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Resumo Geriatria

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FELIPE SATELES
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FISIOTERAPIA EM GERIATRIA
envelhecimento do sistemaQuais são as características típicas de que um corpo está envelhecendo?
Perda da estatura e mudança do corpo, da densidade óssea e mineral e os músculos que se apresentam flácidos e com trofismo diminuído.
A desidratação dos discos intervertebrais e perda significativa dos arcos plantares resulta no achatamento que impacta na estatura do idoso e mobilidade da coluna no plano transverso que resultara na diminuição da forma em dissociar as cinturas (escapular e pélvica) onde a marcha do idoso é menos funcional.
O idoso perde a mobilidade do tronco por conta de dois fatores: o achatamento dos discos intervertebrais que diminui a mobilidade no plano transverso e a densificação das articulações não-sinoviais que apresenta rigidez.
Alterações de metabolismo é típico para os idosos e o tecido adiposo está relacionado a Síndrome Metabólica que causa uma lentificação do metabolismo e acumulo de gorduras em região abdominal.
O tecido cartilaginoso se prolifera ao longo da vida, por isso, acontece o crescimento do nariz, do pavilhão auditivo e das sobrancelhas. Por ser menos fibroso e altamente vascularizado tende aumentar os pelos em locais cartilaginosos.
Alterações de melanócitos está relacionada a pigmentação na região da mão, dorso e face onde aparece diversas manchinhas. 
Ocorre também a alteração de elastina de forma significativa, tornando a pele do idoso mais frágil, áspera e seca. 
A diminuição da atividade sudorípara e sebáceas implica na diminuição do suor o que o idoso acha que não precisa se hidratar tornando sua pele frágil.
SISTEMA ÓSSEO
A superfície do osso é originada de células chamadas de osteoblastos que é de origem hormonal da paratireoide e vitamina D e tem uma característica mais dura e densa; já a parte mais profunda é das células osteosclastos é de origem hematopoiética (matriz do sangue) que é responsável pela remodelagem e cicatrização de lesões. Com o tempo ocorre o envelhecimento e a menor produção dessas células causa:
· Porosidade óssea;
· Alteração de massa óssea;
· Alteração de remodelagem;
· Origem das células comprometida.
A osteopenia é a diminuição da densidade óssea que é totalmente natural no idoso e que evolui para uma osteoporose.
sistema articular
Dividido em articulação não-sinoviais que são aquelas que não produz grande graus de amplitude e está relacionada a integridade das estruturas, sendo rígida e conhecida como sinartroses que calcifica e densifica a articulação; e as articulações sinoviais que possuem todos os componentes da articulação (espaço articular, cápsula fibrosa, liquido sinovial, ligamentos). O processo de envelhecimento vai tornando o tecido cartilaginoso calcificado e densificado, tornando o “duro” e provoca a diminuição do líquido sinovial que aumenta o contato com a superfície óssea. 
sistema neuromuscular
O sistema muscular é composto por fibras tipo I que é de contração lenta, metabolismo aeróbico e atua em músculos posturais; fibras tipo IIA que possui uma contração mista, metabolismo misto e atua sobre os músculos da marcha e MMII; e as fibras tipo IIB de contração rápida, metabolismo anaeróbico e atua nos MMSS. 
A sarcopenia é a perda de massa muscular, no idoso é mais comumente a perda da fibra tipo II onde ocorre a lentificação da potência e força. Na verdade, há uma substituição por colágeno e tecido intersticial fibroso e assim gera também a perda da viscoelasticidade. Qual o impacto disso sobre o idoso?
Perda da velocidade para realizar movimentos, diminuição de contração e do equilíbrio que pode gerar o aumento do risco de quedas para o indivíduo. 
sistema nervoso
Fisiologicamente a perda dos neurônios começam a partir dos 25 anos de idade. Ocorre a diminuição da substância branca que é composta pelos axônios gerando alterações na função do planejamento motor e alterações comportamentais (lobo frontal); e uma diminuição na audição e lentificação das memorias (lobo temporal). A perda da substância cinzenta também traz acometimentos para o cerebelo na perda do equilíbrio e coordenação do movimento. 
OBS: A perda do olfato é grande indicativo para o processo de início em demência. 
SISTEMA CARDIORESPIRATÓRIO
O sistema de envelhecimento acomete grandes vasos também, na aorta, em sua camada média ocorre a calcificação o que significa a perda da elasticidade gerando um enrijecimento e esse processo se chama arteriosclerose o que se dá quando a artéria está envelhecida. Quando o vaso perde elasticidade e dentro do mesmo tem placas de gordura o nome que se dá é aterosclerose. As calcificações atingem válvulas e câmeras cárdicas. Todo o tecido cartilaginoso (brônquios, traqueia, músculo liso, força de contração do diafragma) sofre densificação e assim perdendo sua própria elasticidade. 
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DO IDOSO 
Antes de tudo temos que entender que há uma grande diferença entre exame e avaliação. O exame consiste na coleta de dados (ADM, FM, tônus) e a avaliação é a interpretação de tudo o que foi dito no exame.
AVALIAÇÃO
Para a avaliação do idoso é necessário ter uma escuta muito refinada, ter bastante atenção aos detalhes no momento de avaliar o idoso e muita atenção ao que é dito e o que não é. Em uma avaliação deve-se dar a importância nos aspectos psico-socioculturais e espirituais. 
Ficha de Avaliação:
· Nome;
· Idade;
· Sexo;
· Cor;
· Raça;
· Peso;
· Altura;
· Naturalidade;
· Endereço;
· Telefone;
· Profissão/Ocupação;
· Médicos Assistentes.
O Mini-Exame do Estado Mental é usado para avaliar a função cognitiva do idoso e é considerado um dos mais valiosos instrumentos para realizar a triagem. Os parâmetros são orientação do idoso, memória imediata, atenção e cálculo, evocação e linguagem. 
· Orientação tempo-espacial – Qual dia da semana? Qual o dia do mês? Qual mês? Qual ano? Etc.;
· Memória imediata – três palavras aleatórias e pede para memorizar.
· Atenção e cálculo – pode realizar contas de diminuição ou soletrar alguma palavra com 5 letras de trás pra frente;
· Evocação e linguagem – nomear objetos, repetir frases, escrever uma frase;
Para cada acerto 1 ponto é dado. Pontuação abaixo de 26 pontos pode indicar necessidade de avaliação cognitiva aprofundada e pode de fato apresentar disfunção cognitiva.
ANAMNESE 
· Diagnóstico clínico – saber do ponto de vista médico o que trouxe o paciente à Fisioterapia;
· Queixa principal – ouvir com atenção pois geralmente os idosos apresentam morbidade;
· HDA;
· HPP;
· Revisão de regiões e sistemas corpóreos.
exame físico
· Sinais vitais;
· Inspeção;
· Estado físico e geral;
· Pele – se apresenta prurido;
· Cabeça – se apresenta muita cefaleia;
· Olhos – acuidade/algia;
· Ouvidos – acuidade;
· Boca – xerostomia (boca seca), paladar, dor;
· Garganta – disfagia (dor ao engolir);
· Pescoço – algia;
· Sistema cardiovascular – dispneia;
· Sistema gastrointestinal – se apresenta constipação;
· Medicamentos utilizados;
· História Nutricional;
· História psiquiátrica – manifestação clínica da depressão;
· Histórico familiar, social e econômico;
· TTO. Clínico e exames complementares.
OBS. A GDS é uma Escala de Depressão Geriátrica, com escore de 0 a 15. A questão é dar 1 ponto para o NÃO para questões: 1,5,7,11,13 e 1 ponto para o SIM nas demais questões. 
Normal – 3 pontos;
Depressão moderada – 7 pontos;
Depressão severa – 12 pontos.
FUNÇÃO PULMONAR
É importante avaliar a expansibilidade torácica desse idoso, a cirtometria é um método para avaliar alterações das articulações costovertebrais através de uma inspiração profunda. 
· Força – Pi e Pe máx (60 a 70);
· Tosse – úmida, seca ou efetiva;
· Capacidade vital – soma do VC, VRI e VRE;
· Ausculta pulmonar – lembrando que o murmúrio vesicular reduzido não é normal; e ficar atentos aos ruídos adventícios como: ronco alto (há secreção nas vias aéreas), sibilos (broncoespasmos) e crepitações (secreção de vias aéreas mais inferior e colabamento alveolar);
· PMV – padrão musculo ventilatório, o padrão superficial tende a diminuir a expansibilidade
· Escala de Borg– o idoso avaliando sua própria percepção subjetiva de esforço para a realização de suas atividades.
ADM 
Avaliar usando o goniômetro utilizando os valores normais.
PERIMETRIA 
Avaliando o trofismo, o idoso apresenta sarcopenia então é sempre bom avaliar a perimetria devido à perda de massa muscular.
FORÇA MUSCULAR
· Graduação: 0 a 5;
· Proximal, intermediaria e distal;
· Comprometimento simétrico/assimétrico;
· Dividir o corpo em porção superior e inferior;
· Verificar se a força que apresenta se traduz em capacidade funcional.
TÔNUS 
Avaliar através da palpação e verificar a capacidade em gerar tensão.
· Hipertonia – espástica ou rígida;
· Hipotonia – lesão de neurônio periférico;
· Escala de Ashowrth.
SENSIBILIDADE 
Avaliar as duas grandes vias de condução sensitivas cordão dorsal (tato fino) e cordão antero-lateral (tato grosso, via dolorosa).
A dor deve ser avaliada pois é um dos fatores importantes para avaliação e verificar a integridade da via antero-lateral, avaliando também qual alteração fisiopatológica está proporcionando esse sintoma. 
· Intensidade de 0 a 10;
· Quais fatores provocam essa dor;
· Frequência;
· Tipo de dor.
E normalmente está relacionada a dor crônica (difusas) e quando é uma dor aguda o idoso consegue identificar o local. 
EQUILIBRIO
Estático – pode-se avaliar com o teste de Romberg (ataxia sensitiva/ataxia vestibular). O Romberg positivo é sinal clássico em problema nos proprioceptores e sistema vestibular;
Dinâmico – é necessário avaliar a marcha do paciente e sua capacidade em se deslocar em linha reta ou andando lateralmente, há diversas escalas que nos ajudam nessa avaliação do idoso.
· TUG – Sentado em uma cadeira com altura padrão o paciente vai andar 3 metros e dar a volta no objeto de 180°, voltar e sentar-se novamente. O valor de referência para esse teste é de 10 segundos, caso, o paciente faça superior a esse valor ele tem uma certa dificuldade em levantar, no equilíbrio ou até em girar no meio externo; se o valor for acima de 20 segundos se torna uma necessidade terapêutica.
· TINETTI – Avalia de forma detalhada a qualidade com que o idoso faz as transferências, avaliando seu equilíbrio sentado, levantando, em pé e até girando; observando a dimensão do equilíbrio do idoso.
· BERG – É ainda mais detalhada, a depender da pontuação fica evidente o grau de curva da queda que o idoso venha a ter. Serve para avaliar o equilíbrio, mas também o risco de queda do paciente, quanto maior a pontuação, mais chance ele tem em cair. 
SISTEMA NEUROVEGETATIVO
Está relacionado ao sistema visceral do paciente.
Esfíncteres – A incontinência é um dos grandes fatores que impedem o idoso a se sentir bem em um âmbito social e tudo isso pode causar um isolamento. A incontinência urinaria e fecal é um grande isolamento social para o idoso. 
Sudorese – Há uma grande alteração de função de glândulas sudoríparas e sebáceas ao envelhecimento;
Vaso-Motricidade – O sistema nervoso autônomo controla a contratilidade dos vasos, então é indicativo sempre aferir a PA do paciente; a labilidade pressórica é um grande sinal no sistema neurovegetativo. 
AVD’S
· Alimentação;
· Vestuário;
· Higiene oral;
· Higiene genital;
· Banho;
· Transferências;
· Locomoção (velocidade, ritmo, cadência);
· Escalas de Avaliação.
MIF – Avalia a capacidade funcional do paciente e serve para o idoso também;
Índice de Katz – Avalia as dimensões das AVD’S mais simples, escala especializada para o idoso, é uma escala binária. 
Índice de Barthel – Avalia a capacidade funcional, tem meio termo entre independente, semi-independente e não dependente. 
Teste de performance física – Avalia o tempo que o idoso faz durante a função e qual a qualidade em sua performance. 
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO PARA IDOSOS
A promoção da saúde, prescrição de exercícios físicos para a população idosa é essencial. É fundamental que o Fisioterapeuta conheça sobre o envelhecimento dos sistemas para que possa prescrever esse programa. A indicação deve ser de acordo com a necessidade do paciente e para realizar a prescrição/orientação/supervisão temos que entender sobre os conceitos da aptidão física que avalia a força muscular, condicionamento aeróbio e flexibilidade estando sempre atento à intensidade, frequência e duração.
A atividade física é o gasto energético acima do repouso; o exercício físico é atividade física praticada com base numa prescrição que visa o condicionamento físico ou o desenvolvimento de habilidades esportivas, funcionais ou a educação através do movimento. 
Princípios da prescrição do exercício físico
· Princípio da individualidade biológica – as principais memórias desenvolvemos durante a primeira infância; saber o que ele prefere fazer de exercício físico, ou seja, identificar o tipo de prática que aquele corpo gosta. 
· Princípio da especificidade – exercícios específicos produzem incrementos específicos;
· Princípio da sobrecarga – para produzir melhora é preciso aumentar a carga do trabalho;
· Princípio da adaptabilidade – o corpo se adapta às cargas a que é bastante submetido;
· Princípio da progressividade – a sobrecarga deve ser aplicada gradativamente, para garantir benefícios e prevenir lesões e acidentes;
· Princípio da continuidade – os benefícios decorrem da prática;
· Princípio da reversibilidade – se não houver continuidade perde os ganhos obtidos. 
orientações gerais para uma prescrição
· Atividade de baixa intensidade podem ser incluídas nas atividades físicas como caminhada por puro prazer, a jardinagem, dança de salão e os trabalhos domésticos;
· Moderadamente intensos os exercícios físicos que oferecem ao corpo uma carga maior que a da vida diária com objetivo de ir além da simples redução de perdas.
PARA MELHORAR APTIDÃO FÍSICA 
· A cardiorrespiratória é precisa para trabalharmos a potência aeróbia;
· Na aptidão física muscular é preciso trabalhar força e resistência muscular;
· A aptidão física articular é preciso para trabalhar a flexibilidade.
Acrescentar exercícios que desenvolvam outras habilidades tais como equilíbrio, coordenação, agilidade, velocidade, tempo de reação e potência. 
EXERCÍCIOS AERÓBICOS 
As atividades físicas de natureza aeróbia causam proteção contra diversos fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Promove um aumento da capacidade aeróbia máxima devido à elevação da oferta de O2 para o trabalho muscular.
· Diminuição dos vasos perifericamente e resistência vascular periférica ocorrem por conta do trabalho muscular através do O2 na periferia e não pelo aumento do fluxo sanguíneo e da pressão arterial;
· Descargas simpáticas e resistência vascular diminuem quando há um ótimo condicionamento no ponto de vista aeróbio;
· A necessidade de O2 no miocárdio ficam reduzidos.
Intensidade do Exercício:
FCM (frequência cardíaca máxima) 
FCM = 220 – Idade
Frequência do Exercício:
· 3 a 5 sessões semanais;
· Menos de 3 sessões semanais aumenta o risco dos problemas ligados ao excesso de carga por intensidade do tratamento;
· Sendo mais sérias as lesões do aparelho locomotor e os eventos cardiovasculares (infarto, derrame, morte súbita durante ou após o exercício).
· Escala de Borg é utilizada como parâmetro de como está a intensidade do idoso.
· Reabilitação: idosos 40%, ativos 50% a 60% e atletas 70%.
Duração
· De 30 a 60 minutos por aula.
exercícioS para força muscular
A FM é definida como a quantidade máxima de força de tensão que um músculo ou agrupamento muscular consegue exercer contra uma resistência em um esforço máxima, está mais relacionada com a capacidade funcional.
Aumenta a capacidade oxidativa e promove alguma modificação estruturais do tecido muscular, revertendo o processo de perda da mitocôndria (responsável pela energia), desenvolvendo a força e minimizando o ritmo de perda da massa muscular.
Treinamento resistido, com ou sem pesos planejado e adequado pode resultar em aumentos significativos na força, densidade, mineral óssea e na flexibilidade além de uma moderada hipertrofia muscular. 
O teste de 1RM (1 repetição máxima) é o que mais se utiliza com objetivoscientíficos; aplicada como avaliação da força muscular na área de envelhecimento.
· Borg também pode ser utilizada como estimativa para intensidade de 1RM;
· 50% a 80% de 1RM ou esforço percebido de 3 a 6 na Escala CR10 de Borg;
· Duração de 50 minutos (10-30-10) 6 a 12rep. 1 a 3 séries;
· A frequência é no mínimo de 2 e máximo de 5 aulas por semana;
· Repouso em 60s entre séries (24 a 48h por grupo muscular).

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