fêmeas após abortarem pela primeira vez, tornam-se portadoras crônicas, eliminando Brucella spp no leite, urina e descargas uterinas durante os partos subsequentes, abortando ou não. A partir da terceira gestação após a infecção, os abortos não ocorrem, devido à imunidade celular e a redução de necrose dos placentomas, permitindo assim o nascimento dos bezerros. As bactérias do gênero Brucella também podem ser disseminadas entre os animais por fômites, destacando-se a água e alimentos contaminados. Este gênero sobrevive no ambiente, mas não se multiplicam nele. Possui ampla capacidade de sobrevivência, porém necessita de condições como presença de sombra, umidade, baixas temperaturas e pH neutro. ALTERAÇÕES NA CARCAÇA • Abortamento no terço final da gestação ou nascimento de bezerros fracos • Inflamações e lesões articulares e bursites • Lesões necrótico-inflamatórias na placenta e lise das vilosidades. • Descolamento dos cotilédones dificulta a circulação materno-fetal • Hiperplasia testicular (uni ou bilateral), e hiperplasia nos epidídimos, ampolas e vesículas seminais. • Atrofia do órgão afetado, devido à reação inflamatória do tipo necrosante, levando a quadros de subfertilidade, infertilidade ou esterilidade • Higromas (inchaço em joelho e jarretes). • Artrite principalmente em articulações carpianas e tarsianas; espondilites e bursites, especialmente nas vértebras torácicas e lombares, podendo atingir a medula óssea e bainha dos tendões CISTICERCOSE Doença causada pelo verme cestóide da Taenia (teníase), podendo ser a Taenia soium e a Taenia saginata pertencem à classe Cestoidea, ordem Cyclophillidea, família Taenidae e gênero Taenia. Na forma larvária (Cysticercus cellulosae da Taenia solium e Cysticercus bovis da Taenia saginata) causam a teníase. Na forma de ovo a Taenia saginata desenvolve a cisticercose no bovino e a Taenia solium, no suíno ou no homem. É uma zoonose. CICLO DA DOENÇA Os hospedeiros intermediários, T. solium (suíno) e T. saginata (bovino), tornam-se infectados quando ingerem ovos ou proglotes presentes no ambiente. O homem é o hospedeiro definitivo, passando a integrar o ciclo biológico destes parasitas quando ingere a carne crua ou mal passada, vegetais e frutas contaminados por cisticercos de origem suína ou bovina. O suíno adquire esses ovos através de alimentos contaminados com fezes humanas. Depois de ingeridos, os ovos se transformam em estruturas denominadas oncosferas, que seguem através do sangue para a musculatura estriada e desenvolve- se a forma larval, o cisticerco (Cysticercus cellulosae). Os ovos de tênia são ingeridos pelos hospedeiros intermediários, os embriões (oncosferas) se libertam do ovo no intestino delgado pela ação dos sucos digestivos e bile. As oncosferas penetram na parede intestinal e, em 24 a 72 horas, difundem-se no organismo através da circulação sanguínea. Ocorre então formação de cisticercos nos músculos esqueléticos e cardíaco. Os cistos medem de 7 a 12mm de comprimento por 4 a 6mm de largura. Quando o homem ingere cisticercos viáveis o mesmo sofre a ação do suco gástrico, evagina-se e se fixando, por meio do escólex, na mucosa do intestino delgado, dando origem a tênia adulta. O homem (hospedeiro definitivo) se infecta ao ingerir carne suína mal cozida ou mal assada contendo os cisticercos vivos. Após três meses da ingestão do cisto o homem começa a eliminar proglotes grávidas pelas fezes e reinicia-se o ciclo. ALTERAÇÕES NA CARCAÇA • Ovos de cisticerco em áreas de músculo em coração, músculos da mastigação, língua, diafragma e seus pilares e massas musculares da carcaça TUBERCULOSE Mycobacterium bovis. CARACTERÍSTICAS É uma zoonose. A doença é encontrada em todo o mundo. No entanto sua frequência é maior em países que adotam o sistema de confinamento no período do inverno. erada pelo calor, dessecação e diversos tipos de desinfetantes. A sua viabilidade no pasto é em torno de dois anos, enquanto que na carcaça um ano aproximadamente. Em estábulos ou ao abrigo da luz solar o bacilo pode viver por meses e até 18 dias em gotículas. são bacilos ácido-resistentes, embora sejam cito quimicamente Gram (+). CICLO DA DOENÇA A fonte de infecção é por meio de animais doentes ou portadores como os bovinos, búfalos e o homem. Os bacilos são eliminados por meio da tosse, espirro, corrimento nasal, leite, urina, fezes, sêmen, secreções vaginais e uterinas. A via de transmissão comum são aquelas provenientes de aerossóis em suspensão no ar que são inaladas pelo indivíduo ou por via digestiva. Os animais em confinamento estão sob maior risco, devido ao maior contato direto com outros animais que podem ser portadores do bacilo. ALTERAÇÕES NA CARCAÇA • Lesões tuberculósicas nos músculos, nos ossos, nas articulações ou nos linfonodos que drenam a linfa destas partes • Lesões caseosas concominantes em órgãos ou serosas do tórax e do abdómen. Lesões miliares ou perláceas de parênquimas ou serosas. • Necrose central nos linfonodos do tipo caseosa, composta de um material amarelado, caseoso, parecido com um ‘queijo ricota’ que pode estar ou não envolta por uma cápsula fibrosa. È notado uma sensação arenosa, um ‘ranger’ da faca ao corte da lesão • A localização da lesão tuberculosa, nos bovinos é mais comumente vista nos linfonodos do mediastino, e mais rara na pleura, fígado, peritônio e baço ABATE DE AVES DESTINO DAS CARCAÇAS ART. 175 As carcaças de aves ou os órgãos que apresentem evidências de processo inflamatório ou lesões características de artrite, aerossaculite, coligranulomatose, dermatose, dermatite, celulite, pericardite, enterite, ooforite, hepatite, salpingite, síndrome ascítica, miopatias e discondroplasia tibial devem ser julgados de acordo com os seguintes critérios: • I - quando as lesões forem restritas a uma parte da carcaça ou somente a um órgão é de condenação parcial ou • II - quando a lesão for extensa, múltipla ou houver evidência de caráter sistêmico é de condenação total ART. 176 Nos casos de endoparasitoses ou de ectoparasitoses das aves, quando não houver repercussão na carcaça é de condenação parcial. ART. 177 No caso de lesões provenientes de canibalismo, com envolvimento extensivo repercutindo na carcaçaé de condenação total. PU: não havendo comprometimento sistêmico é de condenação parcial ART. 178 No caso de aves que apresentem lesões mecânicas extensas, incluídas as decorrentes de escaldagem excessiva é de condenação total PU: as lesões superficiais determinam condenação parcial Isso acontece quando a temperatura do tanque está muito alta (> 55°C) ou quando as aves permanecem por mais tempo no mesmo (2- 5min). ART. 179 As aves que apresentem alterações putrefativas, exalando odor sulfídricoamoniacal e revelando crepitação gasosa à palpação ou modificação de coloração da musculatura é de condenação total. IN N°20 DE 21/OUT/2016 É uma IN específica para o controle e monitoramento de Salmonella em aves e perus de frango e corte. O lote positivo para Salmonella possui dois destinos: o abate separado com tratamento das carcaças ou o abate sanitário do núcleo. ART. 2 O controle e monitoramento de Salmonella spp. na cadeia de produção de frangos e perus incluirá as seguintes ações: • I - controle e monitoramento de Salmonella spp. nos estabelecimentos avícolas comerciais de frangos e perus de corte; • II - verificação do status sanitário dos lotes de galinhas e perus de reprodução, encaminhados para o abate; • III - monitoramento e controle de Salmonella spp. nos estabelecimentos de abate de aves registrados no SIF; • IV - adoção de medidas de controle específicas para Salmonella Typhimurium e Salmonella Enteritidis por se tratarem de patógenos de grande relevância em saúde pública; • V - adoção de medidas de controle específicas para Salmonella Pullorum e Salmanolla Gallinarum por se tratarem de patógenos de grande relevância em saúde animal; • VI - gestão de risco, com base no banco de dados dos sorovares de Salmonella spp • VII - revisão periódica e sistemática das ações de monitoramento e controle ART. 3 Os estabelecimentos avícolas comerciais de frangos e perus de corte deverão implementar um programa de controle e monitoramento para Salmonella spp. nos seus plantéis avícolas ART. 4 Para fins de controle de Salmonella spp., de que trata o art. 3º desta Instrução Normativa, todos os lotes de frangos e perus de corte dos estabelecimentos avícolas comerciais serão submetidos a coletas de amostras para a realização de ensaios laboratoriais para detecção de salmonelas, segundo metodologia oficial utilizada pela Coordenação-Geral de Laboratórios Agropecuários, da Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento - CGAL/SDA/MAPA. ART. 5 As coletas de amostras de que trata o art. 4º desta Instrução Normativa serão realizadas o mais próximo possível da data do abate do lote das aves, de tal maneira que os resultados sejam conhecidos antes do seu envio para o abate. A coleta é feita próximo a data de abate e, o resultado da amostra é necessário para a liberação do GTA. ART. 8 Para estabelecimentos avícolas comerciais de frangos e perus de corte registrados no Serviço Veterinário Estadual (SVE), as amostras a serem coletadas por galpão selecionado do núcleo, conforme o art. 7º desta Instrução Normativa, obedecerão ao seguinte: • I - dois suabes de arrasto ou propés, agrupados em um pool, umedecidos com meio de conservação, sendo que cada suabe ou propé deverá perfazer cinquenta por cento da superfície do galpão • II - trezentas amostras de fezes de aproximadamente um grama cada, preferencialmente cecais, serão coletadas em diferentes pontos distribuídos ao longo do galpão, reunidas em um único pool ART. 30 Para os núcleos dos estabelecimentos avícolas de frangos e perus de corte positivos para Salmonella Enteritidis, Salmonella Typhimurium , Salmonella Gallinarum e Salmonella Pullorum serão adotadas as seguintes ações sanitárias sob responsabilidade do médico veterinário que realiza o controle sanitário do estabelecimento: • I - fermentação das camas de todos os aviários do núcleo ou outro tratamento aprovado pelo Departamento de Saúde Animal - DSA/SDA/MAPA, capaz de inativar as salmonelas; • II - remoção e descarte de toda a cama e do esterco do núcleo após o tratamento previsto no inciso anterior, sendo proibida a reutilização no alojamento de aves; • III - limpeza e desinfecção das instalações e equipamentos após a remoção de toda a cama e esterco do aviário; • IV - adoção de vazio sanitário de, no mínimo, de quinze dias depois de concluídos os procedimentos de limpeza e desinfecção dos galpões; • V - investigação para identificar a fonte de infecção e as vias de transmissão para as aves, bem como adoção de um plano de ação para prevenção de novas infecções ART. 36 Os estabelecimentos de abate de frangos e perus de corte deverão instituir em seus programas de autocontrole ações de controle e monitoramento de Salmonella spp. desde a obtenção da matéria- prima até o produto final. ART. 37 Na recepção de frangos e perus de corte e de galinhas e perus de reprodução será verificada a informação sobre a condição sanitária para Salmonella spp. no Boletim Sanitário e na GTA, conforme a seção II do capítulo II desta Instrução Normativa. ART. 38 O monitoramento de Salmonella spp. em carcaças de frangos e perus será realizado pelos estabelecimentos de abate registrados no SIF por meio de ciclos de amostragem conforme o disposto no Anexo II desta Instrução Normativa. ART. 39 Para determinação dos ciclos de amostragem será utilizada a classificação dos estabelecimentos de acordo com o volume de abate conforme segue: • I - estabelecimentos pequenos (P) com um abate diário inferior a cinquenta mil frangos e galinhas ou dezesseis mil perus; • II - estabelecimentos médios (M) com um abate diário de cinquenta mil e um a cem mil frangos e galinhas ou superior a dezesseis mil e um perus; • III - estabelecimentos grandes (G) com um abate diário de cem mil e um a duzentos mil frangos e galinhas; e • IV - estabelecimentos muito grandes (GG) com um abate diário superior a duzentos mil e um frangos e galinhas O tamanho do abatedouro decide o número de amostras. Quando maior o abatedouro, maior o número de amostras. ART. 45 A coleta das amostras será realizada aleatoriamente, considerando iguais chances de todos os lotes, linhas de abate, dias e hora dos turnos de abate a serem amostrados. PU: Os lotes que apresentarem resultado positivo para Salmonella Typhimurium ou Salmonella Enteritidis expressos na GTA e no Boletim Sanitário serão excluídos do sorteio ART. 46 A coleta de amostra seguirá o disposto no Anexo II desta Instrução Normativa e atenderá os seguintes requisitos: • I - a amostra de frango será composta por uma carcaça inteira coletada de forma aleatória imediatamente após o gotejamento e antes da embalagem primária; • II - a amostra de peru será composta por, no mínimo, quinhentos gramas de partes de pele e músculo da região pericloacal, do pescoço e das asas, coletadas de uma carcaça selecionada de forma aleatória, imediatamente após o gotejamento e antes da embalagem primária; e • III - no caso de carcaças não submetidas ao processo de pré- resfriamento por imersão, a coleta será realizada após o resfriamento e antes da embalagem primária ART. 53 O abate de lotes de frangos e perus de corte e de galinhas e perus de reprodução positivos para Salmonella spp., exceto Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium, será realizado em separado dos demais lotes, seguido de imediata higienização das instalações e equipamentos. Saúde animal. Lote positivo para Salmonella spp. ocorre p abate separado com devida higienização dos equipamentos podendo ser destinado ao consumo “in natura”. ART. 54 Para o abate de lotes de frangos e perus de corte e degalinhas e perus de reprodução positivos para Salmonella Typhimurium ou Salmonella Enteritidis, serão adotadas as seguintes ações: • I - abate em separado dos demais lotes, seguido de imediata higienização das instalações e equipamentos; e • II - sequestro e destinação da produção para tratamento térmico que garanta a eliminação desses patógenos ou fabricação de carne mecanicamente separada Saúde pública. Lote positivo para S. Typhimurium ou Enteririditis ocorre o abate separado seguido do tratamento térmico das carcaças. Ordem no abate: • Lote (-) para Salmonella. • Lote (+) para Salmonella spp. • Lote (+) para S. T e E. ART. 62 Na recepção de frangos e perus de corte e galinhas e perus de reprodução, durante a inspeção ante mortem o SIF deverá conferir se as informações constantes do Boletim Sanitário e GTA atendem as determinações desta Instrução Normativa ART. 63 O SIF realizará a verificação do controle de Salmonella spp. em frangos e perus nos estabelecimentos de abate por meio de ciclos de amostragem oficiais conforme o disposto no Anexo III desta Instrução Normativa. ART. 64 O ciclo oficial será realizado conforme descrito nos arts. 39 a 51 desta Instrução Normativa. ART. 65 O sorteio das amostras oficiais será realizado e divulgado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, sendo a grade de sorteio disponibilizada previamente aos SIFs responsáveis pela coleta. ART. 66 As amostras oficiais serão analisadas nos laboratórios que integram a Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários do SUASA. ABATE DE PESCADOS ART. 205 Entende-se por pescado os peixes, os crustáceos, os moluscos, os anfíbios, os répteis, os equinodermos e outros animais aquáticos usados na alimentação humana. PU: O pescado proveniente da fonte produtora não pode ser destinado à venda direta ao consumidor sem que haja prévia fiscalização, sob o ponto de vista industrial e sanitário. ART. 206 Os dispositivos previstos neste Decreto são extensivos aos gastrópodes terrestres, no que for aplicável. ART. 207 São vedados a recepção e o processamento do pescado capturado ou colhido sem atenção ao disposto nas legislações ambientais e pesqueiras. A pesca pode ser por: pesca extrativa (ocenao) ou pesca por cultivo (aquicultura). ART. 208 É obrigatória a lavagem prévia do pescado utilizado como matéria-prima para consumo humano direto ou para a industrialização de forma a promover a limpeza, a remoção de sujidades e microbiota superficial. ART. 209 Os controles oficiais do pescado e dos seus produtos, no que for aplicável, abrangem, além do disposto no art. 10, o que se segue: • I - análises sensoriais; • II - indicadores de frescor; • III - controle de histamina, nas espécies formadoras; • IV - controle de biotoxinas ou de outras toxinas perigosas para saúde humana • V - controle de parasitas ART. 210 Na avaliação dos atributos de frescor do pescado, respeitadas as particularidades de cada espécie, devem ser verificadas as seguintes características sensoriais para: Em peixes: • Superfície do corpo limpa, com relativo brilho metálico e reflexos multicores próprios da espécie, sem qualquer pigmentação estranha; • Olhos claros, vivos, brilhantes, luzentes, convexos, transparentes, ocupando toda a cavidade orbitária; • Brânquias ou guelras róseas ou vermelhas, úmidas e brilhantes com odor natural, próprio e suave; • Abdômen com forma normal, firme, não deixando impressão duradoura à pressão dos dedos • Escamas brilhantes, bem aderentes à pele, e nadadeiras apresentando certa resistência aos movimentos provocados; • Carne firme, consistência elástica, da cor própria da espécie; • Vísceras íntegras, perfeitamente diferenciadas, peritônio aderente à parede da cavidade celomática; • Ânus fechado; e • Odor próprio, característico da espécie Em crustáceos: • Aspecto geral brilhante, úmido; • Corpo em curvatura natural, rígida, artículos firmes e resistentes; • Carapaça bem aderente ao corpo; • Coloração própria da espécie, sem qualquer pigmentação estranha; • Olhos vivos, proeminentes; • Odor próprio e suave; e • Lagostas, siris e caranguejos, estarem vivos e vigorosos Em moluscos bivalves: • Estarem vivos, com valvas fechadas e com retenção de água incolor e límpida nas conchas; • Odor próprio e suave; e • Carne úmida, bem aderente à concha, de aspecto esponjoso, da cor característica de cada espécie Em moluscos cefalópodes: • Pele lisa e úmida; • Olhos vivos, proeminentes nas órbitas; • Carne firme e elástica; • Ausência de qualquer pigmentação estranha à espécie; e • Odor próprio Em moluscos gastrópodes: • Carne úmida, aderida à concha, de cor característica de cada espécie; • Odor próprio e suave; e • Estarem vivos e vigorosos Em anfíbios (carne de rã): • Odor suave e característico da espécie; • Cor rosa pálida na carne, branca e brilhante nas proximidades das articulações; • Ausência de lesões e elementos estranhos; e • Textura firme, elástica e tenra Em répteis: Carne de jacaré: • Odor característico da espécie; • Cor branca rosada; • Ausência de lesões e elementos estranhos; • Textura macia com fibras musculares dispostas uniformemente Carne de quelônio: • Odor próprio e suave; • Cor característica da espécie, livre de manchas escuras; e • Textura firme, elástica e tenra § 1º As características sensoriais a que se refere este artigo são extensivas, no que for aplicável, às demais espécies de pescado usadas na alimentação humana. § 2º As características sensoriais a que se refere o caput são aplicáveis ao pescado fresco, resfriado ou congelado, recebido como matéria-prima, no que couber § 3º Os pescados de que tratam os incisos de I a III devem ser avaliados quanto às características sensoriais por pessoal capacitado pelo estabelecimento, utilizando-se uma tabela de classificação e pontuação com embasamento técnico-científico, conforme definido em norma complementar pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. § 4º Nos casos em que a avaliação sensorial revele dúvidas acerca do frescor do pescado, deve-se recorrer a exames físico-químicos complementares ART. 211 Pescado fresco é aquele que atende aos seguintes parâmetros físico-químicos complementares, sem prejuízo da avaliação das características sensoriais: • I - pH da carne inferior a 7,00 (sete inteiros) nos peixes; • II - pH da carne inferior a 7,85 (sete inteiros e oitenta e cinco décimos) nos crustáceos; • III - pH da carne inferior a 6,85 (seis inteiros e oitenta e cinco décimos) nos moluscos; e • IV - bases voláteis total inferiores a 30 mg (trinta miligramas) de nitrogênio/100g (cem gramas) de tecido muscular ART. 212 Nos estabelecimentos de pescado, é obrigatória a verificação visual de lesões atribuíveis a doenças ou infecções, bem como a presença de parasitas. PU: o monitoramento deste procedimento deve ser executado por pessoa qualificada do estabelecimento, atendendo ao disposto em normas complementares, exceto para as espécies de pescado de abate, que serão submetidas a inspeção permanente. ART. 214 É permitido o aproveitamento condicional, conforme normas de destinação estabelecidas em norma complementar, do pescado que se apresentar injuriado, mutilado, deformado, com alterações de cor ou com presença de parasitas localizados. ART. 215 Nos casos do aproveitamento condicional a que se refere esta Subseção, o pescado deve ser submetido, a critério do SIF, a um dos seguintes tratamentos: • I - congelamento;• II - salga; ou • III - calor ART. 216 Os produtos da pesca e da aquicultura infectados com endoparasitas transmissíveis ao homem não podem ser destinados ao consumo cru sem que sejam submetidos previamente ao congelamento à temperatura de -20ºC (vinte graus Celsius negativos) por vinte e quatro horas ou a -35ºC (trinta e cinco graus Celsius negativos) durante quinze horas. PU: podem ser utilizados processos diferentes dos propostos, desde que se atinja ao final as mesmas garantias, com embasamento técnico-científico e aprovação do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. ART. 333 Para os fins deste Decreto, pescado fresco é aquele que não foi submetido a qualquer processo de conservação, a não ser pela ação do gelo ou por meio de métodos de conservação de efeito similar, mantido em temperaturas próximas à do gelo fundente, com exceção daqueles comercializados vivos. ART. 334 Para os fins deste Decreto, pescado resfriado é aquele embalado e mantido em temperatura de refrigeração. ART. 335 Para os fins deste Decreto, pescado congelado é aquele submetido a processos de congelamento rápido, de forma que o produto ultrapasse rapidamente os limites de temperatura de cristalização máxima § 1º O processo de congelamento rápido somente pode ser considerado concluído quando o produto atingir a temperatura de -18ºC (dezoito graus Celsius negativos) ART. 336 Durante o transporte, o pescado congelado deve ser mantido a uma temperatura não superior a - 18ºC (dezoito graus Celsius negativos). A CARNE DO PESCADO • Maior quantidade AA comparada à carne bovina, facilitando a proliferação de microrganismos • Menor quantidade de tecido conjuntivo. O TC funciona como uma “barreira física” na proliferação dos microrganismos • A pele do peixe é mais fina e delicada comparada a do bovino, propiciando mais facilmente a passagem de microrganismos para o músculo • Maior quantidade de substâncias nitrogenadas • Degradação rápida de ATP, acumulando menos ácido lático e deixando o pH da carne em torno dos 7 (pH ótimo para qualquer microrganismo) DOENÇAS TRANSMITIDAS PELO CONSUMO DE PESCADOS: BACTÉRIAS: AMBIENTAL As bactérias que contaminam a água, apresentam uma grande diversificação de espécies. O pescado vivo (em águas contaminadas), apresenta contaminações bacterianas principalmente na pele, guelras e vísceras, que passam p/ os demais tecidos quando o animal morre. Estas bactérias normalmente são psicrófilas (que podem se desenvolver a 0º, tendo como faixa ideal de 20 a 35º C). Alguns microrganismos que ocorrem naturalmente no ambiente aquático: • Clostridium botulinum • Vibrio parahaemolyticus • Vibrio cholerae • Vibrio vulnificus • Aeromonas sp. • Listeria monocytogenes PÓS-CAPTURA Transferidos ao pescado como resultado da contato humano: • Salmonella • E. coli • Shigella • Staphylococcus aureus • Clostridium perfringens SALMONELLA NA CARNE DE RÃ A Salmonela spp. é o microrganismo constante no ambiente criatório de rãs, comumente presente em seu trato intestinal, contaminando facilmente a carne quando da eviceração; ponto critico do processo devido a ruptura do estomago e/ou intestino; compromentendo a qualidade e a garantia da segurança do produto oferecido ao consumidor. PARASITAS: ANISAQUÍASE É conhecido “Doença do verme do bacalhau”. É causada pela ingestão de peixes contaminados pela larva de nematóide do gênero Anisakis. A evisceração dos peixes logo após a pesca evita a penetração das larvas das vísceras para os músculos do animal. Manifesta-se em humanos como infecção aguda do trato gastrointestinal com dores abdominais, náuseas e vômitos após a ingestão de bacalhau e arenque crús ou mal cozidos. Ocorre mais comumente na carne do bacalhau, hadoque, linguado, salmão do Pacífico, arenque do Japão e Escandinávia DIFILOBOTRÍASE Também conhecida como “tênia do peixe”. É uma endoparasitose humana frequente pelo consumo de peixes crús, causada por Diphyllobothrium spp.. Os salmonídeos, atuam como hospedeiros intermediários, enquanto o hospedeiro definitivo desse parasita é o homem, no entanto, pode acometer outros mamíferos. A transmissão para o homem ocorre por meio da ingestão de peixes crús, mal cozidos ou defumados. Após a ingestão, a larva se aloja no intestino, onde cresce e se multiplica. FAGICULOSE É causada pela Phagicola longa, ainda emergente e carente em estudos, que esta associada a ingestão de carne de tainhas mal cozidas ou mesmo crúas, na forma de sashimi. Este parasita tem grande facilidade de adaptação às varias especies animais: aves e mamiferos, incluindo cães, gatos e o homem, parasitando seus intestinos. As tainhas infectadas apresentam cistos no coração, fígado, baço e tecido mesentérico. EUSTRONGILIDÍASE A eustrongilidíase é uma infecção parasitária provocada por Eustrongylides spp., adquirida também pelo consumo de "sushi", são parasitas nematóides da família Dioctophymatoidae, cujos adultos habitam tipicamente a mucosa do esôfago, pró-ventrículo ou intestino de aves. Os estágios larvares ocorrem nos tecidos de peixes, anfíbios e répteis. CAPILARÍASE A capilaríase intestinal humana é uma nova doença causada pelo nematoide de genero Capillaria. Existem mais de 200 especies nematóides deste genero, mas apenas alguns causam doenças em humanos : Capillaria hepatica e Capillaria philippinensis. C. hepatica é adquirida pelo contato com fezes de pequenos roedores, macacos e cães infectados e causam hepatite humana. A especie C.philippinensis é frequentemente encontrada nos tecidos de pequenos peixes que quando ingeridos crus ou mal cozidos, suas larvas migram para o intestino transformandos-se em vermes adultos; onde as as femeas depositam ovos, que são eliminandos pelas fezes, fechando o ciclo. TREMATODO Clonorchis sinensis, Opistorchis felineus, O. viverrini, Heterophyes spp., Metagonimus spp., Diplostomum spathaveum, Pygidiopsis summa, Stellantchasmus falcatus, Procerovum varium, Haplorchis spp., Nanophyetus schickhobalowi, Cryptocotylelingua, Gonadosdasmius spp., Metorchis conjunctus, Echinoschasmus perfoliatus, Echinostoma hortense, Clinostomum complanatum, Pseudamphistomumtruncatum e Isoparorchis hypselobagri. Muitas vezes, as infestações são raras e ocasionais, como acontece com Diplostomum spathaceum e Clinostomum complanatum. CLONORQUÍASE E OPISTORQUÍASE A clonorquíase é uma doença dos ductos biliares, causada por trematóides; e a opistorquíase é causada por pequenos trematóides de gatos e outros mamíferos piscívoros, conhecidos como Opisthorchis felineus. A biologia desses parasitas, as características da doença e os métodos de controle são essencialmente os mesmos que correspondem à clonorquíase. Os Opisthorchiidae, O. felineus, O. viverrini e Clonorchis sinensis são os que ocasionam mais graves consequências ao homem e ocorrem freqüentemente em vários países asiáticos. CESTÓIDES São osplerocercóides de espécies de tênias pseudofilídeas; dentre as quais, o gênero mais importante é Diphyllobothrium. Podem alcançar o homem que ingere pescado crú. A biologia deste grupo engloba dois tipos de hospedeiros intermediários como os copépodes e os peixes. Os plerocercóides de outras espécies distintas de Diphyllobothrium são incapazes de maturar até a fase de tênia adulta no homem, mas migram na pele ou no tecido subcutâneo, determinando a doença conhecida como esparganose. Entre as manifestações clínicas, estão a dor epigástrica, anorexia, náuseas, vômitos, astenia, perda de peso, eosinofilia, que como complicação da origem a anemia perniciosa (anemia hipercrômica macrocítica), pois o parasito adulto tem a capacidade de absorver intensamentea vitamina B12 no intestino do hospedeiro. A prevenção se faz pelo cozimento adequado dos peixes, dar destino higiênico aos excretos humanos, inspeção do pescado e congelamento adequado dos peixes nos frigoríficos. BOAS PRÁTICAS NA FABRICAÇÃO (BPF) São práticas higiênicas recomendadas no manuseio de alimentos. São todos os procedimentos necessários para a obtenção de alimentos inócuos, saudáveis e sãos. SITUAÇÃO E CONDIÇÃO DE EDIFICAÇÃO • Banheiros separados por sexo • Vaso sanitário, pia, mictório (20 funcionários) • Papel higiênico, lixeira, descarga, sabão líquido, papel toalha • Iluminação – adequada (natural / artificial), uniforme, s/ ofuscamento, contraste, sombras e cantos escuros; lâmpadas suspensas: limpas e protegidas. • Ventilação – natural / artificial, conforto térmico, renovação de ar, ambiente. livre de fungos, gases, fumaça, gordura, condensação de vapores; ar → zonas limpas para contaminadas; ventilador e ar condicionado: proibidos • Lavatórios na área de manipulação • Abastecimento de água / caixa d’água • Destino dos resíduos EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS • Limpeza e desinfecção • Armazenamento MANIPULADORES • Estado de Saúde – Ministério do Trabalho (PCMSO) e Vigilância Sanitária; pessoas doentes devem ser afastadas. • Roupas adequadas – uniforme completo, cor clara, s/ botões, s/ bolsos, gorro, sapatos fechados / botas. Luvas e máscaras • Asseio pessoal – unhas curtas, s/ adornos, s/ esmalte, s/ perfume, barba feita • Hábitos higiênicos – banho diariamente, barba feita, não falar, não tossir, não espirrar, não fumar, lavar BEM as mãos... • Uso de bloqueios sanitários – lavadores de botas e pias CONTROLE DE PRAGAS • Pássaros, baratas, moscas, roedores... • Controle Integrado de Pragas: Prevenção de acesso e de formação de ninhos, erradicação e monitoramento. • AAAA: Acesso, Abrigo, Alimento, Água HOUSEKEEPING/5S • Seiri – liberação da área • Seiton - organização • Seiso – limpeza • Seiketsu – padronização Shitsuke - disciplina
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