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Ananda Cabral Vegetarianismo Vegetarianismo é o regime alimentar que exclui os produtos de origem animal. Os principais tipos de vegetarianismo são: - Ovolactovegetarianismo: utiliza ovos, leite e laticínios na sua alimentação. - Lactovegetarianismo: utiliza leite e laticínios na sua alimentação. - Ovovegetarianismo: utiliza ovos na sua alimentação. - Vegetarianismo estrito: não utiliza nenhum produto de origem animal na sua alimentação. - Veganismo: prática de não utilizar produtos oriundos do reino animal para nenhum fim (alimentar, higiênico, vestuário). Aspectos gerais - Quando bem planejadas, as dietas vegetarianas promovem crescimento e desenvolvimento adequados e podem ser adotadas em qualquer ciclo da vida. - Trazem benefícios na prevenção e tratamento de diversas doenças crônicas degenerativas não transmissíveis. - As dietas ovolacto e lactovegetariana fornecem todos os nutrientes necessários ao organismo. - A dieta vegetariana estrita não apresenta fontes nutricionais de vitamina b12, que deve ser obtida por meio de alimentos enriquecidos ou suplementos. Deve-se dar atenção também ao cálcio - Os nutrientes que exigem atenção na prescrição do cardápio para o ovolactovegetarianismo são: Ferro, zinco, ômega 3. - Proteínas não são fator de preocupação. Adequação nutricional da dieta vegetariana - A substituição de alimentos de origem animal pelos de origem vegetal costuma alterar a proporção de macronutrientes da dieta, mas elas se mantêm dentro das proporções sugeridas pelas DRIs. Carboidratos: 45-65% Proteínas: 10-35% Lipídeos: 25 a 35% - A ingestão de ômega 3 (peixes considerados de água fria: salmão, atum, sardinha, bacalhau), pode ser encontrado também em óleos vegetais, sementes e óleo de linhaça, nozes) na dieta não costuma ser um problema, mas quando a ingestão de ômega 6 é excessiva (Óleos vegetais de soja, milho, canola e girassol), a conversão do ômega 3 nas formas ativas (EPA-DHA) pode ficar comprometida - Pelo fato do ômega 3 ter de se converter em EPA e DHA (fatores encontrados em peixes), as DRIs determinam que na dieta vegetariana, deve-se prescrever o dobro de ômega 3. Sexo (acima de 14 anos) Onívoro Vegetariano Maculino 1,6g 3,2 g Feminino 1,1g 2,2g Micronutrientes Ferro - o Ferro heme preserva a absorção constante no TGI, que varia de 15 a 35% (varia de acordo com a necessidade do organismo) - O ferro não heme preserva a absorção entre 2 a 20% - o único fator de inibição de absorção do ferro heme é o cálcio - A vitamina C potencializa a absorção de ferro não heme. - As DRIs sugerem prescrição de ferro diferente para vegetarianos - Recomenda-se a ingestão de 8,3 a 16,6 mg. Fatores que estimulam a absorção de ferro não heme Fator carne (aminoácidos sulfurados - também encontradas em feijões) Vitamina C (o uso de 75mg aumenta a absorção em 3 a 4 vezes) Ácidos orgânicos (cítrico, málico, tartárico) Frutooligossacarídeos Baixo estoque de ferro Fatores que inibem a absorção de ferro não heme Cálcio (inibe o ferro heme e não heme) Caseíno-fosfopeptídeos (proteínas presentes em ovos, leite e queijos) Ácido fítico Polifenóis (taninos, catequinas) - diversos chás, café e vinho Redução da acidez gástrica Estado inflamatório aumentado (aumento da expressão de hepcidina) - Em casos de deficiência, deve-se investigar as causas que podem ser: - alimentar, hemoglobinopatias, estado inflamatório exacerbado. - pois a prescrição de suplementos de ferro inadequadamente aumentam o estresse oxidativo e pode causar lesão das mucosas gástrica e intestinal. - Fontes alimentares: Marisco no vapor, carne de boi, fígado de boi, fígado de galinha, semente de abóbora. Zinco - O cálcio não tem efeito inibitório direto sobre a absorção do zinco, mas pode potencializar o efeito inibitório do ácido fítico. - A vitamina C e a proteína podem reduzir o efeito do ácido fítico. - Recomendação de zinco para vegetarianos: - Fontes alimentares: carne vermelha, alguns frutos do mar (ostras, caranguejo), grãos integrais, Tendo em vista que o zinco é encontrado principalmente no gérmen e no farelo (casca) dos grãos, cerca de 80% do mineral é perdido durante a moagem. Dessa forma, os grãos integrais tendem a ser mais ricos em zinco que os grãos refinados não fortificados. - Amêndoa torrada, castanha-de-caju, castanha-do-brasil, semente de gergelim, semente de linhaça. Sexo Vegetariano Masculino (acima de 14 anos) 16,5 mg Feminino (acima de 19 anos) 12 mg Cálcio - Não há diferenças de prescrição nutricional - As escolhas têm maior importância, já que leite e derivados são a fonte usual. - Recomendação: Homens (19 a 70 anos) Mulheres (19 a 50 anos) 1.000 mg/dia - A grande parte dos extratos de soja encontrados no mercado são enriquecidos com cálcio. - O ácido oxálico é principal fator antinutricional, (presente em alimentos como: espinafre, feijão, batata doce, acelga, cacau) - O ácido fítico também pode influenciar na absorção (o feijão cru, sementes, castanhas, cereais). - Logo, deve-se evitar a ingestão desses alimentos em refeições ricas em cálcio. - A moderação do consumo de sal é o fator importante para a manutenção do cálcio corporal, pois a cada 2.300 mg de sódio ingerido são eliminados 40 a 60 mg de cálcio pela urina. - Fontes alimentares: O leite e os vegetais de folhas verdes são ricos em cálcio. Geralmente, os produtos lácteos contribuem com cerca de 2/3 do cálcio alimentar, com vegetais, frutas e grãos suprindo praticamente o restante. Carnes, aves e peixes suprem apenas pequena parte do cálcio da dieta. - Os extratos vegetais caseiros apesar de nutritivos possuem baixo teor de cálcio, pois as sementes geralmente têm menos de de 240mg (algumas 150 mg) de cálcio em cerca de 600 kcal. Os industrializados são acrescidos de vitamina D e cálcio. Vitamina B12 - Na alimentação de vegetarianos estritos que não inclua alimentos enriquecidos em teor adequado, deve-se haver suplementação. - O único nutriente que pode estar ausente na dieta vegetariana estrita. - Essa vitamina é sintetizada por bactérias. Como as plantas não necessitam para o seu crescimento, elas não a incorporam. Por isso, alimentos vegetais não possuem vitamina B12 ativa. - Fontes alimentares: carnes, ovos, leites, queijos, e alimentos enriquecidos. - O diagnóstico de deficiência necessita da dosagem de vit. b12, e do ácido metilmalônico, que quando elevado, confirma a deficiência. - É permitido que o nutricionista prescreva doses de até 1.000 microgramas/dia. - Mas para a manutenção do nível sérico a literatura preconiza o uso de 5 microgramas. - Para vegetarianos estritos: 10 microgramas. - Nos casos de manipulação da vitamina, prescrever em cápsulas vegetais, ou em forma de gotas. Vitamina D - O sol é a principal forma de se obter essa vitamina. - As formas da vitamina D disponíveis na natureza são o ergocalciferol (vitamina D2) e o colecalciferol (vitamina D3). - O ergocalciferol é obtido de leveduras e de esteróis de plantas (ergosterol), e é utilizado para o enriquecimento e a fortificação de alimentos. - O colecalciferol é formado na pele pela irradiação do 7-deidrocolesterol pelos raios UV-B. Pode ser encontrado na epiderme e na derme. Com a exposição aos raios UV-B, o 7-deidrocolesterol gera o pré-calciferol (provitamina D3 ). - O pré-calciferol, pela ação da temperatura da pele, sofre isomerização para colecalciferol, o qual é absorvido pela circulação sanguínea. - Embora o excesso de vitamina D por via oral possa resultar em hipercalcemia, a exposição ao sol não resulta em intoxicação, porque, em caso de excesso, o organismo transforma a vitamina D em metabólitos inativos para se proteger. - Fontes alimentares: os óleos de fígado de peixes, alimentos derivados do leite, como manteiga e queijos gordurosos, ovos e margarinas enriquecidas. Alguns leites processados, iogurtes e bebidas lácteas, normalmente pobres em vitamina D, podem ser fortificados. Ananda Cabral