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Inês Santos Rato 
ESTESL Isabel Paes Faria 
SEBENTA MICROBIOLOGIA 
CLINICO-LABORATORIAL 
 
 
Bacilos Gram negativo não fermentadores 
Ao contrário das Enterobacteriaceae não fermentam a glucose 
Patógenos oportunistas de plantas, animais e humanos. 
Sofreram várias alterações taxonómicas nas últimas décadas. 
15% dos Bacilos Gram negativo isolados no laboratório como causador de doença → 
75% Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter (tem algumas oscilações epidemiológicas) 
 
Nomenclatura atual Nomenclatura prévia 
Brevundimonas diminuta..................................................................Pseudomonas diminuta 
Brevundimonas vesicularis................................................................Pseudomonas vesicularis 
Burkholderia cepacia.........................................................................Pseudomonas cepacia 
Burkholderia pseudomallei................................................................Pseudomonas pseudomallei 
Burkholderia mallei ...........................................................................Pseudomonas mallei 
Burkholderia gladioli .........................................................................Pseudomonas gladioli 
Pseudomonas aeruginosa 
Pseudomonas alcaligenes 
Pseudomonas fluorescens 
Pseudomonas putida 
 
Outros géneros: Stenotrophomonas; Ralstonia; Stenotrophomonas; Acidovorax; 
Chryseomonas; Acinetobacter; Comamonas; Alcaligenes; Achromobacter; Methylobacterium 
Os Bacilos Gram negativo não fermentadores são: 
• Aeróbios (a maior parte das Pseudomonas aeruginosa são aeróbios estritos, raras 
crescem em anaerobiose) 
• Não esporulados 
• Metabolismo oxidativo ou assacarolíticos 
o Oxidativo: Pseudomonas aeruginosa oxida, mas não fermenta a glucose 
o Assacarolíticos: Alcaligenes faecalis não oxida nem fermenta a glucose 
 
Pseudomonas spp. 
Caracterização geral 
Bacilos Gram negativo não esporulados (retilíneos ou 
encurvados) 
Móveis (flagelares polares) 
Metabolismo estritamente respiratório (fosforilação oxidativa, o aceitador 
final dos eletrões é apenas o oxigénio) 
Aeróbios estritos (há exceções: arginina ou nitrato como aceitador final dos 
eletrões) 
Necessidades nutricionais mínimas 
Ubíquas→ preferência por ambientes húmidos (colonizam com frequência desinfetantes e 
sabões) 
Oxidam a glucose 
Lactose negativa em MacConkey agar 
Produção de pigmentos difusíveis {Piorrubina (avermelhado); Piocianina (azul); Pioverdina 
(verde amarelado)} 
Toleram uma ampla variedade de temperaturas (até 42ºC) 
Resistência natural a muitos antibióticos (fator de virulência); só importa estudar as 
resistências adquiridas 
Resistência a desinfetantes 
Odor característico (uvas) → P. aeruginosa 
 
Epidemiologia 
Ambiente: piscinas, banheiras de hidromassagens; soluções de limpeza de lentes de contacto. 
Ambientes hospitalar: reservatórios húmidos – banheiras; soluções desinfetantes; 
equipamentos de terapia respiratória e diálise. 
 
Manifestações clínicas 
Meningite, otite do nadador, sinusite, bacteriemia, inflamações oculares, pneumonia 
necrotizante, infeções na pele após queimaduras e feridas traumáticas ou cirúrgicas, ITU em 
caso de algaliação. 
P. aeruginosa é o principal patógeno do grupo. 
Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS) 
Pneumonia associada ao ventilador (PAV); 
ITU; 
Infeção ferida operatória (IFO); 
Bacteriemia; 
Peritonite. 
 
 
Infeções da Comunidade (IC) 
 Otites; 
Osteomielites; 
Infeções oculares (lentes de contacto); 
Endocardites em drogas endovenosas; 
Infeções em doentes queimados; 
70% a 80% dos doentes com fibrose quística desenvolvem infeções respiratórias com 
fenótipo raro (colónias mucoides, crescimento lento 48h-72h e produção de biofilme). 
Outras espécies de Pseudomonas são menos frequentes que P. aeruginosa. 
 
Burkholderia spp. 
Manifestações clínicas 
Infeções respiratórias em doentes com fibrose quística e doença granulomatosa - Burkholderia 
sepaceae ou Burkholderia sepaceae complex (grupo complexo que não se consegue 
diferenciar). 
Burkholderia são agentes importantes sobretudo na manifestação clínica em doentes com 
fibrose quística, tendo vindo a mudar a epidemiologia e podendo causar bacteriemia. 
Melioidose é causada por B. pseudomallei manifesta-se por lesões cutâneas, podendo causar 
pneumonias graves, potencialmente fatais e septicemia. É mais frequente no sudeste asiático. 
 
Stenotrophomonas maltophilia 
Manifestações clínicas 
Provoca infeções oportunistas, em doentes com fatores de risco (imunodeprimidos). 
 Bacteriemia; 
Meningite; 
Pneumonia; 
Infeções feridas; 
ITU. 
Está associado às infeções nosocomiais, surgindo raramente na comunidade. 
Epidemiologia 
Vasos de flores, equipamentos respiratórios, soluções desinfetantes. 
Fatores de risco 
Antibioterapia prolongada e de largo espetro, hospitalização e imunocomprometimento. 
 
 
 
Acinetobacter spp 
Manifestações clínicas 
Enquanto a Pseudomonas é sempre oxidase positiva, as Stenotrophomonas e as Burkholderia 
são variáveis e o Acinetobacter é oxidase negativa. A morfologia é semelhante aos cocos 
(semelhantes às Neisserias). 
São cocobacilos Gram negativo e oxidase negativa. 
Causam infeções oportunistas e nosocomiais. 
 Pneumonia 
 Infeções de feridas; 
 ITU; 
 Bacteriémia. 
Isolado nas amostras respiratórias e amostras de urina e exsudados de feridas infetadas. 
Epidemiologia 
Equipamentos de terapia respiratória, pele seca e colonização da orofaringe (não causando 
doença). As bactérias que nos colonizam variam com o ambiente que nos rodeia. Quando 
somos internados no hospital a nossa colónia bacteriana vai variar. 
Fatores de risco 
São resistentes aos antibióticos. Antibioterapia prolongada e de largo espetro e hospitalização. 
 
Pseudomonas aeruginosa 
Patogenia 
Fatores de virulência – estruturais; toxinas e enzimas. 
Componentes estruturais 
Cápsula (alginato) – exopolissacarideo mucoide que protege da fagocitose e da ação dos 
antibióticos. 
Pili/flagelo – medeiam a motilidade, permitindo a invasão tecidual. 
Lipopolissacarídio – Atividade de endotoxina, que provoca reação inflamatória. 
Piocianina – impede a função celular (produção de IL-8; causa danos teciduais por produção de 
radicais tóxicos de O2 que produzem uma reação inflamatória severa): 
Toxinas e enzimas 
Exotoxina A – inibe a síntese proteica, induz dano tecidual (pele, córnea, pulmões), é 
imunossupressora. 
Exotoxina S – inibe síntese proteica, é imunossupressora; em casos mais severos provoca 
danos tais no nosso sistema imunitário que muitas vezes a resposta inflamatória em si leva a 
um quadro de choque, potencialmente fatal. 
Citotoxina (leucocidina) – citotóxico para membranas eucarióticas (dano microvascular 
pulmonar). 
Proteases - danos em tecidos com elastinas, danos no parênquima pulmonar e lesões 
hemorrágicas. 
Fosfolipase C; elastases – hemolisina termolábil (clivagem de fosfolípidos e lecitina → 
destruição tecidual). 
Resistência a antibióticos – dificulta a terapêutica, principalmente se ela adquirir mais 
resistências. 
 
Pseudomonas spp 
Diagnóstico laboratorial 
Colheita e transporte de amostras biológicas → sem considerações especiais. Normas gerais e 
específicas por local anatómico. 
Processamento das amostras biológicas → sem considerações especiais. 
 
Microscopia 
Coloração de Gram – não possuem características especiais. 
 
Cultura 
• Gelose sangue; 
• MacConkey (seletivo para Gram negativos); 
• Meios seletivos (exemplo: Cetrimida). 
As infeções respiratórias, como a fibrose quística, podem ser causadas por mais do que um 
agente. O meio de cetrimida permite caracterizar logo de imediato a pseudomonas, isolando-
a, e no MacConkey isolamos os Gram negativo. 
Crescem em aerobiose, a 37ºC. 
 
Identificação (P. aeruginosa) 
Morfologiadas colónias isoladas no meio de cultura como o brilho 
metálico em GS, odor característico e pigmentação característica, mais 
visível em meio de MacConkey ou em gelose simples. São não 
fermentadoras da lactose. 
 
 
 
Olhando para a cultura e suspeitando de Pseudomonas, fazemos a prova inicial da oxidase e de 
seguida provas definitivas. 
 
Pseudomonas e géneros semelhantes 
Diagnóstico laboratorial 
Identificação 
Provas bioquímicas iniciais → oxidase 
Provas bioquímicas para identificação definitiva → sistemas comerciais (manuais como API e 
automatizados como MALDITOF). 
Se suspeitarmos de Pseudomonas e não for oxidase positiva, devemos descartar a hipótese. 
No entanto, a produção da oxidase pode ser mais lenta, no caso das estirpes produtores de 
biofilme. 
Bactérias oxidase +, são bactérias que possuem um sistema de transporte de eletrões 
“citocromo oxidase”. 
Deteção laboratorial – prova da oxidase: 
• O teste utiliza um reagente que desenvolve cor como o dihidrocloreto de p. 
fenilenediamina que substitui o oxigénio como aceitador artificial de eletrões. No 
estado reduzido, o reagente é incolor, mas na presença de citocromo oxidase e 
oxigénio atmosférico, o reagente é oxidado, formando indofenol azul. 
Provas bioquímicas adicionais: 
• Estudo do metabolismo dos glúcidos; 
• Estudo do metabolismo das proteínas e aminoácidos. 
Características culturais: 
• São aeróbios estritos e o seu crescimento pode ser um pouco mais longo que o 
habitual (48, 72h); 
• Crescimento a 42ºC permite distinguir P. aeruginosa (diferenciação com P. putida e 
P.fluorescens) – é uma forma de corroborar a suspeita de pseudomonas 
Características bioquímicas utilizadas para identificação/diferenciação: 
• Produção de oxidase: geralmente são oxidase positiva, mas há algumas espécies cuja 
oxidase é muito fraca ou mesmo nula. 
• Determinação da não fermentação dos açúcares: 
o Prova de Hugh e Leifson 
O método depende da capacidade de alguns microrganismos para oxidarem (e 
não fermentarem) vários açúcares. É produzida pouca quantidade de ácido, ao 
contrário do que acontece na fermentação. 
Utiliza um meio com uma baixa concentração de peptonas e proteases, 
fracamente tamponado, com uma concentração elevada de glucose. Tem 
também um indicador que mostra a produção de pequenas quantidades de 
ácido formado secundariamente à oxidação do hidrato de carbono. A bactéria 
em estudo é semeada em dois tubos que contenham meio de O-F. A um deles 
acrescenta-se vaselina líquida. Um está sujeito ao ar e outro não (com 
vaselina). 
Interpretação: A formação de ácido no tubo sem vaselina (ao ar) indica 
utilização oxidativa do açúcar. A formação de ácido (cor amarela) em ambos os 
tubos, revela uma reação de fermentação. A não formação de ácido nos dois 
tubos indica a não utilização do hidrato de carbono por ambos os métodos, 
sendo um mo assacarolítico. A acidificação do meio deve-se à utilização da 
glucose, o que torna o indicador amarelo. 
 
Diagnóstico laboratorial 
Avaliação e rápida identificação do crescimento em culturas primárias 
• Observar o crescimento nos vários meios de cultura; 
• Avaliar a morfologia das colónias; 
• Avaliar a produção de pigmentos; 
• Avaliar o odor; 
• Verificar condições para aplicação de testes presuntivos iniciais; 
• Realização de subculturas; 
• Realização de provas para identificação definitiva. 
 
Identificação 
Como este género de microorganismos não é tão isolado, um microbiologista não experiente 
pode confundir entre este género e Enterobacteriaceae. Fazemos portanto, testes presuntivos 
iniciais (prova da oxidase) e provas bioquímicas para identificação definitiva (espectrometria 
de massa, com inóculo muito pequeno; galerias comercializadas, pe, API, Vitek, GNI). 
 
Provas bioquímicas úteis - oxidase: 
• Arginina di-hidrolase (ADH) 
• Redução de nitratos a nitritos ou a azoto 
• Oxidação da glucose e outros açúcares 
• Hidrólise da esculina 
• Hidrólise de ONPG 
• Produção de H2S 
 
Aspetos importantes a considerar: 
As estirpes mucoides de P. aeruginosa podem reagir mais lentamente nos testes 
bioquímicos e impedir a sua correta identificação pelos sistemas comercializados. 
Deve-se suspeitar de B. cepacia quando se encontra uma bactéria não fermentativa 
que descarboxila a lisina (80%). A identificação correta das estirpes lisina-negativo 
(20%) ou oxidase negativo (15%) requer a execução completa dos testes bioquímicos. 
B. cepacia é oxidase negativa e só 20% é oxidase positiva. 
Suspeita-se de Acinetobacter quando são cocobacilos oxidase negativa. 
Há que ter alguma prática para distinguir entre Enterobacteriaceae e Gram negativo 
não fermentadores. 
 
Vibrio, Aeromonas, Plesiomonas shigelloides e Chromobacterium 
violaceum (pouco abordadas) 
Grupo de bacilos Gram negativo móveis (flagelo polar). 
São aero anaeróbios facultativos, têm um metabolismo oxidofermentatiovo (a glicose é 
fermentada sem a produção de gás), são oxidase positiva e crescem em meio de MacConkey. 
Não fazem parte da flora humana habitual, e a transmissão faz-se por ingestão de água 
contaminada, mariscos ou através de descontinuidade da pele e mucosas. 
 
Vibrio spp. 
Família Vibrionaceae. 
Vivendo nós num país com boas condições sanitárias este género não é muito relevante. No 
entanto, a cólera continua a ser uma doença muito importante e com uma grande incidência 
em países menos desenvolvidos. 
Características gerais 
• Bacilos retos ou ligeiramente encurvados ou em forma de vírgula; 
• Móveis (flagelo polar); 
• Não necessitam de vitaminas e aminoácidos, não sendo muito exigentes; 
• Crescimento estimulado por Na+ (halófilicas), exceto V. 
cholerae; 
• É uma das principais espécies causadora de cólera. 
 
Cerca de 119 espécies 
Vibrio cholerae 
Vibrio parahaemolyticus Patógenos humanos importantes 
Vibrio vulnificus 
 
Outras espécies de Vibrio são também importantes e podem ser isolados, por exemplo, em 
camarões congelados contaminados. A sua ingestão causa diarreia. No entanto, não é muito 
frequente isolar este género. Aeromonas também surge associada a alimentos contaminados. 
Estes microorganismos vão surgir em águas contaminadas, estuários ou ambientes marinhos. 
No que toca às águas, a contaminação bacteriana aumenta nos meses quentes. 
A transmissão habitualmente dá-se por ingestão de comida ou água contaminadas e pode, 
raramente, transmitir-se Homem-Homem. Isto pode ocorrer no caso da cólera, por uma 
elevada quantidade de vibriões excretados nas fezes juntamente com condições de má 
higiene. 
 
Fisiologia e estrutura 
Espécies halófilas (NaCl) (exceto o V. cholerae) 
Amplitude de temperatura (14º aos 40ºC) 
Ampla variedade de pH (suscetíveis aos ácidos estomacais) 
Flagelos polares 
Pili 
Parede celular (lípido A; polissacarídeo O que permite a classificação em serotipos) 
São em forma de virgula (dai vibrio) 
 
Podem crescer em meios como Mac Conkey ou em meios seletivos para despiste. Se não 
possuirmos um meio de enriquecimento com sal, podemos pôr em caldo peptonado com sal 
antes da cultura em meio sólido, para tentar isolar estas bactérias. Isto não é necessário para o 
V. cholerae por não ser estritamente halofílico. 
 
Vibrio Cholerae 
Agente causal da cólera. 
Espécie não homogénea quanto ao seu potencial patogénico e epidémico. 
Diferenciação efetuada com base no serogrupo (antigénio somático O1 ou 0139), na 
capacidade de produção de fatores de virulência (enterotoxina CT e pilis TCP) e no potencial 
de disseminação epidémica. 
A toxina da cólera vai atuar a nível do intestino, levando à diminuição da absorção de Na+ nos 
enterócitos, aumentando a secreção de Cl- nas criptas, o que vai levar a uma imensa perda de 
água, causando uma diarreia tipo água de arroz. A gravidade da situação está bastante 
associada à grande desidratação causada. A doença pode ser assintomática ou ligeira ou umacólera gravis, uma forma muito severa que pode levar à desidratação em poucas horas, 
causando um choque sético e a morte do doente. O diagnóstico tem de ser rapidamente feito, 
para perceber a maior ou menor virulência das estirpes. O seu potencial patogénico está 
relacionado com o serogrupo. 
As estirpes com o antigénio somático O1 e 0139, são as mais problemáticas e que produzem a 
toxina CT e os pili TCP, que podem causar uma situação epidémica e eventual pandemia. Na 
estirpe O1 há produção de enterotoxina CT e há pilis TCP e, na O139, existem ambas sendo a 
diferença a existência de uma cápsula oligossacarídea. 
 
• Bacilos de Gram negativo ligeiramente encurvados, móveis devido à presença de um 
flagelo polar. 
• Estrutura antigénica semelhante à das Enterobacteriaceae (antigénios H e O). 
Antigénio O → Serogrupos O1 e não O1. 
Dos cerca de 206 serogrupos apenas O1 e O139 estão associados a cólera e apresentam 
potencial pandémico. 
 
Todas estas estirpes produzem enterotoxina CT e pilis TCP, estando associadas com a cólera 
epidémica e pandémica. (o importante aqui é saber que há divisão por biótipos e serotipos) 
 
V. cholerae 0139 
Foi descoberto em 1992 e parece ser um híbrido das estirpes O1 e não O1. Quanto à virulência 
é semelhante à estirpe V. cholerae O1 El Tor. Ao contrário da estirpe El Tor, produz uma 
cápsula polisacarídica que poderá ser um fator de virulência adicional. 
Os outros vibrios, não produtores de toxina dão infeções mais ligeiras. 
 
Cólera → “Fluxo de bilis” 
Era moderna da cólera caracterizada por 7 pandemias: 
1817-1923 – Primeiras 6 
 V. cholerae O1 (Ásia) 
1961-1991 – Sétima 
 Biotipo El Tor de V. cholerae O1 
V. cholerae O1
3 serotipos 
(Ags somáticos)
Inaba Ogawa Hikojima
2 biotipos 
(características 
fenotípicas)
Clássico El Tor
Epidemiologia e transmissão 
V. cholerae não O1/ não O139 → a maior parte destas estirpes não produzem enterotoxina CT 
e não estão associadas com diarreia epidémica. Ocasionalmente são isoladas a partir de fezes 
diarreicas (associadas ao consumo de amêijoas). Já foram isoladas a partir de amostras 
biológicas extra intestinais. 
Pode viver e multiplicar-se no ambiente, no Homem e em alguns animais. 
O Homem tem um papel fundamental no transporte, amplificação e disseminação epidémica 
das estirpes V. cholerae O1 e O 139. 
 
Vibrio spp. 
Epidemiologia e transmissão 
Quase todas as infeções humanas estão relacionadas com o consumo recente de marisco, 
peixe e moluscos. 
As infeções mais severas ocorrem em doentes imunocomprometidos, diabéticos e indivíduos 
com problemas hepáticos. 
As infeções a V. cholerae O1/O139 causam doença mesmo em indivíduos saudáveis. 
 
Presença de V. cholerae no ambiente 
 
• Microflora autóctone das águas estuarinas; 
• Grande capacidade de sobrevivência/resistência; 
• Os isolados V. cholerae O1 ambientais são, quase sempre, enterotoxina CT negativos; 
• O transporte por indivíduos infetados é muito importante para a transmissão da 
doença; 
• Indivíduos com doença aguda excretam 107 a 108 V.cholerae por grama de fezes; 
• Mesmo após o fim dos sintomas, durante 1 a 2 semanas, doentes não tratados com 
antibióticos podem excretar a bactéria; 
• O V.cholerae O1 pode esporadicamente ser transportado por animais (vacas, cães, 
galinhas). 
 
V.cholerae sg O1 e O139→ cólera epidémica/ pandémica 
V. cholerae não O1 e não O139 → diarreia semelhante a cólera; infeção extra-intestinal (rara) 
Outros vibrios → infeção do ouvido; infeção de feridas; infeção dos tecidos moles; infeção 
extra-intestinal (rara) 
 
Género predominantemente nas águas estuarinas, sendo o número mais elevado nos meses 
quentes. 
Espécies de importância médica: V.cholerae sg O1 e O139, V.cholerae sg não O1 e não O139; 
V.parahaeamolyticus; V.mimicus, V.vulnificus, V. hollisae (Grimontia hollisae), V. damsela 
Phototobacterium damsela), V. fluvialis e,V.anginolyticus; V. metschnikovii, V. furnissii 
Exceto o V. cholerae, todas as espécies são halofílicas. 
 
Diagnóstico laboratorial 
São agentes de feridas importantes por lesões com anzois ou objetos 
que estejam em ambiente húmido. 
Microscopia (fezes/ amostras de feridas) 
Grande quantidade de bacilos podem estar presentes nas fezes de doentes com cólera → 
observação do Gram. 
 
Diagnóstico presuntivo de cólera em casos de surto, poderá também ser útil em casos de 
suspeita de infeção a V. vulnificus. 
Cultura (não muito exigentes em termos de nutrição) 
Enriquecimento (espécies halofílicas) 
• Iões Na+ 
• Água peptonada (pH 8.4) 
Quando fazemos diagnóstico de Vibrio devemos sempre fazer enriquecimento para termos a 
certeza de que não vamos perder a oportunidade de isolar este género, até mesmo no V. 
cholerae. 
Meios de cultura 
• TCBS (Tiossulfato, Citrato, sais Biliares, Sucrose) as colónias aparecem amarelas ou 
verdes; 
• Gelose com 5% sangue carneiro; 
• Gelose chocolate; 
• MacConkey; 
• BHI e meio tioglicolato, a 35ºC ao fim de 24 horas. 
• A produção de pigmento violeta característico do C. violaceum resulta melhor a 22ºC. 
O meio de TCBS é um meio clássico para deteção destas bactérias. Este tem um indicador, o 
azul de bromotimol, que a pH ácido fica amarelo e nos permite identificar o vibrio, que faz a 
fermentação da glucose (amarelo). Este existe em laboratórios onde é comum isolar este 
microorganismo. 
 
 
Aeromonas e plesiomonas 
Possuem características culturais semelhantes às Enterobacteriaceae mas distinguem-se por 
serem oxidase positiva e terem um brilho não tão evidente quanto as Pseudomonas, andando 
entre ambas. 
Estão também muito associadas a ambientes aquáticos quer de água doce quer de água 
salgada provocando infeções humanas, gastrenterites e infeções extra intestinais (otites, 
septicémias e infeções das feridas). Causam infeções em imunocomprometidos. 
São indígenas dos meios aquáticos. 
A.Hydrophila e P.shigelloides são as espécies predominantes destes géneros. 
Normalmente estão presentes, mas não havendo uma porta de entrada, um indivíduo 
saudável não desenvolve doença. 
Taxonomia em transição → Família Aeromonadaceae 
- A. Hydrophila complex 
- A. Caviae complex 
- A. Veronii biovar sobria 
 
Plesiomonas 
Uma única espécie: shigeloides. Microorganismo isolado pela primeira vez em 1947, com a 
designação C27. 
Outras designações: Pseudomonas shigelloides; Aeromonas shigelloides; Vibrio shigelloides. 
Algumas estirpes partilham antigénios com Shigella sonnei (possibilidade de reações cruzadas 
em testes de identificação serológica com antissoro Shigella). 
Figura 1 - Aspeto das colónias em meio TCBS e em gelose sangue 
Oxidase positiva e DNase positiva → diferenciação com Shigella 
 
São bactérias muito semelhantes às pseudomonas e relativamente de se suspeitar, por serem 
oxidase positiva. Estão também relacionadas com ingestão de água contaminada e 
contaminação de marisco. 
 
Aparência das colónias nos meios de cultura 
Não é muito complicado identificá-las pois, têm brilho 
relativamente metálico, sendo este menos intenso do que o da 
Pseudomonas. São visíveis zonas de β hemólise em GS. 
Apresentam colónias semelhantes às das Enterobacteriaceae, 
mas neste caso trata-se de bactérias oxidase positivas (exceto V. 
metschnikovvi) e sem cheiro. 
Bacilo gram-negativo, oxidase positiva, pode ser do grupo dos 
não fermentadores (Pseudomonas, Stenotrophomonas, etc.) ou então apontamos para esta 
família das Vibrionaceae ou Aeromonadaceae. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Provas de identificação 
Caracterização posterior por provas bioquímicas e espectrometria de massa. A morfologia 
ajuda a identificar os Vibrio, por terem uma forma característica. 
• Prova da oxidase 
• Provas bioquímicas 
• Serotipagem 
• Investigação da produção de toxina (Vibrio Cholerae) 
• Microscopia de campos escuro / contrasto de fase 
 
 
Género Campylobacter 
• Bacilos de Gramnegativo, pequenos, em forma de til. 
• Móveis (flagelo polar) 
• Microaerófilos (maioria das espécies) 
• Principal antigénio do género (LPS da membrana externa) 
• Diferentes antigénios somáticos, antigénios capsulares e flagelar 
Isto permite a classificação epidemiológica dos isolados clínicos. 
 
Doenças 
Principal responsável por gastroenterites agudas, principalmente entre 1 a 5 anos, podendo 
afetar fora do trato digestivo. Trata-se de uma diarreia aquosa a sanguinolenta, com cólicas 
intensas. É uma infeção autolimitada, porém tem tido maior incidência em Portugal e pode 
originar complicações neurológicas, muito raramente. Também pode causar sépsis/ 
bacteriemia. Quando temos amostras de diarreia com suspeitas de gastrenterite aguda, 
incluímos sempre a pesquisa por Campylobacter. 
Faz parte do grupo de casos de notificação obrigatória à DGS (Listeria e Campylobacter) sendo 
o clínico o responsável pela notificação. Noutros casos, como o COVID-19, tanto o clínico como 
nós temos de notificar a DGS. 
Para despistar a presença de Campylobacter nas fezes, temos de usar meios seletivos devido à 
flora saprófita do trato digestivo. Se a amostra for sangue, sendo este estéril podemos isolar 
em GS. 
 
Epidemiologia 
• Infeção zoonótica (presente em aves, gado caprino, gado bovino) 
• Transmissão: ingestão de alimentos contaminados ou mal cozinhados, leite não 
pasteurizado; 
• Disseminação pessoa-pessoa (rara); 
• Distribuição universal (mais frequentes no verão). 
 
Espécies 
C. jejuni 
C. coli 
C. upsaliensis 
C. fetus 
C. curvus 
C. lari 
Etc 
 
Fisiologia e estrutura 
• São pequenos (0,2 a 0,5 micrómetros); 
• Parede células LPS; lipooligassacrídeos; 
• Lipopolissacarídeos capsulares. 
 
 
Patogénese 
Adesinas, citotoxinas e enterotoxinas causam danos na muscosa (ulceração, edema, 
hemorragia com abcesso de criptas). 
O risco de doença é influenciado pela dose infeciosa e pelo status imunológico do paciente. 
São sensíveis aos ácidos gástricos. 
 
Diagnóstico laboratorial 
Microscopia (pouco sensível) 
Cultura 
• Gelose sangue ou gelose sangue; não cresce em Mac Conkey 
• Meios seletivos: Campylosel, Skirrow entre outros → (limitações) 
• Amostras de fezes 
Incubação a 42ºC, microaerofilia (porção de O2 inferior e sulplementada com N2) durante 48-
72horas (exceções). 
Deteção de antigénio em amostras fecais é muito utilizada. 
Deteção de anticorpos (IgG e IgM) apenas em estudos epidemiológicos, feitos em laboratórios 
de referência, para saber a percentagem da população que teve contacto com a bactéria. 
São relativamente fáceis de isolar. Ao serem isolados em amostras de fezes, deve-se usar um 
meio seletivo, por existirem muitas mais bactérias, menos exigentes. O Campylobacter é 
relativamente exigente, demora algum tempo a crescer (72h mín.) e em meio não seletivo 
podem ser abafados, não sendo possível despistar a sua presença. O meio seletivo deve inibir 
as Enterobacteriaceae mais comuns. Não esquecer que apesar do meio seletivo, não crescem 
unicamente Campylobacter. Devemos fazer identificação posterior das colónias suspeitas com 
provas da catálase (positiva), oxidase (positiva) e morfologia. 
 
Identificação a partir das colónias isoladas 
• Catálase: positiva 
• Oxidase: positiva (possuem citocromo oxidase, metabolismo 
respiratório) 
• Morfologia característica: desenhos de gaivotas ou til 
• Provas bioquímicas 
No Gram não se conseguem identificar em amostras de fezes, mas vêm-se, com sorte, em 
amostras de sangue. Não é algo facilmente visualizada mesmo para quem tem experiência. 
Podemos corar apenas com fucsina ou safranina e vamos procurar gaivotas. Ao contrário de 
uma amostra de fezes, uma hemocultura pode ser semeada em GS. 
Se com uma amostra de fezes crescer algo em meio seletivo, não significa que seja 
Campylobacter e temos sempre de ir identificar. Método de despiste: a Campylobacter cresce 
a uma temperatura ótima de 42ºC (pseudomonas aguenta, mas não é a temperatura ótima). 
Este género apresenta antigénios específicos e podemos usar a sua deteção como método de 
identificação. Se o teste de deteção do antigénio der positivo, semeamos para fazer um teste 
de antibiograma. Se der negativo, o doente não tem Campylobacter. 
 
 
Grupo HACEK ou ACEKS?!! 
• Haemophilus aphrophilus/ Haemophilus paraphrophilus 
• Actinobacillus actinomycetemcomitans 
• Capnocytophaga 
• Eikenela corrodens 
• Kingella kingeae 
Este grupo, associado a infeções em doentes de alto risco, sofreu alterações. O Haemophilus 
saiu e entrou a Sutunella. 
 
• Aggregatibacter/Actinobacillus actinomycetemcomitans 
• Capnocytophaga 
• Eikenela corrodens 
• Kingella kingeae 
• Sutunella indologenes 
 
Grupo ACEKS 
Microbiota habitual das mucosas de humanos e animais. 
Baixo potencial patogénico (exceção A.actinomycetemcomitens) 
Espectro de doenças: periodontite, endocardite, artrite e septicemia. 
São microorganismos muito exigentes, que nse desenvolvem muito mal nos meios de cultura 
habituais. Apesar de serem Gram negativos, não crescem em meio de Mac Conkey, tal como o 
Campylobacter. 
No caso de uma endocardite, se não conseguirmos isolar nada, devemos prolongar o tempo de 
incubação pois, as bactérias deste grupo são de crescimento lento, podendo estar presentes e 
não serem detetadas por baixo tempo de incubação (não nos podemos esquecer delas): 
 
Actinobacillus 
Pasteurella Família Pasteurellaceae 
Haemophilus 
• São anaeróbios facultativos; 
• Imóveis; 
• Curtos bacilos/ formas cocoides. 
 
Eikenella 
Sutunella Família Neisseriaceae 
Kingella 
• São anaeróbios facultativos; 
• Imóveis; 
• Não apresentam flagelos. 
 
Diagnóstico laboratorial 
Microscopia 
São bacilos Gram negativos. 
Características culturais 
São bactérias exigentes e com crescimento lento, catálase negativa. 
Crescem em gelose sangue. 
 
Não existe nenhuma prova comercial (API, galerias) que identifique bem este 
microorganismos. Estes microorganismos, em termos de microbiologia clássica, são muito 
difíceis de caracterizar. Podemos associar variados conhecimentos, mas não chegam para fazer 
um diagnóstico 100% correto. Hoje em dia conseguimos, pois, temos estas bactérias na base 
de dados dos espectrómetros de massa (MALDITOF, VITEC MS), tornando-se mais fácil de 
caracterizar. 
 
Actinobacillus actinomycetemcomitans 
São bactérias que são comensais habituais da mucosa respiratória e genito-urinária, 
provocando, usualmente, infeções como pneumonias e infeções urinárias. 
Capnocytophaga 
Existem várias espécies sendo as colonizadoras do Homem, bactérias oportunistas. Estão 
também associadas à colonização da mucosa do trato respiratório superior e cavidade oral. 
Causam periodontites, queratites, osteomielites, endocardites e algumas destas espécies 
colonizam animais que as transmitem ao Homem através da sua mordida. 
Eikenela corrodens 
Pertence à flora comensal humana e pode causar infeções orais ou extra orais. As orais são a 
periodontite, inflamações da gengiva e etc. Nas extra orais temos as infeções pleuro-
pulmonares, abcessos dos tecidos moles, artrites, endocardites e infeção das feridas cirúrgicas. 
Todas as bactérias que andam muito no nosso trato respiratório superior, podem ser agentes 
de pneumonia e eventualmente endocardites. 
São de difícil isolamento, não crescendo rapidamente nos meios de cultura habituais (tendo de 
prolongar as incubações por mais de 5 dias). Não nos podemos esquecer de promover a 
incubação em condições ambientais diferentes e com mais tempo, pois estes agentes estando 
implicados, damos um resultado falsamente negativo. Normalmente a hemocultura deve ser 
prolongada para 15 dias. 
Kingella kingae 
K. oralis e K. denitrificians, são as duas principais espécies do grupo. A primeira tem sido 
isolada, com significado patogénico, em placas dentárias, enquanto que a segunda com 
endocardite.Sutunella indologenes 
É uma bactéria que tem sido associada a algumas infeções oculares, apesar de ser muito rara. 
 
Quando nos mandam uma hemocultura, temos um diagnóstico de endocardite e não existe 
crescimento no BactAlert ao fim do tempo de incubação normal, temos sempre de prolongar 
para fazermos o despiste deste grupo. 
 
Género Haemophilus 
Várias espécies a considerar: 
• H. influenza 
• H. influenza biogrupo aegyptius (Nomenclatura anterior H. aegyptius) 
• H. ducreyi 
• H. parainfluenza 
• H. parahaemolyticus 
• H. aphrophilus 
• H. haemolyticus 
• H. segnis 
• H. paraphrophilus 
Família Pasteurellaceae: Haemophilus; Actinobacillus; Pasteurella 
O principal patógeno deste grupo é o H. influenza. 
 
Características gerais: fisiologia e estrutura 
Isolamento in vitro depende de: Hemina (Fator X); Nicotinamida adenina dinucleótido (NAD) 
(Fator V). 
A maioria das espécies requer os fatores X e/ou V. Se o meio não possuir estes fatores de 
coagulação, não conseguimos isolar este género. 
São bacilos de Gram negativo pequeninos, cocobacilos ou 
bastonetes, imóveis, não esporulados. Anaeróbios facultativos, 
fermentadores de alguns açúcares. Apresentam algum 
pleomorfismo. 
Possuem uma parede celular típica de bactéria Gram negativa, 
com LPS com atividade de endotoxina. 
A sua membrana externa, apresenta proteínas espécie-específicas e estirpe-específicas, que 
permitem a caracterização antigénica. Este facto é importante nas investigações 
epidemiológicas. Podemos tipar antigenicamente (serotipos) ou bioquimicamente. 
Algumas estirpes de H. influenza apresentam cápsula polissacarídea. 
Distinguem-se 6 serotipos antigénicos (a até f) e 8 biotipos determinados por reações 
bioquímicas (urease, ornitina descarboxilase e produção de indol). 
 
Epidemiologia 
H. influenza (incluindo biogrupo aegyptius) 
Habitat (reservatório) – flora normal do trato respiratório superior (orofaringe) do Homem; 
Modo de transmissão – facilmente indivíduo-a-indivíduo, através de gotículas respiratórias 
contaminadas. Algumas infeções devido a estirpes endógenas, que fazem parte da flora 
normal e viajam para vias anatómicas diferentes. Podem causar otites por contacto com canal 
auditivo e daí até ao SNC podendo causar meningites. Há muitas meningites graves que 
resultam de otites não tratadas ou diagnosticadas corretamente. 
H. ducreyi 
Habitat (reservatório) - Não coloniza o homem, a sua presença indica infeção. 
Modo de transmissão - Indivíduo-a-indivíduo, por contacto sexual (agente de IST cancroide). 
Outros H. spp (particularmente H. parainfluenza, H. parahaemolyticus e H. paraphrophilus) 
Habitat (reservatório) - Flora normal do trato respiratório superior do Homem. 
Modo de transmissão - Espalhamento para outras localizações anatómicas (fora do 
trato respiratório superior). Muito menos envolvidos em infeções humanas que o H. influenza 
e menos patogénicos. 
 
Patogénese e doenças clínicas 
Fatores de virulência primários: 
• Produção de cápsula; 
• Fatores que medeiam a ligação às células epiteliais. 
Há estirpes capsuladas que são as que são “tipáveis” e mais virulentas. Dentro destas, a estirpe 
mais virulenta é o H. influenza b (serogrupo mais prevalente na população portuguesa). 
Geralmente, estas estirpes causam infeções sistémicas. No entanto, há estirpes de H. 
influenza, sem cápsula, que causam infeções mais localizadas. 
Doenças causadas por H. ingluenza b regra geral são sistémicas e potencialmente fatais 
enquanto que as estirpes não tipáveis causam infeções localizadas. Infeções causadas por 
outros Haemophilus spp. São menos frequentes. Infeções a H. ducreyi ocorrem em populações 
socioeconomicamente e culturalmente desfavorecidas e em zonas tropicais. 
 
Patogénese e manifestações clínicas 
H. influenza 
Fatores de virulência - Estirpes capsuladas: Cápsula (antifagocítica). Outros fatores do 
envelope celular (facilitadores da adesão às células do hospedeiro). Estipes não capsuladas: Pili 
e outros fatores estão relacionados com a adesão às células do hospedeiro. 
Espectro de doenças - Potencialmente fatais: meningite, epiglotite, artrite sética, celulite 
(inflamação do tecido celular subcutâneo) com bacteriemia e pneumonia. Infeções localizadas: 
Otite, sinusite, conjuntivite. Em doentes com outras co morbilidades associadas (ex. 
alcoolismo, neoplasias) bacteriemia e pneumonia, normalmente associadas a estirpes menos 
virulentas e não tipáveis. 
H. influenza biogrupo aegyptius 
Fatores de virulência – incertos; provavelmente semelhantes aos outros H. influenza. 
Espectro de doenças – conjuntivite purulenta, febre purpúrica brasileira. 
H. ducreyi 
Fatores de virulência – incertos, provavelmente fatores capsulares, pili e certas toxinas estão 
envolvidos na ligação e penetração das células do hospedeiro. 
Espectro de doenças - Cancroide; lesões genitais que progridem de pequenas saliências para 
ulcerações dolorosas com múltiplas lesões satélites sendo comum inflamação dos nódulos 
linfáticos. 
Outros H. spp. 
Fatores de virulência – incertos; provavelmente de baixa virulência. Patogénicos oportunistas. 
Espectro de doenças - Infeções semelhantes às causadas por H. influenza, mas muito pouco 
frequentes. H. aphrophilus é um agente pouco frequente de endocardite. As infeções mais 
graves estão associadas às estirpes tipáveis. 
 
Doenças clínicas 
Meningite 
Meningite na população pediátrica → H. influenza b 
Há uma diminuição dos casos com vacina. 
Meningite no imunocomprometido → disseminação a partir da nasofaringe. 
Mortalidade; sequelas neurológicas. 
 
Epiglotite 
Celulite e inchaço dos tecidos supraglóticos. 
Doença pediátrica. 
A amostra em caso de suspeita é uma hemocultura, porque é uma infeção potencialmente 
fatal e sistémica e porque a colheita na orofaringe aumenta o risco de obstrução. 
Faringite, febre, dispneia → Obstrução das vias aéreas e morte 
 
Celulite 
Doença pediátrica, redução do nº de casos após vacinação. 
Febre e desenvolvimento de placas azul-avermelhadas nas bochechas e áreas periorbitais. 
Pode surgir celulite periorbitária em indivíduos com sinusite. 
 
 
Artrite 
Infeção de uma articulação (disseminação hematogénea). 
Usamos gelose de chocolate para despistar Haemophilus, pois não crescem em qualquer meio. 
Pouco frequente → crianças mais velhas; doentes imunocomprometido e indivíduos com 
lesões prévias nas articulações. 
 
Otite; sinusite 
Estirpes não capsuladas de H.influenza → Patógenos oportunistas 
 
Pneumonia 
Pouco frequente em crianças e adultos com função pulmonar normal 
Podem estar implicados Haemophilus capsulados ou não capsulados. 
H. influenza não capsulados → colonizam frequentemente doentes com doença pulmonar 
crónica e estão frequentemente associados à exacerbação da bronquite. Numa pessoa 
saudável não consegue causar pneumonia. 
 
Conjuntivite 
H. influenza biótipo aegyptius provoca conjuntivite purulenta aguda. 
Este biótipo está associado a epidemias e a uma certa sazonalidade, sendo mais fequente nos 
meses quentes. 
 
Febre purpúrica brasileira 
Doença pediátrica fulminante. 
Conjuntivite → Febre → Vómito e dor abdominal → petéquias, púrpura e choque. 
H. influenza biótipo aegyptius 
 
Cancroide 
Doença sexualmente transmissível, causada por H. ducreyi. 
Pápula→ ulceração dolorosa 
Linfadenopatia inguinal. 
Importante o diagnóstico diferencial com sífilis e Herpes simplex, principalmente pelo 
diferente tratamento (bactéria vs. vírus) 
 
Outras infeções 
Otite média, conjuntivite, sinusite, meningite, abcessos dentários → outras espécies (não H. 
influenza). 
H. aphrophilus → disseminação para o sangue, ligação a válvula cardíaca artificial ou 
previamente danificada → endocardite (diagnóstico difícil). ACEKS também podem ser agentes 
de endocardites, NÃO ESQUECER. 
 
Prevenção 
Vacinas conjugadas de proteína –polissacárido para H.influenza tipo b reduziram a incidência 
de infeções severas. As infeções mais potencialmente fatais estão normalmente associadas a 
esta estirpe. 
A profilaxia dos contactos, com rifampicina, está recomendada para os casos de meningite a H. 
influenza tipo b: 
• Não vacinados >4 anos 
• Crianças e educadores se ocorrerem pelo menos dois casos entre as crianças. 
Numa população não vacinada podem surgir mais casos de desfechos mais graves. 
 
Diagnóstico laboratorial 
Colheita e transporte de amostras biológicas 
Haemophilus spp podem ser isolados de várias amostras biológicas (amostras respiratórias, 
LCR, exsudados oculares, etc.). 
São extremamente sensíveis à secura e a temperaturas extremas → as amostras devem ser 
rapidamente enviadas ao laboratório e rapidamente processadas sobretudo se não se utilizou 
meio de transporte. Deve-se usar meio de transporte de Stewart. 
Para pesquisa de H. ducreyi são exigidas condições específicas de colheita e o processamento 
deve ser efetuado nos 10 minutos seguintes. 
H. ducreyi é uma espécie muito exigente. Deve ser incubada a uma temperatura entre 33-
35ºC, com processamento imediato. Se nos pedirem a pesquisa de um dado microorganismo 
temos de saber se temos condições para o isolar, pois mesmo em gelose de chocolate podem 
não crescer. 
 
1. Diagnóstico laboratorial 
Colorações: 
Método de Gram – não é muito útil no diagnóstico de infeções a Haemophilus por ser difícil de 
avaliar. São bactérias pequenas que coram de rosa pálido, semelhantes ao material proteico 
presente nas amostras. Nem mesmo um microbiologista experiente consegue identificá-los 
facilmente. Contudo, a sensibilidade aumenta com a centrifugação das amostras e esfregaço 
feito do sedimento (caso do LCR). 
Laranja de acridina – se no laboratório possuirmos um microscópio de epifluorescência, 
podemos usá-lo para observar os bacilos fluorescentes. 
 
Coloração de Gram 
Requerem observação cuidadosa. Coram de rosa pálido. 
 
H. influenza → Cocobacilos ou bastonetes curtos; 
H. influenza biogrupo aegyptius → bastonetes longos e finos; 
H. parahaemolyticus → pequenos cocbacilos ou bacilos curtos, ocasionalmente um 
emaranhado de filamentos; 
H. parainfluenza → bacilos pequenos pleomórficos ou formas filamentosas longas; 
H. ducreyi → “cardumes de peixes “, morfologia raramente observada na prática clínica 
laboratorial. 
 
2. Deteção de antigénios 
Antigénio polissacarídeo capsular de H. influenza tipo b → Urina; LCR 
Testes comerciais de aglutinação com látex – boa sensibilidade e especificidade, são testes 
rápidos (10 a 15 minutos); úteis sobretudo para diagnóstico de doentes suspeitos e com 
antibioterapia prévia; atualmente a interpretação deve ser cautelosa, devido a testes 
falsamente positivos em doentes vacinados (não tem sido muito usado por esta razão). 
 
3. Cultura 
Seleção dos meios de cultura 
Meios suplementados com fatores de crescimento apropriados. 
Agar chocolate, fornece fatores X e V (atenção ao sobreaquecimento durante a preparação – 
pode levar à distribuição do fator V, limitando o crescimento de algumas espécies). 
H. aegyptius e H. ducreyi requerem condições de crescimento especiais. 
 
H. influenza pode ser detetado em gelose de sangue à volta de 
colónias de Staphylococcus aereus (satelitismo). Isto ocorre 
porque os S. aureus lisam os eritrócitos, libertam fator X 
(intracelular) e excretam fator V. São colónias muito pequenas, 
menores que no agar chocolate (inibidores do fator V presente 
na gelose de sangue não estão inibidos). 
Para este género usamos gelose chocolate poliviitex, chocolate simples e chocolate 
Haemophilus. A gelose chocolate Haemophilus é um meio seletivo para Haemophilus que 
possui vancomicina e outros antibióticos para inibir Gram positivos. Portanto podem crescer 
neste meio Gram negativas (Enterobacteriaceae, Pseudomonas) e temos de saber distingui-los 
pelas características culturais. 
H. aegyptius → Agar chocolate suplementado com 1% de IsoVitalex; 
H. ducreyi → Muller-Hinton chocolate agar com 1% de IsoVitalex e 3 µg/mL de vancomicina ou 
agar com infusão de coração com 10% de soro bovino fetal e 3 µg/mL de vancomicina. Os 
antibióticos servem para evitar ao máximo a competição com outras bactérias. 
 
Sendo bactérias exigentes podemos usar meios líquidos com caldos nutritivos. São 
capnofílicos, crescendo bem com uma leve concentração de CO2. Utilizamos sangue de cavalo 
por este ser mais nutritivo que o de carneiro. 
Meios líquidos comercializados para sistema de “hemoculturas” 
BHI (Brain Heart Infusion) 
Caldo de tioglicolato 
Agar com sangue de coelho ou cavalo (para observação da hemólise provocadas por 
estirpes produtoras de hemolisinas). 
 
Condições e período de incubação 
Capazes de crescer em aerobiose e anaerobiose. 
Crescimento estimulado em atmosfera com 5 a 10% de CO2. 
Período de incubação: 24 a 72h (vemos as 24, e prolongamos para 72 se necessário). 
Temperatura ótima de crescimento: 35 a 37ºC; exceção H. ducreyi, 7 dias, 33 a 35ºC. 
 
Identificação 
Aparência das colónias em agar chocolate: 
• H. influenza- estirpes não capsuladas produzem colónias pequenas, lisas e translúcidas 
após 24h de incubação; Estipes capsuladas apresentam colónias maiores, mais 
mucóides. 
• Odor característico 
• H. influenza biogrupo aegyptius – colónias semelhantes às de H. influenza, mas mais 
pequenas após 48 h de incubação. Obs:Não hemolítico em agar sangue cavalo ou 
coelho. 
• H. aphrophilus e H. paraphrophilus – colónias redondas, convexas com centro opaco; 
• H. haemolyticus - semelhantes a H. influenza excepto a β hemólise em gelose com 
sangue de cavalo ou coelho; 
• H. parahaemolyticus – médias a largas, lisas e translúcidas, β hemolíticas em gelose 
com sangue de cavalo ou coelho; 
• H. parainfluenza - médias a largas, lisas e translúcidas, não hemolíticas em gelose com 
sangue de cavalo ou coelho; 
• H. segnis – colónias convexas, acinzentadas a brancas, lisas ou granulosas após 48 h de 
incubação, 
Aparência das colónias em meio seletivo: 
• H. ducreyi – colónias pequenas, planas, lisas, translúcidas a opacas às 42 e 72h; podem 
ser “empurradas” intactas através da superfície da gelose. 
 
Identificação (a partir das colónias isoladas em cultura) 
Provas bioquímicas específicas 
• Sistemas comerciais automatizados ou manuais: incorporam vários testes enzimáticos 
e estudo da fermentação de açucares agrupados de forma a permitir identificar as 
várias espécies. 
Exemplo: Api® NH (galerias de 10 microtubos) 
As reacções produzidas nos microtubos durante o período de incubação traduzem-se 
pela viragem espontânea da coloração, ou pela adição de reagentes específicos, o que 
permite detetar a atividade enzimática e de fermentação de açúcares do 
microrganismo em estudo. 
Os carbohidratos utilizados são a glucose, frutose, maltose, sacarose. A utilização 
destes carbohidratos resulta na formação de ácidos, que são revelados pela viragem 
do indicador de pH de vermelho ou vermelho-alaranjado para amarelo ou laranja 
quando a bactéria fermenta o açúcar. 
Quanto aos testes enzimáticos é efetuada a detecção das seguintes enzimas: ornitina 
descarboxilase, urease, lipase, fosfatase alcalina, β galactosidase, prolina arilamidase, 
gama glutamil transferase e triptofano desaminase. 
A ornitina descarboxilase (ODC) transforma a ornitina numa amina primária, a 
putresceína. Esta amina causa uma subida do pH e como tal uma mudança do 
indicador para azul. ODC (+) = Azul; ODC (-) = Amarelo-esverdeado / cinzento-
esverdeado. 
𝑂𝑟𝑛𝑖𝑡𝑖𝑛𝑎−→ 𝑃𝑢𝑡𝑟𝑒𝑠𝑐𝑒í𝑛𝑎 + 𝐶𝑂2 
A enzima urease é responsável pela hidrólise da ureia (produto do metabolismo dos 
aminoácidos). Esta reacção liberta amónia que reage para formar carbonato de 
amónia, que provoca a subida de pH e mudança do indicador vermelho fenol de 
amarelo para rosa. Urease (+) = Rosa/violeta; Urease (-) = Amarelo 
𝑈𝑟𝑒𝑖𝑎+ 2 𝐻2𝑂−→ 𝐶𝑂2 + 𝐻20 + 2𝑁𝐻3 
Os 3 últimos microtubos são bifuncionais, permitem a realização de duas reações em 
simultâneo, sendo que a pesquisa de lipase, fosfatase alcalina e β galactosidase são 
reações espontâneas, enquanto que a deteção da atividade da prolina arilamidase, 
gama glutamil transferase e triptofano desaminase são reações que se avaliam após a 
adição de reagentes reveladores. Assim sendo, a leitura das reações de deteção das 
três primeiras deve ser efetuada antes dos reagentes reveladores ZYM B e JAMES 
serem adicionados. 
No oitavo microtubo estão presentes os substratos 5-bromo-3-indoxilcaprato e L-
prolino-4-metoxil-β-naftilamida. O sustrato5-bromo-3-indoxilcaprato permite 
pesquisar a presença de lipase (LIP). A lipase é uma enzima solúvel em água que 
catalisa a hidrólise de ligações éster, insolúveis em água, denominados substratos 
lipídicos. LIP (+) = Azul + presença de precipitado; LIP (-) = Incolor / cinzento pálido. 
O substrato L-prolino-4- metoxi-β-naftilamida, vai estudar a presença da enzima 
Prolina arilaminidase (ProA). Esta reação só se avalia após a adição do reagente 
revelador ZYM B sendo a leitura efetuada ao fim de 3 minutos. O L-prolino-4- metoxi-
β-naftilamida é um substrato que vai ser hidrolisado por uma enzima bacteriana 
aminopeptidase específica que é a prolina arilamidase, libertando a fração β-
naftilamida. Esta, caso presente, vai reagir com o reagente ZYM B e formar um 
composto corado. ProA (+) = Laranja; ProA (-) = Amarelo ou Laranja pálido. 
No nono microtubo encontram-se os substratos 4-nitrofenil-fosfato 2CHA e y-glutamil-
4-metoxi- β-naftilamida. O substrato 4-nitrofenil-fosfato 2CHA vai pesquisar a 
fosfatase alcalina. A fosfatase alcalina (PAL) é uma enzima do grupo das hidrolases 
capaz de remover grupos fosfato a um grande número de moléculas diferentes. Como 
o próprio nome sugere, esta enzima é mais ativa em soluções alcalinas. A reação 
positiva para a presença desta enzima é dada pela mudança de cor resultante da 
alcalinização do meio. A reação de desfosforilação do substrato 4-nitrofenil-fosfato vai 
libertar fosfato inorgânico que vai reagir com o indicador e formar um composto de 
cor amarela. PAL (+) = Amarelo; PAL (-) = Incolor. 
O substrato y-glutamil-4-metoxi- β-naftilamida, vai permitir avaliar a presença da 
enzima gama glutamil transferase na bactéria em estudo. A gama glutamil transferase 
(GGT) é uma enzima responsável por catalisar a transferência do ácido glutâmico de 
um péptido para outro, ligando-o sempre ao grupo gama-carboxílico. É usado um 
reagente de revelação para permitir observar se há atividade desta enzima. GGT (+) = 
Laranja ou amarelo alaranjado se PAL for positiva; GGT (-) = Amarelo ou Laranja pálido. 
No último microtubo encontram-se os substratos 4-nitrofenil-βD galactopiranosido e L-
triptofano. O substrato 4-nitrofenil-βD galactopiranosido (ONPG) permite a pesquisa 
da enzima β galactosidase. A β-galactosidase e a permease são enzimas produzidas 
pelo operão lactose que têm como função a hidrólise da lactose em dois açúcares 
simples, a glucose e a galactose. Na presença de β-galactosidase o ONPG, substrato 
semelhante à lactose, é hidrolizado havendo libertação do orto-nitrofenol de cor 
amarela. Reacção de hidrólise do ONPG: 
𝑂𝑁𝑃𝐺−→ 𝐺𝑎𝑙𝑎𝑐𝑡𝑜𝑠𝑒 + 𝑂𝑟𝑡𝑜 − 𝑛𝑖𝑡𝑟𝑜𝑓𝑒𝑛𝑜𝑙 (𝑐𝑜𝑟 𝑎𝑚𝑎𝑟𝑒𝑙𝑎) 
Após a adição do reagente JAMES podemos avaliar a reacção que envolve o L-
triptofano. No caso da presença da enzima triptofano desaminase (TDA), o L-triptofano 
vai sofrer desaminação com libertação de ácido indol-pirúvico, que por sua vez será 
hidrolisado dando origem a indol, ácido pirúvico e amónia. A presença de indol é 
revelada pela adição do reagente de JAMES que origina um composto de cor rosa. 
𝐿 − 𝑡𝑟𝑖𝑝𝑡𝑜𝑓𝑎𝑛𝑜−→ Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑑𝑜𝑙 − 𝑝𝑖𝑟ú𝑣𝑖𝑐𝑜 
Hidrólise do ácido indol-pirúvico :Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑑𝑜𝑙 − 𝑝𝑖𝑟ú𝑣𝑖𝑐𝑜−→ 𝐼𝑛𝑑𝑜𝑙 +
Á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑝𝑖𝑟ú𝑣𝑖𝑐𝑜 + 𝐴𝑚ó𝑛𝑖𝑎 
 
 
Identificação 
Critérios tradicionais de identificação: hemólise em agar com sangue de cavalo ou coelho e a 
dependência de fatores de crescimento (X e/ou V). 
São oxidase positivo e possuem um odor característico que ajuda na suspeita. 
Prova da dependência de fatores de crescimento → A exigência de um, ou ambos, destes 
fatores, varia com a espécie bacteriana e constitui uma característica cultural de grande 
utilidade na identificação laboratorial da espécie. 
O H. inflenza necessita dos dois fatores em simultâneo. 
 
 
 
Colhemos a colónia suspeita, suspendemos em meio líquido, semeamos em gelose simples e 
colocamos disco com os dois fatores. Caso seja de facto o H. influenza, vemos crescimento em 
redor do disco, pois só ali é que os fatores X (emina) e V (NAD) estão disponíveis. Identificamos 
um halo de crescimento. O H. parainfluenza, por exemplo, necessita apenas do fator V. 
 
Identificação (a partir das colónias isoladas em cultura) 
Por norma, podemos ficar pelo teste dos fatores. 
Teste da porfirina: deteção das enzimas que convertem o ácido delta-aminolevulínico (ALA) em 
porfirina na biossíntese da hemina. 
 
Serotipagem 
As estirpes de H.influenza causadoras de doença, possuem uma cápsula polisacarídica o que 
permite a serotipagem destas estirpes. Existem 6 serotipos designados de a a f. 95% das 
infeções são provocadas pelo serotipo b de H. influenza. 
As outras espécies de Haemophilus não possuem cápsula, não podendo ser tipificáveis em 
serotipos. 
 
Deteção de ácidos nucleicos 
H. influenza identifica-se facilmente pela prova da dependência de fatores de crescimento e 
provas bioquímicas específicas. 
Posteriormente pode ser efetuada uma subgrupagem com biotipagem: 
• Análise eletroforética de antigénios de membrana; 
• Análise de sequências de ácidos nucleicos estirpe-específicos. 
A utilização de sondas moleculares, quando disponíveis no mercado, pode ser útil na deteção 
de H. ducreyi que é dificilmente cultivável. 
A deteção de ácidos nucleicos é mais realizada em laboratórios de referência, usando-se nas 
estirpes dificilmente identificáveis como o H. ducreyi. 
 
Serodiagnóstico 
Enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) → deteta anticorpo de H. ducreyi. 
Radioimmunoassay (RIA) → usado para mostrar a seroconversão pós imunização H. influenza 
tipo b. 
 
 
 
Género Neisseria 
Várias espécies a considerar (7 a 10 colonizadoras do Homem): 
• N. meningitidis 
• N. gonorrhoeae 
• N. sica 
• N. lactamica 
• N. subflava 
• N. mucosa 
• N. flavescens 
• N. elongata 
• N. polysaccharae 
• N. cinérea 
• … 
Família Neisseriaceae: Neisseria, Kingella, Eikenella, Simonsiella, Alysiella 
Moraxella catarrhalis é patógeno respiratório. 
As várias espécies deste género têm, normalmente, um baixo potencial patogénico e, quando 
isoladas não tem valorização clínica. As espécies N. meningitidis e N. gonorrhoeae são as mais 
patogénicas. 
 
Características gerais 
Cocos Gram negativo (diplococos) 
Predominantemente intracelulares (podem invadir 
PMN); são parasitas intracelulares facultativos 
Morfologia sugestiva (forma de rim, virados para 
dentro) 
Ausência de flagelos 
Aeróbios estritos 
Oxidase positiva 
Catálase positiva 
São bactérias capnofílicas, relativamente exigentes (em particular a N.gonorrhoeae), 
 
Fisiologia e estrutura/fatores de virulência 
Parede celular típica de bactéria Gram negativa: 
• Membrana citoplasmática interna (proteínas embebidas numa bicamada fosfolipídica) 
• Membrana externa com lipo oligossacarídeo (LOS) – endotoxina 
• Pili (adesão, motilidade, transferência de material genético) 
• Proteínas de superfície (fatores de virulência) 
• Presença de cápsula 
• Produção de IgA protéase 
• Produção de beta-lactamases – resistências à maior parte dos antimicrobianos (beta 
lactâmicos) usados na terapêutica 
 
 
N. gonorrhoeae 
Patogénese 
Infeta o epitélio urogenital 
Outraslocalizações (reto, faringe, conjuntiva), causando faringite e gonorreia ano-retal, mais 
frequentemente em homossexuais. 
Infeções sistémicas e generalizadas, cursam normalmente com artrite. 
Os fatores de virulência são comuns com a N. meningitidis, sendo específicos do género. 
São bactérias de transmissão sexual, extremamente exigentes e dificilmente isoladas. Infetam 
em três passos: há primeiro contacto com as células, de seguida há aderência através das 
proteínas de adesão e por fim dá-se a internalização, em que entram finalmente na célula. 
Têm especial tropismo pelo epitélio urogenital. Podem infetar a conjuntiva no RN, após parto 
normal de uma mãe infetada, podendo culminar em cegueira do bebé. No caso de uma 
amostra de exsudado ocular, apenas despistamos N. gonorrhoeae caso se trate de um bebé 
com até 1 mês de vida. 
Numa amostra de líquido articular usamos um meio para Haemophilus e Neisseria. Podemos 
usar a gelose chocolate VCAT que é seletivo para Neisseria. Em suspeita de artrite com 
amostra de líquido articular para Haemophilus e Neisseria basta uma gelose chocolate, porque 
são fluidos estéreis e não precisamos de inibir os outros microorganismos como na orofaringe. 
 
Epidemiologia 
DST, distribuição mundial → problemática relacionada com a subnotificação e subdiagnóstico, 
levou ao aumento do número de casos nos últimos anos. 
É uma doença de declaração obrigatória! 
Patógeno exclusivamente humano com transmissão sexual (contacto oro-genital, retal) ou 
transmissão perinatal. 
 infetadas 30 a 50% assintomáticas Principais 
 infetados 5 a 20% assintomáticos reservatórios 
 
Se tivermos uma suspeita de artrite sética a N. gonorrhoeae numa criança, pode ser um caso 
de violação. 
 
Relevância clínica – N. gonorrhoeae 
• Infeção urogenital 
• Gonorreia anorretal 
• Infeção faríngea 
• Infeção da conjuntiva ocular 
• Infeção gonocócica (perihepatite, artrite, endocardite e meningite) 
• Uretrite purulenta (homem, 4) 
• Epidedidimite 
• Prostactite 
• Abcessos periuretrais 
• Corrimento vaginal (mulher, 4) 
• Disúria 
• Cervicite 
• Dor abdominal 
• Conjuntivite (RN) 
 
N. meningitidis 
Patogénese 
Habitualmente colonização a orofaringe, tendo essencialmente reservatório humano. Também 
pode habitar a nasofaringe. É a partir da orofaringe que vai ocorrer a infeção. Ocorre 
penetração e passagem da mucosa, invasão do SNC originando meningite, culminando em 
invasão da corrente sanguínea (estirpes capsuladas) causando bacteriemia. Tem tropismo 
pelas meninges. 
A cápsula mucopolissacarídia é o principal fator de virulência. 
 
Epidemiologia 
Vários padrões da doença: endémica, epidémica e pandémica. 
Taxa de letalidade 5 a 10% em países desenvolvidos. 10 a 20% dos sobreviventes apresentam 
sequelas. 
A transmissão ocorre por gotículas respiratórias, como aerossóis, sendo de pessoa a pessoa, 
podendo causar epidemias. 
É comum em crianças até aos 5 anos, ocorrendo muito em creches. Também pode infetar 
adultos, que frequentem espaços fechados, ou em pessoas mais velhas com o sistema imune 
mais debilitado. 
Relevância clínica 
• Meningite purulenta aguda 
• Meningococemia (doença potencialmente fatal, invasão sistémia do meningococos na 
corrente sanguínea que pode levar a falência multiorgânica) 
• Pneumonia 
• Artrite 
• Pericardite 
• Endoftalmite 
• Peritonite 
• Osteomielite 
• Conjuntivite 
 
Nestas últimas, em amostras de sangue, devemos pesquisar esta bactéria. 
 
Diagnóstico laboratorial 
Bactérias exigentes e muito suscetíveis, de cultura difícil (possibilidade de falsos negativos). 
Devem ser imediatamente levadas ao laboratório após colheita, devendo usar se meio de 
transporte. Usa-se o meio de Stweart ou Aimies com carvão, que vai tamponar metabolitos 
Disseminação hematogénea 
tóxicos impedindo perda de viabilidade da Neisseria. Na N. gonorrhoeae o meio de transporte 
é obrigatório. A N. meningitidis não é muito complicada de isolar. 
Amostras biológicas: LCR, LCR + Hemocultura (N. meningitidis); exsudado uretral; exsudado do 
endocolo; conjuntiva; retal. 
Faz-se exame direto, que é sensível e permite-nos isolar à partida pela morfologia 
característica. 
Em cultura, isolamos em gelose chocolate VCAT, pois são bactérias exigentes. 
A deteção de antigénios é possível para N.meningitidis mas desaconselhado, pois, devido ao 
facto de haver vacinação, podem ocorrer falsos positivos (e falsos negativos). Pode-se também 
fazer PCR para detetar esta bactéria. 
 
Infeção gonocócica 
• Diagnóstico presuntivo 
• Diagnóstico confirmado 
Faz-se por Gram, cultura e amplificação de ácidos nucleicos. A cultura de amostras uretrais, 
deve ser em meio seletivo para inibir a flora comensal do períneo. 
Considerações importantes: 
- Sensibilidade e valor preditivo do Gram no homem e na mulher: No Gram é possível fazer um 
diagnóstico presuntivo se se tratar de um homem. No homem, não há outras estirpes de 
Neisseria como colonizadoras. Na mulher, a deteção de Neisserias pode ser de outra estirpe 
que não N. gonorrhoeae, portanto não podemos fazer diagnóstico presuntivo. 
 
Infeção meningocócica 
• Diagnóstico presuntivo 
• Diagnóstico confirmado 
Faz-se Gram, cultura, amplificação de ácidos nucleicos e deteção de polissacarídeos 
capsulares. 
Considerações importantes: sensibilidade dos métodos de deteção de polissacarídeos 
capsulares (baixa (50%) comparativamente com a NAAT). 
 
Para identificação deste género, podemos usar as técnicas de biologia molecular, PCR, cultura 
(37ºC, em meios adequados como GChoco, com período de incubação prolongado devido ao 
crescimento demorado, 72h), não se fazendo diagnóstico serológico. 
Usando as técnicas de cultura devemos observar bem a colónia suspeita e depois avaliar com 
outros testes, como a prova da catálase (positiva) ou a microscopia (morfologia característica). 
 
Género Moraxella 
M. catarrhalis 
Relevância clínica 
• Otite (timpanocentese) 
• Sinusite (aspiração) 
• Pneumonia 
• Outros locais: reportar se isolado em cultura pura ou em fluidos habitualmente 
estéreis. 
 
São semelhantes ao género Neisseria em morfologia e outras características. São oxidase 
positiva. Pode ser comensal do trato respiratório superior, tem respiratório humano. A nível 
epidemiológico, está associado a infeções respiratórias do trato respiratório inferior, 
pneumonias. Possui também, como fator de virulência, as beta-lactamases. 
Em cultura, é um Gram negativo, cresce em chocolate Haemophilus, em gelose de sangue. As 
características morfológicas são iguais às Neisseria, mas a nível cultural, possuem umas 
colónias com uma tonalidade amarelada e ao ser tocada com a ansa, a colónia desliza à frente 
da ansa, o que ajuda imenso no diagnóstico presuntivo. É uma bactéria relativamente fácil de 
isolar e de detetar. 
Fazemos prova de identificação de teste bioquímicos após cultura (API) ou espectrometria de 
massa. 
 
 
 
 
Diagnóstico laboratorial – identificação pós cultura 
Reações bioquímicas de Neisseria e Moraxella 
 Glucose Sacarose Maltose Frutose DNASE 
N. meningitidis + - + - - 
N. gonorrhoeae + - - - - 
Moraxella catarrhalis - - - - + 
 
Podemos recorrer a espectrometria de massa. 
Colhe-se uma colónia bem isolada do meio de 
cultura, colocamos num slide com pocetos 
minúsculos e homogeneizamos. Colocamos 
um reagente que permite a ionização das 
proteínas das bactérias. Isto entra no 
equipamento, que emite um feixe laser que 
provoca a ionização. Depois origina-se um 
espectro que corresponde a um gráfico de 
proteínas características de um dado 
microorganismo. Consoante a massa atómica 
das proteínas elas ionizam de forma diferente, e voam até a um foto detetor de forma 
diferente. No fim obtemos um mapa proteico para aquele inoculo bacteriano que é 
comparado com uma base de dados do comercializador, que vai corresponder a uma dada 
bactéria. Istoé conseguido numa questão de minutos. 
Isto é um método por proteómica, que identificamos a bactéria pelas suas proteínas. Também 
se pode identificar por antigénios específicos ou por produtos do metabolismo. 
 
 
 
À parte: Para fazer uma cultura, nunca se deve congelar a amostra a não ser que se 
pretendam realizar estudos virais. Se forem pedidas técnicas para deteção de ácidos nucleicos 
as amostras, juntamente com criopreservante, podem ser armazenadas a -25 ou -80ºC. Até é 
útil congelar a amostra para análise de ácidos nucleicos, pois estes degradam-se se a amostra 
ficar à TA. 
Técnicas de identificação que não sejas bioquímicas: determinação antigénica e 
espectrometria de fluxo. 
 
Antibiogramas 
1. Generalidades 
2. Conceitos e definições 
3. Famílias de antibióticos 
4. Métodos de determinação da suscetibilidade 
5. Resistência aos antibióticos 
 
As doenças infeciosas têm estado sempre presentes ao longo da história da humanidade! Na 
era pré antibiótica muitas pessoas morriam por causa de infeções. 
 
Doenças infeciosas 
No decorrer do século XX, ocorreu: 
• Melhoria das condições de vida; 
• Melhoria das condições de habitação; 
• Desenvolvimento de novas tecnologia aplicadas na produção de vacinas e antibióticos. 
Isto resultou numa acentuada queda na morbi-mortalidade. 
Houve esta mudança de paradigma, mas: 
• Crescente eclosão das resistências bacterianas 
• Desinvestimento da investigação na procura de novas moléculas, dando importância a 
outras áreas, como combate ao HIV 
• Importância crescente das infeções oportunistas 
Esta é uma situação preocupante que levou à mudança da epidemiologia de microorganismos 
que antigamente não eram considerados como patogénicos. 
Na década de 90 houve: 
• Ressurgimento de doenças infeciosas consideradas eliminadas 
• Emergência e difusão de novas doenças infeciosas 
 
Retorno das doenças infeciosas à agenda das prioridades em Saúde Pública 
 
 
Terapêutica antibiótica 
Quando… para quê? 
• Profilaxia: Também podem ser usados profilaticamente, sendo hoje em dia cada vez 
menos, por não haver evidência científica de que é realmente benéfico; 
• Tratamento de infeções bacterianas: Usamos porque sabemos que eles atuam contra 
os microorganismos permitindo-nos controlar uma infeção; 
• Consumo não humano: Os antibióticos têm sido desadequadamente usados na 
indústria agropecuária. Isto leva a que nós estejamos constantemente expostos a 
antibióticos que podem levar a que os microorganismos da nossa flora comensal 
estejam sempre sujeitos a eles, criando resistência. Esta pode ser partilhada com 
bactérias invasoras através de plasmídeos ou pode-lhes ser útil quando em 
transmissão endógena; 
• Uso inadequado: quando a pessoa não faz a terapêutica conforme adequado ou 
automedicação. 
Devido ao problema da resistência aos antibióticos, foram proibidos em vários países o uso de 
antibióticos em animais de gado, como promotores de crescimento animal. 
 
Terapêutica antibacteriana – contexto atual 
Multirresistência, problema grave! 
É importante uma antibioterapia guiada, pelos estudos corretos do antibiótico e do seu 
mecanismo. 
Os resultados laboratoriais e a sua correta utilização têm grande relevo. 
Importância em saúde pública. 
 
 
Antibióticos/ antimicrobianos 
“…qualquer substância química, de natureza animal, vegetal ou sintética que seja antagonista 
do desenvolvimento de microorganismos” 
Há microorganismos que produzem antibióticos. 
 
Antibióticos 
Efeito: 
Bactericida - leva à morte das bactérias, resistindo cada vez menos. 
Bacteriostático - impede a multiplicação das bactérias levando, por isto, mais tempo a atuar 
para conseguir aniquilar toda a população. 
Características gerais: 
Toxicidade seletiva – o antibiótico deve provocar o menor impacto possível na nossa flora 
comensal, matando apenas os microorganismos patogénicos. 
Espectro de ação – deve ser o mais restrito possível, dirigido para um grupo o mais pequeno 
possível (por exemplo, antibióticos dirigidos a Gram positivo) 
Síntese (microbiana, química ou semi-sintética) 
 
Um antibiótico ideal é aquele que causa o menor impacto possível na nossa flora saprófita, 
atuando apenas contra o microorganismo que causa a infeção. 
 
 
 
 
 
Mecanismo de ação 
Grupos diferentes de antibióticos, diferem na sua estrutura química e 
vão atuar de diferentes formas na síntese bacteriana: 
• Inibição da síntese proteica 
• Inibição da síntese da parede celular 
• Inibição da síntese de ácidos nucleicos 
• Alteração das membranas celulares que não permitem trocas importantes (exo e 
endocitose) 
• Inibição da síntese de metabolitos essenciais paras as suas necessidades metabólicas 
 
Classificação dos antibióticos 
Os antibióticos são classificados em diferentes grupos de acordo com o modo como atuam nas 
bactérias. 
As β-lactaminas ou β-lactâmicos é um grupo muito importante e muito usado de antibióticos. 
Atuam ao nível da parede celular bacteriana. 
 - Penicilinas 
 - Aminopenicilinas;; 
 - Carboxipenicilinas; 
- Acilureídopenicilinas; 
- Meticilinas; 
- Carbapenemes; 
- Cefalosporinas; 
- Monobactâmicos. 
Aminoglicosídeos (atuam a nível da síntese proteica), fenicoís, tetraciclinas, macrólidos, 
fluoroquinolonas, sulfonamidas, nitrofuranos, polipeptídeos, outros antibióticos. 
A vancomicina, por exemplo, atua apenas em Gram positivo. 
 
Características a que deve obedecer um bom antibiótico 
• Ser ativo contra o agente pesquisado; 
• Possuir atividade bactericida (preferível a bacteriostática); 
• Provocar o menor impacto possível na flora comensal; 
• Possuir baixa toxicidade para o doente (para certos órgãos ou comorbilidades); 
• Possuir as características farmacológicas apropriadas; 
• Ser o mais económico possível. 
As características farmacológicas referem-se à fármaco cinética do antibiótico, o percurso que 
o mesmo faz no nosso organismo, e à farmacodinâmica, o seu modo de atuação no nosso 
organismo. 
 
Escolha do antibiótico 
Muitas vezes faz-se antibioterapia empírica (urgência/ impossibilidade de exame 
bacteriológico). Existem protocolos a ser seguidos nestes casos. 
Idealmente, esta escolha é suportada em TSA (Teste de Suscetibilidade Antibiótica), 
considerando: 
• Local infetado 
• Toxicidade e efeitos secundários 
• Via de administração 
• Comodidade posológica 
• Penetração no foco de infeção 
• Preço 
Em laboratório, temos de fazer um TSA de todos os microorganismos que detetamos como 
sendo causadores de infeção. O clínico tem de escolher qual o mais adequado para o doente 
que tem à frente. 
Há antibióticos que difundem melhor ou pior para dadas localizações. 
 
Fatores que influenciam o tratamento antimicrobiano 
• Diagnostico e escolha do antibiótico 
• Concentração do antibiótico no local de infeção 
• Infeção antiga ou recente, tipo e extensão da infeção 
• Fatores do hospedeiro. 
Uma infeção antiga e muito extensa terá uma maior quantidade de microorganismos e a dose 
normal de um dado antibiótico pode não ser suficiente. 
Os fatores do hospedeiro referem-se, não só a fatores biológicos, mas também psicológicos. Se 
os antibióticos não forem tomados na periodicidade e durante o tempo indicado, isto vai 
influenciar o tratamento. Se a farmacocinética diz que se toma de 6 em 6 horas tem de se 
respeitar, pois esse é o período em que a concentração do antibiótico se mantém ativa no 
nosso corpo. 
 
Perigos do uso indiscriminado de antibióticos 
• Alterações da flora comensal que podem conduzir à super infeção; 
• Podem mascarar a doença; 
• Efeitos tóxicos; 
• Aparecimento de resistências; 
• Interação com outros fármacos que o doente tome. 
A automedicação é algo mesmo muito mau, e é nosso papel como profissionais de saúde, 
desaconselhar a sua realização. 
 
Microorganismo/antibióticos 
Eles podem apresentar três fenótipos: 
• Sensibilidade 
• Resistência(natural /adquirida) 
• Suscetibilidade intermedia (= sensibilidade-dose-dependente) 
 
Um microorganismo diz-se sensível quando fazemos antibioterapia e temos sucesso, 
combatendo a infeção. 
Será resistente quando ao tomar o antibiótico na dose normal, o doente não fica curado. A 
resistência pode ser natural ou adquirida. Há antibióticos que não conseguem penetrar na 
bactéria se esta não tiver porinas, não a combatendo, por uma resistência natural. Ao longo do 
seu percurso de vida uma bactéria pode adquirir um plasmídeo ou gene de resistência, 
conferindo-lhe resistência adquirida. 
No caso da suscetibilidade intermédia, não é suposto haver uma grande eficácia no 
tratamento, mas se o antibiótico for usado em maior dose ou durante mais tempo, pode ser 
usado. Pode ainda ser eficaz numa localização e ineficaz noutra. 
 
Resistência bacteriana aos antibióticos 
Definição: capacidade de sobrevivência e multiplicação na presença de concentrações de 
antibiótico, regra geral mais elevadas do que as utilizadas em dose terapêutica. 
Natural ou inata ou intrínseca 
• Ausência de processo metabólico influenciável pelo antibiótico 
Aminoglicosídeos → não atuam em anaeróbios; penetração através da membrana 
citoplasmática é um processo energético dependente do oxigénio 
• Existência de particularidades inerentes à própria morfologia bacteriana, 
fundamentalmente no que diz respeito ao seu revestimento 
Β-lactâmicos → não atum no Micoplasma; pois eles não possuem parede celular, local 
onde atua este grupo de antibióticos. 
 
Adquirida (mecanismos genéticos) 
• 80% mediados por elementos DNA extra-cromossómico: 
Plasmídeos (conjugativos, não conjugativos) 
Transposons (inter molecular, intra molecular) 
 
• 10 a 20% mediados por DNA cromossómico: 
Mutações (fenómeno raro) 
Resistência bacteriana 
A antibioterapia exerce uma pressão genética, inibindo ou destruindo os microorganismos 
mais sensíveis e permitindo o crescimento dos menos suscetíveis, que vão passando as suas 
características à descendência. 
 
Pressão seletiva 
 
Resistência adquirida 
 
 
Antibiograma 
Definição 
É o teste que nos permite determinar in vitro as suscetibilidade dos microorganismos aos 
antimicrobianos. 
Objetivo 
Faz-se na perspetiva de detetar resistências. 
Avaliamos quais são os antibióticos a que os microorganismos são sensíveis e a quantidade 
mínima para o serem. 
O antibiograma é um teste presuntivo – se há resistência in vitro, há resistência in vivo;, se é 
sensível in vitro pode não ser sensível in vivo mas assumimos que sim. 
 
 
Quando efetuar? 
• Em qualquer processo infecioso que necessite terapêutica com antibióticos, se a 
suscetibilidade do microorganismo envolvido não for conhecida. 
• Se o microorganismos envolvido pertencer a espécies habitualmente resistentes aos 
agentes antimicrobianos (MRSA). 
• Estudos epidemiológicos de resistência e em ensaios com novos antibióticos. 
• Quando estamos perante um microorganismo de suscetibilidade conhecida, só se: 
insucesso terapêutico OU alergia. 
Já é conhecido que o Streptococcus é sensível à penicilina, por isso podemos não fazer 
antibiograma. No entanto, se fizer a terapia e continuar doente, há que fazer um 
antibiograma. 
Há vários métodos disponíveis para fazer o antibiograma: 
• Métodos genotípicos – deteção de genes de resistência. 
• Métodos fenotípicos 
- Diluição (fundamento; vantagens; desvantagens; principais aplicações) 
- Difusão (fundamento; vantagens; desvantagens; principais aplicações) 
- Métodos automatizados 
 
Padronização 
A padronização destes métodos é feita por várias comunidades: 
CLSI – Clinical and Laboratory Standards Institute 
CA-SFM – Comité de l’Antibiogramme de la Societé Française de Microbiologie 
FDA – Food and Drug Administration 
EUCAST – European Comitte on antimicrobial susceptibility testing 
Nós seguimos as normas EUCAST. Regulamentam break points para determinar desde se o 
microorganismo é sensível ou resistente, até ao protocolo de testes que vamos fazer. 
 
Método de diluição em caldo 
Temos uma diluição seriada de 
antibióticos (diferentes concentrações) 
e vamos adicionar-lhe uma solução 
padronizada (concentração conhecida) 
de microorganismos. A partir de dado 
tubo, o microorganismo é inibido. 
Podemos medir 
espectrofotometricamente ou avaliar 
em cultura, de modo a determinar a 
concentração inibitória mínima. 
 
Qual a importância de obter a concentração inibitória mínima (CIM)? 
Para a otimização terapêutica. 
Dose; Tipo de administração e duração do tratamento 
 
Personalização da terapêutica 
 
Índices de farmacodinâmica (dependentes da CIM) 
 
Se percebermos que CIM é maior do que a dose usada na terapêutica, então a estirpe é 
resistente. 
 
Valor da CIM (quantificada) 
Conceito de “sensível-dose-dependente” – EUCAST 
Antibióticos que embora possam estar ligeiramente fora do breakpoint de 
“sensibilidade” ainda poderão ser eficazes desde que seja possível aumentar a dose/ 
tempo de exposição. 
 
Método de gradiente de difusão (ε Test) 
O método de referência é o método de diluição em tubo. Neste temos uma quantidade 
específica do microorganismo em contacto com diluições seriadas do mesmo antibiótico o que 
nos permite determinar a concentração inibitória mínima. É um método muito trabalhoso e 
demorado. 
No laboratório podemos fazer o teste do gradiente de difusão. Temos uma tira que pode ser 
usada e que tem as diluições seriadas ao longo da mesma. Semeamos a bactéria no meio 
cultura, incubamos a placa com a tira sobre o meio e durante o período incubação do 
microorganismo vai crescer. A partir de uma dada concentração de antibiótico, a bactéria não 
cresce, formando-se uma elipse de inibição. O valor onde o limite da elipse interceta a tira é o 
valor da CIM. Há tabelas com os valores de corte que nos permitem classificar o 
microorganismo. Este método é mais simples que as diluições seriadas. 
 
Métodos de difusão 
São mais exequíveis. É usada uma placa de agar na qual semeamos uma 
quantidade padrão da bactéria e adicionamos os antibióticos que 
queremos testar , que têm uma cor pré definida. Durante a incubação, a 
bactéria cresce e simultaneamente ocorre a difusão dos antibióticos. 
Trata-se de uma difusão radial pois o disco tem uma dada concentração 
de antibiótico. Forma-se um halo de inibição, cujo diâmetro nos indica 
quantas bactérias morreram. Pegamos nesse diâmetro e vamos analisar se é sensível ou não 
aquele antibiótico. Cada halo corresponde a um antibiótico. 
A vantagem desta técnica é ser muito simples, no entanto, não nos permite determinar a CIM. 
É um teste qualitativo e não quantitativo. 
 Após incubação, vemos um halo de inibição, que pode ser maior ou menor, conforme a 
resistência da bactéria ao antibiótico. Vamos medir o raio e comparar com os dados. E um 
método muito mais simples. 
 
 
Métodos automatizados 
• MicroScan Walk Away – possui painéis com testes bioquímicos, normalmente 
turbidimétricos e possui também várias concentrações de um mesmo antibiótico, 
permitindo-nos avaliar a suscetibilidade. Se houver crescimento bacteriano, o meio 
fica turvo e isto é lido pelo espectrofotómetro. 
 
• Sistema Vitek – possui cartas com concentrações variadas do mesmo antibiótico, nas 
quais é inoculada uma suspensão bacteriana. Esta vai entrar em contacto com as 
diferentes concentrações de antibiótico. Depois, um sistema de vácuo, puxa a 
suspensão e um sistema ótico faz a leitura. São métodos de microdiluição 
turbidimétricos que relacionam a turvação com a densidade ótica. 
 
 
São métodos automáticos mas não estão de acordo com os métodos de referência pois saltam 
algumas concentrações. 
 
TSA- Métodos 
Que método vamos usar se existem tantos? A seleção deve considerar os seguintes aspetos: 
• Responder às necessidades dos clínicos (se eles precisam da CIM o teste tem de ser

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