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Sabrina Angheben │ Gastroenterologia Doença hepática alcoólica ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA HEPÁTICA VISÃO GERAL - É a maior glândula do corpo, depois da pele - Pesa 1500g - Possui função metabólica - Com exceção da gordura, todos os nutrientes absorvidos no TGI são levados ao fígado pelo sistema porta - Secreta a bile - Ductos biliares → ductos hepáticos direito e esquerdo → ducto hepático comum + ducto cístico → ducto colédoco - Armazena glicogênio ANATOMIA ● Localizado no QSD do abdômen abaixo das costelas VII-XI - É protegido pela caixa torácica e diafragma - Ocupa maior parte do hipocôndrio direito e epigástrio superior e alcança hipocôndrio esquerdo ● Faces - Diafragmática convexa - Lisa em forma de cúpula - Relaciona-se com a face anterior do diafragma - Coberta por peritônio visceral, com exceção na porção nua - Visceral, relativamente plana ou côncava - Póstero-inferior, não é revestida por peritônio visceral. - Relação com os órgãos. - Hilo hepático: - Fissura transversal entre lobo caudado e quadrado, onde está a artéria hepática própria, veia porta e ducto hepático comum. ● Impressões - Esofágica: sulco no lobo esquerdo - Gástrica: fossa no lobo esquerdo - Duodenal: fossa rasa no lobo direito, próximo à vesícula biliar - Cólica: depressão pela flexura direita do cólon - Renal: fossa no lobo direito - Adrenal: escavação rasa no lobo direito, próximo à veia cava inferior ● Recessos - São formados pela flexão do peritônio - Subfrênico - São extensões da cavidade peritoneal entre o diafragma e a face hepática - Hepatorrenal - Também denominado Bolsa de Morison - Entre a parte direita da face visceral e o rim e adrenal - Sub Hepático - Porção supra-cólica, imediatamente inferior ao fígado ● Ligamentos são formados pelas reflexões do peritônio - Coronário - Circunda o fígado, especialmente na porção superior - Une a parte superior do fígado ao diafragma - Triangular esquerdo e direito (diafragmática) - Formado pela união do ligamento falciforme e o omento menor - Falciforme (diafragmática) - Divide o lobo direito e esquerdo - Redondo (visceral) - Localizado próximo ao hilo - É um remanescente da veia umbilical - Venoso (visceral) - Próximo a veia cava - Remanescente do ducto venoso ● Lobos - Quadrado - Face visceral, entre vesícula biliar e fissura do ligamento redondo - Anatomicamente pertence ao lobo direito - Caudado - Entre a fissura do ligamento venoso e a veia cava inferior - Anatomicamente pertence ao lobo direito - Direito (maior) - Na face diafragmática é separado pelo ligamento falciforme - Na face visceral pelo linha que une o sulco na veia cava à vesícula biliar - Esquerdo ● Fissuras - Porta hepatis - Fissura central que contém veia porta, artéria hepática, ductos hepáticos, plexo nervoso hepático e vasos linfáticos ● Drenagem linfática - Linfonodos hepáticos → linfonodos celíacos → cisterna do quilo ● Suprimento sanguíneo O fígado, além de receber sangue arterial através da artéria hepática, recebe cerca de 70% a 80% do seu sangue através da veia porta hepática, de modo que quase todo o sangue oriundo do sistema digestório e do baço drena para o fígado. Ambos os vasos sanguíneos alcançam o fígado através do hilo, também conhecido como porta hepatis, com origem na qual se ramificam profusamente até que o sangue arterial e venoso se mistura na ampla rede capilar hepática dos lóbulos, constituída pelos sinusoides hepáticos. Dos sinusóides, o sangue drena para a veia central e desta para as veias hepáticas, as quais drenam para a veia cava inferior. Uma vez nos sinusóides, o sangue entra em íntimo contato com a principal célula parenquimatosa do lóbulo hepático, o hepatócito. ● Irrigação arterial - Aorta abdominal → tronco celíaco → Artéria hepática comum → artéria hepática própria - Artéria hepática própria - Ramo terminal da hepática comum - Bifurca-se em direita e esquerda, para os respectivos lobos - Pode haver um ramo intermédio para lobo quadrado ● Sistema porta - É a drenagem venosa dos órgãos abdominais que levam os nutrientes para o fígado, exceto as gorduras (via linfática) - Composição - VMS + Esplênica (recebe VMI) ● Drenagem venosa - Veias hepáticas - Se formam pela confluência das veias centrais - Desemboca na veia cava inferior - Classificadas em grupos - Inferior: drena lobo caudado - Superior: outros lobos ● Inervação - Plexo celíaco → plexo hepático - Nervo vago Os nervos do fígado são derivados do plexo hepático, o maior derivado do plexo celíaco. O plexo hepático acompanha os ramos da artéria hepática e da veia porta até o fígado. Esse plexo é formado por fibras simpáticas do plexo celíaco e fibras parassimpáticas dos troncos vagais anterior e posterior. As fibras nervosas acompanham os vasos e os ductos biliares da tríade portal. Além da vasoconstrição, sua função não é clara. HISTOLOGIA ● Estrutura - Túnica serosa - Peritônio visceral que envolve o órgão - É contínua ao omento menor - Túnica fibrosa ou cápsula de Glisson - Adere-se ao peritônio visceral - É uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso - Estroma - Tecido conjuntivo fibroso (colágeno tipo III) + vasos sanguíneos - 20% do volume - Parênquima - Hepatócitos + canalículos bilíferos ● Lóbulo - Lóbulo hepático clássico - É formado por cordões de hepatócitos e capilares sinusóides - São hexagonais, delimitados por tecido conjuntivo - Os sinusóides são os capilares mais fenestrados para a passagem de substância - Fluem no sentido periferia centro, para veia centrolobular - Na periferia do lóbulo encontram-se ramos da artéria hepática, veia porta e ducto biliar → formam espaço porta, onde está a tríade portal - A bile segue no sentido inverso do sangue, ou seja, central → periférico A partir do espaço porta, os ramos da artéria hepática e da veia porta confluem para a rede de capilares sinusóides, onde o sangue venoso se mistura ao sangue arterial. O centro do lóbulo hepático mostra um vaso venoso para onde confluem os capilares sinusóides; por essa razão, a parede dessa veia é interrompida pela abertura desses sinusóides. Por estar no centro do lóbulo, este vaso denomina-se veia central, ou centrolobular. ● Ácino hepático - Diz respeito à localização dos hepatócitos e do suprimento sanguíneo, sendo uma classificação funcional - Zona 1 → periferia lobular - Recebem maior [] de O2 - Hepatócitos desse local realizam metabolismo oxidativo, síntese de ureia, gliconeogênese e formam bile - Zona 3 → mais central - Menor [] O2 - Realizam glicólise, glicogênese, lipogênese, corpos cetônicos, glutamina e metabolizar xenobióticos ● Parênquima - Hepatócitos - Células poliédricas dotadas de núcleo central - Se relaciona com hepatócitos vizinhos, canalículo biliar e sinusóides (espaço perisinusoidal ou de Disse) - É rica em organelas - Sinusóides - Células endoteliais - Possuem fenestras - Secretam IL1, IL6, IFN, endotelina e NO - Regulam o fluxo sanguíneo - Células de Kupffer (macrófagos) - Responsáveis pela defesa - Secretam substâncias vasoativas e citotóxicas, como radicais livres e citocinas - Células estreladas, lipócitos ou células de Ito - São armazenadoras de gordura por gotículas - Estocam vitamina A - Auxiliam na regulação do fluxo sanguíneo - Localizadas no espaço de Disse - Células NK ou pi cell https://www.youtube.com/watch?v=NCuSxCu5LIk https://www.youtube.com/watch?v=Tg-5QeOVcx0 FISIOLOGIA ● Secreção - Bile - Fator de crescimento semelhante à insulina (IGF) - Proteínas plasmáticas - Albumina, angiotensinogênio, fatores de coagulação, proteínas carreadoras de ferro, sistema complemento, proteínas carreadoras de colesterol, lipoproteínas (HDL e LDL) e triglicerídeos. ● Processamento e armazenamento de nutrientes - Gliconeogênese (glicose-6-fosfatase) - Glicogênese - Glicogenólise - Cetogênese - Lipogênese - Beta-oxidação - Ciclo de cori - Remoção da amônia - Vitamina A - VitaminaD - Ativada no fígado e rins - Armazenada no fígado - Ferro https://www.youtube.com/watch?v=NCuSxCu5LIk https://www.youtube.com/watch?v=Tg-5QeOVcx0 - Armazena no fígado pela ferritina (proteína), sintetizada no REL dos hepatócitos ● Metabolismo e degradação - Hormônios - Fármacos - Toxinas - Bilirrubinas - Amônia DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA CONCEITO Doença hepática alcoólica é um espectro de doenças hepáticas crônicas, que vão desde fígado gorduroso alcoólico até hepatite alcoólica e cirrose. - Cerca de 90% dos indivíduos que consomem muito álcool (>6 doses/dia) irão desenvolver doença hepática gordurosa - Depende da quantidade e predisposição genética ● Metabolismo do álcool - O etanol é oxidado no citosol pela álcool desidrogenase (ADH), gerando acetaldeído - Principal responsável nas menores doses - O acetaldeído é convertido em acetil-COA pela acetaldeído desidrogenase - Ocorre também conversão pela CYP2E1, gerando radicais livres - Principalmente em altas concentrações - O sistema P450 é induzido e amplificado em caso de consumo crônico, aumentando o estresse oxidativo ● Fatores de risco - Quantidade e duração do consumo de álcool - Tipo de bebida → destilados e cervejas são mais tóxicos que o vinho - Sexo feminino - Menor [] de ADH - Composição corporal - Fatores genéticos - Polimorfismos relacionados com o citocromo P450, além de álcool e aldeído desidrogenase - Desnutrição proteico-calórica - Obesidade - Hepatites virais, especialmente a C ● Valores de referência - 80g/dia em homens - 5-6 cervejas - 200mL de destilado 40% álcool - 40g/dia em mulheres - A hepatite ocorre em 5 anos de consumo, em média - A cirrose ocorre em 8-10 anos de consumo, em média ● Esteatose hepática A esteatose é a forma mais comum da doença hepática alcoólica e a mais facilmente reversível. Os indivíduos que apresentam a doença geralmente não apresentam sintomas ou apresentam sintomas muito inespecíficos. Uma vez instalada, a esteatose alcoólica com a continuação da ingestão etílica pode evoluir para hepatite alcoólica e posteriormente cirrose, sendo um estágio irreversível de lesão hepática FISIOPATOLOGIA ● Lesão direta dos hepatócitos - Estado redox alterado - Ocorre pelo processo de oxidação do álcool - Estresse oxidativo - Aumento da produção de radicais livres pelo metabolismo CYP2E1 e pelas mitocôndrias lesadas - Redução dos antioxidantes, como a glutationa, carotenóides e vitamina E - Agressão direta ao hepatócito por interagir com o DNA e componentes da membrana - Quando essas lesões são reparadas de forma inadequada, aumenta-se a chance de carcinoma hepatocelular - Altera algumas proteínas, mudando sua função - Torna os hepatócitos mais suscetíveis à apoptose ou necrose - Peroxidação lipídica - Ocorre pela formação do acetaldeído, produzindo malondialdeído e 4-hidroxinonenal - Agem nas proteínas celulares e alteram suas funções - Tornam os hepatócitos mais sensíveis ao dano - Aumento da hepcidina - São peptídeos que reduzem a absorção de ferro nos enterócitos e a liberação de ferro nos macrófagos - Causa aumento da absorção de ferro no hepatócito, aumentando o estresse oxidativo - Efeitos do álcool sobre a transcrição nuclear - Causa estresse do retículo endoplasmático - Hipóxia hepática - O uso crônico de álcool aumenta o consumo de oxigênio pelas células hepáticas - Especialmente na região com maior concentração de CYP (centrolobular) - Vasodilatação → NO - Vasoconstrição → endotelina ● Efeitos mediados por células de Kupffer O consumo crônico de álcool aumenta a permeabilidade intestinal e a endotoxemia portal, ativando as células de Kupffer. Células de Kupffer ativadas liberam mediadores pró-inflamatórios (TNF-alfa, TGF-beta 1, IL1, IL6, IL8, IL10 e FCDP) → TNF alfa causa apoptose dos hepatócitos + TGF-beta1 e FCDP ativam as células estreladas, produção de colágeno e fibrose hepática. A secreção de várias citocinas, como o fator de crescimento transformante β (TGF β), pela célula de Kupffer e pelo próprio hepatócito, que ocorre nessas injúrias hepáticas, modula o comportamento das células estreladas, processo denominado ativação. Nesse processo, as células estreladas diminuem o armazenamento de lipídios, proliferam e se tornam engajadas na síntese de proteínas de matriz extracelular, com este fenótipo estas células são denominadas miofibroblastos. ESTEATOSE HEPÁTICA DEFINIÇÕES - Caracteriza-se pela deposição excessiva de gordura na célula hepática - É a primeira e mais frequente lesão induzida pelo etanol - Classificação - + até ++++ - Cada (+) corresponde a 25% de porcentagem de hepatócitos acometidos CARACTERÍSTICAS - É comumente macrogoticular/macrovesicular localizada na zona centrolobular - Causa acúmulo de colágeno, porém é comumente observado apenas no exame químico - Colágeno suficiente para detecção em microscópio → fibrose - Além do acúmulo de gordura ocorre acúmulo de proteínas - Pode causar hepatomegalia MECANISMOS O etanol induz o aumento da síntese de ácidos graxos e triglicerídeos, devido a: - Excesso de NADH+ originado da álcool desidrogenase e aldeído desidrogenase - Aumenta a síntese de ácido graxo e diminui a beta-oxidação Além disso, o etanol reduz a excreção das lipoproteínas, por conta: - Modificação da tubulina - Acúmulo de proteínas, aumentando o volume do hepatócito - Acúmulo de triglicerídeos - Oxidação dos ácidos graxos - Inibição dos receptores que favorecem lipoxidação - A esteatose é a forma mais comum da doença hepática alcoólica e a mais facilmente reversível. - Os indivíduos que apresentam a doença geralmente não apresentam sintomas ou apresentam sintomas muito inespecíficos HEPATITE ALCOÓLICA DEFINIÇÕES - É uma complicação importante do alcoolismo - É diagnosticada apenas por biópsia hepática DIAGNÓSTICO - Apenas por histologia - Degeneração ou balonização dos hepatócitos - Necrose - Infiltrado inflamatório com predomínio de neutrófilos - Fibrose pericelular e perivenular - As alterações na HA não são patognomônicas, exigindo diferenciação com a esteato-hepatite não alcoólica (EHNA). CIRROSE HEPÁTICA - Consiste na lesão irreversível dos pulmões → fibrose - Cerca de 5% a 10% dos pacientes com cirrose alcoólica desenvolvem hepatocarcinoma. - Ocorre apenas após 8-10 anos de consumo etílico. QUADRO CLÍNICO ● Sinais de alcoolismo crônico - Eritema palmar - Nervos aracnóides - Ginecomastia bilateral - Atrofia testicular - Aumento de parótida bilateral - Contraturas de Dupuytren ● Sinais de doença hepática - Esteatose - Assintomáticos na maioria - Anorexia, fadiga, desconforto QSD e hepatomegalia dolorosa - Evidências bioquímicas - Macrocitose - AST elevado - Normalmente não tem icterícia, ascite e esplenomegalia - Hepatite - Características de etilismo crônico + - Icterícia - Ascite - Esplenomegalia - Alterações bioquímicas - Leucocitose com predomínio de neutrófilos - Anemia macrocítica - Trombocitopenia - Tempo de protrombina prolongado - AST e ALT aumentados - AST não costuma exceder 300 UI/L - FA, GGT e bilirrubina total elevados - Redução albumina sérica - Cirrose - Início inespecífico pela liberação de citocinas - Fraqueza - Anorexia - Fadiga - Perda ponderal - Fígado pode estar com volume diminuído e com consistência aumentada DIAGNÓSTICO De modo geral, consiste na história de consumo excessivo de álcool + doença hepática ● Anamnese - Deve-se avaliar o consumo diário de álcool - Considerar no mínimo 80-40g/dia por, ao menos, 1 ano - Grau → varia conforme a bebida - Cerveja 4 - Vinho 12 - Conhaque 40 - Rum 40 - Uísque 43 - Pinga 46 ● Exame físico - Febre, telangiectasias, icterícia, ginecomastia, eritema palmar, hepatoesplenomegalia e etc - Hepatomegalia ocorre em 80% dos casos de DHA - Ascite - 30% dos casos leves - 80% dos casos moderados-graves - Tremores de extremidade (flapping asterix), hipertonia, hiperreflexia, sinal de Babinskiocasional são indicativos de encefalopatia hepática ● Alterações laboratoriais - Não são específicas - Provas hepáticas - ALT aumentando, comumente <200 - AST comumente >500 - AST/ALT>=2 - FA <3x valor máximo - GGT elevado - Hemograma - Leucocitose neutrofílica - Sem conotação infecciosa - Macrocitose não megaloblástica - Megaloblástica apenas em caso de etilista desnutrido - Plaquetopenia - Maior sequestro de plaquetas pelo baço aumentado - Hiperbilirrubinemia - Hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia ● Exames de imagem - USG - Observa esteatose pela atenuação do feixe no parênquima - Pseudo-sinal dos canais paralelos → presença de estrutura tubular paralela em um segmento hepático - Diagnóstico diferencial - Icterícia obstrutiva - TC - Identifica esteatose e fibroses ● Biópsia hepática - Indicações - Dúvida diagnóstica - Coexistência de hepatites virais ou cirrose ● Outros exames - Devem ser, em geral, determinados no soro: fator antinuclear, anticorpos antimúsculo liso e anti mitocôndria; AgHBs e Anti-HBc e anti-HCV; ferro, ferritina e cobre séricos devem também ser determinados, especialmente se a biópsia hepática não for realizada ÍNDICES ● Audit - Teste para identificação de problemas relacionados ao uso de álcool - 10 questões levando em conta as experiência dos últimos 12 meses - Varia de 0-40 https://www.fct.unesp.br/Home/Administracao/TecSaude-UNAMOS/audit_c om_escore_para_entrevistador-1.pdf ● MELD - Modelo para doença hepática terminal - Avalia creatinina, bilirrubina e INR - Relação com prognóstico e mortalidade ● Índice de função discriminante (IFD) https://www.fct.unesp.br/Home/Administracao/TecSaude-UNAMOS/audit_com_escore_para_entrevistador-1.pdf https://www.fct.unesp.br/Home/Administracao/TecSaude-UNAMOS/audit_com_escore_para_entrevistador-1.pdf - Utilizado para indicação do uso de corticóide por 4 semanas em casos graves - Avalia PTT e bilirrubina total ● Índice discriminante de Maddrey - Prognóstico a curto prazo pós evento agudo de hepatite alcoólica - >=32 → mortalidade em 30 dias é maior que 50% ● Escore de Lille - Prevê quais pacientes no último dia de uso de corticóide que não apresentarão melhoras - É realizado após 7 dias de tratamento com corticóide - Indica necessidade de transplante ou outras terapias - Maior que 0,45 = sobrevida em 6 meses de 25%, em média - Menor que 0,45 = sobrevida em 6 meses de 85%, em média ● Child-Pugh - Avalia gravidade da doença hepática → estadiar - BEATA - Bilirrubina - Encefalopatia - Albumina - Tempo de protrombina - Ascite TRATAMENTO ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA - Deve ser realizada independente da fase da doença - Modifica drasticamente o prognóstico - Associar o acompanhamento psicológico SUPORTE E SINTOMÁTICOS - Aporte calórico e proteico adequado - Complementação vitamínica, especialmente tiamina, ácido fólico, piridoxina e vitamina A - Avaliar se há alguma complicação - Infecção bacteriana - Ascite - Encefalopatia - Diagnóstico diferencial com síndrome de abstinência - HDA MEDIDAS ESPECIAIS - Corticosteróides → prednisolona - Associar N-acetilcisteína - Indicação - MELD >20 - IDF >32 - Benefícios - Redução da inflamação e quimiotaxia - Reduz ação das células estreladas - Estimula síntese de albumina TRANSPLANTE HEPÁTICO a) Todos os pacientes com DHA devem, em princípio, serem candidatos se estão em fase avançada da DHA; b) Critério de seleção deve se basear em dados clínicos (os mesmos utilizados para hepatopatias não-alcoólicas) excluindo-se naturalmente os que apresentam comprometimento significativo extra-hepático, especialmente disfunção cerebral, pancreatite crônica, cardiomiopatia e alterações musculoesqueléticas e avaliando também os aspectos psicossociais; c) Período de abstenção alcoólica de, pelo menos, 6 meses antes do transplante; d) Abandono do fumo, especialmente após o transplante; e) Evitar, se não for indispensável, o TH na HA. CARCINOMA HEPATOCELULAR Embora o consumo de álcool possa favorecer o aparecimento de hepatocarcinoma em alcoólatras sem cirrose, é em cirróticos que esse tumor, geralmente, se desenvolve. O álcool atua como co-carcinógeno e indutor de tumor (aumenta o metabolismo de vários agentes potencialmente carcinogênicos pela indução de várias isoenzimas do citocromo P-450). A coexistência de hepatite C aumenta o risco de desenvolvimento de hepatocarcinoma em pacientes com DHA. https://sbhepatologia.org.br/associados/fasciculos_pdf/hepatopatia_alcoolic a_patogenese_e_tratamento_7.pdf http://files.bvs.br/upload/S/0101-7772/2011/v30n4/a3598.pdf HISTOLOGIA DO FÍGADO, VIAS BILIARES E PÂNCREAS - Carla B. Collares Carla Buzato Sarah Arana Carolina Prado de França Carvalho - file:///C:/Users/Usuario/Downloads/OpenAccess-Buzato-9788580391893-14. pdf https://sbhepatologia.org.br/associados/fasciculos_pdf/hepatopatia_alcoolica_patogenese_e_tratamento_7.pdf https://sbhepatologia.org.br/associados/fasciculos_pdf/hepatopatia_alcoolica_patogenese_e_tratamento_7.pdf http://files.bvs.br/upload/S/0101-7772/2011/v30n4/a3598.pdf HIPERTENSÃO PORTAL ● Definição - Consiste no aumento da pressão venosa hepática >5 mmHg - Resulta tanto do aumento da resistência do fluxo portal, quanto da elevação do influxo venoso portal. ● Etiologias ● Fisiopatologia - Componente estrutural - Inicia com a deposição de tecido fibroso no fígado - Há a formação de nódulos regenerativos, causando compressão - Há, portanto, bloqueio do fluxo hepático pela fibrose + nódulos - Componente funcional - Vasoconstrição ativa pela deficiência de NO e aumento de atividade dos vasoconstritores - A pressão sinusoidal hepática está aumentada na cirrose. - No fígado normal (esquerda), a vascularização intra-hepática é complacente e o gradiente de pressão venosa hepática, que é uma medida de pressão sinusoidal, é 5 mmHg ou menos. - No fígado cirrótico (direita), a arquitetura sinusoidal está distorcida pelos nódulos regenerativos e pela fibrose, que levam ao aumento da resistência intra-hepática, hipertensão portal, esplenomegalia e vasos colaterais portossistêmicos; - O gradiente de pressão venosa hepática é superior a 5 mmHg. - Complicações da cirrose desenvolvem-se quando o gradiente aumenta acima de 10 a 12 mmHg. - Os vasos que normalmente drenam para o sistema porta (ex. veia gástrica esquerda) revertem o fluxo - Desvio do sangue do sistema porta para circulação sistêmica - Conforme a circulação colateral é desenvolvida, oferece resistência adicional ao fluxo portal - Ocorre vasodilatação arteriolar esplâncnica - Leva à superprodução de NO na circulação extra-hepática pelo dano endotelial - Vasodilatação e fluxo portal aumentado - Ocorre a vasodilatação sistêmica - Ocasiona o decréscimo do volume efetivo - Ativação do sistema RAA - Retenção de sódio - Expansão do volume - Estado circulatório hiperdinâmico - Causa aumento, inclusive, da hipertensão portal Diminuição do NO intra-hepático, aumentando a resistência Aumento do NO sistêmico, causando vasodilatação sistêmica ● Visualizar por - Doppler - Arteriografia ● Anatomia O sistema venoso portal é constituído por veias que coletam o sangue da porção intra-abdominal do trato alimentar, baço, pâncreas e vesícula biliar. A veia porta propriamente dita tem 6 a 8 cm de comprimento e é formada pela junção das veias esplênica e mesentérica superior. No hilo hepático, a veia porta divide-se em dois ramos, o direito, que supre de sangue o lobo direito do fígado, e o esquerdo, que leva sangue para os lobos esquerdo, caudado e quadrado. As veias esplênicas originam-se no hilo esplênico, unem-se com as veias gástricas curtas para formar a veia esplênica principal que recebe sangue da veia gastroepiplóica esquerda e de várias tributárias que drenam o pâncreas. A veia gástrica esquerda, geralmente, une-se à veia porta, na sua origem, mas pode drenar para a veia esplênica. A veia mesentérica inferior drena o sangue docólon esquerdo e do reto e, geralmente, penetra no terço médio da veia esplênica. Veias gástricas curtas + Veias esplênicas + Veias do pâncreas + Gástrica esquerda → Veia esplênica principal A veia mesentérica superior é formada por tributárias que drenam o lado direito do cólon, intestino delgado e cabeça do pâncreas. Veias do cólon direito + Intestino delgado + Cabeça do pâncreas → Mesentérica superiorl O sangue portal é levado pelos ramos terminais da veia porta até os sinusóides e, desses, para as veias centrolobulares que drenam para as veias hepáticas e estas para a veia cava inferior. A pressão portal normal é de 5 a 10 mmHg. ● Manifestações: + Esplenomegalia: - É uma manifestação comum da hipertensão portal, entretanto, o tamanho do baço pode ser normal. - Não foi observada correlação entre o tamanho do baço e o grau de hipertensão portal. - A esplenomegalia pode ser responsável por manifestações de desconforto abdominal, dor no quadrante superior esquerdo do abdômen, além de aumentar o risco de rompimento do órgão após trauma. - Pode se acompanhar de manifestações consequentes ao hiperesplenismo, como leucopenia, trombocitopenia e anemia, e ser responsável por queixas relacionadas à anemia e sangramentos + Colaterais portossistêmicos - Circulação colateral abdominal superficial - A circulação colateral tipo porta é detectada na parede abdominal anterior e é reconhecida quando observamos vasos ingurgitados que se irradiam da cicatriz umbilical e tem fluxo ascendente acima da cicatriz umbilical e descendente abaixo da cicatriz umbilical. - Quando colocamos o estetoscópio sobre os vasos dilatados é possível ouvir-se um murmúrio (sinal de Cruveilhier -Baumgarten), consequente ao fluxo aumentado e turbilhonamento do sangue nesses vasos. - Circulação colateral tipo porta na parede abdominal nos indica que existe hipertensão no ramo esquerdo da veia porta. - A circulação colateral tipo cava inferior, ocorre quando o sangue é desviado para o território da veia cava superior. - Nesse caso, são observados vasos com calibre aumentado, que drenam o sangue em sentido cranial desde a região infra-umbilical e, portanto, com fluxo invertido nessa região. - Varizes de esôfago, estômago e reto - Vasos calibrosos podem ser observados no TGI, particularmente no esôfago, estômago e reto. - A manifestação mais comum é o sangramento abrupto pela ruptura das varizes. - O sangramento das varizes esofagogástricas pode se manifestar por hematêmese e/ou melena e sinais de anemia, enquanto o das varizes retais, como enterorragia. - As varizes anorretais devem ser diferenciadas das hemorróidas, cuja freqüência é semelhante em portadores e não portadores de hipertensão portal VARIZES ESOFÁGICAS - É uma complicação derivada da hipertensão portal - Consiste no desenvolvimento de colaterais portossistêmicos, quando a pressão venosa hepática está entre 10-12 mmHg - A dilatação das veias coronárias e gástricas constituem as varizes gastroesofágicas - O estado hiperdinâmico causa dilatação e crescimento das veias, podendo evoluir para ruptura - A tensão em uma variz determina a ruptura varicosa e é diretamente proporcional ao diâmetro da variz e à pressão intra varicosa e inversamente proporcional à espessura da parede da variz. ASCITE ● Definição - Ascite consiste no acúmulo de líquido intraperitoneal - Na cirrose, ocorre secundariamente à hipertensão portal (>=12) e a retenção de Na+ ● Exame físico - Ascite volumosa - Abdômen globoso - Cicatriz umbilical pode aplainar ou everter - Circulação colateral evidente, caso seja pela hipertensão portal - Ascite de menor volume - Em posição ortostática, deixa o abdômen em avental - Em decúbito, deixa o abdomen alargado nos flancos, denominado batráquio - Sinal de Piparote - Paciente em decúbito dorsal - Posicionar a borda cubital da mão na região mediana - Estimular um dos flancos e sentir a propagação de onda no flanco contralateral - Positivo em caso de ascite de grande volume (>5L) - Pode ser negativo se a tensão da parede abdominal estiver aumentada - Macicez móvel - Baseia-se na percussão abdominal em diferentes decúbitos - A macicez irá indicar o líquido e mover conforme a posição ● Classificação ascite - Estágio I - Só detectada pela USG - Estágio II - Ascite moderada, detectada no exame físico - Estágio III - Ascite de grande volume, com importante distensão abdominal ● Paracentese - Pode ser diagnóstica ou terapêutica - Diagnóstica - Obrigatória nos pacientes com ascite - É realizada uma punção do líquido, que será posteriormente analisado - Aspectos avaliados - Macroscópico - Seroso → aspecto clássico da cirrose não complicada - Hemorrágico → sugestivo de neoplasia - Turvo → sugestivo de infecção - Bioquímico (LDL, proteínas, glicose, amilase, lipídeos, marcadores tumorais e etc) - Citologia convencional e oncótica - Contagem de hemácias, leucócitos e predomínio - Bacterioscopia (Gram) - Cultura ● Fisiopatologia (relacionada à hipertensão portal) - Ocorre aumento da pressão venosa hepática acima de 12 mmHg - Retenção aumentada de sódio e, portanto, do volume intravascular - Ativação do sistema RAA - Aumento do ADH - Aumento da ativação do SNA simpático - A retenção de sódio resulta da vasodilatação que é principalmente devido a um aumento da produção de NO. Com a progressão da cirrose e a hipertensão portal, a vasodilatação torna-se mais pronunciada e, assim, há a ativação adicional do sistema nervoso simpático e do sistema renina angiotensina aldosterona, resultando em uma maior retenção de sódio (ascite refratária), retenção de água (hiponatremia) e vasoconstrição renal (síndrome hepatorrenal). - Hipoalbuminemia → perda da função hepática. Underfill = baixo enchimento Overflow = super-fluxo No início da cirrose há vasodilatação periférica e retenção renal de água e sódio. Após isso ocorre "overflow" e evasão de fluido para a cavidade peritoneal. Quando a ascite começa a se formar e agravar a vasodilatação periférica, o "underfill" torna-se evidente, com redução do volume circulante e estímulo duradouro dos sistemas vasopressores, levando à contenção constante de H2O e Na + pelos rins. A capacidade de drenagem da linfa abdominal, e em especial o limite da drenagem linfática hepática, colaboram para o armazenamento de líquido na cavidade peritoneal. Desta maneira, frente a um paciente ascítico, podemos conjecturar o mecanismo operante predominante num dado momento. Se a ascite for recente (1 a 2 meses) a vasodilatação e o "overflow" estarão presentes, sendo que a “overflow” predomina. Enquanto uma ascite de longa duração (4 a 6 meses) terá maior vasodilatação periférica com predomínio do "underfill". PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA - Consiste numa infecção do líquido ascítico na ausência de perfuração de um órgão oco ou foco inflamatório intra-abdominal - Pode ocorrer em qualquer paciente com ascite - Risco aumentado nos pacientes de etiologia hepática relacionada à cirrose ● Mecanismo - Translocação bacteriana ou migração de bactérias do intestino para os linfonodos mesentéricos ou outras local extraintestinais - Ocorre, então bacteremia - Evolui para deposição do patógeno no líquido ascítico - Somado à deficiência imunológica (deficiência de proteínas do complemento), ocorre a proliferação bacteriana ● Características - Proteínas baixas no líquido ascítico (<1g/dL) - Geralmente é mono bacteriana - 70% dos casos são por gram negativas - E. coli → mais comum na cirrose - K. pneumoniae ● Quadro clínico - Febre, comumente 38ºC - Dor abdominal difusa - Alterações do estado mental por encefalopatia hepática - Dor à palpação abdominal ICTERÍCIA ● Metabolismo de hemoglobina - Conceitos - Hb → anel de protoporfirinas (ferro + 4 cadeias de globina) - Globina → proteína formada por 4 moléculas - Heme → é a porção não protéica, que degradada origina Fe2+ ebilirrubina Grupo heme → biliverdina (verde) → bilirrubina indireta (amarela) - A concentração sérica da bilirrubina representa um equilíbrio entre sua produção e a sua excreção. - A concentração é composta da fração conjugada (direta) e da não-conjugada (indireta). - Os níveis podem estar elevados em consequência de: - Maior produção de bilirrubina; - Deficiência na excreção hepática; - Captação - Sistema de transporte facilitado que permite equilibrar as concentrações de bilirrubina - Ao entrar é ligada a proteínas denominadas ligandinas - A concentração de bilirrubina livre é baixa, permitindo a passagem sem gasto energético - Conjugação - Ocorre no retículo endoplasmático liso do hepatócito - É conjugada ao ácido glicurônico pela enzima UDP-glicuronil transferase - A partir de então, é denominada bilirrubina direta e é excretada pela bile - Excreção - É o passo limitante do processamento da bilirrubina - Depende de transporte ativo - É a passagem pela membrana do hepatócito para o lúmen dos canalículos biliares - No intestino, as bactérias intestinais transformam em urobilinogênio. - A partir disso, é oxidado em urobilina e estercobilinas, que colorem as fezes (escura). - Parte da urobilina (urobilinogênio) absorvida nos intestinos (ciclo enterohepático) é excretada na urina, dando-lhe cor amarela. ● Conceito icterícia - A icterícia reflete a incapacidade do fígado em excretar a bilirrubina, portanto, resulta da insuficiência hepática - Ocorre pela hiperbilirrubinemia - É um indicador da insuficiência hepática ● Fisiopatologia - Ocorre pelo prejuízo da função hepatocelular, perdida no processo de fibrose - A diminuição do número de hepatócitos diminui a capacidade de conjugação - Causa aumento da bilirrubina indireta - É lipossolúvel, com capacidade de impregnar na pele - Aumento da bilirrubina direta - Regurgitação http://rca.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/sites/176/2017/06/432_Gastro_ Clinica_ictericia.pdf ENCEFALOPATIA HEPÁTICA - É uma disfunção cerebral causada pela insuficiência hepática e pela hipertensão portal ● Visão geral - Caracteriza-se por distúrbios da atenção, alterações do sono e distúrbios motores que progridem desde simples letargia a estupor ou coma. - É um distúrbio metabólico, portanto potencialmente reversível. - A amônia está relacionada à sua gênese, ao lado de várias neurotoxinas e fatores diversos, como o edema cerebral, o tônus GABAérgico e microelementos como zinco e manganês. - Seu alvo comum, via de regra, é o astrócito. ● Fisiopatologia - A amônia, uma toxina normalmente removida pelo fígado, desempenha um papel essencial na patogenia. - Na cirrose, a amônia acumula-se na circulação sistêmica por causa do desvio de sangue realizado pelos colaterais portossistêmicos e do metabolismo hepático diminuído (p. ex., insuficiência hepática). - A presença de grandes quantidades de amônia no cérebro danifica as células cerebrais de suporte ou astrócitos e desencadeia alterações estruturais características da encefalopatia hepática. - A amônia resulta na supra regulação de receptores benzodiazepínicos do tipo astrocíticos periféricos, os estimulantes mais potentes da produção de neuroesteroides. - Os neuroesteróides são os principais moduladores do ácido γ-aminobutírico, o que resulta na depressão cortical e encefalopatia hepática. - Outras toxinas, como o manganês, também se acumulam no cérebro, particularmente no globo pálido, onde podem levar à perda da função motora. https://www.sbhepatologia.org.br/cientifico/ged/volume30/4/completo.pdf MINTI ● Rotina de abdome agudo - RX tórax posteroanterior em posição ortostática e em decúbito dorsal; - Pneumoperitônio - Doenças intratorácicas - RX abdome em decúbito e em posição ortostática ou sentada; - Condições abdominais agudas - TC ou US são obtidas para fornecimento de diagnóstico definitivo ATRIBUTOS ÚTEIS PARA AVALIAÇÃO DA IMAGEM ABDOMINAL ● Padrão dos gases abdominais - Gás normal no abdome advém da deglutição do ar - Níveis hidroaéreos são observados principalmente no estômago e intestino delgado - Não devem ser observados no cólon distal à flexão hepática - Intestino delgado - Pequenas coleções aéreas espalhadas de modo aleatório - Varia de nenhum gás até gás em ¾ das alças - O formato do gás varia de 2,5-3 cm de diâmetro - A ausência completa de gás pode indicar obstrução intestinal ● Distensão intestinal - O intestino delgado é considerado dilatado quando o diâmetro ultrapassa 2,5-3 cm - Raramente >5 cm - O cólon é considerado dilatado quando ultrapassa 8cm de diâmetro - O ceco dilata ao máximo, independente do local de obstrução - Na imagem apresenta material mosqueado característico do material fecal - Haustrações se estendem parcialmente no lúmen ● Íleo adinâmico - Os termos íleo adinâmico, íleo paralítico e íleo não obstrutivo são utilizados indistintamente e referem-se à estase do conteúdo intestinal devido a diminuição ou ausência de peristaltismo. - Características - Distensão intestinal simétrica, difusa e predominantemente gasosa - Delgado, estômago e cólon ficam dilatação, sem transição abrupta - Ocasionalmente, o íleo adinâmico resulta na ausência de gás no abdome, com as alças dilatadas do intestino preenchidas apenas com líquido. - USG confirma o peristaltismo fraco ou ausente ● Alça sentinela - Refere-se ao segmento do intestino que fica paralisado e dilatado por estar próximo a um órgão intra-abdominal inflamado - É observada como um pequeno segmento de alça que se mantém distendido e na mesma posição em imagens seriadas - É um alerta para inflamação adjacente - Uma alça sentinela no quadrante superior direito sugere colecistite aguda, hepatite ou pielonefrite. - No quadrante superior esquerdo deve despertar suspeita de pancreatite, pielonefrite ou lesão do baço. - Nos quadrantes inferiores, condições como diverticulite, apendicite, salpingite, cistite ou doença de Crohn causam a formação de uma alça sentinela. CONDIÇÕES CLÍNICAS DE MAIOR INCIDÊNCIA ● Megacólon tóxico - É a manifestação de colite fulminante - Caracterização - Dilatação total ou parcial do cólon - Não há peristaltismo e todo o cólon perde o tônus e contratilidade - Distensão abdominal progressiva + intoxicação + febre + prostração - Ausência de RHA - Mortalidade de 20% - Etiologia mais comum - Colite ulcerativa aguda - RX - Distensão do cólon - Ausência de haustrações - Cólon transverso pode estar >=15 cm - TC - Cólon distendido - Preenchido de ar e líquido - Parede fina com contorno nodular irregular - Não realizar enema de bário ● Obstrução intestinal mecânica - Significa estesa do conteúdo intestinal acima de lesão focal - Etiologias - Estenose - Obturação (oclusão do lúmen por massa) - Compressão por condição extrínseca - Exames de imagem visam confirmar a obstrução, identificar nível e causa - RX - Podem confirmar obstrução intestinal de 6 a 12 h antes que o diagnóstico possa ser estabelecido clinicamente. - Fisiopatologia - Quando ocorre obstrução intestinal, o lúmen do intestino proximal à obstrução dilata-se progressivamente devido ao acúmulo contínuo de secreções, deglutição de líquido, ar e alimento, e, finalmente, à interrupção da absorção. - A estase resulta na proliferação de bactérias e produção de toxinas que podem agredir a mucosa. - A irrigação sanguínea pode ser comprometida devido à distensão da parede do intestino e ao aumento da pressão intraluminal. - Tipos - Obstrução completa significa que o lúmen foi totalmente obstruído. - Obstrução parcial significa que parte do conteúdo intestinal consegue passar. - Obstrução simples diz respeito a bloqueio do conteúdo luminal, sem interferência no fluxo sanguíneo. - Obstrução com estrangulamento significa que o fornecimento de sangue para a parede do intestino foi comprometido. ● Infecção enfisematosa - Consiste na infecção dos órgãos abdominais e pélvicospor microrganismos produtores de gás - É detectada no RX e confirmada por TC ou USG - Gás no interior do parênquima de órgãos sólidos ou da parede de vísceras ocas pode representar infecção, fístula, infarto e cirurgia ou instrumentação recentes. - A infecção enfisematosa resulta na formação de bolhas e estrias de ar que devem ser diferenciadas de coleções gasosas normais ● Gangrena de Fournier - É o termo aplicado à fasciite necrosante do períneo e regiões perianais e genitais. - A infecção polimicrobiana causa destruição rápida dos tecidos. - Radiografias e TC mostram bolhas e estrias de gás nos tecidos moles afetados. ● Obstrução do intestino delgado - A obstrução do intestino delgado representa 20% das internações cirúrgicas de pacientes com dor abdominal aguda e 80% de todos os casos de obstrução do trato intestinal. - Etiologia - 75% aderências pós-cirúrgicas - Hérnia encarcerada - Clínica - Distensão abdominal - Cólica - Vômito - RX - Alças dilatadas do intestino delgado (> 3 cm) desproporcionais em relação a porções mais distais do intestino delgado ou cólon - Níveis hidroaéreos no intestino delgado que ultrapassam 2,5 cm de largura - Níveis hidroaéreos de comprimentos diferentes (> 5 mm) dentro da mesma alça (“níveis hidroaéreos dinâmicos”) → forte indício de obstrução - Dois ou mais níveis hidroaéreos - Pequenas bolhas de gás aprisionadas entre as pregas em alças dilatadas e cheias de líquido que produzem o sinal do “colar de pérolas”, uma fileira de pequenas bolhas de gás orientada horizontalmente ou obliquamente no abdome - TC - É o método preferencial - Identificação da causa e confirmação da obstrução - Características - Local de transição entre as alças do intestino delgado dilatadas por ar ou líquido e as alças intestinais colapsadas distalmente à obstrução. - Fezes no intestino delgado são uma forte evidência de obstrução - O estreitamento abrupto em forma de bico, sem outra lesão evidente, é um indício de que a causa da obstrução é aderência. ● Obstrução por estrangulamento ou volvo do delgado - Está associada a alterações na parede intestinal e no mesentério devido ao comprometimento do suprimento sanguíneo. - A TC é o exame mais indicado. ● Intussuscepção - É mais comum em crianças - Nos adultos é geralmente crônica por tumor polipóide ou lipoma - Etiologias - Tumor maligno - Tumor polipóide - Lipoma - Nódulos mesentéricos - Divertículos de Meckel - Corpo estranho - Tipos - A intussuscepção enteroentérica ocorre com tumores do intestino delgado e doença celíaca. - A intussuscepção ileocólica geralmente é idiopática em crianças, mas é causada por massa em adultos. - A intussuscepção colocólica é comum em adultos, mas rara em crianças. - RX - Obstrução e massa de tecidos moles - Bário - Retenção do contraste com aspecto de mola - TC - Massa intestinal característica em forma de alvo - US - “Rosquinhas”, alternando aneis hiperecóicos e hipoecoicos - Representam a alternância entre mucosa, parede muscular e tecidos de gordura mesentérica nos cortes transversais. ● Íleo biliar - Deve ser suspeitada em caso de obstrução mecânica do intestino delgado em mulheres idosas - É a obstrução intestinal causada por cálculos biliares, que corrói a parede da vesícula e passa para o intestino, criando fístula colecistoduodenal - Geralmente localizado na porção distal do íleo - Medem de 2-5 cm, geralmente - Tríade de Rigler - Dilatação das alças intestinais + ar na árvore biliar ou vesícula + cálculos biliares calcificados ectópicos ● Obstrução do intestino grosso - Mais comum em adultos mais velhos - O ceco é sempre o mais dilatado, independente do local de obstrução - Se ceco >10cm de diâmetro há alto risco de perfuração, peritonite e choque séptico - Maioria dos casos ocorre no cólon sigmóide - Lúmen mais estreito - Maior formação de fezes - RX - Dilatação do cólon desde o ceco até o ponto obstruído - Não há gases após a obstrução - Válvula ileocecal - Competente → intestino delgado com pouco gás e distensão cecal progressiva - Incompetente → distensão do intestino delgado - Níveis hidroaéreos na flexão hepática são uma forte evidência de obstrução, a menos que o paciente tenha sido submetido a enema. ● Volvo sigmóide - Mais comum em idosos em dieta de alto resíduo - O cólon sigmóide sofre torção em torno de seu mesentério, resultando em obstrução de alça fechada. - O cólon proximal dilata enquanto o reto esvazia. - RX - Sigmóide cheio de gás e sem haustrações - Dilatação do cólon proximal - Pode-se utilizar também TC e enema de bário - O intestino fica propenso, por causa da obstrução em alça fechada, a isquemia e perfuração, cujos sinais devem ser cuidadosamente verificados. ● Impactação fecal - Mais comum em idosos e acamados - Colite estercoral é uma inflamação rara da parede do cólon causada por impactação fecal. - A pressão sobre a parede do cólon pode provocar necrose isquêmica e perfuração do cólon. - Radiografias mostram grande massa de fezes, com aspecto mosqueado característico no cólon distal. - Após a desimpactação, devem ser realizadas colonoscopia ou enema opaco à procura de carcinoma obstrutivo, que pode ter causado a impactação fecal. ● Isquemia e infarto intestinal - É uma emergência com alta taxa de mortalidade - O fornecimento insuficiente de sangue ao intestino grosso ou delgado pode ser transitório e reversível, ou letal. - Etiologias - Oclusão das artérias mesentéricas por trombo, embolia, vólvulo, vasculite ou compressão extrínseca; - Hipotensão relacionada com insuficiência cardíaca congestiva, septicemia ou perda de sangue; - Medicamentos vasoconstritores, como ergotamina, digitálicos ou norepinefrina; - Drenagem venosa deficiente causada por trombose venosa, tumor, aderências ou vólvulo. - A lesão isquêmica começa na mucosa e estende-se progressivamente até a camada serosa através da parede intestinal. - A TC com contraste é o método de imagem preferencial. ● Traumatismo abdominal - TC abdomen e pelve é solicitada em casos de trauma abdominal fechado - Os candidatos a TC são aqueles com histórico de traumatismo contuso significativo, mas hemodinamicamente estáveis. - Para a triagem da TC, a ultrassonografia abdominal direcionada para traumatismo (“FAST”) pode ser empregada para detectar líquido intraperitoneal em pacientes com traumatismo. - Achados na TC - Hemoperitônio - Coágulo sentinela - Coleção focal de sangue coagulado, que pode ser observada na cavidade peritoneal adjacente a um órgão lesionado - Hemorragia ativa - Ar livre na cavidade peritoneal - Costuma indicar lesão intestinal - Contraste livre na cavidade peritoneal - Hematomas subcapsulares - Hematomas intraparenquimatosos - Lacerações - Ausência de realce de órgãos - Reflete danos na irrigação arterial do órgão - Infartos Referência GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil Medicina Interna. 25. ed.
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