Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Joëlle Moreira - Turma 05 Hepatologia HEPATOPATIA MEDICAMENTOSA INTRODUÇÃO: . A hepatopatia medicamentosa é qualquer grau de alteração hepática que tenha relação com o uso de alguma droga. Essas hepatopatias podem ser decorrentes de toxicidade direta (dose-dependente e previsíveis) ou mediadas pelo fenômeno de idiossincrasia (dose-independentes, imprevisíveis e geneticamente determinadas). Essas hepatopatias são mais frequentes no sexo feminino. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO: . 1. História de exposição, em geral, entre 5 e 90 dias; 2. Achados clínicos e laboratoriais e, ocasionalmente, de biópsia hepática consistentes; 3. Eliminação de outras possibilidades diagnósticas; 4. Resolução da lesão hepática após a interrupção da toxina suspeita. A biópsia normalmente tem pouca valia (em geral os achados são semelhantes aos de uma hepatite viral). Apesar disso, em casos de suspeita de múltiplas etiologias o achado incomum de infiltração eosinofílica hepática ou formação de granulomas no parênquima apontam para a hepatopatia medicamentosa. >> Em qualquer caso suspeito, o uso da droga potencialmente hepatotóxica deve ser suspenso antes mesmo do resultado dos exames. PRINCIPAIS DROGAS ENVOLVIDAS: . PARACETAMOL: . É uma hepatotoxina intrínseca (dose-dependente) e provoca necrose hepatocitária e insuficiência hepática aguda + insuficiência renal. A lesão geralmente ocorre em doses > 10-15g, tomadas na intenção de suicídio. É a principal causa de IHF no mundo. O paciente inicia com um quadro de náuseas, vômitos e diarréia e seguem para uma fase assintomática. A lesão grave pode resultar em insuficiência hepática progressiva, encefalopatia, coagulopatia, hipoglicemia e acidose láctica. O laboratório torna-se evidente após 24-48h e apresenta aminotransferases > 5000 UI/l. O tratamento inicial são as medidas de suporte e descontaminação gástrica ⤍ carvão ativado VO (1 g/kg de peso - máx 50g) nas primeiras 4h. O N-acetilcisteína (NAC) é utilizado para pacientes de alto risco, nas primeiras 8h. Tem o potencial de reduz a gravidade da necrose hepática e a taxa de mortalidade se administrada antes da elevação das transaminases. A dose oral é de 140 mg/kg, seguida por doses de manutençõ de 70 mg/kg a cada 4h, por 72h. ESQUEMA RIP: . A associação isoniazida + rifampicina tem sinergismo hepatotóxico. A isoniazida isoladamente induz leve aumento das transaminases (10-20% dos pacientes) que surge na primeira semana do tratamento ⤍ hepatite focal transitória. 1% dos pacientes desenvolvem lesão hepática grave dentros dos primeiros 2-3 meses de uso da droga. Manifesta-se com mal-estar, anorexia, náuseas e vômito. Alguns pacientes evoluem para hepatite crônica e cirrose. A hepatotoxicidade por isoniazida é mais frequente em > 50 anos. Se houver icterícia + ⇡ > 250 UI/ml das transaminases a conduta é a suspensão dos medicamentos e depois a introdução de droga por droga com intervalo de 4 dias. Se a causa da hepatotoxicidade não for a pirazinamida, as outras duas drogas devem ser substituídas por outros esquema. AMIODARONA: . 1-3% dos pacientes desenvolvem lesão hepática grave, que se assemelha à hepatite alcoólica grave (infiltração gordurosa dos hepatócitos, necrose focal, fibrose, infiltrados de leucócitos polimorfonucelares e corpúsculo de Mallory). Essa lesão pode evoluir para cirrose micronodular + HP e insuficiência hepática. A biópsia é útil no diagnóstico e deve ser solicitada para pacientes que fazem uso de amiodarona que desenvolveram elevações persistentes ou significativas dos níveis de aminotransferases ou hepatomegalia. ALFA-METILDOPA: . Até 6% dos pacientes desenvolve alterações assintomáticas nas provas de função hepática. A hepatotoxicidade clinicamente percebida se assemelha à hepatite viral aguda ou crônica. Surge nas 20 semanas após o tratamento. O teste de Coombs pode estar positivo. AMOXICILINA-ÁCIDO CLAVULÂNICO: . A combinação dessas drogas produz lesão hepática colestática, com manifestações que surgem várias semanas após o término do tratamento ⤍ icterícia + colestase com necrose ou inflamação mínima. É mais frequente em homens idosos. ERITROMICINA: . Desenvolvimento de reação colestática com infiltração das células inflamatórias e necrose do hepatócitos. A hepatotoxicidade se manifesta com síndrome aguda de dor no hipocôndrio direito, febre e sintomas colestáticos variáveis. HALOTANO: . A suscetibilidade está aumentada em indivíduos idosos, mulheres e obesos. Em geral, ocorrem reações graves após exposições anteriores ou múltiplas a esse analgésico. Os sintomas surgem 7-10 após o seu uso ⤍ a febre com calafrios e sudorese precede a icterícia. A evolução pode levar a morte, ou pode ocorrer recuperação rápida e completa. FENITOÍNA: . A predisposição à hepatotoxicidade por fenitoína é geneticamente pré-determinada. Manifesta-se com mal-estar, frebe alta, linfadenopatia e rash cutâneo ⤍ os sintomas inciam dentro de 6 semanas do seu uso. O hemograma demonstra leucocitose neutrofílica, linfocitose atípica e eosinofilia. ÁCIDO VALPRÓICO: . A hepatotoxicidade pode ser grave, especialmente em crianças < 10 anos. Pode elevar apenas levemente as aminotransferases, sem justificar sua suspensão. Em casos raros temos a lesão grave que apresenta necrose centrolobular e esteatose microvesicular. Alguns pacientes desenvolvem insuficiência hepática grave fatal. Pacientes com essa intoxicação deixam de produzir a carnitina e a administração da L-carnitina (50 mg/kg/dia EV) reduz a morbimortalidade. ANTICONCEPCIONAIS ORAIS: . Pode causar: · Colestase hepatocelular (graças ao estrogênio) · Neoplasias dos hepatócitos · Maior predisposição a formação de cálculos biliares de colesterol · Trombose de veis hepática (Sd de Budd-Chiari). O tratamento é a interrupção do ACO e suporte sintomático. A resoluçõ se dá em 2-3 meses.
Compartilhar