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1 Ester Ratti Atm 25 o funcionamento psíquico baseia-se numa complexa interação de elementos biológicos, psicológicos e sociais Ao estudarmos desenvolvimento psíquico 3 fenômenos devem ser considerados: ➤ Os tipos de comportamento variam conforme a idade; ➤ O desenvolvimento psicológico não prossegue de modo uniforme; ➤ Variações conforme ambiente e cultura NORMALIDADE: Conceito ambíguo, vários significados, um juízo de valor. Perspectivas: normalidade como saúde, como utopia, como média e como um sistema de transações. A interação delas vai favorecer a compreensão da pessoa como um todo Desenvolvimento do sistema nervoso ➤ Entre 40°-50° dias de gestação o cérebro humano assemelha-se ao de um peixe; ➤ 100° dias cérebro de um mamífero; ➤ 5º mês de gestação adquire as características de um primata; 3 modelos para explicar as vias e padrões de conexões neuronais: ➤ 1) teoria do crescimento trófico: gradientes químicos estimulariam o crescimento do axônio em dada direção e a determinado grupo de células-alvo. ➤ 2) teoria da competição das células: certas conexões axonais acabam por se desenvolver à custa de outras; ➤ 3) teoria do movimento dirigido pelas fibras: cada neurônio emitiria prolongamentos que ao alcançar obstáculos não podem mais crescer. O neurônio ➤ É a unidade funcional do cérebro ➤ Sinapse: representa a conexão funcional entre o terminal axonal e o neurônio seguinte, sendo o ponto onde a informação é transmitida de um neurônio ao outro. A fenda sináptica é o pequeno espaço que separa o terminal axonal, o corpo celular ou o dendrito de uma outra célula, com a qual ele faz contato sináptico ➤ Transmissão sináptica ocorre por 3 agentes: neurotransmissores (sintetizada e liberada pelo neurônio pré-sináptico), neuromoduladores (ocorre por meio de segundos mensageiros envolvidos na transmissão) e neuro-hormônios (trafegam na circulação) ➤ A estrutura e a função de cada cérebro são rearranjadas pelos fatores de desenvolvimento e experiência do individuo desde antes do nascimento até a morte 2 Ester Ratti Atm 25 ➤ Plasticidade neuronal: capacidade neuronal de adaptar-se ➤ Embora a arquitetura geral seja a mesma no gênero humano, os detalhes da organização cerebral diferem amplamente de uma pessoa para outra devido tanto a fatores genéticos e do desenvolvimento, quanto às experiências individuais de cada pessoa ao longo da vida ➤ Neurogênese: reparo tecidual. ➤ Interação de fatores como herança genética, fatores ligados ao desenvolvimento e experiências ao longo da vida determinam a etiologia das disfunções psíquicas. ➤ Estresse: qualquer mudança física ou psicológica que rompe a homeostase ➤ A resposta clássica ao estresse caracteriza-se por mudanças físicas e comportamentais, envolvendo o sistema nervoso simpático e o eixo hipotálamo-hipofise-adrenal (HHA) ➤ Indivíduos submetidos a situações de estresse muito intensas apresentam diminuição de estruturas hipocampais, disfunções hipotalâmicas e reprogramação do eixo HHA. ➤ Indivíduos que sofrem traumas na infância como abuso sexual, apresentam níveis elevados de cortisol mesmo na idade adulta. Os seus elevados níveis podem favorecer a atrofia de dendritos da zona CA-3 do hipocampo, favorecendo a suscetibilidade de neurônios à morte, diminuindo a sua resistência a adversidades ➤ Os cuidados maternos podem ser determinantes no desenvolvimento neuroendócrino ➤ O processo de mudança ocorrido na psicoterapia está relacionado à modulação de padrões emocionais em nível do sistema límbico(ex: amigdala) por centos corticais superiores Neurônios espelho: Localizados no córtex pré-motor Se ativam na execução de uma tarefa ou na observação de outra pessoa executando a mesma tarefa Ligados a imitação, aquisição da linguagem, aprendizado e interação social Compreensão das ações e intenções dos outros Desenvolvimento cognitivo básico ➤ Jean Piaget: tentou explicar o desenvolvimento do pensamento do indivíduo e não a personalidade ou identidade. ➤ Cada estágio é pré-requisito do outro. ➤ A forma como crianças avançam varia conforme a herança genética e circunstâncias ambientais. 3 Ester Ratti Atm 25 4 Ester Ratti Atm 25 Noções psicanalíticas básicas ➤ Psicanálise designa uma teoria do funcionamento mental, um método de investigação e tratamento. ➤ Baseia-se em 2 postulados fundamentais: ➤ 1) determinismo psíquico - todos os acontecimentos da vida mental são determinados (ou ao menos influenciados) por eventos anteriores do desenvolvimento. ➤ 2) o inconsciente é quem gera nossa vida mental, não temos acesso direto a ele, só aos seus derivados, como sonhos, atos falhos, sintomas, manifestações que se expressam na transferência, etc. FREUD ➤ Primeira teoria psicanalítica do desenvolvimento ➤ 1905, no seu trabalho dos 3 ensaios da sexualidade infantil, Freud atenta para as fases de desenvolvimento psicossexual infantil: fase oral, anal e fálica e nesta última encontraria o momento crucial para estruturação psíquica: o complexo de Édipo. ➤ Primeira tópica: consciente(ideias e sentimentos), pré-consciente(conteúdos mentais trazidos pelo aumento de atenção ou esforço de memoria) e inconsciente(conteúdos mentais censurados e reprimidos por não serem aceitáveis). ➤ Segunda tópica(1923): modelo estrutural, 3 instâncias psíquicas, id, ego e superego. ➤ Id: totalmente inconsciente, controlada pelos aspectos inconscientes do ego e pelo superego que incorpora a consciência moral e o ideal de ego. O superego é formado a partir das identificações inconscientes, é herdeiro do complexo de édipo ➤ Conflito psíquico: luta entre poderosas forças inconsciente que buscam expressão e forças opostas que impedem seu surgimento ➤ Conflito psíquico resultante de luta entre as instâncias. ➤ Neurose: ego (aliado com a realidade externa) x id ➤ Psicose: ego (aliado com o id) e a realidade externa; 5 Ester Ratti Atm 25 ➤ Perversão: id, ego e superego aliados. ➤ Mecanismos de defesa do ego surgem quando acionados pela ansiedade gerada pelo conflito. ➤ Sintoma: defende contra o desejo do id e o gratifica de forma simbólica. Melanie Klein ➤ Privilegia as relações de objetos primitivas e fala em duas posições evolutivas: posição esquizoparanoide e depressiva. ➤ A esquizoparanoide ocorre nos primeiros meses com intensa ansiedade persecutória e o bebê vê a mãe cindida, ora boa, ora má. ➤ Na posição depressiva o bebê vai percebendo que o mesmo objeto é bom e mau e daí surge a culpa por ter tentado destruir a mãe má (seio mau). Ansiedade depressiva. ➤ Sugeriu que a presença de excessiva ansiedade na infância e predomínio do superego primitivo e severo conduz a distúrbios no desenvolvimento do ego e a psicoses ➤ Descreveu umnovo mecanismo de defesa: a identificação projetiva. Nesta defesa, o sujeito projeta partes de seu Self na mente de outra pessoa e essa pessoa acionada por essa projeção passa a sentir como se tal projeção fosse delamesma. BION ➤ Todo o desenvolvimento psíquico ocorre a partir das experiências emocionais vividas nos vínculos humanos. ➤ A mãe “emprestaria” sua mente, sua capacidade de pensar, para compreender e transformar as emoções brutas do bebê em elementos psíquicos com significado. ➤ Primeira relação continente/contido: mãe e bebê. ➤ Com o passar do tempo, o bebê identifica-se com essa função e passa a conter as próprias emoções e a transformar os elementos psíquicos. ➤ Elementos beta: elementos brutos; elementos alfa: elementos transformados; função transformadora: função alfa. ➤ A mente oscila entre as posições esquizoparoide e a depressiva. ➤ Uma nova experiência emocional, entramos numa certa desorganização psíquica e se pudermos tolera-la a seguir chegaremos num novo estado, mais organizado, tendo aprendido algo novo Donald Winnicott ➤ “Mãe suficientemente boa”(mother good as enought): estimula de forma repetida a segurança do lactente, reconhece e satisfaz o gesto espontâneo do bebê, surgindo a partir daí o verdadeiro Self. ➤ Importância do espelhamento da mãe com o bebê. ➤ Falso-Self surgiria quando há falhas na mãe que nem espelha e satisfaz as necessidades por demais ou de menos. ➤ Inabilidade da mãe de sentir as necessidades do bebê na preocupação materna primária. 6 Ester Ratti Atm 25 Erik erikson ➤ Ampliou a teoria psicanalítica do desenvolvimento para fora dos laços familiares e inclui a sociedade e a cultura. ➤ Descreve o desenvolvimento após a puberdade ➤ A pessoa evolui durante toda a vida, interagindo constantemente com o meio ambiente. ➤ Princípio epigenético: cada estágio psicossocial serve como base para o subsequente. ➤ Descreve 8 estágios do desenvolvimento do ego, desde o nascimento até a morte. ➤ Cada crise psicossocial possibilita, se bem elaborada, uma aquisição significativa à personalidade do sujeito. John Bowlby ➤ Teoria do apego: comportamento inato da criança de buscar o cuidador, apego como capacidade cognitiva instintiva. ➤ A resposta dos pais seria essencial no desenvolvimento da personalidade. ➤ Pais como “base segura” principalmente em situações de medo ou perigo. Quando isso acontece, surge o apego seguro. ➤ Apego inseguro ansioso-resistente surgiria os pais são indisponíveis ou não reconhecem as necessidades das crianças. Elas tornam-se muito ansiosas com separações e exploração do mundo. ➤ Apego inseguro ansioso-evitativo ocorre quando a criança não recebe conforto ao buscar ajuda e segurança, mas rechaço e rejeição. Tornam-se crianças que sentem que não precisam de ninguém. MECANISMOS DE DEFESA DO EGO ➤ O repertório de defesas utilizado fornece uma contribuição decisiva para a formação da personalidade. ➤ Há três tipos ou “níveis”de defesa de acordo com Gabbard: ➤ 1) Defesas maduras: são adaptativas, conseguem maximizar a gratificação do impulso e dão um balanço adequado entre a ideia e o afeto enquanto atenuam o conflito. ➤ 2) Defesas neuróticas: mantém a ideia e afetos fora da consciência. Mas, alteram tais afetos e dão a sensação nas pessoas de terem problemas insolúveis. ➤ 3) Defesas imaturas: são Defesas narcísicas que envolvem maior distorção na imagem de si e dos outros. Mantém os estressores fora da consciência. Usada por pessoas que se comportam de forma socialmente indesejáveis. 7 Ester Ratti Atm 25 MECANISMOS DE DEFESA ➤ Maduros: ➤ Supressão: adiar prestar atenção a um impulso ou conflito, as questões são interrompidas, mas não evitadas (consciente ou semiconsciente) ➤ Altruísmo: comprometimento mais com as necessidades dos outros do que com as próprias. Pode ser usado a serviço de conflitos narcisistas, mas pode também dar contribuições a sociedade. ➤ Sublimação: transformação de objetos socialmente reprováveis em algo socialmente aceito. ➤ Humor: permite que a pessoa tolere e ainda assim focalize o que é terrível demais para ser suportado. ➤ Neuróticos: ➤ Repressão: expulsão de impulsos e ideias inaceitáveis a fim de não deixá-los entrar na consciência. Difere-se da negação porque se refere a impulsos internos e não externos. ➤ Deslocamento: mudar a emoção de um objeto para outro que se assemelha ao original em algum aspecto mas que evoca menos angustia. (Pode ser neurótico ou imaturo). ➤ Formação reativa: transformar um impulso ou sentimento inaceitável em seu oposto. ➤ Isolamento afetivo: dissociar a ideia de um afeto que é reprimido. (Neurótico ou imaturo) ➤ Anulação: usar palavras ou comportamentos opostos a fim de negar implicações sexuais, agressivas ou vergonhosas. ➤ Imaturos ou primitivos: ➤ Negação: evitar a percepção de aspectos dolorosos da realidade externa. ➤ Dissociação: modificar de modo temporário e drástico o caráter de uma pessoa ou sentimento de identidade pessoal para evitar angústia. ➤ Identificação projetiva (ver Klein) ➤ Projeção: atribuir os próprios sentimentos e desejos a outra pessoa devido a esses sentimentos internos serem intoleráveis ou dolorosos GRAVIDEZ • Ao nascer, a pequena bebê encontra-se envolvida por sensações muito fortes com sua mãe. • A menina vai traçando um trajeto identificatório com sua mãe. • O corpo da mulher não é estático e sofre muitas modificações que exigem que ela vá retificando e corrigindo sua imagem. 8 Ester Ratti Atm 25 • A mãe é para filha tanto o símbolo do meio ambiente de maturação, quanto do sentimento maternal em si. • Relação simbiótica mãe-filha nos primeiro meses. • O processo de diferenciação vai ocorrendo na medida em que a mãe vai conseguindo desfrutar de seu corpo sexualmente ativo e de sua relação sexual com outra pessoa. • A identificação na mulher vai se dando tanto pela identificação com a mãe e de aspectos parciais do pai. • A função paterna que introduz a interdição somente começa quando a mãe reconhece e deseja o pai. • O pai é aquele que deseja a mãe como mulher e a filha como filha, sendo amigo, conselheiro e cuidador. • É dessa relação paternal que promove a transferência amorosa a outro homem, a exogamia. • É uma crise evolutiva. Merece destaque a primeira gravidez, passagem de filha para mãe sem retorno. Ponto crítico na busca da identidade feminina. • O funcionamento defensivo na gravidez faz com que os desejos e fantasias inconscientes sejam mais facilmente perceptíveis. Reforçados pelo feto não visível (mais fantasias) • Movimentos de regressão, aumento na necessidade de dependência, facilitam uma possível relação terapêutica. • A futura mãe deseja que entendam suas fortes emoções, que cuidem dela como filha, enquanto se prepara para ser mãe. • “Por que a gente chora por qualquer coisa? Por que a gente fica tão carente? Eu não era assim. Sinto que fiquei mais dengosa, preciso mais atenção, de colo mesmo.” GESTAÇÃO • Quando um casal recebe a notícia da gravidez, ocorre um impacto considerável no ambiente familiar. As experiências passadas do pai e da mãe são determinantes nas relações entre pais e filhos. • O desejo de ter filhos é sempre ambivalente. • A mulher se sente cansada fisicamente e emocionalmente mobilizada pela demanda de sensações e fantasias que trafegam em seu corpo e em sua mente. • Ambivalência entre querer ter o bebê e deixar seu corpo ”desabado”,entre sair do palco como protagonista ou bater em retirada para o próximoespetáculo, sua “majestade o bebê”. PRIMEIRO TRIMESTRE • O processo de tornar-se mãe pode ser comparado ao da adolescência. Em ambos ocorre: mudanças hormonais e corporais, modificação de estatuto social: de filha para mãe e de menina para mulher; reativação e reorganização dos conflitos infantis; modificações nas identificações e no caso da maternidade, identificações com a própria mãe. • No primeiro trimestre: mudanças no corpo são evocativas com as da puberdade, dúvidas quanto à capacidade de gestar, medo de perda, sensação de estranheza, incertezas e angústias. • Adicionados a isso vem as náuseas, cheiros e gostos percebidos de modos diferentes pela mulher... • Tanto a inseminação artificial como a fertilização in vitro mobilizam fantasias e destinos semelhantes a gestação pelo método natural. • A mulher vai entrando em contato com essa surpreendente experiência e começa a imaginar seu bebê de acordo com suas expectativas e esperanças. 9 Ester Ratti Atm 25 • Quebra do tabu do útero como barreira total. O feto sente coisas, se mexe, tem preferência para determinado hábito, posição, etc. • O recém nascido prefere uma voz do que o silêncio, uma voz feminina do que uma voz masculina, a voz da sua mãe do que a voz de outra mulher. O PAI • O pai também vive momento difícil, de reestruturação. Perde sua condição de filho, busca novas identificações com o seu pai, precisa tolerar o inevitável escanteio. • Para o Homem, muitos podem entrar em zona de conflitos, sertir-se de lado, invejar a capacidade da mulher em procriar ou até começar a se amargurar com a ideia de dividir o espaço com o bebê. • No Homem, essa vivência vai acionar registros de sua infância como filho, na relação com sua mãe, na sua identificação com o jeito de paternidade de seu pai, etc. • O desejo de ter um filho representa a possibilidade de uma continuidade, a realização de suas ambições e ideais e confirmação de sua masculinidade. SEGUNDO TRIMESTRE • Movimento fetal presente, a mãe percebe de fato que há uma criatura dentro dela. • Este é o período em que a gestante se sente mais feliz, mais segura, passou o medo de aborto espontâneo, malformações morfológicas e o parto é um momento distante. • Ela está mais calma e curte mais sua gravidez. TERCEIRO TRIMESTRE • Período de preparação para o parto. Cresce a noção de separação do bebê. • Sentimentos de perda são inevitáveis no processo de desenvolvimento de dar à luz. • São frequentes preocupações com espaço, fantasias de morte do bebê e/ou da mãe, medo do encontro com o bebê real, decepções, falhas na hora do parto, medo da dor e do sofrimento. • Durante a gestação a mãe desenvolve uma condição psicológica especial “preocupação materna primária” Winnicott (1956) que segue após o nascimento e tende a ser reprimida com o tempo. • Aproximação mãe e filha durante a gestação. A avó participa com sua experiência permitindo espaço mental para à maternidade da filha DESENVOLVIMENTO NEUROLOGICO DO FETO • Duas semanas após a concepção surge um cilindro oco, o tubo neural, que dará origem ao cérebro e medula espinal. • Ao nascer o crescimento da medula e do tronco já estão quase no fim. • Só depois do nascimento as células começam a formar conexões que permitem a ocorrência da comunicação. • O processo de morte celular começa no período pré-natal e continua após o nascimento. • A mielinização começa na metade da gestação e continua até a idade adulta. DESENVOLVIMENTO SENSORIAL • O tato é o primeiro sentido a se desenvolver. Os bebês já sentem dor no primeiro dia de vida. Já estão mielinizadas ao nascer. 10 Ester Ratti Atm 25 • O olfato e o paladar também se desenvolvem intra-útero. • Ao nascer já preferem sabores adocicados a sabores amargos e azedos. Com poucos dias de vida preferem o cheiro do peito de sua própria mãe. • Nos primeiros dias de vida, os bebês respondem de modo distinto a uma história ou a canções que ouviram no período pré-natal, bem como distinguem a voz da mãe e mostram preferência por sua língua nativa. • A visão é o sentido menos desenvolvido ao nascimento. Mas, é suficiente para enxergar as expressões da mãe durante a amamentação. DESENVOLVIMENTO FETAL • O desenvolvimento pré-natal ocorre em 3 fases: germinal (até 2 sem), embrionária (2-8 sem) e fetal (>8sem). • O crescimento e o desenvolvimento seguem 2 princípios fundamentais: da cabeça para a parte inferior do tronco e das partes próximas ao centro do corpo para as externas. • Crescimento mais rápido é durante os primeiros 30 dias. No final do 3º mês sua boca pode abrir fechar e engolir, a palma da mão se fecha parcialmente, seus lábios sugam. • Aos 4 meses, a mãe pode senti-lo chutando ou agitando-se. As atividades reflexas são mais bruscas devido ao maior desenvolvimento muscular. • Aos 5 meses, o bebê já tem uma posição predileta no útero e torna-se mais ativo. • A partir do 6º mês, a taxa de crescimento diminui. Os olhos estão completos e abrem e fecham e olham em todas as direções. Ele é capaz de fechar a mão com força. • No 7º mês, já tem reflexos plenamente desenvolvidos, já pode sugar o polegar. • Com 8 meses, seus movimentos diminuem devido à falta de espaço. • Com 9 meses, os sistemas orgânicos operam melhor, a FC aumenta e há maior eliminação de resíduos via cordão umbilical. O PARTO ASPECTOS EMOCIONAIS ➤ Sentimentos intensos e ambivalentes: intensa expectativa da chegada do bebê e desejos de pôr fim ao desconforto do final da gestação. ➤ O parto possivelmente esteja entre as experiências mais dolorosas na vida de uma mulher, por isso é inevitável que ela seja confrontada com os limites do próprio corpo. ➤ A mãe que teve reassegurada pela equipe obstétrica suas capacidades durante a gestação e que desenvolveu um vínculo de confiança para tirar suas dúvidas, enfrentará as fases do parto com mais confiança. ➤ Importante incentivar a participação ativa, seja controlando a respiração os movimentos do ventre, seja na progressão do bebê no canal do parto; discutir com ela sobre o tipo de parto (normal ou operatório); local do parto (hospitalar ou domiciliar); sobre a presença do pai e/ou outro familiar; uso de medicamentos. ➤ A atividade tem a tendência fisiológica a reduzir a dor. 11 Ester Ratti Atm 25 ➤ Após o nascimento, é importante que a mãe esteja alerta para estabelecer o contato inicial com o bebê, agora real. ➤ Estímulo natural para secreção de ocitocina que leva a descida do colostro e as contrações uterinas que levam ao processo de dequitação da placenta. O PAI ➤ A presença do pai na sala de parto parece ajudar a mãe a controlar a dor, reduzir a necessidade de medicação e a duração do trabalho de parto e a intensificar a relação entre os cônjuges. OS ESTAGIOS DO TRABALHO DO PARTO ➤ Há três estágios de duração desigual. ➤ O primeiro estágio ocorre a dilatação e o apagamento do colo uterino. Geralmente iniciam o trabalho de parto com o colo 80% apagado (afinamento) e com 1 a 3cm de dilatação. As contrações aumentam, se tornam mais fortes e dolorosas quando a dilatação atinge 4 cm. ➤ O segundo estágio inicia quando o colo está completamente dilatado e a equipe obstétrica encoraja a mãe a “empurrar” o bebê. A maioria considera essa fase menos penosa que a primeira. ➤ O terceiro estágio é a saída da placenta e o restante docordão umbilical. ➤ Ao nascimento, os bebês tem um tom rosado (pele delgada que mal escondem os capilares); peludos (lanugem); cobertos por vernix caseosa, proteção gordurosa contra infecções; cabeça deformada para facilitar a passagem na pelve e presença de fontanelas que se fecham aos 12-18 meses. ➤ Esse período de adaptação inicial pro bebê é muito importante pois é quando ele passa a fazer tudo sozinho. VARIAÇÕES HORMONAIS ➤ Após o parto, ocorre uma queda brusca de hormônios, antes produzidos pela placenta. ➤ Estrógeno que antes do parto havia subido, cai rapidamente e a progesterona sofre um decréscimo súbito após a expulsão da placenta. ➤ Intensa liberação de ocitocina. ➤ Essas alterações, associadas a privação de sono criam um estado psicológico único na mulher. PUERPÉRIO • Início do trabalho de pensar a emoção da separação anatômica. • A gestação era um ensaio para sintonizar com o bebê in vivo. • A antiga sensação de fusão já não faz mais parte agora. • Período de paradoxos: perde a barriga, ganha o bebê, deixa de ser filha e torna-se mãe... • O medo de que o bebê seja anormal pode estar à serviço do acerto de contas da mulher com a própria mãe. • Recuperando-se de uma experiência (o parto) em que há uma perda do domínio que remete às angústias infantis sem poder diante dos pais-obstetras–hospital. 12 Ester Ratti Atm 25 • Desse processo transitório surge na mulher uma capacidade de reconhecer-se em uma nova realidade provedora de muitas aventuras. Nessa marcha, paralelamente o bebe vai usando seus sentidos por meio da “imersão”no corpo da mãe, buscando a construção de um vínculo seguro PAPEL DA AMAMENTAÇÃO SEGURA • A jovem puérpera vive um momento de fragilidades. • Algumas mães precisam ser “perfeitas”. Nesse afã de serem perfeitas, a mãe prejudica a possibilidade de perceber com clareza as necessidades do bebê. • A amamentação desempenha um papel importante na relação mãe-bebê. • A mãe vai transmitindo uma fonte segura por meio do olhar, do tom de voz e de carícias, o seio da mãe preenche o espaço da boca do bebê. PROBLEMAS NA AMAMENTAÇÃO • Algumas vezes há problemas na amamentação. Nesse desencontro trava-se uma luta ambivalente de desejar amamentar e não amamentar. Nesse momento retumbam na mente da mãe frases como: • “Meu leite é fraco”; “meu leite secou”; “eu tive um abscesso na mama”; “meu bico do seio é invertido”; “o bico do seio sangrou e a dor foi insuportável”... • Tudo isso gera um discurso com teor dramático e o bebê se expressa por meio de rejeição ao seio, vômitos e choros exaustivos. É como se ambos desistissem desse encontro. TEMORES E LUTOS DO PUERPÉRIO • O temor de troca e roubo do bebê pode ser a expressão do desejo de engendrar uma criança que possa realizar os ideias dos pais. • A volta pra casa é um momento crucial no desenvolvimento de uma relação mãe-bebê satisfatória pois há a materialização de um bebê real pra cuidar, conciliar com a casa e outros filhos e agora sem a “proteção” hospitalar. • Luto pela perda da barriga, perda do estatuto da mulher em “estado interessante”, perda do bebê imaginário e perda do estatuto de filha. GANHOS NO PUERPÉRIO • Condição de mãe de um bebê. • Início de uma verdadeira família e não só um “casal”. • Reestruturação da dinâmica familiar. • Inclusão do recém nascido nessa dinâmica implica uma série de modificações e rearranjos no casal e que podem levar a adultérios e até a separação. • O papel do hospital serve como um envelope que contém e protege a dupla mãe-bebê. Também prepara a mãe através da presença discreta e não intrusiva e julgadora para que ela se sinta capaz de cuidar do bebê sozinha. PÓS-PARTO BLUES • Ocorre em 50-85% das mães. A mãe apresenta sinais de tristeza, irritabilidade, falta de energia, perda de apetite, choros e sentimentos de vazio. • Sensação de incapacidade e falta de confiança em si. 13 Ester Ratti Atm 25 • Ela recompõe-se em poucos dias quando há um bom suporte familiar, diferentemente da depressão pós- parto. PAPEL DO PAI • Oferecer um espaço para que a mulher tenha um campo livre de ação. • Adequadamente protegida a mulher está a salvo de ter que se voltar para fora a fim de lidar com seu ambiente externo e possa voltar-se para dentro da relação mãe-bebê, voltar-se ao que está dentro do círculo que ela pode fazer com seus braços, ou seja, o bebê. • O pai deve ser um vigia do duo mãe-bebê. • Tudo isso para permitir que a mãe entre no estado de “preocupação materna primária” de Winnicott. Preocupação materna primária (Winnicott -1956) • Winnicott fala de um momento anterior a questão do bebê tornar-se um ser independente. • Diferença psicológica entre a identificação da mãe com o bebê e a dependência do bebê em relação a mãe. O bebê não se identifica ainda com a mãe, essa tarefa é complexa demais para ele nesse estágio. • Trata-se de um estado de sensibilidade exacerbada, quase uma doença e da saúde da mãe com a capacidade de recuperar-se dele. • A mãe proporciona uma adaptação suficientemente boa à necessidade do bebê (e não desejo). • A falha materna provoca fases de reação à intrusão e as reações interrompem o ‘continuar a ser’ do bebê. O excesso dessa reações provoca uma ameaça de aniquilação (e não de frustração). • A base do estabelecimento do ego é um suficiente ‘continuar a ser’ não interrompido por reações à intrusão. • A mãe nesse estado poderá sentir-se no lugar do bebê e corresponder às suas necessidades. • A primeira organização de ego deriva da experiência de ameaças de aniquilação que não chegam a se cumprir, e das quais, repetidamente, o bebê se recupera. Essa confiança leva o ego a suportar s frustrações. • A falha da mãe será posteriormente sentida como estruturante do psiquismo do bebê, mas não nessa fase. Nessa fase a falha não é percebida dessa forma. • O fornecimento de um ambiente suficientemente bom na fase mais primitiva capacita o bebê a começar a existir, a ter experiências, a constituir um ego pessoal, a dominar os instintos e a defrontar-se com todas as dificuldades inerentes à vida. O PRIMEIRO ANO DE VIDA • As experiências intraútero como traumatismos súbitos vivido pela mãe acarretam um aumento extremo da atividade motora do feto. Os RN’s mostram-se hiperexcitáveis apresentando atividade motora intensa. • A vida imaginária da mãe durante a gravidez vai influenciar as relações posteriores com a criança. • Por ambiente compreendem–se as condições físicas do meio intrauterino até as condições emocionais e socioculturais nas quais a família do bebê está inserida. OS BEBES E OS PAIS • Nós humanos vivemos experimentando alegrias e tristezas que pontuam nossa vida e principalmente motivados por encontros e despedidas. 14 Ester Ratti Atm 25 • Implícita a chegada do bebê está sua inexorável separação do corpo da mãe, a primeira e necessária separação. • Quando um casal se une, dá início a um novo campo psicológico, no qual cada um exercerá influência sobre o outro. • Pai e mãe reviverão suas próprias experiências infantis de forma diferente em cada filho. O RECEM-NASCIDO E OS PRIMEIROS MESES DE VIDA • A partir do nascimento o bebê precisa conhecer um mundo novo. Essa adaptação do RN vai exigir suas competências assim como a mãe precisa desfazer-se gradualmente do bebê idealizado parao bebê real. • Durante os 3 primeiros anos ocorre um aumento muito rápido das sinapses, que irá se manter na primeira década de vida. O número de sinapses chega a ser o dobro do que ele vai precisar no futuro. • Por isso, o desenvolvimento neuronal caracteriza-se por um processo de poda. Disso decorre a importância das primeiras experiências que vão reforçar ou não determinadas sinapses. Desenvolvimento cerebral-cognitivo • A neuroplasticidade cerebral é ainda mais intensa na primeira década de vida. • Experiências precoces de traumas ou abusos podem gerar alterações em estruturas subcorticais e límbica do cérebro provocando dificuldades nas relações interpessoais, bem como ansiedade e depressão. • O contato da pele da mãe e bebê é também importante pois ajuda o bebê a elaborar a perda da experiência de estar no útero. (Mães canguru e prematuros) • Os reflexos intervêm diretamente na interação pais-bebê, por exemplo o de sucção, desencadeados pela língua e região perioral em direção ao estímulo. • Reflexo de fechamento da mão pela estipulação da palma. SEGUNDO/TERCEIRO MÊS • Os ciclos de sono-vigília estabilizam-se. Padrões motores e de visão mais maduros e expandidos. • Até então o RN não dispõe de um ritmo alternado do ciclo sono-vigília. • A atividade cortical aumenta muito entre o segundo e terceiro mês de vida, período importantíssimo de estipulação visual e auditiva. • Sorriso social. Ciclo sono-vigília • Os RN’s dormem em média 16h por dia, a maioria acorda a cada 2-3 horas ao longo do dia e da noite. • Estado 1(sono calmo): sem movimento corporal, exceto movimentos finos e bruscos de dedos, lábios pálpebras. • Estado II (sono REM): movimentos oculares rápidos, respiração irregular e mais rápida, movimentos corporais e principalmente faciais. • Estado III (sonolência): pálpebras fechadas ou semiabertas, mas com olhar vago, não fixado. • Estado IV (alerta quieto): olhar vivo e brilhante do bebê, calmo e atento ao ambiente. • Estado V (alerta ativo): grande atividade motora, bebê se agita e atenção não fixada, pode gemer ou esboçar gritos. • Estado VI (choro): gritos e choro, atividade motora intensa e rosto contraído e vermelho. 15 Ester Ratti Atm 25 • Uma mãe muito sensível aos sinais do seu RN pode levá-lo de forma progressiva a um estado calmo e atento, por exemplo, falando-lhe de uma maneira muito meiga. • Os estados de sono-vigília são também verdadeiras “mensagens” para os pais. • Os RN’s apresentam peculiaridades em vários comportamentos como: a irritabilidade, a consolabilidade, a intensidade da atividade motora e da sucção, etc. • Atentar para essas diferenças ajuda a reconhecer crianças de risco. TERCEIRO/QUARTO MÊS • Já conhece a mãe, a ama e a rechaça, pode tocá-la e brincar com seu corpo. Ocorre início da integração do objeto de seu amor e ódio (posição depressiva de Klein). • Inicia um desprendimento que conduzirá a busca do pai e do mundo circundante. • 4 meses inicia sua atividade lúdica, desaparece atrás do lençol e volta a aparecer, abre e fecha os olhos e ganha e perde o mundo. Constitui as primeiras experiências de separação. • Produz sons e é capaz de repetí-los. • Um jogo importante para experimentar a capacidade de perder e recuperar o que se ama quando ele joga os seus brinquedos no chão e espera e exige que lhe devolvam. • No 4º mês de vida o pai é uma figura importante na separação saudável da mãe-bebê e importante fonte de identificação masculina. QUARTO/QUINTO MÊS • O bebê é capaz de sentar e mudar sua relação com os objetos. • Tenta de diversas maneiras elaborar a ansiedade de separação, entende que os objetos podem aparecer e desaparecer. Chora e enche-se de raiva se não é atendido ou compreendido. • O temor da separação é a angústia mais intensa dessa idade. • Começa o processo de abandonar a relação única com a mãe e aceitar de forma definitiva a presença do pai. Sofre verdadeiras depressões. • Tendências destrutivas se incrementam com o surgimento de dentes. OITAVO MÊS • Córtex frontal mostra-se com uma atividade metabólica significativa e se torna o local de atividade frenética no momento em que os bebês fazem grandes progressos em auto controle e fortalecem suas ligações com os cuidadores. • 7-8 meses ocorrem as reações ao estranho. Tipos de Apego – John Bowlby • Tendência clara de procurar e manter a proximidade e o contato direto com seu cuidador ocorre independente de qualquer aprendizagem anterior. (Bowlby) • De forma gradativa vai surgindo os comportamentos de apego, inicialmente pela sua mãe. • Essa figura de apego é mais capaz do que qualquer outra para satisfazer e perceber o bebê ele ser sensível aos sinais mais sutis de desconforto e de bem-estar. 16 Ester Ratti Atm 25 Winnicott – da ilusão de onipotência aos Objetos transicionais • Winnicott considera o processo de desenvolvimento um caminho que vai da ilusão à desilusão, de uma ilusão de onipotência que uma mãe “suficientemente boa” permite que seu bebê viva, adaptando-se às suas necessidades, mas levando-o de forma progressiva à percepção da realidade. • Para Winnicott, há 3 áreas distintas para a experiência psíquica: • A interna, a externa e a intermediária ou área de ilusão ou transicional. • Quando o bebê tem fome, se a mãe lhe dá o seio ele fica com a ilusão de que “criou” o seio. O seio não é uma alucinação, mas o resultado de sua criatividade. Também não é um objeto externo. E sim algo intermediário entre a alucinação e o objeto externo, “me pertence mas não sou eu”, uma ilusão. • Entre os 4-12 meses a criança chupa a fralda, o paninho, o bichinho e servem como uma defesa contra a ansiedade depressiva decorrente da separação da mãe, objetos transacionais. • É importante que o objeto sobreviva aos ataques e como o objeto não fica destruído irreversivelmente, o objeto interno que está sendo construído, ou seja, a imagem de si e de seus pais em sua mente, se torna mais forte. • Há portanto um forte intercâmbio de sensações de Desamparo, abandono, frustração e ódio, intercalados por amor e gratidão. Mas, isso só é possível, se houver uma mãe ou um pai presentes e ativos junto a um bebê capaz de interagir. Spitz e os organizadores psíquicos • Stitz chama de degraus de organizadores psíquicos a forma não linear de desenvolvimento. • O primeiro organizador psíquico para Spitz é o sorriso social que surge 2-3º mês, há uma intencionalidade ligada aos afetos. • O segundo surge entre 7-8 meses pela presença da ansiedade com estranhos, angústia ligada à ausência da mãe. • O terceiro é a aquisição da negação, do “não”, que ocorre por volta dos 11-13 meses. É também a fase de deambulação, aumento da autonomia. • Em etapa subsequente, o bebê é capaz de caminhar, ganha certa independência, mas precisa dos limites físicos impostos pelos cuidadores. 17 Ester Ratti Atm 25 • O início da linguagem é considerado o quinto marco do desenvolvimento por volta dos 18-22 meses. Aparecem as primeiras manifestações de consciência moral e a capacidade de empatizar com sentimentos alheios. • A narrativa junto com todo mecanismo psíquico que o acompanha parece ser o sexto marco de desenvolvimento do bebê-lo final de seus primeiros 3 anos de vida. SEGUNDO E TERCEIRO ANO DE VIDA ◦ Inicia-se a fase do “não”.Lida o tempo inteiro com limites. É necessário que os pais fiquem tranquilos e deem limites. ◦ A criança rebelde tentando conciliar sua conquista de autonomia, mas ligada e dependente aos pais. “Adolescência do bebê” ◦ Ela já anda e se afasta da mãe, mas ainda precisa retornar, pedir colo, pedir aprovação para que volte a se afastar. Mahler (1977) define como a subfase de aproximação. ◦ Essa separação corresponde a diferenciação da mãe. A individuação refere-se às tentativas do bebê de formar uma identidade própria única para assumir suas caraterísticas individuais. O processo de separação-individuação inicia no 4º/5º mês até os 3 anos. 4 subfases: diferenciação, treinamento, reaproximação e “constância objetal”. ◦ Situações psíquicas mais marcantes: ◦ passagem da relação narcisista de objeto à objetal; ◦ Diferenciação de gênero; Curiosidade sexual; ◦ Cena primária. ◦ Inicia-se a socialização ◦ Entre soluços e lágrimas a criança repete “é dele? Tem que devolver?”. Tomando conhecimento da realidade, adaptando-se e mesmo sofrendo, aceita o estabelecimento de limites para o qual já se encontra preparada. O brinquedo, apesar de em grupo, ainda é com pouca interação. São jogos paralelos, cada um com seus próprios objetos. ◦ Através das histórias, vídeos e teatro, a criança entende e tenta resolver angústias originadas de seus impulsos agressivos e amorosos. CONTROLE ESFINCTERIANO ◦ Fase anal do desenvolvimento para Freud (1905): fezes como instrumento de controle sobre os pais e de autossatisfação, eliminando-as ou retendo-as conforme suas necessidades e angústias. ◦ O controle anal noturno ocorre em geral antes do diurno e vesical diurno e por último vesical noturno, podendo estender-se até os 4 anos de idade (só 26%) ou mais. ◦ Primeiro, a criança deve ser capaz de fisiologicamente controlar seu esfíncter anal e uretral. ◦ Segundo, a criança deve ser psicologicamente capaz de adiar a vontade de urinar ou evacuar logo que sente o impulso. Além de ter o desejo de agradar os pais. ◦ Deve-se fazê-la sentir que é preciso dar um sinal de aviso a um adulto preparado para ajudá-la. ◦ Exigências paradoxais a criança: ora tem que ceder e ora tem que reter também para agradar os pais. Desenvolvimento sexual e de gênero – menino e menina ◦ Entre 2-3 anos o menino intensifica seu relacionamento com o pai. Comum a manipulação pela criança dos genitais (masturbação); 18 Ester Ratti Atm 25 ◦ Já para Klein há uma percepção inconsciente da vagina e aparece na brincadeiras de penetração com brinquedos que entram e saem de túneis, cavernas, etc. ◦ A diferença de gênero se dá muito mais pela forma em que os pais lidam com as crianças do que por diferenças reais. ◦ Os pais tendem a diferenciar mais do que as mães. ◦ Esperam mais que seus filhos subam ladeiras e menos que as meninas, mas o desempenho são iguais. ◦ Consolidam a consciência de pertencer a um gênero. ◦ Curiosidade até os 3 anos de saber sobre o nascimento dos bebês, morte de animais de estimação (primeiras noção de morte), funcionamento do corpo e sua integridade. ◦ Preocupação com seus fluidos, adoram curativos, ataduras, como uma tentativa de reter perdas ou reparar danos. (Estádio do espelho, 18 meses, fantasia do corpo despedaçado). ◦ A doença é vista como uma ameaça. NASCIMENTO DE IRMÃO ◦ Alerta a criança para um perigo de perda de atenção dos pais, perda do seu espaço e principalmente perda do amor desses. ◦ Em sua fantasia podem se perguntar: “o que eu fiz que querem trazer outro?”, “não sou mais suficiente para eles?” ◦ Alguns pais ficam muito ansiosos e fazem todos os gostos dos filhos. ◦ Para algumas crianças o nascimento do irmão pode representar uma perda é despertar nelas sintomas depressivos. LUTO ◦ A criança pequena ainda não possui a noção de morte como algo definitivo, irreversível. ◦ Não existe a noção de perda total. ◦ As situações de perda e sua elaboração são necessárias para o desenvolvimento de uma criança. ◦ Explicações controladoras como “virou uma estrela”podem confundir mais que amenizar. Interessante explicar na linguagem da criança. Desenvolvimento neuropsicomotor ◦ O segundo e o terceiro anos de vida são caracterizados pela aceleração do desenvolvimento motor e intelectual. ◦ Aprende a caminhar sem ajuda; ◦ No campo afetivo precisa integrar a emoção de explorar o mundo sem a ajuda de seus pais com a sensação de proteção e segurança que deriva da presença deles. ◦ Enquanto a de 2 anos examina cubos e eventualmente os põe na boca, as de 3 já são capazes de empilhá-los e utilizá-los como carga. ◦ Aos 2, ela empurra o triciclo e aos 3 já o pedala. 19 Ester Ratti Atm 25 Desenvolvimento Cognitivo e Linguístico ◦ Aos 2 anos, a criança já fala em torno de 200 palavras. O domínio da linguagem pode perturbar o sistema de comunicação entre a criança e a família, de modo especial a mãe, que estabelecia com ela uma linguagem pré-verbal. ◦ Piaget afirma que a linguagem leva a socialização das ações, ou seja, conduz a criança à passagem do prensagem individual para o vasto sistema de pensamento coletivo. ◦ Para Piaget, a criança encontra-se no período pré-operatório, o pensamento ainda é egocêntrico e os efeitos estão presentes no desenho das coisas no espaço. Não há perspectiva, ela desenha o objeto em si, não levando em consideração o ângulo de posicionamento do observador. ◦ As figuras são representadas não apenas como as vê, mas como as sente. PERIODO PRÉ-OPERATÓRIO ◦ O egocentrismo de pensamento se reflete também na noção de tempo, apresenta dificuldade de representar as durações ou os espaços de tempo que fogem de sua experiência direta. ◦ Até os 5 anos não tem ainda a noção de “direita” e “esquerda”; ◦ Ainda é incapaz de se colocar no lugar de outra, não percebendo as diferenças de pontos de vistas. ◦ Irreversibilidade e não entende a conservação das massas e dos volumes. ◦ Por volta dos 2 anos, ela desenvolve um senso de identidade de gênero. As crianças nessa idade são impulsionadas a se identificar com o pai do mesmo sexo. ◦ Adquire um senso de individualidade e autonomia. Reconhece-se no espelho e afirma sua posse de objetos. ◦ Usa palavras como “meu”, “eu” e seu próprio nome para se referir a si mesma; ◦ Evidente preocupação com seu corpo, reconhecido como algo próprio. ◦ Manipula objetos de forma a reproduzir atos observados nos adultos. ◦ Os desenhos infantis passam a expressar simbolismos durante o segundo e terceiros anos. ◦ Por volta dos 18 meses, ela fica inibida diante de outras crianças, mas com 2 anos essa reação começa a desaparecer. ◦ Imitação: internalização/processos de identificação; fenômeno universal do amadurecimento; tendência a imitar os progenitores. ◦ Fase que testa todos os comportamentos possíveis diante dos pais e irmãos. COMENTÁRIOS FINAIS ◦ Durante os primeiros meses de vida os pais reconhecem, comunicam e atendem às necessidades do bebê de modo consistente e sensível. ◦ A tarefa parental no estágio da locomoção exige firmeza acerca dos limites e encorajamento à emancipação progressiva da criança. ◦ Os pais devem ter cuidado para não ser demasiadamente autoritários, permitindo que a criança aja por si mesma e seja capaz de aprender a partir de seus erros. ◦ O controle esfincteriano, a locomoção, o desenvolvimento da linguagem e a capacidade de simbolizar estão entre as principais características dessa fase.
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