AULA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 2019

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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
LIVRO III – PARTE GERAL
Arts. 189 ao 211, CC/02
O decurso do tempo é um fenômeno inexorável 
FATO JURÍDICO (EM SENTIDO ESTRITO) NATURAL ORDINÁRIO
“O tempo não espera por ninguém. O ontem é história. O amanhã é um mistério. O hoje é uma dádiva.
Por isso é chamado de presente.”
(J.M.Leoni)
OBJETIVOS
A) ESTABILIDADE SOCIAL
B) SEGURANÇA DAS RELAÇÕES JURÍDICAS
C) PARADIGMA DA OPERABILIDADE
Um dos principais efeitos do decurso de tempo é a consolidação (aquisição) ou a extinção (perda) de situações jurídicas.
“O Direito não socorre aos que dormem.”
(dormientibus nos sucurrit jus)
PRESCRIÇÃO - ESPÉCIES
PRESCRIÇÃO AQUISITIVA – Parte Especial
do CC/02 (usucapião: ex. art. 1.238)
 X
PRESCRIÇÃO EXTINTIVA – Parte Geral do CC/02 (art. 189, CC)
 
ELEMENTOS DA PRESCRIÇÃO
A) INÉRCIA DO TITULAR NO EXERCÍCIO DE UM DIREITO (SUBJETIVO X POTESTATIVO)
 +
B) DECURSO DO TEMPO
PRESCRIÇÃO (Arts. 189 ao 206,CC)
É A PERDA DA PRETENSÃO PELO FATO DE O TITULAR DO DIREITO SUBJETIVO VIOLADO NÃO O TER EXERCIDO DENTRO DO PRAZO LEGAL (Arts. 205/206, CC)
“Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.”
A todo direito corresponde um dever.
Ex. Empréstimo
Gera direito subjetivo de crédito a quem empresta x dever jurídico de pagar a quem recebe.
O descumprimento (inadimplemento) do dever = gera a violação do direito subjetivo do credor (E SURGE PARA ESTE UM PODER)
Poder de exigir a prestação descumprida.
PRETENSÃO: é o poder de exigir de outrem, coercitivamente, um dever jurídico previsto em lei ou em um contrato.
PRESCRIÇÃO DA EXCEÇÃO (art. 190)
A exceção, nesse estudo, representa uma forma de defesa do réu em contraposição ao direito do autor. 
Ex. Compensação: ocorre quando o réu alega ser credor do outro sujeito. Se esse crédito já estava prescrito, e não poderia ser cobrado judicialmente por meio de uma pretensão, também não pode ser alegado como exceção. 
Obs.) Há exceções independentes que não prescrevem: coisa julgada, que a dívida já foi paga, ou de prescrição da pretensão do autor. 
Alterção dos prazos e alegação da prescrição 
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
RENÚNCIA DA PRESCRIÇÃO (art. 191)
Conceito: renúncia é o ato unilateral pelo qual o devedor de uma obrigação abre mão do direito de alegar a prescrição da pretensão.
Obs. É obrigatório que o prazo de prescrição já esteja consumado (pois não é admitida renúncia prévia da prescrição). 
PRAZOS DE PRESCRIÇÃO NO CC/02
A) Art. 205: prazo geral – 10 anos
“Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.”
B) Art. 206: prazos especiais – 1 a 5 anos
PRAZOS ESPECIAIS DE PRESCRIÇÃO 
Prescreve: § 1 o Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele (...)
etc
PRESCRIÇÃO – prazos especiais
§ 2 o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
§ 3 o Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
PRESCRIÇÃO PRAZOS ESPECIAIS
§ 4 o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
§ 5 o Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Prescrição corre contra os sucessores
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.
CAUSAS QUE IMPEDEM E SUSPENDEM A PRESCRIÇÃO
IMPEDIMENTO: se a causa já existia quando do surgimento da pretensão.
Ex. 
Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
SUSPENSÃO 
O prazo transcorrido não volta a contar, mas somente o que falta para a prescrição se consumar. 
Ex. Se o dano foi causado antes do casamento, celebrado este, o prazo será imediatamente suspenso. 
Dissolvido o casamento, o prazo volta a correr pelo período restan te. 
OUTROS EXEMPLOS
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO 
O PRAZO VOLTARÁ A CONTAR POR INTEIRO.
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
DECADÊNCIA (arts. 207/211)
É A PERDA DO DIREITO POTESTATIVO PELA FALTA DE EXERCÍCIO, NO PERÍODO PREVISTO EM LEI (DECADÊNCIA LEGAL) OU PELA VONTADE DAS PARTES (DECADÊNCIA CONVENCIONAL). 
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.
SOLUÇÃO GEOGRÁFICA
Para facilitar o estudo do tema, o legislador colocou os prazos de prescrição nos arts. 205 e 206 da Parte Geral do CC/02, 
E todos os demais prazos encontrados em outros artigos do CC/02 são de decadência. 
Os prazos de decadência são especiais, salvo o prazo geral de 2 anos (art. 179, CC), quando um ato for anulável.
EXEMPLO LEGAL DE PRAZO DECADENCIAL 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
CRITÉRIO CIENTÍFICO
a) As ações condenatórias, correspondentes às pretensões, possuem prazos prescricionais;
 b) As ações constitutivas, correspondentes aos direitos potestativos, possuem prazos decadenciais; 
c) As ações meramente declaratórias, que só visam obter certeza jurídica, não estão sujeitas nem à decadência nem à prescrição, em princípio, sendo perpétuas.