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Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Choque ➔ Conceito atual de choque: Estado de hipoperfusão tecidual. Independente da causa, condiciona um desequilíbrio entre o transporte e as necessidades de oxigênio e substratos energéticos (falta de O2 nas células e tecidos), o qual pode gerar sofrimento e morte celular. ➔ A morte celular induz resposta inflamatória, agravando a hipoperfusão e causando um ciclo vicioso. Quando se torna um ciclo vicioso passa a ser muito difícil a reversão do estado. ➔ Princípio básico de tratamento é a monitorização. Somente o tratamento precoce pode ser capaz de interromper essa cadeia de eventos! ➔ Definir o tipo de choque (diagnóstico precoce). Tipos de Choque Caminho do oxigênio: Coração e Pulmão → Células, tecidos e órgãos. - Cardiogênico; - Obstrutivo; - Hipovolêmico; - Distributivo. 1. Choque Cardiogênico: ● Origem a nível de bomba; ● Coração não consegue enviar o sangue como deveria; ● Insuficiência da bomba cardíaca, com decréscimo primário no débito cardíaco; ● Distúrbios de condução, IC, IAM, cardiopatias, drogas, defeitos septais, doenças valvulares, etc. 2. Choque Obstrutivo: ● Alguns classificam como Cardiogênico. ● Coração não consegue bombear o sangue por motivos externos. Também ocorre no coração, porém não é um problema cardíaco específico (problema nas estruturas que cercam o coração). ● “Obstrutivo” = Obstrução impede o fluxo sanguíneo e retorno venoso para o AD. ● Tamponamento cardíaco = Líquido no espaço pericárdico que causa dificuldade de expansão cardíaca (Ex.: Facada = Acúmulo de sangue no espaço pericárdico). Ecografia possibilita diagnóstico. ● Pericardite = Acúmulo de líquido por processo infeccioso no espaço pericárdico. ● Embolia pulmonar Maciça = Êmbolos de sangue coagulado (se formam, normalmente, nos membros inferiores. Podem progredir via sistema cava, entrando na circulação cardíaca e pulmonar, obstruindo o fluxo e impedindo o refluxo de sangue adequado). ● Pneumotórax Hipertensivo = Presença de ar no espaço pleural. Nesse tipo especial de pneumotórax o ar presente é progressivo, vai comprimindo o pulmão, comprimindo vasos (veia cava) e dificultando o fluxo sanguíneo e retorno venoso. 1 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Presença de timpanismo difuso. Inserção de abocath pode solucionar, por retirar o ar. 3. Choque Distributivo (Inflamatório): ● Aumento agudo da capacitância do leito vascular sem perda do volume intravascular. ● Choque Hipovolêmico Relativo. Não perdemos volume, contudo não ocorre sua distribuição adequada. Também é um problema no transporte de O2. ● Choque Neurogênico = Paralisia vasomotora. Ocorre a perda do tônus simpático = vasodilatação periférica = aumento do leito vascular = perda da pressão ideal para que ocorram as trocas de gases e nutrientes. Ex: Fratura de medula a nível cervical - ocorre secção. Barbitúricos, fármacos hipotensores, anestesia raquidiana, etc. ● Choque Séptico = Causado por foco de infecção ou isquemia e reperfusão. Ocorre vasodilatação periférica causada por toxinas = maior permeabilidade vascular = líquido sai do intravascular e vai para o interstício = diminuição do volume intravascular = dificuldade no transporte, que leva a um menor aporte de O2 para as células). ● Choque Anafilático = Agentes vasoativos de anafilaxia (picadas de serpentes, transfusões de sangue, drogas, etc). Causado por toxinas ou antígenos que provocam uma vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular = perda do volume intravascular para o interstício. Ocorre hipotensão e prejuízo das células por falta de O2. Utiliza-se, normalmente, adrenalina. ocorre reversão rápida. 4. Choque Hipovolêmico: ● Diminuição aguda no volume sanguíneo circulante para fora do espaço vascular. ● Transporte (hemoglobina) de oxigênio não adequado. ● Anemia aguda, politraumas, grandes queimados (perdem muito líquido), pacientes desidratados, etc. ● Hemorragia (perda de sangue - falta hemoglobina para o transporte de O2): - Externa: Ferimentos traumáticos, cirurgias prolongadas, etc. - Interna: Ruptura de víscera compacta (ex.: baço e fígado), ruptura de vasos, fraturas, sangramentos digestivos. ● Hemoconcentração (perda de fluído): Perda de água, de plasma. - Grandes queimados (não há mais a pele - homeostase), desidratações, gastrenterites, peritonite, obstruções intestinais (principalmente altas, a nível de jejuno e íleo), pancreatites agudas, lesões de partes moles (lesões de vasos, edema). Sinais e Sintomas: ➔ Diagnóstico e diferenciação dos tipos de choque: sinais clínicos. ➔ Todos os choques possuem em comum a falta de O2 para as células. 1. Estase jugular: Ocorre no cardiogênico e obstrutivo, devido problemas na bomba e suas estruturas próximas. 2 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 2. Cor da pele: Se encontra pálida no hipovolêmico e cardiogênico, devido a ação do sistema simpático e consequente vasoconstrição periférica. Já nos choques distributivos, a pele fica rosada, devido à vasodilatação periférica. 3. Temperatura da pele: Se encontra fria no hipovolêmico e no cardiogênico. Quente nos distributivos. Mesma razão da coloração da pele. 4. Frequência cardíaca: Normalmente está aumentada em todos os tipos de choque, com exceção do choque neurogênico, no qual estará diminuída, devido ao bloqueio do sistema simpático (responsável por aumentar a FC e fazer vasoconstrição). 5. Sensório: Ansiedade presente em todos os choques, devido a diminuição da concentração de O2 no cérebro. 6. Diurese: Se encontra diminuída em todos os choques, devido a uma menor perfusão renal. 7. Débito cardíaco: Diminuído no hipovolêmico e cardiogênico. No séptico, inicialmente, aumenta devido ao quadro infeccioso, e, após, diminui. No neurogênico aumenta. 8. Resistência Vascular Sérica: Aumentada no hipovolêmico e cardiogênico, devido à vasoconstrição. Diminuída nos distributivos devido à vasodilatação (inclusive a diminuição da RVS é a causa desses choques). 9. Volemia: Diminuída no hipovolêmico. Normalmente aumentada no séptico e cardiogênico, devido à hipoperfusão renal. Neurogênico normal. 10. Pré-carga: Aumentada no cardiogênico, causa da estase jugular. 3 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Fisiopatologia do Choque: Fisiologia do Choque e Mecanismos de Compensação: ➔ O conceito de choque é a hipoperfusão tecidual. ➔ Para as células funcionarem, elas necessitam de energia, o ATP (sua formação ocorre no ciclo de krebs com a presença de oxigênio. 1 glicose [glicólise] = 2 piruvatos = 36 a 38 ATP). Quando ocorre uma hipoperfusão, ou seja, uma deficiência de oxigênio, o ATP será formado por fermentação (1 glicose = 2 a 3 ATP), que não necessita da presença de oxigênio. ➔ No ciclo de krebs, quando há a presença de oxigênio, o resultado será 38 ATPs, água e CO2. ➔ Na fermentação, sem a presença de oxigênio, o resultado será 2 ATPs e ácido lático. ➔ O ácido lático, produzido na fermentação (em casos de choque), irá levar à acidose metabólica, levando à disfunção e morte celular. Havendo uma hipoperfusão tecidual: 1. Mecanismos de Compensação:● Resposta Neuroendócrina: Aumento de catecolaminas (aumento da FR e da FC, vasoconstrição periférica), ADH (aumenta a reabsorção de água, com o objetivo de reter água e aumentar o volume sanguíneo, e age como vasoconstritor periférico, objetivando manter um retorno venoso adequado e a perfusão dos órgãos vitais - cérebro, coração e pulmões) e cortisol (ação na diminuição da resposta inflamatória). ● Resposta do Sistema Cardiovascular: Aumento do débito cardíaco, aumento da FC, aumento do inotropismo e cronotropismo (mediado pelas catecolaminas). ● Resposta do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona: Aldosterona retém sódio, causando maior osmolaridade sanguínea e maior retenção de água no sistema vascular. Angiotensina II age como vasoconstritor. 4 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 2. Mecanismos de Descompensação: ● Metabólicos e Celulares: Liberação de mediadores celulares (monócitos, macrófagos, linfócitos, neutrófilos, etc), lesão endotelial, estado de pró-coagulação (paciente chocado possui muito mais chances de fazer trombose). ● Resposta Inflamatória: Estase microvascular, trombose, lesão endotelial. ➔ Quanto mais precoce for a ação do socorrista, menor o tempo de mecanismos compensatórios e maior chance de recuperação do estado. Alterações Celulares no Choque: ➔ Quando ocorre escassez de substrato de oxigênio, ocorre uma hiper hidratação celular. ➔ A membrana celular (e mitocôndrias) é a estrutura que mais sofre com a escassez de ATPs. ➔ A membrana celular acaba rompendo, ocorrendo liberação do potássio (principal íon intracelular). Assim, algumas das principais manifestações clínicas é a hiperpotassemia e a formação de ácido lático (devido à fermentação). Homeostasia no Choque: A hipovolemia/hipoperfusão leva, por uma ativação de reflexos baro e quimiorreceptores, à liberação de catecolaminas. Ocorre então hiperventilação, ativação simpática cardíaca e a vasoconstrição dos vasos de resistência e capacitância, acarretando na restrição do fluxo sanguíneo na pele, músculos esqueléticos, sistemas renal e esplâncnico, ao mesmo tempo em que preserva o fluxo sanguíneo no cérebro e miocárdio. O objetivo das ações compensatórias é a proteção dos órgãos vitais. Classificações da Hipovolemia: 1. Hipovolemia de Primeiro Grau: ● O retorno venoso e o débito cardíaco são mantidos dentro da normalidade. ● Gastroenterite aguda (GEA), sudorese intensa, pequenas hemorragias (< 500 ml de sangue em adultos). ● A resposta limita-se a pequenos ajustes nos vasos de capacitância. ● Não são observadas hipotensão e taquicardia. 2. Hipovolemia de Segundo Grau: ● Ocorre queda do retorno venoso e do débito cardíaco. ● Aumento da contratilidade, da FC e contração pré-capilar. ● Ocorre “autotransfusão”, pois a vasoconstrição pré-capilar seletiva leva à uma diminuição da pressão hidrostática intravascular microcirculatória, gerando um aumento na pressão oncótica intravascular, o que leva o líquido do interstício para dentro do leito vascular. 5 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ● Num estado mais avançado, se a resposta vasoconstritora for prolongada, ocorrerá a diminuição de O2 (anaerobiose), aumentando a quantidade local de óxido nítrico. Isso irá causar a vasodilatação da microcirculação e a diminuição da volemia. ● A depressão metabólica pode causar alteração no transporte de sódio e potássio pela membrana celular, gerando um acúmulo de sódio intracelular, edema celular, diminuição da luz vascular e uma consequente piora da microcirculação. - Os últimos 3 tópicos não serão cobrados em prova! 3. Hipovolemia de Terceiro Grau: ● Hipotensão arterial e diminuição do débito cardíaco mesmo com todos os mecanismos de compensação (choque descompensado). ● A acidose metabólica e o acúmulo de ácido lático levam a uma hiperventilação. ● Vasoconstrição se intensifica, podendo causar lesões isquêmicas locais. ● Pode comprometer órgãos vitais. Choque Hemorrágico: ➔ Ocorre devido a perda de volume sanguíneo circulante. ➔ Volume sanguíneo ideal: - Adulto: 7% do peso ideal. - Criança: 9% do peso ideal. Reconhecimento do Estado de Choque (clássico): ● Taquicardia. ● Vasoconstrição periférica (palidez). ● ↓ Débito cardíaco. ● ↓ Pressão de pulso. ● ↓ Pressão arterial média. ● ↓ Perfusão de tecidos. Atenção: Devido aos mecanismos de compensação, alguns dos sintomas clássicos podem não estar presentes! Ciladas: Alguns casos em que os sinais podem estar alterados. Atentar para a FC (primeito sinal, normalmente). ● Atletas (FC é mais baixa). ● Pacientes com marca-passo (o aparelho que irá ditar a FC). ● Paciente em uso de medicamentos. ● Gravidez. 6 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ● Extremos de idade. ● Hipotermia. ➔ FC considerada taquicárdica conforme a idade: Classificação da Hemorragia: ➔ Classes I - IV. ➔ Não é absoluta. ➔ Serve apenas como guia clínico. ➔ O tratamento subsequente é determinado pela resposta do doente. 1. Hemorragia Classe I: ● Perda sanguínea de 750 ml. ● Ansiedade muito discreta. ● Diurese 30 ml/h. ● FC < 100 bpm. ● FR 10 - 20 rpm (normal). - Reposição de cristalóides (soro fisiológico) ou água via oral costumam melhorar o estado do paciente. - Pode ocorrer após doações de sangue. 2. Hemorragia Classe II: ● Perda sanguínea de 750 - 1500 ml. ● Ansiedade leve. ● Diurese 20 - 30 ml/h. ● FC > 100 bpm. ● FR 20 - 30 rpm. ● ↓ Pressão de pulso. - Paciente necessita de reposição de cristalóides e, dependendo do caso, de sangue. 3. Hemorragia Classe III: ● Perda sanguínea de 1500 - 2000 ml. ● Confusão, ansiedade. ● Diurese 5 - 15 ml/h. ● FC > 120 bpm. ● FR 30 - 40 rpm. 7 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ● ↓↓ Pressão de pulso. ● ↓↓ PA. - Paciente necessita de reposição de cristalóides e sangue. 4. Hemorragia Classe IV: ● Perda sanguínea ≥ 2000 ml. ● Confusão, letargia. ● Diurese desprezível. ● FC > 140 bpm. ● FR > 35 rpm. ● ↓↓↓ Pressão de pulso. ● ↓↓↓ PA. - Paciente necessita de rápida reposição de volume, sangue e intervenção cirúrgica. Tratamento do Choque ➔ Reconhecer que a perfusão orgânica está inadequada (fazer diagnóstico); ➔ Identificar a causa: Hemorrágico X Não Hemorrágico; ➔ Tratamento: Varia conforme a causa do choque. - Oferecer oxigênio (Cateter nasal - CN, máscara, tubo endotraqueal - TET) (Todos os tipos de choque. Pode não resolver o problema, mas irá ajudar); - Interromper o sangramento (Se houver); - Restaurar a volemia (Todos os tipos de choque). 8 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 ➔ Devem ser adotadas medidas definitivas para corrigir o estado de choque, conforme a etiologia encontrada: 1. Taquiarritmias: Cardioversão elétrica; 2. Bradiarritmias: Uso de marcapasso transcutâneo ou transvenoso;3. IAM e Tromboembolismo Pulmonar: Uso de trombolíticos; 4. Tamponamento Cardíaco: Pericardiocentese ou pericardiotomia; 5. Pneumotórax Hipertensivo: Drenagem torácica; 6. Infecção no Choque Séptico: Uso de antibióticos e drenagem cirúrgica de abscesso. Avaliação: ➔ Para todos os tipos de choque, principalmente hemorrágico. ➔ O manejo inicial consiste no suporte básico à vida, dando-se prioridade sempre à avaliação do “ABC”: A: Vias Aéreas (airway): Vias aéreas e controle da coluna cervical. Nessa primeira fase do atendimento, o médico deve checar se o paciente está com as vias aéreas desobstruídas. É importante verificar se não há corpos estranhos impedindo a respiração, fraturas de face ou qualquer lesão na coluna cervical. Todo o processo deve ser tátil, verificando sinais de edemas ou sangramentos e observando se a vítima não emite qualquer som durante a respiração, tosse ou apresenta alguma agitação. Garantida a permeabilização, o colar cervical deve ser colocado. B: Respiração (breathing): Manter adequada ventilação e oxigenação do paciente (PAO2 > 80 mmHg) fornecendo oxigênio suplementar. A ventilação mecânica deve ser instituída sempre que a ventilação por acessórios não invasivos for insuficiente, e em todos os pacientes em choque grave, diminuindo seu consumo energético. C: Circulação (circulation): Circulação com controle de hemorragia. Após os primeiros procedimentos, é preciso impedir que a vítima entre em quadros como a hipovolemia. Assim, apalpar, verificar o dorso e identificar de onde surgiu a hemorragia é o primeiro passo para sua contenção. Impedir que o cidadão continue perdendo sangue durante o atendimento pode ser decisivo para que o óbito não aconteça. D: Incapacidade (disability): Exame neurológico sumário. Uma avaliação primária do nível de consciência da vítima deve ser determinada no momento do primeiro atendimento para que, depois, seja encaminhada e classificada pela Escala de Glasgow. A primeira verificação deve ser feita pelo método AVDI: Alerta, resposta a estímulo Verbal, resposta a estímulo Doloroso ou Inconsciente aos estímulos. Depois da primeira classificação, o paciente deve passar por um novo teste ao chegar na unidade de atendimento. 9 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 E: Exposição (exposure): Exposição com controle da hipotermia. Para identificar fraturas e hemorragias, a vítima deve ser despida. Para facilitar o trabalho e impedir novos traumas, corta-se a roupa. Nesse procedimento, é comum que a temperatura do corpo baixe, deixando os cidadãos mais suscetíveis à hipotermia. Com isso, outros problemas podem surgir. ➔ Descompressão gástrica e vesical; ➔ Débito urinário. Acesso Vascular: ● Uma veia periférica; ● Acesso venoso central: - Femoral; - Jugular; - Subclávia; ● Intraósseo (principalmente em crianças); ● Colher sangue para tipagem e prova cruzada. Reposição Volêmica: ● Expandir o volume intravascular (aumentar o retorno venoso), visando: - Corrigir a hipotensão (hipotensão permissiva); - Aumentar o volume urinário; - Melhorar o estado mental. ● Atentar: Deterioração da oxigenação e aparecimento de crepitantes pulmonares (cristalóides); ● Solução cristalóide aquecida; ● Infusão rápida: - Adulto: 1L, Ringer lactato. 1 cristalóide, 1 sangue e 1 plasma (1-1-1); - Criança: 20ml/km, Ringer lactato; ● Monitorizar a resposta à reposição inicial para decidir próximos passos. ● Concentrado de hemácias com provas cruzadas. ● Reposição de sangue de preferência com o tipo específico, se não souber, usar O-. ● Autotransfusão (drenar sangue do próprio paciente e devolvê-lo para a circulação). Não se faz tanto. ● Cuidar com as coagulopatias. ● Cristalóide (Ringer simples, ringer lactato, soro fisiológico): Apenas ¼ do volume infundido permanece no intravascular. Precisa-se oferecer 4x no volume de cristalóide para repor uma perda volêmica. ● Colóides (Sangue e seus derivados, albumina, desxtranas e aminos naturais e sintéticos). Necessita de menos volume que os cristalóides para repor a volemia. 10 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 Reavaliação da Perfusão Orgânica: Monitorizar: ➔ Sinais vitais; ➔ Estado de consciência (paciente confuso = déficit de O2 no cérebro = paciente descompensado); ➔ Perfusão da pele; ➔ Débito urinário a cada hora (débito urinário inadequado sugere reanimação inadequada. Muda conforme idade - adulto: 0,5 ml/min, criança é maior); ➔ Oximetria de pulso. Decisões terapêuticas: ● A resposta do doente determina a terapêutica subsequente. ● Hemodinamicamente “normal” X Hemodinamicamente “instável”. ● Reconhecer a necessidade de reanimação no centro cirúrgico. Paciente com resposta rápida: ★ < 20% de perda sanguínea; ★ Responde à reposição volêmica; ★ Consultar o cirurgião, avaliar; ★ Manter monitorizado. Paciente com resposta transitória: ★ 20% - 40% de perda sanguínea; ★ Piora após a reposição volêmica inicial; ★ Consultar o cirurgião, avaliar; ★ Continuar reposição volêmica, administrar sangue; ★ Continuação do sangramento: Intervenção cirúrgica. Paciente com resposta mínima ou ausente: ★ > 40% de perda sanguínea; ★ Ausência de resposta à reposição volêmica; ★ Consultar imediatamente o cirurgião; ★ Excluir choque não hemorrágico (antes de levar para o bloco, deve-se ter certeza de que o choque é hemorrágico); ★ Intervenção cirúrgica imediata. Alterações no ATLS 2018 - Décima edição: ➔ Infundir 1L de cristalóides. ➔ Caiu a regra 3L cristalóides x 1L sangue. Agora 1 X 1 X 1 (CHAD, Plasma, Plaquetas). CHAD = Concentrado de hemácias. ➔ Uso do Tromboelastrograma (TEG). É um exame de sangue que irá orientar para o que é mais adequado repor para cada paciente, orienta a reposição adequada dos 11 Aspectos Clínicos da Urgência e Emergência Gabriela Teixeira ATM 2024/2 componentes (plasma fresco, fibrinogênio, plaquetas, ácido tranexâmico - ácido que ajuda a estancar a hemorragia). Chaves para o Sucesso do Tratamento: ● Controle imediato da hemorragia; ● Normovolemia; ● Reavaliação contínua. Resumo: ● Reconhecer precocemente o estado de choque; ● Restaurar a perfusão orgânica; ● Oxigenar e ventilar; ● Interromper o sangramento; ● Restaurar a volemia; ● Monitorizar continuamente a resposta; ● Prever ciladas. 12
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