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Corticóides Rayane aguiar – p8 Os glicocorticoides são hormônios esteroides produzidos no córtex da medula suprarrenal, sendo que o cortisol é o principal hormônio corticoesteroide produzido no nosso corpo. Cortisol é um hormônio de estresse e prepara o organismo para sofrer e combater insultos, além de possuir ação anti-inflamatória e imunomoduladora. Cortisol aumenta a disponibilidade de glicose e energia e eleva a pressão arterial. A liberação de cortisol pela suprarrenal obedece a um ciclo circadiano, com níveis elevados pela manhã e baixos níveis à noite. Existem várias formulações sintéticas de corticoides, as mais usadas na prática médica são prednisona, prednisolona, hidrocortisona, dexametasona, metilprednisolona e beclometasona (via inalatória). Os corticoides sintéticos são mais potentes que o cortisol natural, exceto pela hidrocortisona que apresenta potência semelhante. Os corticoides sintéticos são utilizados para modular os processos inflamatórios e imunes do organismo, e são úteis no tratamento de doenças de origem alérgica, inflamatória ou autoimune. Em tratamento de doenças mais graves pode-se usar a pulsoterapia, que consiste na administração venosa de altas doses de metilprednisolona por 3 dias seguidos. Quando são usados por longo prazo, podem levar a efeitos colaterais variados, e que estão intimamente ligados a dose e ao tempo de uso. Portanto, o uso esporádico e por pouco tempo geralmente não é capaz de causar tais efeitos: - Equimose e púrpura, estrias de cor arroxeada, crescimento de pelos em mulheres e acne são os principais efeitos colateraisdos corticoides na pele e fâneros. - Aparência cushingoide, caracterizada por fácies em lua cheia, acúmulo de gordura na região posterior do pescoço e das costas e distribuição irregular de gordura corporal é um sinal clássico da toxicidade pelos corticoides. - Nos olhos, pode haver desenvolvimento de catarata e glaucoma. - Aumento da glicemia, o que pode induzir ao diabetes mellitus e elevação dos níveis de colesterol. Também há aumento da incidência de hipertensão, infartos do miocárdio, insuficiência cardíaca e AVC. - Doses moderadas a altas, por longo período, resultam em aumento do apetite, ganho de peso e distribuição centrípeta da gordura abdominal. - Uso prolongado dessas substâncias pode levar ao aumento da incidência de osteoporose, necrose óssea avascular, lesões musculares e distúrbios do crescimento em crianças. - O sistema nervoso central pode também ser acometido, com o surgimento de sensação de bem- estar e euforia. Contudo, com o uso de corticoides a longo prazo, aumenta a incidência de psicose, depressão, insônia e alterações de memória. - O efeito dos glicocorticoides no trato gastrointestinal é, em geral, menos intenso que os efeitos dos AINE, porém, também podem causar úlceras, esofagite, gastrite e sangramento. Os corticoides modulam o nosso sistema imunológico, e, algumas vezes, podem ser utilizados para levar a uma imunossupressão programada. Contudo, essa imunossupressão se torna um grande problema, porque facilita a ocorrência de infecções e inibe o surgimento da febre, dificultando o reconhecimento de um processo infeccioso em curso. Pacientes que são submetidos a altas doses de corticoides devem evitar tomar vacinas compostas por vírus vivos, e têm menos chances de serem imunizados com as vacinas compostas por vírus mortos. Atenção: o uso prolongado inibe a produção natural de cortisol pela suprarrenal, e que os corticoides sintéticos têm meia-vida pequena. Dessa maneira, se a suspensão do tratamento for abrupta, pode ocorrer a chamada insuficiência suprarrenal. Recomenda-se a redução gradual sempre que o paciente estiver em uso por mais de 3 semanas, quando o uso for inferior a 3 semanas a suspensão pode ser abrupta. Corticoides e o estresse cirúrgico Devido ao estresse cirúrgico que ocorre durante uma cirurgia de médio ou grande porte, como as cirurgias abdominais, quando um paciente faz uso de corticoide sistêmico por mais de 3 semanas (uso crônico), existe o risco de desenvolvimento de insuficiência suprarrenal. Para se evitar tal complicação, deve-se substituir a prednisona por hidrocortisona 100 mg de 8/8 horas por 24 horas. Referência: MedAula 2020
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