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31 CAPITULO III 3. BASE E SISTEMA DE REFERÊNCIA DE UM ESPAÇO VETORIAL Consideremos um conjunto de vetores linearmente independentes de um espaço vetorial V. Diz-se que este conjunto de vetores constitui uma base E de V, se todo vetor de V for uma combinação linear dos vetores de E. O fato de E ser uma base de V equivale dizer que E gera V e que a dimensão de V, indicada por dimV, é igual ao número de vetores de E. Os conceitos acima motivam os exemplos que seguem: 3.1. ESPAÇO VETORIAL DE DIMENSÃO 1 Suponha que V1 é o espaço vetorial sobre , cujos vetores são classes de equivalência de segmentos orientados equipolentes consideradas numa reta r. Fig 3.1 Os vetores de V1 têm a direção de r. Se v for um vetor não nulo (forma um conjunto LI ), então v pode constituir uma base E de V1 que será denotada por E = ( v ). A Fig 3.1 sugere que E = ( v ) é uma base de V1, pois os demais vetores de V1 podem ser escritos a partir de v . Isto é, a cada vetor w de V1, existe real tal que w v . O número é chamado de coordenada de w em relação a E. Uma base de V1 possui exatamente um vetor não nulo, logo, dimV1= 1. 3.2. ESPAÇO VETORIAL DE DIMENSÃO 2 Suponha que V2 é o espaço vetorial sobre , cujos vetores são classes de equivalência de segmentos orientados equipolentes consideradas num plano . Fig 3.2 Os vetores de V2 estão no plano . Vimos em 2.2.2, exemplo (b) citado, que dois vetores não nulos e não paralelos r r ,w v v r v w u s 32 formam um conjunto LI e, em exemplo 2.1(1), exercícios resolvidos, que três vetores coplanares formam um conjunto LD. Portanto, se considerarmos vetores u e v não nulos e não paralelos e qualquer outro vetor w de V2, segue que {u , v , w } é LD. Assim, existem 1 , 2 e 3 reais não todos iguais a zero tal que 1 2 3 0u v w . Sendo 3 0 , então 1 2 3 3 w u v . Entende-se que os vetores u e v formam um conjunto LI e constituem uma base E para V2 e que os demais vetores de V2 são escritos como combinação linear de u e v . A base E é denotada por E = (u , v ). 3.2.1. SISTEMA DE REFERÊNCIA – V2 Observe a construção abaixo: Consideremos os vetores 1OUu e 2OUv com as respectivas direções das retas r e s não paralelas. Seja ABw um vetor de V2. Existe um único ponto P em tal que AB OPw . Conduzindo por P paralelas as retas s e r têm-se os pontos P1 em r e P2 em s. Os vetores 1OP e u são paralelos, logo, 1OP = u para algum real. Analogamente, 2OP = v para algum real. Os pontos O, P1, P e P2 (nesta ordem) são vértices de um paralelogramo, logo, 2 1OP P P v . Temos que 1 1OP OP P Pw , assim, OPw u v . Isto mostra que E gera V2, isto é, todo vetor de V2 é uma combinação linear dos vetores u e v de E. A Fig 3.3 sugere que ao adotar um referencial (O, u , v ) em V2, onde O é um ponto fixo e os vetores u e v (nesta ordem) formam uma base E de V2, se estabelece uma correspondência biunívoca entre os vetores de V2 e os pontos do plano . Assim, a cada vetor w u v , , , fica associado, univocamente, um ponto P de coordenadas ( , )E do plano . Isto é, se (u , v ) é base de V2, então todo vetor w se exprime de maneira única como combinação linear de u e v . s B P2 P ( , ) U2 w w v A r O u U1 P1 Fig 3.3 33 Portanto, OPw u v = ( , )E . Não havendo dúvidas quanto a base utilizada, a notação acima pode ser simplificada w = ( , ) Os reais e são chamados, indiferentemente, de coordenadas tanto para o ponto P em relação ao referencial (O, u , v ) quanto para indicar a decomposição de w . Uma base de V2 é formada com exatamente dois vetores, logo, dimV2 = 2. Operações com os vetores de V2 em relação a (O, u , v ): Adição: Sejam os vetores 1 1( , )g e 2 2( , )h de V2 Mostremos que g h 1 2 1 2( , ) g h 1 1( , ) + 2 2( , ) = 1 1( )u v + 2 2( )u v = = 1 2( ) u + 1 2( ) v = = 1 2 1 2( , ) Produto de vetor por escalar: Sejam 1 1( , )g um vetor de V2 e . Mostremos que 1 1( , )g 1 1( , )g = 1 1( )u v = 1 1u v = 1 1( , ) . O vetor nulo possui suas coordenadas iguais a zero, 0 (0,0) , visto que a extremidade P do vetor coincide com a origem O. 3.3. ESPAÇO VETORIAL DE DIMENSÃO 3 Suponha que V3 é o espaço vetorial sobre , cujos vetores são classes de equivalência de segmentos orientados equipolentes considerados no espaço. z C D A B E F y x Fig 1.8 34 Sabemos do exemplo 2.1(2) que um conjunto de três vetores {u , v , w }, sendo u , v e w não nulos e não coplanares, é LI e que quatro vetores do espaço V3 formam um conjunto LD. Portanto, se tomarmos os vetores u , v e w e um vetor t qualquer de V3, existirão escalares 1 , 2 , 3 e 4 , não todos iguais a zero, tal que 1 2 3 4 0u v w t . Sendo 4 0 , então 1 2 3 4 4 4 t u v w . Entende-se que os vetores u , v e w formam um conjunto LI e constituem uma base E para V3 e que os demais vetores de V3 são escritos como combinação linear de u , v e w . A base E é denotada por E = (u , v , w ). 3.3.1. SISTEMA DE REFERÊNCIA – V3 Observe a construção abaixo: Consideremos os vetores 1OUu , 2OUv e 3OUw com as respectivas direções das retas r, s e g. Seja ABt um vetor de V3. Existe um único ponto P no espaço tal que AB OPt . Conduzindo pela extremidade P do vetor t uma paralela a reta g , obtemos o ponto M no plano OU1U2 . Conduzindo por M paralelas as retas s e r obtemos P1 em r e P2 em s tais que 1OP = u e 2O P = v , , . Conduzindo por P um plano paralelo a OU1U2, temos o ponto P3 tal que 3OP = w , para algum real. g P( , , ) P3 t B w s U3 w v U2 t P2 v M O Fig 3.4 u P1 u U1 A r 35 Os pontos O, P1, M e P2 (nesta ordem) são vértices de um paralelogramo, logo, 2 1OP P M v . Os pontos O, M, P e P3 (nesta ordem) são vértices de um paralelogramo, logo, MP w . Temos que 1 1OP OP P M MPt , assim, OPt u v w . Isto mostra que E gera V3 . A Fig 3.4 sugere que ao adotar um referencial (O, u , v , w ) em V3, onde O é um ponto fixo e os vetores u , v e w (nesta ordem) formam uma base E de V3, se estabelece uma correspondência biunívoca entre os vetores de V3 e os pontos do espaço. Assim, a cada vetor t u v w , , , , fica associado, univocamente, um ponto P de coordenadas ( , , )E do espaço. Isto é, se (u , v , w ) é base de V3, então todo vetor t se exprime de maneira única como combinação linear de u , v e w . Portanto, t u v w = ( , , )E . Não havendo dúvidas quanto a base utilizada, a notação acima pode ser simplificada w = ( , , ) Os reais , e são chamados, indiferentemente, de coordenadas tanto para o ponto P em relação ao referencial (O, u , v , w ) quanto para indicar a decomposição de w . Uma base de V3 é formada com exatamente três vetores, logo, dimV2 = 3. Operações com os vetores de V3 em relação a (O, u , v , w ): Adição: Sejam os vetores 1 1 1( , , )f e 2 2 2( , , )g de V3 Mostremos que f g 1 2 1 2 1 2( , , ) f g 1 1 1( , , ) + 2 2 2( , , ) = = 1 1 1( )u v w + ¨2 2 2( )u v w = = 1 2( ) u + 1 2( ) v + 1 2( ) w = = 1 2 1 2 1 2( , , ) Produto de vetor por escalar: Sejam 1 1 1( , , )f um vetor de V3 e . Mostremos que 1 1 1( , , )f 1 1 1( , , )f = 1 1 1( )u v w = 1 1 1u v w = = 1 1 1( , , ) . Vetor oposto: Sejam 1 1 1( , , )f um vetor de V3 e 1 . O vetor oposto de f é o vetor f , tal que 1 1 1 1 1 11. 1.( , , ) ( , , )f f . Diferença de vetores: Dados 1 1 1( , , )f e 2 2 2( , , )g . O vetor diferença 1 1 1 2 2 2 1 1 1 2 2 2( , , ) ( , , ) ( , , ) ( , , )f g = 1 2 1 2 1 2( , , ) . 36 Proposições: Fixada uma base de V3, tem-se as proposições: 1ª) Vetores paralelos: Os vetores 1 1 1( , , )f e 2 2 2( , , )g , não nulos e sem coordenadas iguais a zero formam conjunto LD (são paralelos, //f g ), se e somente se 1 1 1 2 2 2 . Caso apenas 2 0 , então 1 0 e 1 1 2 2 . Segue raciocínio análogo para 2 0 ou 2 0 . 2ª) Vetores coplanares: Os vetores 1 1 1( , , )f , 2 2 2( , , )g e 3 3 3( , , )h formam conjunto LD (são coplanares), se e somente se 1 1 1 2 2 2 3 3 3 D 0 . Não demonstraremos esta proposição. Esta proposição nos informa também que sendo D 0 os vetores não serão coplanares e, neste caso, formam uma base para V3. O vetor nulo possui suas coordenadas iguais a zero, 0 (0,0,0) , visto que a extremidade P do vetor coincide com a origem O. Logo, (O, 0 , g , h ) não é base de V3. 3.4. BASES ORTONORMAIS Uma base de V2 é chamada de ortonormal se os seus vetores forem unitários (ver 1.1.3) e ortogonais (ver 1.1.7). A base ortonormal é denotada por E = ( , )i j . Um vetor v qualquer de V2 , em relação a base E = ( , )i j , é dado por v a i b j e o 2 2v a b . 1 Fig. 3.5 j 1 i Temos que: i = (1, 0) e j = (0, 1) 1i e 1j e i j b v b j j a i i Fig. 3.6 Os vetores a i e b j são ortogonais. Utilizando Pitágoras, segue que 2 2 2 v a i b j . Daí, 2 2 22 2 . .v a i b j . Sendo 1i e 1j , temos 2 2 2 2 2v a b a b . Portanto, 2 2v a b 37 Uma base de V3 é chamada de ortonormal se os seus vetores forem unitários e dois a dois ortogonais. A base ortonormal é denotada por E = ( , , )i j k .Um vetor v qualquer de V3 , em relação a base E = ( , , )i j k , é dado por v a i b j c k e o 2 2 2v a b c . 3.5. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Vetores ortogonais: Consideremos dois vetores u e v em relação a base ortonormal E= ( , , )i j k e o vetor soma u + v . Se u e v são ortogonais, então vale a relação de Pitágoras: 2 u v = 2 u + 2 v , daí, 2 2 21 1 2 2 3 3( ) ( ) ( )u v u v u v = ( 2 2 2 1 2 3u u u ) + ( 2 2 2 1 2 3v v v ). Simplificando a igualdade acima, temos a condição de ortogonalidade dos vetores: 1 1 2 2 3 3. . . 0u v u v u v 1 k j i 1 1 Fig. 3.7 Temos que: i = (1,0, 0), j = (0, 1, 0) e k = (0, 0, 1) 1i , 1j e 1k i j , i k e j k c k v j c k i r ai b j Fig. 3.8 Temos que 2 2 2r a b . Utilizando Pitágoras 2 2 2 v r c k . Daí, 2 2 22 .v r c k . Visto que 1k , segue que 2 2 2 2v a b c . Portanto, 2 2 2v a b c . v u u + v k j i Fig 3.9 Se u = 1 2 3, ,u u u e v = 1 2 3, ,v v v , então u + v = 1 1 2 2 3 3, ,u v u v u v . Os quadrados dos módulos destes vetores são: 2 2 2 2 1 2 3u u u u 2 2 2 2 1 2 3v v v v 2 2 2 2 1 1 2 2 3 3( ) ( ) ( )u v u v u v u v 38 3.4.1. OBTER UM VETOR A PARTIR DE DOIS PONTOS DADOS Dados os pontos A(xA, yA) e B(xB, yB), em relação base ortonormal E = ( , )i j de V2, obtenha o vetor ABv . Dados os pontos A(xA, yA, zA) e B(xB, yB, zB), em relação base ortonormal E= ( , , )i j k de V3, obtenha o vetor ABv . z zB Sabemos que ABv = AE EB , sendo, AE = A'D' = A'C ' C'D ' e EB = D'B' . Logo, ABv = A'C' C'D' D'B' . Portanto, ABv = (xB xA) i + (yB yA) j + (zB zA) k . Nota: A expressão de v acima, exibindo os vetores da base ( , , )i j k , é chamada por alguns autores de expressão cartesiana de v ou forma algébrica de v . ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- y yB B v Fig.3.10 yA A C j x i xA xB Sabemos que ABv = AC CB . Logo, ABv = (xB xA) i + (yB yA) j zA v B A k j yA E yB y xA i A’ v B’ xB C’ D’ x Fig 3.11 39 EXEMPLO 3.1 1) Dados os pontos A(2,1,3) e B(5,3,1), em relação a base ortonormal E= ( , , )i j k , obtenha o vetor ABv . Solução: ABv = (52) i + (31) j + (13) k = 3 i + 2 j 2 k . 2) São dados os vetores (2,1,0)u , (0, 1, 2)v e ( 3, 0, 1)w em relação a uma base de V3. Pede-se: a) u v Solução: u v = (2,1,0) + (0, 1, 2) = (2+0, 1+(1), 0+2) = (2, 0, 2) b) 2 3u v w Solução: 2 3u v w = (2,1,0) + 2 (0, 1, 2) 3(3, 0, 1) = = (2,1,0) + (0,2, 4) + (9, 0, 3) = = (2+0+9, 12+0, 0+4+3) = (11, 1, 7) 3) Os vetores (2,1,0)u , (0, 1, 2)v e ( 3, 0, 1)w podem formar uma base para V3 ? Solução: 2 1 0 D 0 1 2 4 3 0 1 ( 0). Os vetores u , v e w não são coplanares. Logo, podem formar uma base para V3. 4) Determinar m de modo que os vetores (2,0,1)u , (0, , 2)v m e ( 3, 0, )w m formem uma base de V3. Solução: O conjunto dos vetores deverá ser LI, isto é, eles não podem ser coplanares. 2 2 0 1 D= 0 m 2 2 3 0 -3 0 m m m 0m e 3 2 m . 5) Dados os vetores i = (1,0,0) , j = (0,1,0), k = (0,0,1), mostre que u = (x,y,z) é combina- ção linear de i , j e k . Solução: Devemos ter escalares a, b e c tais que a i + b j + c k = u ( I ) Substituindo i , j , k e u em ( I ), tem-se a (1,0,0) + b (0,1,0) + c (0,0,1) = (x,y,z) (a,0,0) + (0,b,0) + (0,0,c) = (x,y,z) (a, b, c) = (x,y,z) 40 Portanto, a = x , b = y e c = z Assim, u = a i + b j + c k = x i + y j + z k . 6) Verifique se os vetores (6, 1, 2)u e (2, 6, 3)v , dados em relação a base ( , , )i j k , são ortogonais . Solução: A soma dos produtos das correspondentes coordenadas de u e v é igual a zero, isto é, (6 . 2) + (1 . 6) + (2 . 3) = (12) + (6) + (6) = 0. Assim, u e v são ortogonais. 7) Verifique se 2 13 3 ( , , ) 182 182 182 u , 2 1 3 ( , , ) 14 14 14 v e 3 2 ( , 0, ) 13 13 w , dados em relação a base E = ( , , )i j k , formam uma base ortonormal de V3. Solução: Os vetores devem ser respectivamente ortogonais: u v , pois 2 2 13 1 3 3 4 13 9 . . . 0 182 14 182 14 182 14 182 . 14 u w , pois 2 3 13 0 3 2 6 0 6 . . . 0 182 13 182 13182 13 182 . 14 v w , pois 2 3 1 0 3 2 6 0 6 . . . 0 14 13 14 13 14 13 182 . 14 Os módulos dos vetores devem ser iguais a 1: 2 2 2 2 2 22 2 13 3 2 ( 13) ( 3) 4 169 9 1 182 182182 182 182 u 2 2 2 2 2 22 2 1 3 2 1 ( 3) 4 1 9 1 14 1414 14 14 v 2 2 2 2 22 23 2 3 0 (2) 9 0 4 0 1 13 1313 13 w Portanto, (u , v , w ) é uma base ortonormal de V3. 8) Escreva o vetor (1,2,3)t como combinação linear dos vetores (6,1,2)u , (2, 1,2)v e ( 3,1, 1)w , dados em relação a uma base E de V3. Solução: Devemos ter escalares x, y e z tais que x (6,1,2) + y (2, 1,2) + z (3,1, 1) = (1,2,3). E, daí, ( 6x + 2 y 3 z, 1x 1y + 1z, 2x + 2 y 1 z ) = (1,2,3). Logo, temos o sistema linear de equações: 6 2 3 1 1 1 1 2 2 2 1 3 x y z x y z x y z ( I ) 41 Vamos resolvê-lo utilizando a regra de Cramer: a) Obter o valor do determinante das incógnitas 6 2 3 1 1 1 2 2 1 = 12 ( 0) b) Obter o valor do determinante com os termos da coluna da variável x substituída pelos termos independentes de variáveis (segundos membros das equações do sistema) 1 2 3 2 1 1 3 2 1 x = 12 c) Obter o valor do determinante com os termos da coluna da variável y substituída pelos termos independentes de variáveis (segundos membros das equações do sistema) 6 1 3 1 2 1 2 3 1 y = 24 d) Obter o valor do determinante com os termos da coluna da variável z substituída pelos termos independentes de variáveis (segundos membros das equações do sistema) 6 2 1 1 1 2 2 2 3 y = 36 e) Calculo dos escalares x, y e z: x = x = 12 12 = 1 , y = y = 24 12 = 2 e z = z = 36 12 = 3. Portanto, 1 (6,1,2) + 2 (2, 1,2) + 3 (3,1, 1) = (1,2,3) Assim, 1 u + 2 v + 3 w = t ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Nota: O sistema linear ( I ) acima pede ser resolvido por Inversão de Matrizes 6 2 3 1 1 1 1 2 2 2 1 3 x y z x y z x y z ( I ) Considerar o sistema na forma matricial: 42 6 2 3 1 1 1 2 2 1 . x y z = 1 2 3 . Temos que x y z = 1 6 2 3 1 1 1 2 2 1 . 1 2 3 ( II ) Observação: Chamamos M = 6 2 3 1 1 1 2 2 1 de matriz das incógnitas Obtenção da matriz M1 ( inversa da matriz das incógnitas x, y e z) : Sabe-se que: ( III ) a) Determinante da matriz das incógnitas 6 2 3 1 1 1 2 2 1 = 12 . O Fato de ser diferente de zero indica que existe M1. b) A matriz Mcof , chamada Matriz dos Cofatores, é obtida substituindo-se cada elemento da matriz M pelo correspondente Complemento algébrico. Exemplificando: A posição onde esta o 6 (1ª linha e 1ª coluna) em M é substituída por 1 1 2 1 = 1. O determinante 2x2 foi obtido suprimindo-se 1ª linha e 1ª coluna de . O seu sinal é mantido porque ocupa a “posição par” ( no da linha + no da coluna = par). A posição onde esta o 2 (1ª linha e 2ª coluna) é substituída por ( 1 1 2 1 )= 3. Houve troca de sinal no determinante 2x2, obtido suprimindo-se 1ª linha e 2ª coluna, porque o 2 ocupa “posição ímpar” ( no da linha + no da coluna = ímpar). Procedendo assim, obtemos Mcof = 1 3 4 4 12 8 1 9 8 M1 = T1 Mcof 43 c) A matriz TMcof , transposta da matriz dos cofatores, é construída do seguinte modo: sua primeira linha é igual a primeira coluna de Mcof , sua segunda linha é igual a segunda coluna de Mcof e a sua terceira linha igual a terceira coluna de Mcof TMcof = 1 4 1 3 12 9 4 8 8 d) Aplicando ( III ), segue que M1 = T1 Mcof = 1 12 1 4 1 3 12 9 4 8 8 = 1 12 1 3 1 12 1 4 1 3 4 1 3 2 3 2 3 Voltando ao sistema ( II ), temos: x y z = 1 6 2 3 1 1 1 2 2 1 . 1 2 3 = 1 12 1 3 1 12 1 4 1 3 4 1 3 2 3 2 3 . 1 2 3 = (1 12).1 (1 3).2 (1 12).3 ( 1 4).1 (1) . 2 (3 4).3 ( 1 3).1 ( 2 3).2 (2 3).3 Logo, x y z = (1 12) (2 3) (3 12) ( 1 4) (2) (9 4) ( 1 3) ( 4 3) (6 3) = 1 2 3 Assim, 1 u + 2 v + 3 w = t . ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- EXERCÍCIOS PROPOSTOS 3.1 1) Dados os vetores i = (1,0) e j = (0,1), mostre que u = (x,y) é combinação linear de i e j . 2) Dados os vetores a = (1,2) e b = (3,4) em relação a base ortonormal, escreva u = (3,6) como combinação linear de a e b . ¨ R. u = 3 a 3) Escreva, se for possível, o vetor u = (6,25,9) como sendo combinação linear dos vetores a = (1,2,0), b = (3,8,4) e c = (1,7,1) em relação a uma base de V3. Justifique o motivo caso não seja possível escrevê-lo. ¨ R. u = a + 2b + c 4) Escreva, se for possível, o vetor u = (6,5,3) como sendo combinação linear dos vetores a = (2,1, 0), b = (2, 8, 0) e c = (1, 5, 0) em relação a uma base de V3. Justifique o motivo caso não seja possível escrevê-lo. R. Não é possível escrever a CL, pois a , b e c são coplanares e u não é coplanar com eles. 44 5) Escreva, se for possível, o vetor u = (6,5,0) como sendo combinação linear dos vetores a = (2,1, 0), b = (12, 8, 0) e c = (10, 5, 0) em relação a uma base de V3. Justifique o motivo caso não seja possível escrevê-lo. R. 3 0u a b c ou 3 0 5 u a b c . Os vetores a , b , c e u são coplanares, sendo a // c e a não paralelo a b . Portanto, a e b ou b e c formam uma base do plano. 6) Escreva, se for possível, o vetor u = (6,5,0) como sendo combinação linear dos vetores a = (2,1, 0), b = (4, 2, 0) e c = (6, 3, 0) em relação a uma base de V3. Justifique omotivo caso não seja possível escrevê-lo. R. Não é possível escrever a CL. Os vetores a , b , c e u são coplanares. Temos a // c //b , logo, não formam uma base do plano e u tem a direção diferente de a , b ou c . 7) Escreva, se for possível, o vetor u = (12,6,0) como sendo combinação linear dos vetores a = (2,1, 0), b = (4, 2, 0) e c = (6, 3, 0) em relação a uma base de V3. Justifique o motivo caso não seja possível escrevê-lo. R. u a b c , 5 2u a b c e muitas outras mais. Os vetores a , b , c e u são coplanares e a // c //b //u . Assim, a ou b ou c forma uma base da reta com direção de u . 8) Fixada uma base de V3, tem-se os vetores u = (3,2,5), v = (1,2,5) e w = (5,2,5). Pede: a) calcular (u + v ), (u 2 v + w ) e (2 u v + 3 w ) . b) determinar x e y de modo que se tenha w = x u + y v . R. a) (4,4,10), (6,0,0) e (20,8,20) b) x = 2 e y = 1. 9) Os vetores (1,5,2)u , (0,1, 1)v e (3, 13,4)w podem formar uma base para V3 ? R. Não 10) Dados os vetores v = 2 i 3 j + k e w = 3 i j 2 k , determinar a) o vetor oposto de w R. (-3,1,2) b) v + w R. (5,-4,-1) c) w v R. (1,2,-3) d) 4 v R. (8, -12, 4) e) 3 2 v w R. (10, 9/2, 11/2) 11) Determinar o módulo dos vetores a) 12 5c i j R. 13 b) 3 4u i j k R. 26 45 12) Sabendo-se que u é versor de v se u = v v , pede-se determinar o versor de a) 2 2v i j k . R. 1 2 2 3 3 3 u i j k b) 2v i j k R. 2 1 1 6 6 6 u i j k c) v = (1, 0, 0) R. u = v 13) Verificar se são ou não paralelos os vetores a) 2 4u i j k e 1 1 2 4 v i j k R. //u v b) (3,0,2)r e (6,0,4)s R. //r s c) ( 3,2,1)a e ( 3, 1,0)b R. a // b 14) Dados os vetores u e v em relação a base ortonormal ( , , )i j k , verifique se são ortogonais . a) 2 4u i j k e 2v i j k R. sim b) 2 3u i j k e 5 2v i j k R. não c) 6 3u i j k e 3 7 3v i j k R. sim 15) Determinar as coordenados do vetor no plano xy que forma ângulo de 30º com o eixo das abscissas, sentido positivo, e tem módulo 2 . R. ( 6 2 ( , ) 2 2 e 6 2 ( , ) 2 2 16) Se M(9,5) é ponto médio de um segmento de reta de extremidade A(7,2), determinar, em relação ao sistema ortonormal, as coordenadas da outra extremidade. R. (25, 8) 17) Dados os pontos A(3, 1, 2) e B(2, 1, 0) em relação a base ortonormal, determinar as coordenadas do ponto P que esta a 2/5 de A para B. R.(13/5, 1/5, 6/5) 18) Dados os pontos A(2, 1), B(11, 0) e C(3,1) em relação a base ortonormal,determinar as coordenadas do ponto D tal que AB CD . R. (12, 0) 19) Dados os pontos R(1, 0, 2), S(2, 1, 3 ) e T(0, 1, 2) em relação a base ortonormal, determinar as coordenadas do ponto U tal que 1 2RS TU 2 . R. (4, 5, 18) 20) Se 2u i j , 2v i j e 4 3w i j , escrever o vetor w como combinação linear dos vetores u e v . R. 11 10 3 3 w u v 21) Determinar m e n, sabendo-se que os pontos A(m, 3, 1) , B(6, 1, 4) e C(3, 2, n), em relação a base ortonormal, estão sobre a mesma reta. R. m = 18 e n = 21/4 46 22) Dados os pontos A(0, 6), B(2, 1) e C(4,2) em relação a base ortonormal. Sabendo-se que M é ponto médio do segmento BC e que o ponto P esta a ¼ de C para A. Determinar a medida do segmento MP. R. 5/2 23) Dados os pontos A(1, 2, 3), B(0, 1, 1) e C(1, 0, 1) em relação a base ortonormal, determinar a medida da mediana do triângulo ABC, correspondente ao vértice A. R. 26 / 2 24) Dados os pontos A(3, 5), B(1, 0) e C(2,8) em relação a base ortonormal, determinar as coordenadas do ponto D tal que o quadrilátero ABCD seja um paralelogramo. R. (2, 3) 25) Dados os pontos A(3, 5), B(1, 0) e C(2,8) em relação a base ortonormal, classificar o triângulo ABC quanto a medida dos seus lados. R. isósceles ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3.5. MUDANÇA DE BASE Acreditamos que o conceito de mudança de base será entendido ao resolvermos o seguinte problema: Sendo conhecidos, em relação a uma base E = ( 1e , 2e , 3e ) de V3, um dado vetor u = (xE, yE, zE) e, também, os vetores que compõem uma outra base F = ( 1f , 2f , 3f ) de V3, pelas equações: 11 1 21 2 31 31 12 1 22 2 32 32 13 1 23 2 33 33 f a e a e a e f a e a e a e f a e a e a e , ( I ) obtenha as coordenadas de u em relação a base F, isto é, u = (xF, yF, zF). Solução: Devemos ter u = (xE, yE, zE)= (xF, yF, zF). Então, u = xE 1e + yE 2e + zE 3e = xF 1f + yF 2f + zF 3f . ( II ) Substituindo ( I ) em ( II ), segue que xE 1e + yE 2e + zE 3e = xF ( 11 1 21 2 31 3a e a e a e ) + yF ( 12 1 22 2 32 3a e a e a e )+ zF ( 13 1 23 2 33 3a e a e a e ) 1e 1f E F u = (xE, yE, zE) O 2e 2f O’ u = (xF, yF, zF) ? 3e Fig. 3.11 3f 47 Efetuando-se os produtos indicados do 2º membro da igualdade e evidenciando os elementos da base E, temos: xE 1e +yE 2e +zE 3e = (xF 11a +yF 12a +zF 13a ) 1e +(xF 21a +yF 22a +zF 23a ) 2e +(xF 31a +yF 32a +zF 33a ) 3e Comparando os membros da igualdade acima, obtemos o sistema de equações: E 11 F 12 F 13 F E 21 F 22 F 23 F E 31 F 32 F 33 F x a x a y a z y a x a y a z z a x a y a z O sistema pode ser colocado na forma matricial E E E E x y z = 11 12 13 21 22 23 31 32 33 E F a a a a a a a a a . F F F F x y z A matriz MEF = 11 12 13 21 22 23 31 32 33 E F a a a a a a a a a será chamada de matriz mudança da base E para F. Observe que as coordenadas de 1f , 2f e 3f são, respectivamente, os elementos das colunas da matriz MEF . A matriz das coordenadas de u na base F é obtida multiplicando-se a matriz -1EFM pela matriz de u na base E: F F F F x y z = -1EFM E E E E x y z Notação: -1EFM = MFE é a matriz mudança da base F para E. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- EXEMPLO 3.2 1) Dados, em relação a uma base E = ( 1e , 2e , 3e ), o vetor u = 2 1e + 3 2e 3e e os vetores 1f = 1e + 3 2e 3e 2f = 1e + 2e + 3e 3f = 2 1e 2e + 3 3e que compõem uma outra base F = ( 1f , 2f , 3f ). Determine u = Fu = (xF, yF, zF). Solução: 48 Temos o sistema matricial E 2 3 1 = E F 1 1 2 3 1 1 1 1 3 . F F F F x y z e queremos obter o sistema F F F F x y z = -1 EF 1 1 2 3 1 1 1 1 3 . E 2 3 1 . Necessitamos obter a matriz -1EFM = -1 EF 1 1 2 3 1 1 1 1 3 = MFE . Procedimento para obter MFE: (Exemplo 3.1 (8) – nota) M = MEF = det M cof M (cof M)T M1 = T1 Mcof E F 1 1 2 3 1 1 1 1 3 4 E F 4 8 4 1 5 2 3 7 2 E F 4 1 3 8 5 7 4 2 2 FE 1 1/ 4 3/ 4 2 5/ 4 7 / 4 1 1/ 2 1/ 2 Assim, F F F F x y z = FE 1 1/ 4 3/ 4 2 5/ 4 7 / 4 1 1/ 2 1/ 2 . E 2 3 1 = F 2 2 1 . Portanto, u = Fu = 2 1f 2 2f + 3f . 2) Dada uma base E = ( 1e , 2e , 3e ) de V3 e os vetores 1f = 1e + 2 2e , 2f = 1e 3e e 3f = 2e + 3e , pede-se que a) Verifique se F = ( 1f , 2f , 3f ) é também uma base de V3. b) Sendo F uma base de V3 , obter a matriz MEF de mudança de base de E para F . c) Sendo 1 2 32v f f f , obter as coordenadas de v em relação a base E. d) Sendo F uma base de V3 e 1 2 32w e e e , obter as w em relação a base F. Solução: a) Consideremos o determinante formado pelas coordenadas dos vetores 1f , 2f e 3f , D = 1 2 0 1 0 1 0 1 1 = 1. 49 O fato de ocorrer D 0 significa que os vetores 1f , 2f e 3f não são coplanares e, daí, formarem um conjunto LI. Portanto, F = ( 1f , 2f , 3f ) é base de V3. b) A matriz MEF é obtida dispondo-se as coordenadas de 1f , 2f e 3f , respectivamente, como sendo as suas respectivas colunas. MEF = EF 1 1 0 2 0 1 0 1 1 c) Temos que 1 2 32v f f f . Substituindo os vetores 1f , 2f e 3f dados na base E, obtemos: 1 1 22 3 32( 2 ) ( ) ( )v e e e e e e = 1 3 35 2e e e . d) Devemos construir o sistema matricial: F F F F x y z = -1EFM E 2 1 1 Obtenção de -1EFM : M = MEF = det M cof M (cof M)T M1 = T1 Mcof E F 1 1 0 2 0 1 0 1 1 1 E F 1 2 2 1 1 1 1 1 2 E F 1 1 1 2 1 1 2 1 2 FE 1 1 1 2 1 1 2 1 2 Assim, F F F F x y z = F E 1 1 1 2 1 1 2 1 2 . E 2 1 1 = F 0 2 1 . Portanto, u = Fu = 0 1f + 2 2f + 1 3f . ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- EXERCÍCIOS PROPOSTOS 3.2 1) Dada uma base E = ( 1e , 2e , 3e ) de V3 e os vetores 1f = 2e + 3e , 2f = 1e + 3e e 3f = 1e + 2e , pede-se que a) Sendo 1 2 32 3v f f f , obter as coordenadas de v em relação a base E. b) Verifique se F = ( 1f , 2f , 3f ) é também uma base de V3. c) Sendo F uma base de V3 , obter a matriz MEF de mudança de base de E para F . d) Sendo F uma base de V3 , obter a matriz MFE de mudança de base de F para E . e) Sendo F uma base de V3 e 1 2 32w e e e , obter as w em relação a base F. 50 R. a) 1 2 32 3v e e e b) D = 2 0, F é base de V3 c) MEF = 0 1 1 1 0 1 1 1 0 d) MFE = FE 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 e) w = 1 2 31 0 2f f f 2) Dada uma base E = ( 1e , 2e , 3e ) de V3 e os vetores 1f = 2e + 3e , 2f = 1e 3e e 3f = 1e 2e , pede-se que a) Verifique se F = ( 1f , 2f , 3f ) é também uma base de V3. b) Sendo F uma base de V3 , obter a matriz MEF de mudança de base de E para F . c) Sendo F uma base de V3 , obter a matriz MFE de mudança de base de F para E . d) Sendo F uma base de V3 e 1 25w e e , obter as w em relação a base. R. a) D = 2 0, F é base de V3 b) MEF = 0 1 1 1 0 1 1 1 0 c) MFE = FE 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 1/ 2 d) w = 1 2 36 2 2f f f
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