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DESCRIÇÃO Conhecimento da avaliação escolar e seus impactos para a percepção da qualidade na educação brasileira. PROPÓSITO Compreender o debate em torno das avaliações externas e em larga escala no Brasil, seus impactos e sua relação com a qualidade da educação. OBJETIVOS MÓDULO 1 Relacionar qualidade da educação e avaliação escolar MÓDULO 2 Reconhecer o processo da avaliação do ensino institucional no Brasil MÓDULO 3 Identificar as potencialidades e os limites da avaliação externa Fonte: Jacob Lund | Shutterstock INTRODUÇÃO Quando falamos de avaliação, estamos nos referindo a um processo complexo que vai muito além do que realizar uma simples medida ou verificação. Avaliar significa emitir um julgamento, qualificar algo e produzir consequências. Por exemplo, imagine que você, durante uma aula, note que um de seus estudantes está mais quieto do que o normal, decida aferir sua temperatura e o termômetro marque 38,5°C. Até aí você está medindo/verificando. Porém, a partir do momento em que compare essa “medida” com a temperatura corporal média normal e afirme que ele está com febre, você realizará uma avaliação, visto que qualificou essa medida. Complementarmente, avaliamos para orientar a tomada de decisão, ou seja, o ato de avaliar resulta em ações! Voltando ao nosso exemplo, o ato de avaliar que o estudante está com febre não se encerra em si, ele induz uma tomada de decisão, como ligar para os responsáveis do estudante, verificar se na agenda há indicação de medicação ou encaminhá-lo para a enfermaria, por exemplo. Mas, no caso da avaliação escolar, por que avaliamos? De modo geral, avaliamos a qualidade da educação. Mas o que é uma educação de qualidade? Bom, diferentemente da febre citada no exemplo, onde há mais ou menos um consenso sobre quando a temperatura corpórea está elevada, falar de qualidade da educação remete a um conceito situado socialmente no tempo e no espaço. Isso quer dizer que, dependendo do país, da classe social, da posição política, da época, dentre tantos outros fatores, uma educação de qualidade pode ser definida de modos diferentes. Para termos ideia de como avaliar algo é muito mais complexo do que medir, até para o que é considerado febre há alguma polissemia. Em crianças, a maioria classifica como febre a temperatura retal acima de 38°C, mas alguns consideram febre temperatura retal acima de 37,7°C ou 38,3°C. Nesse sentido é que o tema avaliação escolar se torna ainda mais complexo, pois a noção de “qualidade” na educação é polissêmica e multifacetada, ou seja, tem vários sentidos envolvendo diferentes instâncias. Podemos notar a presença dessa diversidade de perspectivas na relação educação-qualidade nas conversas informais, na sala dos professores, na mídia etc. MÓDULO 1 Relacionar qualidade da educação e avaliação escolar Fonte: Chinnapong | Shutterstock CONTEXTUALIZANDO O DESAFIO Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre avaliação escolar. A avaliação escolar é um exercício no qual a instituição verifica suas ações, reflete sobre elas e traça novas formas de atingir seus objetivos. A avaliação é um dos pilares fundamentais da educação, e a avaliação escolar é o necessário exercício de refletir sobre a qualidade de seu próprio ensino. Entram nesse debate aspectos de avaliação institucional promovida de forma interna, análise dos resultados de avaliação da aprendizagem e participação em exames regionais ou nacionais de aferição. O conjunto de avaliações deve ter como fim definir formas e planos de melhoria da qualidade da educação, influenciando questões orçamentárias, políticas públicas, currículo e planejamento. Acontece que esse conjunto de informações, visto de maneira rápida, parece simples: cria-se uma métrica, aplica-se a avaliação e verifica-se o atingimento; se considerado satisfatório, mantém-se e se for considerado insatisfatório, corrige-se. COMENTÁRIO No entanto, essa facilidade não funciona dessa maneira em nenhum ambiente. Na educação, que é um meio polissêmico (possui muitos sentidos) e polifônico (composto por muitas vozes com interesses dissonantes) é ainda mais complexo. Um resultado precisa ser analisado e cruzado com diversas outras vertentes para que possa efetivamente gerar novas ações. A avaliação, se for punitiva ou hierarquizante, normalmente leva a deturpações e busca ludibriar os resultados. Quer ver alguns exemplos do que falamos até agora? EXEMPLO 1 Em um estado, determinou-se que a escola receberia um valor financeiro a mais para orçamento e bônus dos professores se a maior parte dos alunos atingisse uma nota X. Vários professores e diretores viram-se pressionados, em busca do bônus, a serem mais “generosos” na avaliação. EXEMPLO 2 Um programa avalia que, se as escolas não atingirem determinada nota, em uma média entre a titulação de professores, o número de professores e os alunos por turma, terão prejuízo na pontuação que aparece na mídia como ranqueamento de qualidade (o que não deveria ser nunca o objetivo de uma avaliação escolar). javascript:void(0) javascript:void(0) A avaliação é para auxiliar nas informações e regular o processo de educação-qualidade; mas descolados da realidade, os indicadores não preveem situações de aumento da demanda (procura de alunos), necessidade de contratação de professores para atenderem a titulação e fazem com que as instituições tendam a esperar a realidade econômica se consolidar antes de mais contratações ou abertura de novas turmas. Para não incorrerem em punição, não colocam em documentos oficiais esse aumento, esperando cobranças formais, ou a consolidação do novo patamar. O conjunto de avaliações deve servir para ponderar sobre os caminhos da educação e não para determinar “etiquetas”. Vamos continuar falando sobre entendimento de educação e avaliação. Fonte: Halfpoint | Shutterstock FRACASSO ESCOLAR Um dos termos mais famosos e mais mal-empregados pelo senso comum para avaliar as escolas contemporâneas como ruins é o fracasso escolar. Tende-se a utilizar o malfadado, ou maltrabalhado conceito de “fracasso escolar” como modelo explicativo para definir a média dos baixos resultados relativos à educação, uma prova de que as decisões recentes sobre a educação brasileira criaram um quadro de fragilidade e que ela é “muito ruim”. FRACASSO ESCOLAR É UM CONCEITO GESTADO NO CAMPO DA PSICOLOGIA QUE BUSCAVA COMPREENDER OS IMPACTOS DOS ALUNOS QUE NÃO CONSEGUIAM ATINGIR OS RESULTADOS E QUE DURANTE ANOS FORAM SENDO EXCLUÍDOS DO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO. LOGO, NA ORIGEM, FRACASSO ESCOLAR NÃO TRATA DO INDIVÍDUO E DA SUA DIFICULDADE DE ADEQUAÇÃO E SENSAÇÃO DE FRAGILIDADE DIANTE DOS RESULTADOS ESPERADOS. POR ANALOGIA, PODEMOS DIZER QUE O CONCEITO TRANSFORMOU A ESCOLARIZAÇÃO BRASILEIRA EM UM ALUNO QUE NÃO FOI CAPAZ DE ACOMPANHAR OS DEMAIS, UM ALUNO QUE SE LAMENTA, PENSA QUE A ESCOLA NÃO É O AMBIENTE PARA ELE. Permanecendo na analogia, a noção de fracasso escolar superou, há muito, a noção vinculada à Psicologia para se perceber como esse sentimento de adequação pode ser construído e não meramente entendido como uma dificuldade ou inadequação cognitiva dos alunos. As crianças devem ser entendidas como sujeitos plenos, logo, seus estímulos e sua condição de vida impactam fortemente na sua relação com a escola. Há crianças que já entram na escola com a sensação plena de inadequação, fomentando a sensação do fracasso escolar que apontamos, mesmo que não haja nenhum processo cognitivo que o leve a tal dificuldade, mas sim por uma questão social. SAIBA MAIS Veja o quadro feito pela ONU para ilustrar essa questão: O Relatório Mundial do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) (1999) aponta o nascimento da criança número 6 bilhões, ocorrido em 12/10/1999. Isso significa que o planeta Terra já tem mais de 6 bilhões de crianças. Aliás, duas crianças nasceram nessa data, uma na Bósnia e outra no Brasil, em Salvador. Essa criança nascida no Brasil tem: 30% de chances denão ser registrada ao nascer; 40% de chances de seus pais terem um padrão instrucional de menos de quatro anos de estudo; 21% de chances de nascer em lares cujos pais são analfabetos; 27% de chances de viver em uma família com renda mensal inferior a meio salário mínimo per capita; 17% de chances de trabalhar para ajudar a família a partir dos 10 anos, embora o Estatuto da Criança e do Adolescente só admita como adequado o trabalho após os 14 anos; 46% de chances de já estar trabalhando entre os 15 e 17 anos, tendo ou não concluído o ensino básico, para sobreviver e ajudar a família; 59% de chances de concluir o ensino fundamental (8ª série), embora 95% tenham chance de acesso a esse nível de ensino. Os dados recentes do Unicef anteveem que 41% das crianças brasileiras estão fadadas ao fracasso escolar e a reproduzir, no futuro, a situação atual de fracasso de seus pais. Está sendo considerado aqui como fracasso o fato de não ter completado as oito séries. No entanto, estarão os 59% que concluem as oito séries incluídos no não fracasso ou no sucesso escolar? Afinal, o que é o não fracasso escolar? Será o alcance de certo grau de desenvolvimento humano? Será a condição de autonomia? A de qualidade de vida? Será a condição de civilidade que permita valores e práticas como a da equidade? Bem, se é tudo isso, voltemos à afirmação anterior: não fracasso escolar é inclusão social (SPOSATI, 2008). Fonte:Wikipédia Fonte: Wikipédia Voltando à analogia, se a noção de fracasso escolar brasileiro, comprovada por avaliações institucionais e internacionais, for observada sem a relação com o contexto da educação brasileira, será muito fácil construir uma falsa percepção. Durante anos, a educação brasileira, em especial a pública, foi considerada de extrema qualidade – repare que continuamos na percepção do senso comum; essa educação urbana gestada na primeira metade do século XX no Brasil era para poucos. Aqueles que não se adequavam saíam. EXEMPLO A educação apontada como de qualidade foi aquela que tinha o princípio excludente de separar o joio do trigo, os aptos dos não aptos. Quer dizer, retirava da escola, por meio das reprovações, os alunos que não atingiam os resultados esperados. Certamente se, em 1900, a educação popularizou-se ampliando continuamente o número de vagas no Brasil, a avaliação escolar apresentava resultados imprecisos, pois focava-se em segmentos diminutos perto do total de excluídos pelo sistema avaliativo. Fonte:Shutterstock Fonte: Dmitry Demidovich | Shutterstock Uma nova onda de popularização da educação foi transformada em meta e política pública nos anos 1990, tendo como destaque a Constituição de 1988 e a LDB de 1996. As escolas deveriam não só incluir, mas evitar a evasão e trabalhar na recuperação e no suporte dos alunos que necessitavam, buscando romper a sensação de fracasso no indivíduo. Voltando uma última vez à analogia, a educação excludente, para se tornar inclusiva, em seu sentido mais pleno, precisa de resultados mais claros, índices mais efetivos para cuidar da educação. Uma das áreas da Educação que mais se desenvolveu foi a da avaliação escolar. Fonte: BlurryMe | Shutterstock VISÃO COTIDIANA SOBRE QUALIDADE NA ESCOLA E AVALIAÇÃO ESCOLAR Observe as manchetes: Na notícia, a qualidade de educação está atrelada diretamente ao seu financiamento ao estabelecer como referência de qualidade o chamado CAQ (custo- aluno-qualidade). Nessa notícia, a qualidade da educação está atrelada ao fluxo escolar pela relação entre a idade recomendada para cada série. Já nessa notícia, notamos a qualidade da educação atrelada ao desempenho dos estudantes em testes de larga escala originando um indicador social, que avalia o desempenho do estudante em Língua Portuguesa (com foco em leitura), Matemática e o fluxo escolar. SAIBA MAIS O CAQi é o padrão mínimo de qualidade, por isso ele recebe o “i” de inicial. Já o CAQ avança em relação ao padrão mínimo, pois considera o caráter dinâmico do conceito de custo por aluno e a capacidade econômica do Brasil, posicionada como 6ª economia do mundo. Assim, o CAQ é o padrão de qualidade que se aproxima dos custos dos países mais desenvolvidos em termos educacionais. Sua implementação deve ocorrer até 2024. Fonte: O que é o CAQ?, Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Destacamos que haver uma preocupação sobre a qualidade da educação oferecida é um ganho social, visto ser um debate que só tem cabimento a partir da democratização do acesso à educação básica, oportunizada pela Constituição Federal de 1988, que instituiu a educação como direito de todos os cidadãos, cujo artigo 206 indica como princípio a garantia de padrão de qualidade à educação. Fonte:Shutterstock Fonte: iQoncept | Shutterstock É muito comum, no debate a respeito da qualidade da educação, notadamente pública, ouvirmos que antigamente a escola era de qualidade; no entanto, ela era para muito poucos, pois o acesso só se dava por meio de seleções rigorosas. Até a década de 1960, os brasileiros passavam, em média, apenas 2,9 anos de sua vida em uma escola. Dessa constatação, podemos rebater essa máxima presente no imaginário social: será que podemos considerar uma educação para poucos como de qualidade? EXEMPLO Sugerimos este exemplo para ilustrar melhor: Alice perguntou: – Gato Cheshire, pode me dizer qual o caminho que devo tomar? – Isso depende muito do lugar para onde você quer ir – disse o Gato. – Eu não sei para onde ir! – disse Alice. – Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve. (Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll) Fonte:Shutterstock Fonte: Morphart Creation | Shutterstock Como nos alerta o gato de Alice, é importante que realizemos uma discussão ampla na sociedade do que consideramos uma educação de qualidade para, a partir disso, chegarmos a pontos em comum e podermos, então, criar instrumentos de avaliação que deem conta de orientar as tomadas de decisão voltadas para as tão desejadas mudanças na qualidade da educação. MAS SERÁ QUE ESSAS DIFERENTES PERSPECTIVAS A RESPEITO DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO SÃO EXCLUDENTES? E PARA VOCÊ, O QUE É UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE? A seguir, trataremos de modo mais aprofundado do que há nessa relação entre educação, avaliação e qualidade. Fonte: ESB Professional | Shutterstock QUALIDADE E AVALIAÇÃO ESCOLAR Quando tratamos de conceitos como a qualidade na educação e, consequentemente fracasso/sucesso escolar, a avaliação ganha visibilidade. Avaliar significa atribuir valor, o que é uma ação polêmica e remete a tensões sociais, visto que a avaliação é uma atividade simultaneamente escolar e social. Comumente, a expressão avaliação escolar nos remete àquela avaliação da aprendizagem do estudante realizada pelo docente no contexto da sala de aula, ou seja, avaliação interna. Mais recentemente, esse termo passou a englobar outros tipos de avaliação que, usualmente, ocupam- se de acompanhar e avaliar a competência com que os gastos públicos são aplicados, ou seja, avaliam a eficácia da gestão dos sistemas educativos. DE MODO PREPONDERANTE, ESSA AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS COSTUMA SER REALIZADA POR MEIO DE PROVAS DIAGNÓSTICAS EM MASSA. TAIS PROVAS NÃO SÃO REALIZADAS PELO DOCENTE QUE ESTÁ NA ESCOLA, MAS SIM POR ESPECIALISTAS E, POR ISSO, SÃO DENOMINADAS AVALIAÇÕES EXTERNAS, QUE OBJETIVAM FORNECER CONHECIMENTOS “NUM DADO MOMENTO DE UM ESTADO DO SISTEMA EDUCATIVO” (CHATEL, 2011). MAS, COMO MENCIONADO, ESSAS AVALIAÇÕES NEM SEMPRE ESTIVERAM PRESENTES NO DEBATE EDUCACIONAL; POR ISSO, REALIZAREMOS UMA BREVE RETOMADA HISTÓRICA A RESPEITO DESSA COMPREENSÃO DE AVALIAÇÃO ESCOLAR. INFLUÊNCIA DA PSICOLOGIA Até os anos 1950, as tendências de avaliação escolar em nosso país sofriam muita influência da Psicologia. Nesse período, as avaliações eram realizadas sob o enfoque individual. Nessa perspectiva, “as diferenças de desempenho [eram] explicadas no plano biopsicológico e a aprendizagem entendidacomo mensuração das capacidades individuais por meio de testes” (CHATEL, 2011). INFLUÊNCIA DA TEORIA DO CAPITAL HUMANO E DO TECNICISMO Entre os anos 1960 e 1970, as tendências de avaliação escolar sofrem a interferência da teoria do capital humano e do tecnicismo, e o debate volta-se para racionalização dos recursos educacionais, visando à eficácia do sistema escolar. “Privilegia-se uma visão interna da escola e a avaliação por objetivos, largamente adotada, segue o modelo preconizado por Tyler”. (BARRETO; PINTO; MARTINS; DURAN, 2001) Vamos entender um pouco melhor a teoria do capital humano e o que era tecnicismo. TEORIA DO CAPITAL HUMANO A capacidade da força de trabalho passa a ser vista na mesma lógica dos fatores não humanos da produção. Seguindo essa linha de raciocínio, as habilidades e os conhecimentos humanos seriam passíveis de um investimento específico, na educação formal, que gerariam lucros futuros. O investimento humano (ou em educação) assume o papel de “força motriz” de um ciclo virtuoso que desemboca no desenvolvimento de um país, pois, nessa perspectiva, quando um indivíduo investe em si próprio (educação) ele aumenta sua qualidade/produtividade no trabalho que, consequentemente, aumenta seu salário, que aumenta seu poder de compra/consumo e assim aumentam as vendas das empresas, que têm seus lucros expandidos e necessitam, por fim, contratar mais funcionários. Dessa forma, o investimento movimentaria a economia do país como um todo, já que promoveria o fluxo de capital. (SCHULTZ, 1973) Theodore Schultz TECNICISMO Tendência verificada nos anos 1970, inspirada nas teorias behavioristas da aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, que definiu uma prática pedagógica altamente controlada e dirigida pelo professor com atividades mecânicas inseridas numa proposta educacional rígida e passível de ser totalmente programada em detalhes. Essa orientação foi dada para as escolas pelos organismos oficiais durante os anos 1960 e ainda persiste, em muitos cursos, com a presença de manuais didáticos com caráter estritamente técnico e instrumental. Fonte: Educabrasil.com É polêmica a discussão acerca do entendimento se a escola pode funcionar sob critérios de produção. Silva (2007) aponta que, para Tyler, o desenvolvimento e a organização do currículo deveriam responder a quatro questões básicas: TYLER Foi um educador e pesquisador norte-americano que atuou no campo do currículo e da avaliação. Em 1949, com a publicação do seu livro, Princípios básicos de currículo e ensino, consolidou a compreensão do currículo como uma questão técnica, estabelecendo um paradigma que influenciaria diversos países, inclusive o Brasil, nas quatro décadas javascript:void(0) seguintes; e foi conselheiro de diversos organismos ligados ao gerenciamento de investimentos públicos. 1ª PERGUNTA Quais objetivos a escola deve atingir? 2ª PERGUNTA Quais experiências educacionais possibilitariam o cumprimento desses objetivos? 3ª PERGUNTA Como tais experiências podem ser eficientemente organizadas? 4ª PERGUNTA Como conferir se os objetivos foram atingidos? ESSAS QUATRO PERGUNTAS DE TYLER DERAM ORIGEM A: 1ª PERGUNTA 2ª PERGUNTA 3ª PERGUNTA 4ª PERGUNTA 1ª PERGUNTA Divisão tradicional da atividade educacional 2ª PERGUNTA Currículo ensino 3ª PERGUNTA Instrução 4ª PERGUNTA Avaliação Tyler afirmava ser necessário que os objetivos correspondessem a comportamentos explícitos para poder responder às suas outras três perguntas essenciais, ocasionando uma orientação comportamentalista ao campo. Nos anos de 1980, assumem centralidade os estudos das teorias crítico-reprodutivistas, proporcionando uma complexificação do campo educacional a partir da recuperação do debate acerca do caráter sociopolítico do fenômeno educativo. Denuncia que a escola pode contribuir para a reprodução da estrutura social capitalista. Esses debates influenciam as discussões a respeito da avaliação escolar que, a reboque, também é tomada como um meio de reproduzir a dominação de uma classe social sobre outra. “No entanto, a análise assume tom demasiadamente genérico e de denúncia, sem conseguir apontar caminhos alternativos” (BARRETO; PINTO; MARTINS; DURAN, 2001). Com a Constituição Federal de 1988, busca-se uma universalização dos direitos sociais, logo depois insurgem políticas visando a controlar e diminuir os gastos públicos. Diante desse embate, ainda na segunda metade da década de 1980, começam a surgir estudos buscando referenciais para uma avaliação do sistema educacional em expansão e incorporam ao debate educacional a realidade escolar como um meio de subsidiar a tomada de decisões para políticas públicas, ancoradas na ideia de produtividade, eficiência, menor custo e controle do produto, noções incorporadas da lógica empresarial (OLIVEIRA e ARAÚJO, 2005). Fonte:Shutterstock Sessão parlamentar que então estabeleceu a Constituição de 1988. Fonte: Wikipédia Se até a década de 1980 tínhamos uma luta social pela ampliação de vagas, ou seja, por uma ampliação quantitativa da educação com a universalização no ensino, nas últimas décadas — com a incorporação de classes sociais cujas experiências, saberes e culturas eram muito diferentes dos que antes frequentavam a escola — a luta social e os debates atrelados à ela vêm se debruçando para uma ampliação qualitativa da educação. Isto é, reivindica-se uma educação de qualidade para todos que não reforce mecanismos de exclusão social. No fim da década de 1980, de cada 100 crianças que ingressavam na 1ª série, 48 eram reprovadas e 2 evadiam-se! Como vimos, qualidade é uma noção polissêmica e uma das maneiras construídas para tornar possível a apreensão de informações sobre fenômenos complexos e abstratos é a criação de indicadores sociais. Os indicadores sociais podem servir para identificar uma demanda (diagnosticando uma situação), subsidiar tomada de decisões, reformular ou formular políticas públicas etc. Alguns desses indicadores estão presentes em nosso cotidiano como, por exemplo: PIB (Produto Interno Bruto) IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) no caso da educação, o que trataremos adiante. ATENÇÃO A Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, define como dever do Estado, para a efetivação do direito à educação, a garantia de “padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e a quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem” (inciso IX, art. 4º). PILARES DA AVALIAÇÃO ESCOLAR PARA A QUALIDADE No caso da educação, Oliveira e Araújo (2005) identificam três indicadores de qualidade que circulam na sociedade de forma concreta: ACESSO FLUXO DESEMPENHO EM TESTES Segundo esses autores, a ampliação de vagas (primeiro indicador) obtida não veio atrelada a uma reestruturação educacional para receber essa nova população, ocasionando obstáculos para que esses novos usuários permanecessem com sucesso no interior do sistema escolar, incorporando ao debate da qualidade de ensino o segundo indicador, que revelava a baixa qualidade da educação oferecida a partir da distorção idade-série. Em resposta à questão do fluxo, diversas medidas foram adotadas, como os programas de aceleração, a adoção de ciclos e a progressão continuada; e ocasionaram uma indução à aprovação, fazendo com que esse indicador se tornasse inadequado para acompanhar a qualidade da educação, o que nos leva ao terceiro indicador, que entende a qualidade sob o ponto de vista da “capacidade cognitiva dos estudantes, aferida mediante testes padronizados em larga escala” (OLIVEIRA e ARAÚJO, 2005). SAIBA MAIS Esse indicador pressupõe a existência de uma matriz curricular para cada etapa da escolarização e que, com testes padronizados, seria possível conferir se os conteúdos prescritos para cada etapa estariam sendo aprendidos. Atualmente, no Brasil,o sistema de ensino está sujeito a avaliações externas internacionais, federais e, ainda, alguns estados e municípios adotam avaliações próprias. Há uma tensão muito grande no que se refere às avaliações externas porque, embora precisemos das informações que elas nos oferecem para o direcionamento e acompanhamento das políticas públicas, essas avaliações geram impactos controversos no cotidiano escolar que podem, inclusive, comprometer o que pretendem avaliar: a qualidade da educação. Por esse motivo, no próximo módulo, abordaremos um pouco mais sobre como esse tipo de avaliação se instituiu em nosso país e como vem tomando centralidade nos debates educacionais. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ACERCA DA RELAÇÃO ENTRE AS AVALIAÇÕES E A QUALIDADE NO CONTEXTO EDUCACIONAL CONTEMPORÂNEO, PODEMOS AFIRMAR QUE ELAS: A) Surgem a partir da preocupação em acompanhar a eficácia da utilização dos recursos públicos. B) São elaboradas pela equipes docente e gestora das escolas, visando ao atingimento dos índices determinados pelo governo. C) São norteadoras para elaboração de políticas públicas educacionais, detectando problemas e gerando possibilidades de melhoria. D) Costumam ser realizadas em massa, ou seja, em larga escala, uma vez que a avaliação individual não dialoga com a avaliação da educação. E) Devem gerar ranqueamentos a fim de que as pessoas percebam quais são as melhores instituições e a qualidade de seu ensino. 2. A RESPEITO DA RELAÇÃO ENTRE AVALIAÇÃO E QUALIDADE, IDENTIFIQUE COMO VERDADEIRA (V) OU FALSA (F) AS AFIRMATIVAS ABAIXO: ( ) A QUESTÃO DO QUE SEJA UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE ENCONTRA CONSENSO NA SOCIEDADE. ( ) O ACESSO À ESCOLA, O FLUXO ESCOLAR E O RENDIMENTO DOS ESTUDANTES EM TESTES PADRONIZADOS PODEM SER CONSIDERADOS INDICADORES DE QUALIDADE. ( ) A LEGISLAÇÃO VIGENTE PREVÊ O ACESSO À EDUCAÇÃO, MAS NÃO PREVÊ QUESTÕES QUE SE REFEREM À QUALIDADE DA EDUCAÇÃO OFERECIDA. ( ) A CRIAÇÃO DE INDICADORES SOCIAIS É UM MEIO DE AVALIAR A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO OFERECIDA. A) F; V; F; V B) F; V; V; V C) F; V; F; F D) V; V; F; F E) F; F; F; F GABARITO 1. Acerca da relação entre as avaliações e a qualidade no contexto educacional contemporâneo, podemos afirmar que elas: A alternativa "C " está correta. A avaliação é um dos pilares da Pedagogia; serve para refletir sobre os fundamentos da educação, a organização de toda uma cadeia de compromisso e a melhoria das condições de aprendizagem. 2. A respeito da relação entre avaliação e qualidade, identifique como verdadeira (v) ou falsa (f) as afirmativas abaixo: ( ) A questão do que seja uma educação de qualidade encontra consenso na sociedade. ( ) O acesso à escola, o fluxo escolar e o rendimento dos estudantes em testes padronizados podem ser considerados indicadores de qualidade. ( ) A legislação vigente prevê o acesso à educação, mas não prevê questões que se referem à qualidade da educação oferecida. ( ) A criação de indicadores sociais é um meio de avaliar a qualidade da educação oferecida. A alternativa "A " está correta. A noção de qualidade educacional é polissêmica e tanto a CF quando a LDB preveem padrões mínimos de qualidade na educação, portanto, a primeira e a terceira afirmativa são falsas. MÓDULO 2 Reconhecer o processo da avaliação do ensino institucional no Brasil CONTEXTUALIZANDO A QUESTÃO: QUALIDADE No primeiro módulo, de forma muito prática, relacionamos avaliação e qualidade. De maneira direcionada e fugindo da provocação do Gato de Alice no País das Maravilhas, deixamos claro nosso caminho: no entendimento contemporâneo, a avaliação tem um sentido vinculado à qualidade. Ainda que não o tenhamos definido, passamos então a provocar sobre esse conceito, essa ideia de qualidade, retirando papéis do senso comum e explicando que avaliação escolar é um instrumento poderoso para a gestão escolar, para o Estado e para sociedade civil. Mas seu fim é voltado para um conceito abstrato conhecido como essa tal de qualidade! O QUE FAZ UMA ESCOLA TER DESEMPENHO MELHOR DO QUE OUTRA? O QUE FAZ UM ESTADO TER DESEMPENHO MELHOR DO QUE OS OUTROS? SERÁ QUE BASTA A QUALIDADE DO ENSINO? OU AINDA, SÃO O ALUNO E A BAGAGEM QUE ELE TRAZ OS VERDADEIROS DEFINIDORES DESSE PROCESSO? São muitas perguntas e nenhuma resposta até agora. Acontece que essas respostas precisam de uma análise e possivelmente, no fim do nosso estudo, você ainda não as terá do modo que almeja. VAMOS FALAR DE QUALIDADE Na escola contemporânea, temos duas grandes vertentes centrais no que tange à qualidade: neoliberal e progressista. Esses dois termos são grandes guarda-chuvas e têm dentro de si outro conjunto de possibilidades, por exemplo, na neoliberal, há tendências conservadoras, ultraliberais entre outras; na progressista, tendências libertadoras e proposições decoloniais. Mas vamos juntar tudo isso em duas grandes linhas. Qualidade para o modelo neoliberal representa uma escola eficiente, medida em índices claros, comparáveis para, a partir daí, definir metas, orçamento e planejamento. A qualidade não é meramente o resultado, mas o controle da qualidade e a efetividades dos processos. Essas tendências reforçam a negativa à avaliação de conteúdos e ampliam a defesa de avaliação por competências. As tendências progressistas tendem a ser fortemente críticas a instrumentos de medição baseados em comparação. Qualidade significa a possibilidade de engajamento e autonomia do sujeito. Quanto mais opções tiver e mais crítico for o sujeito que se forma, mais qualidade teve a educação. ATENÇÃO Os exames de massa devem servir somente para fomentar ideias e as avaliações entendidas sempre como não definitivas, mas que permitam verificar onde os investimentos precisam ser ampliados. A formação dos professores e a formação continuada são vistos como fundamentais dentro da dinâmica avaliativa. Não estamos falando de modelos excludentes quando abordamos as duas tendências, mas que é necessário entendermos ambas, pois vivenciamos a construção desses modelos de formulação da educação brasileira. AVALIAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL Observe a manchete: A notícia anterior refere-se ao Pisa — Programa Internacional de Avaliação de Estudantes —, um estudo comparativo internacional, realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que oferece informações sobre o desempenho dos estudantes na faixa etária dos 15 anos nas áreas de leitura, Matemática e Ciências, visando à melhoria das reformas educacionais nos países participantes. Se o desafio para momentos históricos anteriores era o de garantir o acesso dos estudantes das classes populares à escola, o grande desafio que temos agora é garantir uma educação pública que oportunize o sucesso escolar para todos, visando a um viver pleno em sociedade. Essa preocupação se torna ainda mais urgente quando sabemos que o fracasso escolar não atinge todas as classes sociais da mesma forma. Até o fim dos anos 1980 e início dos anos 1990, o fracasso escolar era considerado como responsabilidade do estudante, que não se dedicava à escola, que não era aplicado e, por isso, era reprovado. Graças aos avanços dos estudos educacionais e à melhor compreensão do fenômeno educativo, também foi percebida a responsabilidade dos sistemas de ensino para essa situação. Diante dessa constatação, foram incorporadas ao discurso e à prática escolar diferentes formas de avaliação da aprendizagem e, posteriormente, avaliações que transcenderam as salas de aula e passamos a observar as práticas de avaliação institucional e de larga escala (LUCKESI, 2012). De maneira coloquial, podemos dizer que, além de uma avaliação na escola, passamos também a ter uma avaliação da escola. SE É ESSENCIAL QUE O DOCENTE AVALIE DIARIAMENTE SEUS ESTUDANTES E SUA TURMA PARA ACOMPANHAR O PROCESSO DE APRENDIZAGEM E ENTÃO TRAÇAR ESTRATÉGIAS, TAMBÉM É IMPORTANTE PARA UM PAÍS DESENVOLVER METODOLOGIASPARA ACOMPANHAR SE O SEU SISTEMA DE ENSINO ESTÁ CUMPRINDO O QUE SE PROPÕE E, CASO NÃO ESTEJA, TER INFORMAÇÕES PARA FORMULAR POLÍTICAS PÚBLICAS. Um dos modos encontrados pelo Brasil, seguindo uma tendência internacional, é o acompanhamento e a obtenção de informações por meio de avaliações padronizadas, externas e em larga escala, realizadas pelo INEP — Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. javascript:void(0) Fonte:Shutterstock Fonte: Box Lab | Shutterstock INEP – INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA Uma autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC) cuja missão é subsidiar a formulação de políticas educacionais por meio de pesquisas. Luckesi (2012) aponta que a realização de avaliações sistêmicas se iniciou no Brasil pelo ensino superior: 1982 A Andes – Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior – propôs a avaliação institucional como um recurso subsidiário da melhoria do desempenho de cada instituição. 1983 O MEC institui o PARU – Programa de Avaliação da Reforma Universitária. 1993 Foi criado o PAIUB – Programa de Avaliação Institucional da Universidade Brasileira. 1996 Foi implantado o Exame Nacional de Curso, popularmente denominado “Provão”, que 2004 Transformou-se no SINAES – Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior. No que se refere às iniciativas de avaliação sistêmica na educação básica: 1988 Foi criado o primeiro sistema de avaliação: o Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb), que teve sua primeira aplicação em 1990, com vistas a ter uma periodicidade bianual. A avaliação foi realizada de maneira amostral em escolas públicas, com estudantes das 1ª, 3ª, 5ª e 7ª séries do EF (nomenclatura da época). A prova contemplou as disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais e Redação e as questões foram formuladas a partir dos currículos dos sistemas estaduais. 1993 Foi realizada a segunda edição do Saeb nos mesmos moldes e, em 1995, foi adotada uma nova metodologia, tanto na elaboração dos testes como na sua análise, a partir da Teoria de Resposta ao Item (TRI), possibilitando a comparação dos resultados obtidos ao longo do tempo. Foram mantidos o público-alvo (séries), a abrangência (escolas públicas/amostral), a formulação dos itens (currículos de sistemas estaduais) e as disciplinas/áreas do conhecimento avaliadas. 1997 As áreas de conhecimento avaliadas se modificam e, ao invés de itens relacionados às disciplinas, são elaboradas matrizes de referências do Saeb, que avaliam competências e operações mentais nas áreas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, Física, Química e Biologia. Há modificações, também, no público-alvo (4ª, 8ª séries do EF e 3ª série do EM) e, na abrangência, passam também a englobar escolas particulares de maneira amostral. 1999 A única alteração foi incluir a área de Geografia. Em 2001, o Saeb passou a avaliar apenas as áreas de Língua Portuguesa e Matemática; e, em 2003, o mesmo modelo foi mantido. javascript:void(0) 2005 O Saeb sofre uma grande reestruturação e passa a contar com duas avaliações distintas: Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), mais conhecida como Prova Brasil. A primeira (Aneb) manteve o formato anterior, com caráter amostral de escolas públicas e privadas, com o foco na gestão da educação básica e contemplando estudantes concluintes das etapas dos anos iniciais e finais do ensino fundamental e do ensino médio. Já a segunda (Anresc) se consistiu em uma avaliação censitária de estudantes, apenas de escolas públicas, concluintes dos anos iniciais e finais do ensino fundamental (5º e 9º ano), possibilitando gerar resultados por escola. No que se refere à formulação dos itens (questões), são mantidas as matrizes de referência, com descritores resultantes da soma entre conteúdos curriculares e operações mentais; também é mantida a decisão de avaliar apenas as áreas de Língua Portuguesa e Matemática. O novo formato do Saeb possibilita, ao Inep, combinar os resultados dessas avaliações com as taxas obtidas pelo Censo Escolar, de aprovação, reprovação e abandono. Por meio dessa combinação, é criado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O Censo Escolar é o principal instrumento de coleta de informações da educação básica e a mais importante pesquisa estatística educacional brasileira. É coordenado pelo Inep e realizado em regime de colaboração entre as secretarias estaduais e municipais de educação e com a participação de todas as escolas públicas e privadas do país. (INEP, 2020) 2013 Além das avaliações já citadas, é integrada ao sistema a Avaliação Nacional da Alfabetização, que avalia o processo de alfabetização de estudantes do 3º ano do ensino fundamental que estariam concluindo o ciclo de alfabetização proposto pelo Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). 2015 Com a intenção de aproximar as avaliações externas ao cotidiano das escolas e dos professores, é criada a plataforma Devolutivas Pedagógicas por meio da divulgação dos resultados da Prova Brasil de uma maneira comparativa, simplificada e comentada por especialistas, facilitando a interpretação das informações e oportunizando seus usos pelo corpo das escolas. TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM (TRI) É um conjunto de modelos estatísticos em que a probabilidade de resposta a um item é modelada como função da proficiência (habilidade) do aluno (variável não observável) e de parâmetros que expressam certas propriedades dos itens, com a propriedade de que quanto maior a proficiência do aluno, maior a probabilidade de ele acertar o item. Fonte: Klein (2012) ATENÇÃO Atualmente, podemos considerar o Saeb como “um conjunto de avaliações externas em larga escala que permite ao Inep realizar um diagnóstico da educação básica brasileira e de fatores que podem interferir no desempenho do estudante” (SAEB, 2020). Fonte:Shutterstock Diante desse histórico, podemos considerar que as avaliações de desempenho, externas e de larga escala do sistema educacional estão presentes no cenário brasileiro há três décadas; no entanto, elas só ganham consistência e relevância na agenda das políticas públicas educacionais a partir do aprimoramento do Saeb. Inicialmente, a avaliação era amostral e, ao longo do tempo, assumiu outros formatos chegando ao que se tornou a Prova Brasil, que avalia censitariamente os estudantes de escolas públicas federais, estaduais e municipais, de 5º e 9º anos do ensino fundamental; e com a criação, em 2007, do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). No quadro a seguir você encontra as definições do MEC para o Ideb e a Prova Brasil: PROVA BRASIL IDEB Criada em 2005 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). É uma avaliação para diagnóstico, em larga escala, assim como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Tem o objetivo de avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos Tem frequência bianual e avalia os estudantes nas etapas finais de ensino. Para obtenção do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), os resultados de desempenho na prova são conjugados com os índices de aprovação, chegando a notas que variam de 0 a 10. A partir disso, são estipuladas metas bianuais que permitem acompanhar a qualidade do ensino oferecido. Criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino. É um indicador social que conjuga informações a respeito do desempenho dos estudantes de 5º e 9º ano de escolas públicas em provas padronizadas contemplando a leitura e a resolução de problemas (Prova Brasil) com as taxasde aprovação (informações de fluxo obtidas pelo censo escolar). Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PROVA BRASIL IDEB Criada em 2005 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). É uma avaliação para diagnóstico, em larga escala, assim como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Tem o objetivo de avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos Tem frequência bianual e avalia os estudantes nas etapas finais de ensino. Para obtenção do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), os resultados de desempenho na prova são conjugados com os índices de aprovação, chegando a notas que variam de 0 a 10. A partir disso, são estipuladas metas bianuais que permitem acompanhar a qualidade do ensino oferecido. Criado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino. É um indicador social que conjuga informações a respeito do desempenho dos estudantes de 5º e 9º ano de escolas públicas em provas padronizadas contemplando a leitura e a resolução de problemas (Prova Brasil) com as taxas de aprovação (informações de fluxo obtidas pelo censo escolar). Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Agora vejamos uma linha do tempo sintetizando a trajetória das avaliações externas no Brasil: 1990 1995 2005 2007 1990 SAEB – amostral (realizado a cada dois anos) 1995 SAEB/TRI – comparabilidade e produção de séries históricas 2005 Prova Brasil – Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (ANRESC); (censitária) 2007 IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica Fonte: USP BNCC E NOVO SAEB A necessidade de elaboração de uma base nacional comum curricular (BNCC) já estava prevista: Constituição Federal de 1988 (artigo 210); Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996; Plano Nacional da Educação (PNE) 2014-2024. Fonte:Shutterstock Fonte: imGhani | Shutterstock A discussão a respeito de uma BNCC iniciou apenas em 2015 e teve a homologação de sua versão final em 2018, configurando o que temos agora: um documento normativo contendo as referências obrigatórias para o currículo de escolas públicas e privadas e contemplando toda a educação básica. Diante do advento da BNCC, e buscando se adequar a ela, depois de quase trinta anos da criação do Saeb, em 2019 ele sofreu a mais recente reestruturação, intitulada de “Novo Saeb”. Vejamos algumas dessas mudanças: SIGLA ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO MATRIZES EDUCAÇÃO INFANTIL AVALIAÇÃO VERSÃO DIGITAL SIGLA Deixam de existir as siglas ANA/Anresc/Aneb e todas passam a ser denominadas como Saeb. ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Antes realizado no 3º ano do ensino fundamental, passa a ser realizado no segundo, como preconizado pela BNCC. Desse modo, são avaliados os estudantes do 2º, 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. MATRIZES Foram reformuladas, buscando uma aproximação com a BNCC; o foco é mantido nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, porém, também são avaliadas as áreas Ciências da Natureza e Ciências Humanas em caráter amostral. EDUCAÇÃO INFANTIL Passa a ser avaliada de modo experimental e amostral, por meio de questionários eletrônicos destinados a professores e diretores das escolas. AVALIAÇÃO Aferirá as competências e habilidades previstas na BNCC, contemplando todos os anos de escolaridade a partir do 2º ano do EF (e não mais será realizada somente ao final de ciclos: alfabetização – 2º ano/ séries iniciais do EF – 5º ano/ séries finais do EF – 9º ano/ ensino médio – 3º ano); deixa de ser bianual e passa a ser anual; e também é prevista uma ampliação das áreas do conhecimento a serem avaliadas. VERSÃO DIGITAL Contará com uma versão digital da prova, até então só impressa a partir o 5º ano. Outro destaque dessa futura proposta é a possibilidade de ele servir para admissão no ensino superior a partir de 2023-2024, enquanto um “Enem seriado”. O Novo Saeb firma-se, então, como o principal instrumento de acompanhamento da qualidade da educação básica, desde a educação infantil até o ensino médio, atrelado à sua composição no Ideb. Para a aplicação do Novo Saeb, em 2021, está previsto, por meio da Portaria 458, de 5 de maio de 2000, que institui normas complementares necessárias ao cumprimento da Política Nacional de Avaliação da Educação Básica. ENEM E ENADE Um contraponto interessante está na constituição de dois outros importantes instrumentos: o Exame de Avaliação do Ensino Médio (ENEM) e o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), que está voltado ao ensino superior. O ENEM foi criado pelo ministro da educação do governo Fernando Henrique (1995 a 2003), Paulo Renato, com o objetivo de criar uma forma de perceber a qualidade do ensino médio no Brasil. Poderia permitir análise do funcionamento dos PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais – e ainda ter um índice nacional comparável com outros índices internacionais que sinalizamos. Fonte:Shutterstock Fonte: Brenda Rocha | Shutterstock O sucesso do exame decola com a possibilidade e depois, ampla realidade, de o exame ser um substitutivo às avaliações de vestibulares diversos. Pouco a pouco, o exame ganhou corpo e importância no calendário nacional. O INEP passa a ter uma base de dados e análises que servem para profundos diagnósticos e pesquisas nacionais. Com a reforma do exame, em 2009, na gestão do ministro Fernando Haddad, transformou-se na única opção para entrada nas universidades federais, no lugar do vestibular; adotou o uso da nota para os programas PROUNI, FIES e durante algum tempo também para a certificação automática de ensino médio a quem obtinha os índices. Atualmente, é um dos exames mais importantes e utilizados para definir estratégias e financiamentos da educação. javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte:Shutterstock Fernando Haddad como ministro da Educação em 2010. Fonte: Wikipédia PROUNI Sistema de bolsas de estudos oferecidas pelo governo federal em instituições privadas de ensino superior. Atualmente, é um dos exames mais importantes e utilizados para definir estratégias e financiamentos da educação. FIES Sistema de financiamento estudantil, com subsídios do governo, para entrada em instituições privadas de ensino superior. Fonte:Shutterstock Fonte: Rafapress | Shutterstock Já o ENADE compõe um exame maior, vinculado às instituições de ensino superior. Essas necessitam de autorização do governo federal para seu funcionamento e, para isso, utiliza-se um conjunto de índices chamado SINAES, formado por três componentes principais: Avaliação das instituições Cursos Desempenho dos estudantes CRIADO PELA LEI N° 10.861, DE 14 DE ABRIL DE 2004, O SINAES AVALIA TODOS OS ASPECTOS QUE GIRAM EM TORNO DESSES TRÊS EIXOS, PRINCIPALMENTE O ENSINO, A PESQUISA, A EXTENSÃO, A RESPONSABILIDADE SOCIAL, O DESEMPENHO DOS ALUNOS, A GESTÃO DA INSTITUIÇÃO, O CORPO DOCENTE E AS INSTALAÇÕES. (INEP, 2020) A avaliação do ensino superior é um excelente exemplo de para o que a avaliação não deve servir! Não sendo objeto de nossa análise aqui, apenas sinalizamos para perceber como, ano após ano, o resultado é aguardado e divulgado como propaganda ou crítica pelo fato de representarem um ranking de qualidade entre as universidades. Esse exame sofre com a participação errática dos alunos e com a preocupação das instituições privadas em garantir o engajamento para evitar danos à sua imagem ou fechamento de cursos devido ao descomprometimento do aluno e não, de fato, pela qualidade de seus ensinos. OUTROS COMPONENTES DE AVALIAÇÃO Muitos estados e municípios possuem sistemas de avaliações próprios, para alémdaquelas realizadas pelo Saeb. No geral, essas avaliações seguem o mesmo desenho das realizadas pela esfera federal, mas com maior periodicidade. Algumas também têm uma abrangência maior de disciplinas. Um dos motivos alegados por essas redes para a implantação de sistemas de avaliação próprios é o fato da demora da divulgação pelo Inep dos resultados do Saeb, que pode chegar a dois anos, impedindo uma ação mais imediata. Também alguns municípios e estados desenvolveram essas ações para avaliar outras séries para além das contempladas pelo Saeb. Outro fator é que, como as informações das avaliações são centradas no governo federal, as secretarias sentiam a necessidade de ter um controle e acompanhamento mais detalhado dos processos de ensino, com informações por escola, turma e aluno. EXEMPLO O estado do Rio de Janeiro contava com um sistema de avaliação próprio desde 2008, o Saerj e o Saerjinho, tendo sua última aplicação em 2016. Essas avaliações foram abolidas graças à pressão realizada pelo movimento estudantil que ocupou diversas escolas do país em 2016, tendo o fim dessa avaliação como uma de suas reinvindicações. O mesmo aconteceu em São Paulo. Uma série de escolas ainda adotam modelos parecidos para criar os parâmetros locais. Em São Paulo, esse índice associado ao mapa de ocupação de salas tinha como proposta a redução do número de escolas e o contínuo processo de melhoria das condições financeiras da educação. O Brasil também integra, como mencionado no início deste módulo, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), promovido pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), desde 2000. Trata-se de um órgão internacional composto pelas maiores economias do mundo dedicado aos estudos que visam a nortear as políticas públicas em diversas áreas e à troca de experiências entre países membros com vistas ao desenvolvimento socioeconômico. javascript:void(0) Fonte:Shutterstock Fonte: Wikipédia PROGRAMA INTERNACIONAL DE AVALIAÇÃO DE ESTUDANTES (PISA) É um estudo comparativo internacional, realizado a cada três anos, que avalia estudantes na faixa etária de 15 anos (amostral) a respeito da sua atitude em relação à aprendizagem nas áreas de leitura, Matemática e Ciências, o que eles denominam como backgrounds. Em cada aplicação, uma dessas áreas é focada e as provas são realizadas digitalmente. No Brasil, o órgão responsável pela operacionalização dessa avaliação é o Inep. Também promovida pela OCDE, o país participa da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), que não tem o formato de prova, é uma pesquisa direta realizada por questionários visando à percepção do entrevistado, dos professores e diretores. Tem como objetivo avaliar o ambiente de ensino e aprendizagem, e as condições de trabalho dos professores e diretores nas escolas. Tem assumido destaque no país, com influência política e econômica, por intermédio de organizações privadas cujo foco é o acompanhamento da qualidade do ensino no país. EXEMPLO A QEdu é um portal desenvolvido pela Meritt e Fundação Lemann com o objetivo de divulgar dados a respeito da qualidade do aprendizado em cada escola, município e estado brasileiro. Podemos citar também o Observatório do PNE, dentre outros. EM OUTRAS PALAVRAS O Brasil viveu um processo marcado por tendências políticas diversas na Nova República (período a partir da redemocratização, marcado pela Constituição de 1988 e as eleições diretas para presidente em 1989). As sequências governamentais demonstraram que, apesar de uma forte tendência, a defesa de avaliações de caráter progressista e que valorizem a escola como local em que se fomenta a autonomia do aluno cada vez mais se consolidou em todos os governos do período, um modelo neoliberal de gestão de números e dados. Fonte:Shutterstock Fonte: Wikipédia Esse processo se fortaleceu pela crença de que a escola é um “saco sem fundo” para investimentos, uma vez que não se tem clareza, ou não se tinha possibilidades efetivas de medição, definição de metas e planejamento. Assim, todos os modelos passaram a relacionar o investimento, a composição e a métrica de investimento na educação, vinculados aos resultados das avaliações que passam a ser produzidas, ao planejamento estabelecido e ao atingimento de metas estruturados. O modelo foi praticado de forma mais ou menos intensa ao longo dos últimos 30 anos, e, por isso, podemos sinalizar que está bastante introjetado em nossa dinâmica de avaliação e compreensão do funcionamento da educação no Brasil. Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre os processos da avaliação do ensino institucional no Brasil. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. VEJA A CHAMADA DA MATÉRIA A SEGUIR: A CHAMADA ACIMA TRATA DOS RESULTADOS DO SAEB – SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA. A RESPEITO DO SAEB, PODEMOS AFIRMAR QUE: A) Historicamente vem se aperfeiçoando e assumindo diferentes formatos, sendo o conjunto de avaliações em diversos níveis o propulsor das políticas públicas brasileiras. B) É composto por diversas avaliações externas e em larga escala e por isso geram índices para que União, estados e municípios possam agir nas fragilidades detectadas. C) É um dos elementos do Ideb. O Saeb é o principal instrumento utilizado para definir para onde vão os fundos do FUNDEB, sendo as melhores notas a que têm maior orçamento. D) São desenvolvidas pela FCH – Fundação Carlos Chagas, validados pelo INEP e aplicadas pelo ENADE, visando, dessa forma, perceber as necessidades de investimento nacional. E) São organizadas pelo INEP, representam a união dos exames ENEM e ENADE, uma vez que, como são consequenciais, oferecem índices sólidos nacionais. 2. O GRÁFICO ABAIXO RELACIONA OS RESULTADOS DO IDEB 2017 E A META ESTABELECIDA PARA CADA UNIDADE FEDERATIVA: FIGURA INEP 2018 A RESPEITO DO IDEB, IDENTIFIQUE COMO VERDADEIRAS (V) OU FALSAS (F) AS AFIRMATIVAS ABAIXO: ( ) O IDEB É RESULTANTE DA MÉDIA OBTIDA PELAS ESCOLAS NA PROVA BRASIL. ( ) É UM INDICADOR QUE VISA A MEDIR A QUALIDADE DO APRENDIZADO NACIONAL. ( ) É UM IMPORTANTE CONDUTOR DE POLÍTICAS PÚBLICAS. ( ) AS METAS DAS ESCOLAS SÃO TODAS IGUAIS. A) F; V; V; F B) V; V; V; F C) F; V; F; F D) V; V; F; F E) F; F; F; V GABARITO 1. Veja a chamada da matéria a seguir: A chamada acima trata dos resultados do Saeb – Sistema de Avaliação da Educação Básica. A respeito do Saeb, podemos afirmar que: A alternativa "B " está correta. Embora a Fundação Carlos Chagas participe do debate a respeito da qualidade da educação, o órgão responsável pelo desenvolvimento do Saeb é o Inep. O Inep organiza e difunde estudos, sendo o principal órgão consultivo para União, estados e municípios estabelecerem e organizarem políticas públicas. 2. O gráfico abaixo relaciona os resultados do Ideb 2017 e a meta estabelecida para cada unidade federativa: Figura Inep 2018 A respeito do Ideb, identifique como verdadeiras (v) ou falsas (f) as afirmativas abaixo: ( ) O Ideb é resultante da média obtida pelas escolas na Prova Brasil. ( ) É um indicador que visa a medir a qualidade do aprendizado nacional. ( ) É um importante condutor de políticas públicas. ( ) As metas das escolas são todas iguais. A alternativa "A " está correta. O Ideb é resultante da combinação entre os dois componentes: as médias em exames aplicados para o Inep e a taxa de aprovação escolar, ou seja, não somente pelos resultados da Prova Brasil. As metas são diferentes para cada escola, para garantir que todas avancem. Portanto a primeira e a última afirmativa são falsas. MÓDULO 3 Caracterizar as potencialidades e os limites da avaliação externa CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO EXTERNA Assista ao vídeo a seguir para saber mais sobre avaliações em larga escala. Olhar para a história e observar o surgimento desses diferentes tipos de avaliação não significa dizer que um tipo superouo outro. Para buscarmos a tão desejada melhoria na qualidade da educação precisamos da conjugação delas. Sobre isso, Luckesi (2012) nos aponta para a necessidade de três níveis de avaliação: Fonte:Shutterstock AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL AVALIAÇÃO DE LARGA ESCALA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Refere-se àquela que acontece no cotidiano da sala de aula e é realizada pelo professor de acordo com seu plano de ensino. Tem por objetivo diagnosticar, acompanhar e certificar o educando em seu percurso de aprender na vida escolar. Ela é importante para não perdermos de vista o desempenho de cada estudante em seu percurso de formação, identificando suas aprendizagens e carências para propor soluções. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL Visa ao acompanhamento do desempenho da instituição, se estão atendendo de modo adequado à sua comunidade. Esse tipo de avaliação é relevante especialmente para os gestores subsidiarem as tomadas de decisões. AVALIAÇÃO DE LARGA ESCALA Visa a que os sistemas de ensino, ainda de modo complementar, forneçam à sociedade um retrato de como está a qualidade da educação do seu país. A conjugação de todas essas formas de avaliação é necessária, pois oferece informações a respeito dos resultados dos processos educacionais e, com isso, permite-nos perceber se as ações realizadas até agora são suficientes ou precisam de mais investimentos, quer sejam de cunho pedagógico, institucional ou financeiros (LUCKESI, 2012). Desse modo, as avaliações externas e em larga escala são relevantes, pois oferecem um retrato da qualidade da educação no país orientando as políticas educacionais e oportunizando que a sociedade acompanhe seus resultados. No entanto, essas avaliações não são capazes de dar conta do processo complexo que é a ação escolar, fazendo-se necessário utilizar diferentes instrumentos de avaliação no dia a dia e no interior da escola – para acompanharmos o processo de aprendizagem dos estudantes e orientarmos ações diretas –, assim como a realização de avaliações institucionais, ou seja, da escola como um todo, possibilitando que o coletivo escolar acompanhe a realização do seu projeto político pedagógico e a partir de seus resultados planeje ações sistematicamente. Fonte:Shutterstock Fonte: AimPix | Shutterstock Sendo assim, todas essas instâncias avaliativas devem fluir para o mesmo objetivo: a aprendizagem do aluno. DIMENSÕES AVALIATIVAS O fenômeno educativo é complexo, envolve múltiplas dimensões, principalmente em um país com a proporção do nosso e que comporta tantas desigualdades sociais. Diversos pesquisadores evidenciam o impacto das realidades socioeconômicas no desempenho dos estudantes. Esse, entre tantos outros fatores que podem impactar no desempenho de um estudante, por vezes é deixado de “fora da equação” no tocante à qualidade e à avaliação externa, simplificando a relação ensino-aprendizagem e culpabilizando alunos e professores por resultados insuficientes. ATENÇÃO Os estudantes com os melhores desempenhos no PISA, frequentemente, vêm de escolas compostas pelos grupos em vantagem socioeconômica. Essa cruel consideração é crítica para traçarmos uma comparação necessária. Vejamos! COMO FAZER UMA AVALIAÇÃO QUANDO COLOCAMOS ALUNOS QUE VIVEM EM REALIDADES TÃO DIVERSAS? COMO, EM UM SISTEMA COMO ESSE, PERCEBER QUE TEMOS DISTÂNCIAS GIGANTESCAS A SEREM ELABORADAS E VENCIDAS POR ALGUM GRUPO? Os resultados do teste apontam que as diferenças socioeconômicas incidem na diferenciação do sistema escolar e que elas têm estreita relação com o alto ou baixo desempenho acadêmico dos estudantes. Para que possamos notar que esse elemento é considerado nos grandes modelos avaliativos e suas tecnologias, basta olharmos para o SINAES. Sua composição passa pela formação dos professores, condição dos alunos, região de atuação e um importante índice, o IDD – Indicador de diferença entre os desempenhos observado e esperado. Nesse índice, são mensurados um conjunto de condições que demonstra o quão o desempenho desse aluno, em um exame nacional, pode ser muito mais representativo do que outro com o mesmo desempenho ou superior. ENTÃO, SE OS INSTITUTOS DE EDUCAÇÃO E AVALIAÇÃO LEVAM ESSE ELEMENTO EM CONTA, ESTÁ RESOLVIDO? javascript:void(0) Não, essas situações precisam ser pensadas, entendidas e atacadas por políticas públicas. A avaliação, de forma complexa, abre campo de análise. Quando nos concentramos somente nos resultados numéricos e diretos, cometemos equívocos terríveis e criamos métricas incomparáveis. Além disso, as escolas que possuem clima favorável para a aprendizagem e recursos pedagógicos têm melhor desempenho dos seus alunos no teste. Os estudantes são indagados sobre a utilização de biblioteca, computadores, calculadoras e laboratórios de suas respectivas escolas. Esse é outro ponto vital, os noticiários adoram as histórias de superação dos alunos que, sem condição, passam para cursos absurdamente disputados! IDD É um indicador de qualidade que busca mensurar o valor agregado pelo curso ao desenvolvimento dos estudantes concluintes, considerando seus desempenhos no Enade e no Enem, como medida proxy (aproximação) das suas características de desenvolvimento ao ingressar no curso de graduação avaliado. Fonte: INEP, 2020 COMENTÁRIO Esses exemplos não podem ser tomados como prova de que todos podem; não devem ser exceções para confirmar a regra. Se nas escolas em que essa utilização de recursos e novas metodologias de ensino mais frequente o desempenho foi maior, a avaliação não deve servir para dizer como esse é especial, ou que aqueles não foram aptos, mas ser utilizada para criar. Outros fatores importantes são os relativos à qualificação docente e à proporção de alunos por professor em classe: quanto mais elevada a formação do professor (nível universitário) e quanto menor o número de alunos por classe, maior o desempenho dos estudantes no teste. Entre as escolas onde o número de alunos por professor é maior que 25, o desempenho dos estudantes foi marcadamente pior (OLIVEIRA e ARAÚJO, 2005). Fonte:Shutterstock Forte em Saint Tropez ao por do sol DE MODO CONGRUENTE, EXISTE CERTO CONSENSO ENTRE GRUPOS EMPRESARIAIS QUE SE DEDICAM À EDUCAÇÃO DE QUE A BNCC SERIA UM MEIO DE COMBATER AS DESIGUALDADES EDUCACIONAIS EXISTENTES NO PAÍS. NO ENTANTO, DIVERSAS ASSOCIAÇÕES CIENTÍFICAS DA ÁREA EDUCACIONAL, ASSOCIAÇÕES PROFISSIONAIS, PROFESSORES, PESQUISADORES, DENTRE OUTROS EMITEM CRÍTICAS A ESSE OLHAR SIMPLIFICADOR DE QUE UM DOCUMENTO SEJA CAPAZ DE SOLUCIONAR PROBLEMAS TÃO COMPLEXOS SEM QUE HAJA MODIFICAÇÕES CONCRETAS NAS REALIDADES ESCOLARES, NAS CONDIÇÕES DE ENSINO. OU SEJA, SERIA MAIS UMA ETAPA DE UM PROJETO GERENCIALISTA QUE VEM DOMINANDO O DEBATE EDUCACIONAL. Vamos explicar melhor: A discussão sobre os resultados frágeis da avaliação, comparada com outras regiões, aponta o Brasil como sendo um país de péssima qualidade educacional. Nossos resultados são apresentados como pífios e distantes das metas estabelecidas. Então, precisamos de uma reforma, uma mudança completa. Fonte:Shutterstock Fonte: Esfera | Shutterstock Esse é o debate que nos levou a muitas mudanças simultâneas, desde a formação de professores até a consolidação da BNCC. O que foi chamado de “consenso” nos grupos empresariais é a ideia de que, para o desenvolvimento dos funcionários, é necessário fomentar suas competências e habilidades. Essa nomenclatura foi incorporada ao documento – ainda que originalmente fosse algo de cunho pedagógico – e atualmente é vista como uma importação tensa. Fonte:Shutterstock Fonte: Docstockmedia/Shutterstock Um relatório feito por uma parceria entre a Fundação Carlos Chagas e a Fundação Itaú Social (GIMENES, LOUZANO, MORICONI e SILVA, 2013) sobre o uso da avaliação externa por equipes gestoras e docentes indica inúmeros impactos nas ações de secretarias de educação e na própria sala de aula. No âmbito da gestão das redes de ensino, o estudoidentificou que a avaliação externa ocasionou a revisão ou criação de orientações curriculares da rede, levando em consideração a matriz das avaliações. Além disso, notou diversas ações realizadas a partir do resultado das avaliações externas, tais como: estabelecimento de metas, criação de indicadores de qualidades, monitoramento pedagógico, indicação de estudantes para recuperação paralela, formação continuada para professores, produção de materiais pedagógicos etc. AVALIAÇÃO EXTERNA: DEBATES E CRÍTICAS NECESSÁRIAS No âmbito da escola, também foram notadas ações ocasionadas pela avaliação externa, tais como: realização de provas simuladas, mudanças na concepção e forma de avaliação de professores, organização do planejamento tendo como referencial as matrizes das avaliações externas, uso dos resultados das avaliações externas para composição das turmas, exposição dos resultados para a comunidade escolar etc. Algumas dessas ações, geradas pela avaliação externa, impactam de maneira positiva para o processo de ensino-aprendizagem e outras de maneira negativa: Chief Design | Shutterstock Pressionam as secretarias de ensino a se aproximarem das unidades escolares e propiciam a divulgação dos resultados para a comunidade javascript:void(0) Chief Design | Shutterstock Empobrecem os currículos e as práticas avaliativas, que ficam focadas no desenho dessas avaliações e no que por elas é avaliado. Tal prática acaba por distorcer a intenção das avaliações externas e a ação educativa, ao passo que como pretende avaliar certa realidade acaba por reduzi-la no que se avalia, deixando de lado os aspectos processuais do fazer educativo e focando apenas nos seus produtos quantificáveis. Inúmeras são as críticas voltadas para a configuração da avaliação externa e em larga escala, mas vamos nos atentar às três principais (BAUER, GATTI e TAVARES, 2013): PRIMEIRA CRÍTICA É voltada para a padronização, pois, a partir dela, é estabelecido um padrão de qualidade que implica seleção e hierarquização. Além disso, qualquer padrão remete à uma situação virtual, desejável, e por trás dessa estipulação há um posicionamento político, visto que define o que seria mais importante para todos, o que nem sempre é discutido ou evidente. Outro aspecto é que a definição de um padrão cria a ilusão de que ele é alcançável, independentemente das condições. A padronização também impede que notemos avanços de sujeitos e instituições na relação com elas mesmas, pois possuem diferentes pontos de partida, que podem estar mais próximos ou mais distantes da chegada, nesse caso “o padrão”. javascript:void(0) SEGUNDA CRÍTICA É quanto ao fato de ela ser externa. Isso porque, por mais que a sua elaboração, os cuidados do processo de coleta e de interpretação dos dados sigam o máximo rigor, a avaliação externa depende de que os avaliados acolham a prova e não realizem manobras; o que pode deturpar as informações obtidas por ela, e comum encontrarmos nos cotidianos escolares, é uma relação hostil às avaliações externas ao invés de ser acolhida, ocasionado, por exemplo, que os estudantes não se dediquem à sua realização. Além disso, há relatos de manobras na sua aplicação como, por exemplo, orientar um estudante com um desempenho ruim a faltar no dia prova. Outro fator que pode influenciar nas manobras e atitudes em relação à avaliação externa é o fato de elas serem públicas, podendo gerar rankings e a comparação entre uma turma e outra, ou uma escola e outra, propiciando uma relação de competitividade e desviando a sua funcionalidade. TERCEIRA CRÍTICA Refere-se à centralização das informações provenientes das avaliações externas, que é realizada na esfera federal para orientar tomadas de decisão. Tal centralidade é vista com suspeita e é acusada de possivelmente servir como fonte de poder para determinados grupos. AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA De modo geral, a aderência à uma avaliação externa e em larga escala segue uma tendência internacional que preconiza a educação sob uma ótica gerencial, primando por uma eficiência e eficácia dos sistemas educacionais segundo uma racionalidade economicista. Voltando à nossa discussão a respeito do debate em torno do que é qualidade da educação e sua relação com avaliação, podemos afirmar que as avaliações de larga escala, ao longo dos últimos trinta anos, vêm se consolidado como primeiro referencial para a qualidade de ensino, não só no Brasil, e ganhando status de “critério único” para avaliar os estudantes, os professores e as escolas (CORREIA, ARELARO e FREITAS, 2015). AO ASSUMIR TANTA IMPORTÂNCIA, AS AVALIAÇÕES DE LARGA ESCALA PASSAM A DOMINAR A AGENDA POLÍTICA NO QUE SE REFERE À EDUCAÇÃO DANDO A FALSA IDEIA DE SER UMA SOLUÇÃO FÁCIL PARA OS PROBLEMAS TÃO COMPLEXOS DAS DIVERSAS REALIDADES ESCOLARES QUE TRANSCENDEM OS MUROS DAS ESCOLAS. NESSA PERSPECTIVA, A NOÇÃO DE AVALIAÇÃO SE DETURPA E ACABA POR SE TORNAR “UM FIM EM SI MESMA, DESPOJANDO-A DAS SUAS VALIDADES FORMATIVAS E DAS SUAS POTENCIALIDADES, ENQUANTO PROCESSO CAPAZ DE, PELA PRODUÇÃO DA ANÁLISE E REFLEXÃO SOBRE AS AÇÕES EDUCATIVAS, PROMOVER A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO PARA O TRABALHO EDUCATIVO (RAVITCH, 2011 APUD CORREIA, ARELARO E FREITAS, 2015). É necessário pensar que os resultados de avaliações padronizadas sejam associados a outros fatores ligados à qualidade como, por exemplo, taxas de fluxo, formação de professores, infraestrutura das escolas, quantidade de alunos por turma etc. para, assim, termos um retrato mais confiável da qualidade de ensino e seus resultados, que mesmo o uso de toda a tecnologia, sem pesquisa e investigação sobre esses resultados não trará os caminhos eficientes exigidos pela avaliação. Se a busca é por qualidade, ferramentas diversas podem ser associadas, mas precisa estar claro que é a busca de um processo constante de pesquisa dos resultados avaliativos e que ela não pode ser somente uma repercussão numérica. Apesar de todas essas polêmicas, após trinta anos de avaliação externa no Brasil, é fato que elas têm sido associadas, quase que exclusivamente, à ideia de qualidade educacional, e que o Saeb e o Ideb despontam como parâmetro essencial no direcionamento de políticas públicas educacionais nacionais e locais. Tal destaque exige uma discussão mais ampla a respeito desse sistema e uma maior articulação entre avaliação interna e externa, visto que ambas devem servir a um objetivo comum: a melhoria da qualidade da educação. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SOBRE OS NÍVEIS DE AVALIAÇÃO PROPOSTO POR LUCKESI, RELACIONE QUAL NÍVEL DE AVALIAÇÃO A SITUAÇÃO SE REFERE: AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA ( ) A DIREÇÃO DE UMA ESCOLA CONVOCA UMA REUNIÃO COM TODOS OS PROFISSIONAIS PARA ACOMPANHAR A EXECUÇÃO DO SEU PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO. ( ) APÓS MINISTRAR UM BLOCO DE CONTEÚDO, UM PROFESSOR REALIZA UMA PROVA PARA VERIFICAR SE O QUE FOI ABORDADO EM SALA FOI APRENDIDO POR TODA A TURMA. ( ) UMA TURMA DE 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL REALIZA UMA PROVA DO SAEB COM FOCO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO. A) (I), (II), (III) B) (III), (II), (I) C) (I), (III), (II) D) (II), (III), (I) E) (II), (I), (III) 2. OBSERVE A NARRATIVA DESTA PROFESSORA DA REDE MUNICIPAL DE SÃO PAULO: (...) EU TREINO ELES [OS ALUNOS] PARA O GABARITO, TEM UNS QUE NÃO SABEM NEM ASSIM, POR EXEMPLO, TEM A NÚMERO 1, COM A, B, C, D. TEM UNS QUE COLOCAM TODAS AS ALTERNATIVAS, POR EXEMPLO, A RESPOSTA DA 1 E DA 2, NA NÚMERO 1. ENTÃO, ATÉ NISSO A GENTE PROCURA AJUDAR O ALUNO, A PREENCHER O GABARITO. É TODO ESSE CUIDADO QUE O NÍVEL 1 TEM, O CICLO 1 (AQUI É CICLO 1), EM ESTAR AUXILIANDO O ALUNO (GIMENES, LOUZANO, MORICONI E SILVA, 2013). SÃO POSSÍVEIS IMPACTOS DAS AVALIAÇÕES EXTERNAS FEDERAIS NAS REALIDADES LOCAIS, EXCETO: REORGANIZAÇÃO CURRICULAR UMA VEZ QUE A LINHA NACIONAL É QUEM DEFINE O CAMINHO, DEVENDO SER REPRODUZIDO DE FORMA INTEGRAL. ALTERAÇÃO DAS PRÁTICAS AVALIATIVAS, PARA ENTENDER AS DEMANDAS DE LARGA ESCALA,A ÚNICA POSSÍVEL PARA ESSE CONJUNTO. PRODUÇÃO DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS MAIS DIVERSOS, ABRINDO POSSIBILIDADES DE NOVOS RECURSOS E OBJETOS EDUCACIONAIS. COMPREENSÃO DA REALIDADE ESCOLAR DEVE ESTAR SEMPRE COMO DEMANDA DE ANÁLISE DOS RESULTADOS ESCOLHIDOS. ESTÃO CORRETAS AS AFIRMATIVAS: A) somente a I e II. B) somente I e III. C) somente II e III. D) somente II e IV. E) somente III e IV. GABARITO 1. Sobre os níveis de avaliação proposto por Luckesi, relacione qual nível de avaliação a situação se refere: Avaliação da aprendizagem Avaliação institucional Avaliação em larga escala ( ) A direção de uma escola convoca uma reunião com todos os profissionais para acompanhar a execução do seu projeto político pedagógico. ( ) Após ministrar um bloco de conteúdo, um professor realiza uma prova para verificar se o que foi abordado em sala foi aprendido por toda a turma. ( ) Uma turma de 2º ano do ensino fundamental realiza uma prova do Saeb com foco no processo de alfabetização. A alternativa "E " está correta. A primeira situação tem por objetivo avaliar a instituição como um todo, portanto institucional. A segunda é interna, realizada pelo professor, e busca acompanhar os estudantes em sua aprendizagem. A terceira está ligada a uma avaliação do sistema de ensino e, portanto, em larga escala. 2. Observe a narrativa desta professora da rede municipal de São Paulo: (...) Eu treino eles [os alunos] para o gabarito, tem uns que não sabem nem assim, por exemplo, tem a número 1, com a, b, c, d. Tem uns que colocam todas as alternativas, por exemplo, a resposta da 1 e da 2, na número 1. Então, até nisso a gente procura ajudar o aluno, a preencher o gabarito. É todo esse cuidado que o Nível 1 tem, o Ciclo 1 (aqui é Ciclo 1), em estar auxiliando o aluno (GIMENES, LOUZANO, MORICONI e SILVA, 2013). São possíveis impactos das avaliações externas federais nas realidades locais, exceto: Reorganização curricular uma vez que a linha nacional é quem define o caminho, devendo ser reproduzido de forma integral. Alteração das práticas avaliativas, para entender as demandas de larga escala, a única possível para esse conjunto. Produção de materiais pedagógicos mais diversos, abrindo possibilidades de novos recursos e objetos educacionais. Compreensão da realidade escolar deve estar sempre como demanda de análise dos resultados escolhidos. Estão corretas as afirmativas: A alternativa "E " está correta. A alternativa D é incorreta porque, apesar de a avaliação externa oferecer um panorama da situação da qualidade de ensino, ela não dá conta das complexas relações existentes na ação educativa e não contempla diversas das suas dimensões. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreender os sistemas de avaliação pode contribuir para a melhoria da qualidade da educação. Esse é um conceito que produz tensões porque possui diferentes significados e implicações na realidade. Desse modo, tanto a questão da qualidade quanto da avaliação externa são controversas. A criação de um sistema de avaliação relaciona-se com a necessidade de haver um controle social dos resultados da educação. A existência de uma avaliação externa à escola traz consequências, por vezes, indesejáveis, transformando um meio em um fim, reduzindo currículos (visto que o foco dessas provas, em geral, é apenas leitura e Matemática), experiências escolares, a autonomia docente, criando um clima de competitividade e pressão nem sempre benéficas, dentre outros. REFERÊNCIAS BARRETO, E. S. S.; PINTO, R. P.; MARTIS, A. M.; DURAN, M. C. G. Avaliação na educação básica nos anos 90 segundo os periódicos acadêmicos. Cadernos de Pesquisa, n. 114, p. 49- 88, nov. 2001. BAUER, A.; GATTI, B. A.; TAVARES, M. R. Ciclo de debates: vinte e cinco anos de avaliação de sistemas educacionais no Brasil. Fundação Carlos Chagas. Florianópolis: Insular, 2013. BRASIL. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. BRASIL. Casa Civil. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. CHATEL, E. Avaliação (Teorias da). In: VAN ZANTEN, A. (Coord.). Dicionário de Educação. Petrópolis (RJ): Vozes, 2011. p. 67-71. CORREIA, J. A. A. V.; ARELARO, L. R. G.; FREITAS, L. C. Para onde caminham as atuais avaliações educacionais? In: Educ. Pesqui., São Paulo, v. 41, n. especial, p. 1275-1281, dez., 2015. BLASIS, E.; FALSARELLA, A. M.; ALAVARSE, O. M. Avaliações externas: perspectivas para a ação pedagógica e a gestão do ensino. In: Avaliação e Aprendizagem. São Paulo: CENPEC - Fundação Itaú Social, 2013. GIMENES, N. A. S.; LOUZANO, P. B. J.; MORICONI, G. M.; SILVA, V. G. Uso da avaliação externa por equipes gestoras e profissionais docentes: um estudo em quatro redes de ensino público. In: Textos FCC, São Paulo, v. 38, out. 2013. KLEIN, R. Alguns aspectos da Teoria de Resposta ao Item relativos à estimação das proficiências. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, (s.l.), v. 21, n. 78, p. 35-56, jan. 2012. LUCKESI, C. (2012). Avaliação da aprendizagem, institucional e de larga escala. Consultado em meio eletrônico em: 11 set. 2020. OLIVEIRA, R. P.; ARAÚJO, G. C. Qualidade do Ensino: uma nova dimensão da luta pelo direito à educação. In: Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 28, p. 5-23, jan./mar. 2005. PORTAL INEP. Consultado em meio eletrônico em: set. 2020. SAEB, Sistema de Avaliação da Educação Básica. Consultado em meio eletrônico em: set. 2020. SCHULTZ, T. W. O capital humano: Investimentos em Educação e pesquisa. Rio de Janeiro: Zahar, 1973. SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. SPOSATI, A. Exclusão social e fracasso escolar. In: Em aberto, v. 17, n. 71, 2008. EXPLORE+ Confira a entrevista feita por André Vitor Fernandes dos Santos à professora Maria Inês Fini, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), sobre currículo, avaliações externas e qualidade da educação, cujo título é: Currículo comum, avaliações externas e qualidade da educação. Procure vídeos e entrevistas do professor José Francisco Soares, que foi membro do CNE e presidente do Inep. Em algumas entrevistas, ele toca em questões polêmicas a respeito da relação entre avaliação externa e qualidade da educação. Não deixe de procurar os sites institucionais dos programas avaliativos que mencionamos aqui. Vale a pena saber mais sobre: IDEB, Prova Brasil, SINAES e IDD. CONTEUDISTA Marina Santos Nunes de Campos CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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