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Propedêutica Clínica | Nathalia Charale PROPEDÊUTICA CLÍNICA | [Subtítulo do documento] Febre 1. Temperatura Quantidade de calor de um corpo. Pode ser dividida em interna e externa. A interna, ou central, apresenta fisiologicamente uma variação de 0,6ºC para mais ou para menos. E somente a temperatura externa, ou cutânea, que sofre variações conforme as condições ambientais. Essa temperatura quase que constante pode ser resumidamente representado por um equilíbrio entre a produção e a perda de calor. Esse equilíbrio é coordenado pelo termostato hipotalâmico. A partir da integração dos estímulos de receptores periféricos e centrais, originam-se estímulos eferentes para produzir ou perder calor. • Produção de calor: a principal fonte de calor do organismo é o metabolismo energético do corpo. Em repouso, o fígado é o principal gerador de calor e, durante a atividade física, a principal fonte de calor se torna o metabolismo dos músculos. O tecido adiposo atua como isolante térmico, ou seja, quanto maior a quantidade de tecido adiposo, maior a chance de isolamento. • Perda de calor: o calor produzido no interior do corpo atinge a superfície corporal por meio dos vasos sanguíneos e pode ser perdido para o meio externo por meio da irradiação (perda de calor sobre a forma de raios térmicos – 60%); convecção (perda de calor pela troca de ar quente da superfície corporal para o ambiente mais frio- 15%) e evaporação (perda de calor por meio da transformação da água do estado líquido para o gasoso- 22%). P.S 1: A glândula sudorípara tem inervação colinérgica simpática, que secreta água e cloreto de sódio. Pode secretar 1 a 3 L/h. À medida que acontece o aumento na produção de volume de suor, ocorre redução na concentração de sódio no suor por reabsorção deste no duto da glândula devido a ação da aldosterona (mecanismo de redução da perda de sódio – é um mecanismo de proteção, adaptativo). P.S 2: Como perdemos calor? - A vasodilatação aumenta a perda em até 8 vezes (aumento de circulação de sangue na pele) - Sudorese leva ao aumento de 1 grau acima de 37º C, e isso pode levar a perda de 10X - Inibição dos mecanismos que aumentam produção de calor (calafrios e termogênese). Isso ocorre por controle central Como se eleva a temperatura? - Vasoconstrição: leva ao aumento da temperatura interna - Piloereção: ereção dos pêlos. Tenta reter o ar próximo a pele - Calafrios: devido ao aumento da atividade muscular pelo hipotálamo posterior, ocorre o aumento da temperatura. 2. Aferição da temperatura A temperatura corporal é avaliada por uso de termômetros clínico graduado e pode ser aferida em vários locais: axila, cavidade oral, reto, membrana timpânica, artéria pulmonar, esôfago, nasofaringe, bexiga e vagina. Propedêutica Clínica | Nathalia Charale PROPEDÊUTICA CLÍNICA | [Subtítulo do documento] No caso de aferição ocorrer na axila, o termômetro deve ser posto em íntimo contato com a pele. É preciso antes enxugar a axila, já que sua umidade, bem como o excesso de pelos, pode alterar os valores da temperatura. No caso da cavidade oral, o termômetro é colocado na região sublingual e não deve ocorrer após a ingestão de alimentos quentes ou frios. Durante a medição o paciente deve respirar somente pelo nariz. A temperatura retal deve ser avaliada com um termômetro especial que será posto na ampola retal do paciente. Seu valor é normalmente 0,5ºC maior que o valor da temperatura axilar. A medida da temperatura na membrana timpânica também é utilizada e é o local que melhor mensura a temperatura central. 2.1 Variações fisiológicas da temperatura A temperatura corporal sofre variações ao longo do dia, apresentando ritmo circadiano: os menores valores obtidos são de madrugada, das 2 às 4 horas, e os maiores, no final da tarde, das 18 até as 22 horas. A temperatura basal dos idosos é mais baixa, com isso, em casos em que há aumento da temperatura, como infecções, essa temperatura ainda pode estar abaixo dos valores patológicos. Pacientes com uremia, insuficiência hepática e desnutridos também apresentam alterações na resposta febril, contudo para menos. No ciclo menstrual, a temperatura cai 24 a 36 horas antes da menstrução. Já durante a ovulação, a temperatura aumenta (0,5ºC) mantendo-se assim até a menstrução. 3. Febre Distúrbio da termorregulação em que o limiar térmico hipotalâmico (set point) se encontra elevado. Mesmo com a temperatura maior que o normal, o paciente com febre sente-se com frio e apresenta calafrios e palidez, por vasoconstrição, isso é, por mecanismos de produção e retenção de calor. A febre é uma manifestação comum a diversas doenças, como as infecciosas, traumáticas, neoplásicas, metabólicas e reações de hipersensibilidade. As substâncias que causam a febre são chamadas de pirógenos, que podem ser secretadas por bactérias ou liberados dos tecidos em degeneração. Esses pirógenos (exógenos). Atuarão nos macrófagos e neutrófilos fazendo ocorrer a liberação dos pirógenos endógenos, como as citocinas pirogênicas (IL-1), fator de necrose tumoral, alfa 1- interferon e IL6 e IL2, que liberarão no SNC, ácido araquidônico, que será transformado posteriormente em prostaglandinas, principalmente a prostaglandina E2, Propedêutica Clínica | Nathalia Charale PROPEDÊUTICA CLÍNICA | [Subtítulo do documento] responsáveis por elevar o limiar térmico do centro termorregulador do hipotálamo. 4. Síndrome febril Além da elevação da temperatura, observam-se os seguintes sinais e sintomas na febre: astenia, pele quente e seca, boca seca, sede, inapetência, cefaleia, taquicardia, taquipneia, taquisfigmia, sudorese, oligúria, dor no corpo, calafrios, náuseas, vômitos, delírio, confusão mental e ate mesmo convulsões (recém-nascido e criança). Em certas infecções ocorre o fenômeno de Faget, que consiste na dissociação do pulso e da temperatura, ou seja, a frequência do pulso não acompanha o aumento da temperatura (aumentam-se 10 pulsações por minuto para cada grau de aumento da temperatura). • Características da febre: durante a avaliação de um paciente com febre, devem ser pesquisadas as seguintes características: - Início: se brusco ou insidioso. Perguntar sobre o horário de início, a presença de calafrios e outros sintomas da síndrome febril ou se for imperceptível. - Intensidade: perguntar se a febre foi aferida ou não - Duração: horas, dias, semanas ou até mesmo meses. A febre é considerada prolongada quando presente por mais de 10 dias e pode ser causada, por exemplo, por tuberculose, septicemia, malária, endocardite infecciosa, febre tifoide, colagenoses, linfomas ou pielonefrite. - Término: se abrupto ou em “crise” acompanhado de sudorese e prostração. Ou se lentamente ou em “lise”, não acompanhado de sintomas. - Modo de evolução: a temperatura deve ser mensurada 1 ou 2 vezes ao dia, ou de 4 em 4 ou de 6 em 6 horas dependendo do caso, e registrada no gráfico. Os pontos dos valores das temperaturas são a seguir unidos, formando a curva térmica. A curva térmica é utilizada para definir mais facilmente os tipos de evolução de febre: - Febre remitente: temperatura permanece elevada com variações de 0,3 a 1,4ºC. É mais frequentemente observada em septicemia, pneumonia e tuberculose. - Febre intermitente: temperatura elevada com quedas a níveis normais. Pode ser cotidiana (febre de manhã e sem febre a tarde); terçã (um dia com febre e outro dia sem); quartã (um dia com febre e aspirexia em dois dias). Costuma ser observada na malária, ITU, linfomas e septicemias. - Febre contínua: temperatura permanece elevada com variação de até 0,3ºC Pode ser observada na febre tifoide e na pneumonia. • Hipertermia Aumento da temperatura corporal por aumento da produção de calor e diminuição de sua perda. O termostato hipotalâmico não está alterado.São exemplos: produção excessiva de calor em exercício físico intenso; hipertireoidismo e hipertermia maligna. • Hipotermia Diminuição da temperatura abaixo de 35ºC na axila ou 36ºC no reto pela redução da produção de calor ou aumento de sua perda. São exemplos: Propedêutica Clínica | Nathalia Charale PROPEDÊUTICA CLÍNICA | [Subtítulo do documento] situações de frio intenso, infecções graves, hipotireoidismo, choque, síncope, hemorragias graves, coma diabético, politraumatismos, abuso de álcool e drogas ilícitas e estágios terminais de muitas doenças. - Hipotermia leve: de 32 a 35ºC. Palidez, vasoconstrição, tremores, aumento da PA e taquicardia. - Hipotermia moderada: 30 a 32ºC. Rigidez muscular, diminuição dos tremores, da PA e da FC - Hipotermia grave: menor de 30ºC. Respostas comprometidas levando a um aumento da perda de calor, sonolência e coma. 5. Referência bibliográfica MASSAIA, I. F. D. S; BONADIA. J. F. Propedêutica médica da criança ao idoso. 2a ed. Capítulo 3: Exame físico geral. São Paulo: Atheneu, 2015
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