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1 Ester Ratti Atm 25 
 
 
o funcionamento psíquico baseia-se numa complexa interação de elementos biológicos, 
psicológicos e sociais 
Ao estudarmos desenvolvimento psíquico 3 fenômenos devem ser considerados: 
➤ Os tipos de comportamento variam conforme a idade; 
➤ O desenvolvimento psicológico não prossegue de modo uniforme; 
➤ Variações conforme ambiente e cultura 
NORMALIDADE: 
Conceito ambíguo, vários significados, um juízo de valor. Perspectivas: normalidade como 
saúde, como utopia, como média e como um sistema de transações. A interação delas vai 
favorecer a compreensão da pessoa como um todo 
Desenvolvimento do sistema nervoso 
➤ Entre 40°-50° dias de gestação o cérebro humano assemelha-se ao de um peixe; 
➤ 100° dias cérebro de um mamífero; 
➤ 5º mês de gestação adquire as características de um primata; 
3 modelos para explicar as vias e padrões de conexões neuronais: 
➤ 1) teoria do crescimento trófico: gradientes químicos estimulariam o crescimento do axônio em dada 
direção e a determinado grupo de células-alvo. 
➤ 2) teoria da competição das células: certas conexões axonais acabam por se desenvolver à custa de 
outras; 
➤ 3) teoria do movimento dirigido pelas fibras: cada neurônio emitiria prolongamentos que ao alcançar 
obstáculos não podem mais crescer. 
O neurônio 
➤ É a unidade funcional do cérebro 
➤ Sinapse: representa a conexão funcional entre o terminal axonal e o neurônio seguinte, sendo o ponto 
onde a informação é transmitida de um neurônio ao outro. A fenda sináptica é o pequeno espaço que 
separa o terminal axonal, o corpo celular ou o dendrito de uma outra célula, com a qual ele faz contato 
sináptico 
➤ Transmissão sináptica ocorre por 3 agentes: neurotransmissores (sintetizada e liberada pelo neurônio 
pré-sináptico), neuromoduladores (ocorre por meio de segundos mensageiros envolvidos na 
transmissão) e neuro-hormônios (trafegam na circulação) 
➤ A estrutura e a função de cada cérebro são rearranjadas pelos fatores de desenvolvimento e experiência 
do individuo desde antes do nascimento até a morte 
 
2 Ester Ratti Atm 25 
➤ Plasticidade neuronal: capacidade neuronal de adaptar-se 
➤ Embora a arquitetura geral seja a mesma no gênero humano, os detalhes da organização cerebral 
diferem amplamente de uma pessoa para outra devido tanto a fatores genéticos e do desenvolvimento, 
quanto às experiências individuais de cada pessoa ao longo da vida 
➤ Neurogênese: reparo tecidual. 
➤ Interação de fatores como herança genética, fatores ligados ao desenvolvimento e experiências ao longo 
da vida determinam a etiologia das disfunções psíquicas. 
➤ Estresse: qualquer mudança física ou psicológica que rompe a homeostase 
➤ A resposta clássica ao estresse caracteriza-se por mudanças físicas e comportamentais, envolvendo o 
sistema nervoso simpático e o eixo hipotálamo-hipofise-adrenal (HHA) 
➤ Indivíduos submetidos a situações de estresse muito intensas apresentam diminuição de estruturas 
hipocampais, disfunções hipotalâmicas e reprogramação do eixo HHA. 
➤ Indivíduos que sofrem traumas na infância como abuso sexual, apresentam níveis elevados de cortisol 
mesmo na idade adulta. Os seus elevados níveis podem favorecer a atrofia de dendritos da zona CA-3 
do hipocampo, favorecendo a suscetibilidade de neurônios à morte, diminuindo a sua resistência a 
adversidades 
➤ Os cuidados maternos podem ser determinantes no desenvolvimento neuroendócrino 
➤ O processo de mudança ocorrido na psicoterapia está relacionado à modulação de padrões emocionais 
em nível do sistema límbico(ex: amigdala) por centos corticais superiores 
Neurônios espelho: 
 Localizados no córtex pré-motor 
 Se ativam na execução de uma tarefa ou na observação de outra pessoa executando a mesma tarefa 
 Ligados a imitação, aquisição da linguagem, aprendizado e interação social 
 Compreensão das ações e intenções dos outros 
Desenvolvimento cognitivo básico 
➤ Jean Piaget: tentou explicar o desenvolvimento do pensamento do indivíduo e não a personalidade ou 
identidade. 
➤ Cada estágio é pré-requisito do outro. 
➤ A forma como crianças avançam varia conforme a herança genética e circunstâncias ambientais. 
 
3 Ester Ratti Atm 25 
 
 
4 Ester Ratti Atm 25 
Noções psicanalíticas básicas 
➤ Psicanálise designa uma teoria do funcionamento 
mental, um método de investigação e tratamento. 
➤ Baseia-se em 2 postulados fundamentais: 
➤ 1) determinismo psíquico - todos os acontecimentos 
da vida mental são determinados (ou ao menos 
influenciados) por eventos anteriores do 
desenvolvimento. 
➤ 2) o inconsciente é quem gera nossa vida mental, 
não temos acesso direto a ele, só aos seus 
derivados, como sonhos, atos falhos, sintomas, 
manifestações que se expressam na transferência, 
etc. 
 
 
 
FREUD 
➤ Primeira teoria psicanalítica do desenvolvimento 
➤ 1905, no seu trabalho dos 3 ensaios da sexualidade infantil, Freud atenta para as fases de 
desenvolvimento psicossexual infantil: fase oral, anal e fálica e nesta última encontraria o momento 
crucial para estruturação psíquica: o complexo de Édipo. 
➤ Primeira tópica: consciente(ideias e 
sentimentos), pré-consciente(conteúdos 
mentais trazidos pelo aumento de atenção ou 
esforço de memoria) e 
inconsciente(conteúdos mentais censurados e 
reprimidos por não serem aceitáveis). 
➤ Segunda tópica(1923): modelo estrutural, 3 
instâncias psíquicas, id, ego e superego. 
➤ Id: totalmente inconsciente, controlada pelos 
aspectos inconscientes do ego e pelo 
superego que incorpora a consciência moral e 
o ideal de ego. O superego é formado a partir 
das identificações inconscientes, é herdeiro 
do complexo de édipo 
➤ Conflito psíquico: luta entre poderosas forças inconsciente que buscam expressão e forças opostas que 
impedem seu surgimento 
➤ Conflito psíquico resultante de luta entre as instâncias. 
➤ Neurose: ego (aliado com a realidade externa) x id 
➤ Psicose: ego (aliado com o id) e a realidade externa; 
 
5 Ester Ratti Atm 25 
➤ Perversão: id, ego e superego aliados. 
➤ Mecanismos de defesa do ego surgem quando acionados pela ansiedade gerada pelo conflito. 
➤ Sintoma: defende contra o desejo do id e o gratifica de forma simbólica. 
Melanie Klein 
➤ Privilegia as relações de objetos primitivas e fala em duas posições evolutivas: posição 
esquizoparanoide e depressiva. 
➤ A esquizoparanoide ocorre nos primeiros meses com intensa ansiedade persecutória e o bebê vê a mãe 
cindida, ora boa, ora má. 
➤ Na posição depressiva o bebê vai percebendo que o mesmo objeto é bom e mau e daí surge a culpa por 
ter tentado destruir a mãe má (seio mau). Ansiedade depressiva. 
➤ Sugeriu que a presença de excessiva ansiedade na infância e predomínio do superego primitivo e severo 
conduz a distúrbios no desenvolvimento do ego e a psicoses 
➤ Descreveu umnovo mecanismo de defesa: a identificação projetiva. Nesta defesa, o sujeito projeta 
partes de seu Self na mente de outra pessoa e essa pessoa acionada por essa projeção passa a sentir 
como se tal projeção fosse delamesma. 
BION 
➤ Todo o desenvolvimento psíquico ocorre a partir das experiências emocionais vividas nos vínculos 
humanos. 
➤ A mãe “emprestaria” sua mente, sua capacidade de pensar, para compreender e transformar as emoções 
brutas do bebê em elementos psíquicos com significado. 
➤ Primeira relação continente/contido: mãe e bebê. 
➤ Com o passar do tempo, o bebê identifica-se com essa função e passa a conter as próprias emoções e a 
transformar os elementos psíquicos. 
➤ Elementos beta: elementos brutos; elementos alfa: elementos transformados; função transformadora: 
função alfa. 
➤ A mente oscila entre as posições esquizoparoide e a depressiva. 
➤ Uma nova experiência emocional, entramos numa certa desorganização psíquica e se pudermos tolera-la 
a seguir chegaremos num novo estado, mais organizado, tendo aprendido algo novo 
Donald Winnicott 
➤ “Mãe suficientemente boa”(mother good as enought): estimula de forma repetida a segurança do 
lactente, reconhece e satisfaz o gesto espontâneo do bebê, surgindo a partir daí o verdadeiro Self. 
➤ Importância do espelhamento da mãe com o bebê. 
➤ Falso-Self surgiria quando há falhas na mãe que nem espelha e satisfaz as necessidades por demais ou 
de menos. 
➤ Inabilidade da mãe de sentir as necessidades do bebê na preocupação materna primária. 
 
 
 
6 Ester Ratti Atm 25 
Erik erikson 
➤ Ampliou a teoria psicanalítica do desenvolvimento para fora dos laços familiares e inclui a sociedade e a 
cultura. 
➤ Descreve o desenvolvimento após a puberdade 
➤ A pessoa evolui durante toda a vida, 
interagindo constantemente com o 
meio ambiente. 
➤ Princípio epigenético: cada estágio 
psicossocial serve como base para o 
subsequente. 
➤ Descreve 8 estágios do 
desenvolvimento do ego, desde o 
nascimento até a morte. 
➤ Cada crise psicossocial possibilita, se 
bem elaborada, uma aquisição 
significativa à personalidade do 
sujeito. 
 
John Bowlby 
➤ Teoria do apego: comportamento inato da criança de buscar o cuidador, apego como capacidade 
cognitiva instintiva. 
➤ A resposta dos pais seria essencial no desenvolvimento da personalidade. 
➤ Pais como “base segura” principalmente em situações de medo ou perigo. Quando isso acontece, surge 
o apego seguro. 
➤ Apego inseguro ansioso-resistente surgiria os pais são indisponíveis ou não reconhecem as 
necessidades das crianças. Elas tornam-se muito ansiosas com separações e exploração do mundo. 
➤ Apego inseguro ansioso-evitativo ocorre quando a criança não recebe conforto ao buscar ajuda e 
segurança, mas rechaço e rejeição. Tornam-se crianças que sentem que não precisam de ninguém. 
MECANISMOS DE DEFESA DO EGO 
➤ O repertório de defesas utilizado fornece uma contribuição decisiva para a formação da personalidade. 
➤ Há três tipos ou “níveis”de defesa de acordo com Gabbard: 
➤ 1) Defesas maduras: são adaptativas, conseguem maximizar a gratificação do impulso e dão um balanço 
adequado entre a ideia e o afeto enquanto atenuam o conflito. 
➤ 2) Defesas neuróticas: mantém a ideia e afetos fora da consciência. Mas, alteram tais afetos e dão a 
sensação nas pessoas de terem problemas insolúveis. 
➤ 3) Defesas imaturas: são Defesas narcísicas que envolvem maior distorção na imagem de si e dos 
outros. Mantém os estressores fora da consciência. Usada por pessoas que se comportam de forma 
socialmente indesejáveis. 
 
7 Ester Ratti Atm 25 
 
MECANISMOS DE DEFESA 
➤ Maduros: 
➤ Supressão: adiar prestar atenção a um 
impulso ou conflito, as questões são 
interrompidas, mas não evitadas 
(consciente ou semiconsciente) 
➤ Altruísmo: comprometimento mais com 
as necessidades dos outros do que com 
as próprias. Pode ser usado a serviço de 
conflitos narcisistas, mas pode também 
dar contribuições a sociedade. 
➤ Sublimação: transformação de objetos 
socialmente reprováveis em algo 
socialmente aceito. 
➤ Humor: permite que a pessoa tolere e ainda assim focalize o que é terrível demais para ser suportado. 
➤ Neuróticos: 
➤ Repressão: expulsão de impulsos e ideias inaceitáveis a fim de não deixá-los entrar na consciência. 
Difere-se da negação porque se refere a impulsos internos e não externos. 
➤ Deslocamento: mudar a emoção de um objeto para outro que se assemelha ao original em algum aspecto 
mas que evoca menos angustia. (Pode ser neurótico ou imaturo). 
➤ Formação reativa: transformar um impulso ou sentimento inaceitável em seu oposto. 
➤ Isolamento afetivo: dissociar a ideia de um afeto que é reprimido. (Neurótico ou imaturo) 
➤ Anulação: usar palavras ou comportamentos opostos a fim de negar implicações sexuais, agressivas ou 
vergonhosas. 
➤ Imaturos ou primitivos: 
➤ Negação: evitar a percepção de aspectos dolorosos da realidade externa. 
➤ Dissociação: modificar de modo temporário e drástico o caráter de uma pessoa ou sentimento de 
identidade pessoal para evitar angústia. 
➤ Identificação projetiva (ver Klein) 
➤ Projeção: atribuir os próprios sentimentos e desejos a outra pessoa devido a esses sentimentos internos 
serem intoleráveis ou dolorosos 
GRAVIDEZ 
• Ao nascer, a pequena bebê encontra-se envolvida por sensações muito fortes com sua mãe. 
• A menina vai traçando um trajeto identificatório com sua mãe. 
• O corpo da mulher não é estático e sofre muitas modificações que exigem que ela vá retificando e 
corrigindo sua imagem. 
 
8 Ester Ratti Atm 25 
• A mãe é para filha tanto o símbolo do meio ambiente de maturação, quanto do sentimento maternal em 
si. 
• Relação simbiótica mãe-filha nos primeiro meses. 
• O processo de diferenciação vai ocorrendo na medida em que a mãe vai conseguindo desfrutar de seu 
corpo sexualmente ativo e de sua relação sexual com outra pessoa. 
• A identificação na mulher vai se dando tanto pela identificação com a mãe e de aspectos parciais do 
pai. 
• A função paterna que introduz a interdição somente começa quando a mãe reconhece e deseja o pai. 
• O pai é aquele que deseja a mãe como mulher e a filha como filha, sendo amigo, conselheiro e cuidador. 
• É dessa relação paternal que promove a transferência amorosa a outro homem, a exogamia. 
• É uma crise evolutiva. Merece destaque a primeira gravidez, passagem de filha para mãe sem retorno. 
Ponto crítico na busca da identidade feminina. 
• O funcionamento defensivo na gravidez faz com que os desejos e fantasias inconscientes sejam mais 
facilmente perceptíveis. Reforçados pelo feto não visível (mais fantasias) 
• Movimentos de regressão, aumento na necessidade de dependência, facilitam uma possível relação 
terapêutica. 
• A futura mãe deseja que entendam suas fortes emoções, que cuidem dela como filha, enquanto se 
prepara para ser mãe. 
• “Por que a gente chora por qualquer coisa? Por que a gente fica tão carente? Eu não era assim. Sinto que 
fiquei mais dengosa, preciso mais atenção, de colo mesmo.” 
GESTAÇÃO 
• Quando um casal recebe a notícia da gravidez, ocorre um impacto considerável no ambiente familiar. 
As experiências passadas do pai e da mãe são determinantes nas relações entre pais e filhos. 
• O desejo de ter filhos é sempre ambivalente. 
• A mulher se sente cansada fisicamente e emocionalmente mobilizada pela demanda de sensações e 
fantasias que trafegam em seu corpo e em sua mente. 
• Ambivalência entre querer ter o bebê e deixar seu corpo ”desabado”,entre sair do palco como 
protagonista ou bater em retirada para o próximoespetáculo, sua “majestade o bebê”. 
PRIMEIRO TRIMESTRE 
• O processo de tornar-se mãe pode ser comparado ao da adolescência. Em ambos ocorre: mudanças 
hormonais e corporais, modificação de estatuto social: de filha para mãe e de menina para mulher; 
reativação e reorganização dos conflitos infantis; modificações nas identificações e no caso da 
maternidade, identificações com a própria mãe. 
• No primeiro trimestre: mudanças no corpo são evocativas com as da puberdade, dúvidas quanto à 
capacidade de gestar, medo de perda, sensação de estranheza, incertezas e angústias. 
• Adicionados a isso vem as náuseas, cheiros e gostos percebidos de modos diferentes pela mulher... 
• Tanto a inseminação artificial como a fertilização in vitro mobilizam fantasias e destinos semelhantes a 
gestação pelo método natural. 
• A mulher vai entrando em contato com essa surpreendente experiência e começa a imaginar seu bebê 
de acordo com suas expectativas e esperanças. 
 
9 Ester Ratti Atm 25 
• Quebra do tabu do útero como barreira total. O feto sente coisas, se mexe, tem preferência para 
determinado hábito, posição, etc. 
• O recém nascido prefere uma voz do que o silêncio, uma voz feminina do que uma voz masculina, a voz 
da sua mãe do que a voz de outra mulher. 
O PAI 
• O pai também vive momento difícil, de reestruturação. Perde sua condição de filho, busca novas 
identificações com o seu pai, precisa tolerar o inevitável escanteio. 
• Para o Homem, muitos podem entrar em zona de conflitos, sertir-se de lado, invejar a capacidade da 
mulher em procriar ou até começar a se amargurar com a ideia de dividir o espaço com o bebê. 
• No Homem, essa vivência vai acionar registros de sua infância como filho, na relação com sua mãe, na 
sua identificação com o jeito de paternidade de seu pai, etc. 
• O desejo de ter um filho representa a possibilidade de uma continuidade, a realização de suas ambições 
e ideais e confirmação de sua masculinidade. 
SEGUNDO TRIMESTRE 
• Movimento fetal presente, a mãe percebe de fato que há uma criatura dentro dela. 
• Este é o período em que a gestante se sente mais feliz, mais segura, passou o medo de aborto 
espontâneo, malformações morfológicas e o parto é um momento distante. 
• Ela está mais calma e curte mais sua gravidez. 
TERCEIRO TRIMESTRE 
• Período de preparação para o parto. Cresce a noção de separação do bebê. 
• Sentimentos de perda são inevitáveis no processo de desenvolvimento de dar à luz. 
• São frequentes preocupações com espaço, fantasias de morte do bebê e/ou da mãe, medo do encontro 
com o bebê real, decepções, falhas na hora do parto, medo da dor e do sofrimento. 
• Durante a gestação a mãe desenvolve uma condição psicológica especial “preocupação materna 
primária” Winnicott (1956) que segue após o nascimento e tende a ser reprimida com o tempo. 
• Aproximação mãe e filha durante a gestação. A avó participa com sua experiência permitindo espaço 
mental para à maternidade da filha 
DESENVOLVIMENTO NEUROLOGICO DO FETO 
• Duas semanas após a concepção surge um cilindro oco, o tubo neural, que dará origem ao cérebro e 
medula espinal. 
• Ao nascer o crescimento da medula e do tronco já estão quase no fim. 
• Só depois do nascimento as células começam a formar conexões que permitem a ocorrência da 
comunicação. 
• O processo de morte celular começa no período pré-natal e continua após o nascimento. 
• A mielinização começa na metade da gestação e continua até a idade adulta. 
DESENVOLVIMENTO SENSORIAL 
• O tato é o primeiro sentido a se desenvolver. Os bebês já sentem dor no primeiro dia de vida. Já estão 
mielinizadas ao nascer. 
 
10 Ester Ratti Atm 25 
• O olfato e o paladar também se desenvolvem intra-útero. 
• Ao nascer já preferem sabores adocicados a sabores amargos e azedos. Com poucos dias de vida 
preferem o cheiro do peito de sua própria mãe. 
• Nos primeiros dias de vida, os bebês respondem de modo distinto a uma história ou a canções que 
ouviram no período pré-natal, bem como distinguem a voz da mãe e mostram preferência por sua 
língua nativa. 
• A visão é o sentido menos desenvolvido ao nascimento. Mas, é suficiente para enxergar as expressões 
da mãe durante a amamentação. 
DESENVOLVIMENTO FETAL 
• O desenvolvimento pré-natal ocorre em 3 fases: germinal (até 2 sem), embrionária (2-8 sem) e fetal 
(>8sem). 
• O crescimento e o desenvolvimento seguem 2 princípios fundamentais: da cabeça para a parte inferior 
do tronco e das partes próximas ao centro do corpo para as externas. 
• Crescimento mais rápido é durante os primeiros 30 dias. No final do 3º mês sua boca pode abrir fechar e 
engolir, a palma da mão se fecha parcialmente, seus lábios sugam. 
• Aos 4 meses, a mãe pode senti-lo chutando ou agitando-se. As atividades reflexas são mais bruscas 
devido ao maior desenvolvimento muscular. 
• Aos 5 meses, o bebê já tem uma posição predileta no útero e torna-se mais ativo. 
• A partir do 6º mês, a taxa de crescimento diminui. Os olhos estão completos e abrem e fecham e olham 
em todas as direções. Ele é capaz de fechar a mão com força. 
• No 7º mês, já tem reflexos plenamente desenvolvidos, já pode sugar o polegar. 
• Com 8 meses, seus movimentos diminuem devido à falta de espaço. 
• Com 9 meses, os sistemas orgânicos operam melhor, a FC aumenta e há maior eliminação de resíduos 
via cordão umbilical. 
O PARTO 
ASPECTOS EMOCIONAIS 
➤ Sentimentos intensos e ambivalentes: intensa expectativa da chegada do bebê e desejos de pôr fim ao 
desconforto do final da gestação. 
➤ O parto possivelmente esteja entre as experiências mais dolorosas na vida de uma mulher, por isso é 
inevitável que ela seja confrontada com os limites do próprio corpo. 
➤ A mãe que teve reassegurada pela equipe obstétrica suas capacidades durante a gestação e que 
desenvolveu um vínculo de confiança para tirar suas dúvidas, enfrentará as fases do parto com mais 
confiança. 
➤ Importante incentivar a participação ativa, seja controlando a respiração os movimentos do ventre, seja 
na progressão do bebê no canal do parto; discutir com ela sobre o tipo de parto (normal ou operatório); 
local do parto (hospitalar ou domiciliar); sobre a presença do pai e/ou outro familiar; uso de 
medicamentos. 
➤ A atividade tem a tendência fisiológica a reduzir a dor. 
 
11 Ester Ratti Atm 25 
➤ Após o nascimento, é importante que a mãe esteja alerta para estabelecer o contato inicial com o bebê, 
agora real. 
➤ Estímulo natural para secreção de ocitocina que leva a descida do colostro e as contrações uterinas 
que levam ao processo de dequitação da placenta. 
O PAI 
➤ A presença do pai na sala de parto parece ajudar a mãe a controlar a dor, reduzir a necessidade de 
medicação e a duração do trabalho de parto e a intensificar a relação entre os cônjuges. 
OS ESTAGIOS DO TRABALHO DO PARTO 
➤ Há três estágios de duração desigual. 
➤ O primeiro estágio ocorre a dilatação e o apagamento do colo uterino. Geralmente iniciam o trabalho de 
parto com o colo 80% apagado (afinamento) e com 1 a 3cm de dilatação. As contrações aumentam, se 
tornam mais fortes e dolorosas quando a dilatação atinge 4 cm. 
➤ O segundo estágio inicia quando o colo está completamente dilatado e a equipe obstétrica encoraja a 
mãe a “empurrar” o bebê. A maioria considera essa fase menos penosa que a primeira. 
➤ O terceiro estágio é a saída da placenta e o restante docordão umbilical. 
➤ Ao nascimento, os bebês tem um tom rosado (pele delgada que mal escondem os capilares); peludos 
(lanugem); cobertos por vernix caseosa, proteção gordurosa contra infecções; cabeça deformada para 
facilitar a passagem na pelve e presença de fontanelas que se fecham aos 12-18 meses. 
➤ Esse período de adaptação inicial pro bebê é muito importante pois é quando ele passa a fazer tudo 
sozinho. 
VARIAÇÕES HORMONAIS 
➤ Após o parto, ocorre uma queda brusca de hormônios, antes produzidos pela placenta. 
➤ Estrógeno que antes do parto havia subido, cai rapidamente e a progesterona sofre um decréscimo súbito 
após a expulsão da placenta. 
➤ Intensa liberação de ocitocina. 
➤ Essas alterações, associadas a privação de sono criam um estado psicológico único na mulher. 
PUERPÉRIO 
• Início do trabalho de pensar a emoção da separação anatômica. 
• A gestação era um ensaio para sintonizar com o bebê in vivo. 
• A antiga sensação de fusão já não faz mais parte agora. 
• Período de paradoxos: perde a barriga, ganha o bebê, deixa de ser filha e torna-se mãe... 
• O medo de que o bebê seja anormal pode estar à serviço do acerto de contas da mulher com a própria 
mãe. 
• Recuperando-se de uma experiência (o parto) em que há uma perda do domínio que remete às angústias 
infantis sem poder diante dos pais-obstetras–hospital. 
 
12 Ester Ratti Atm 25 
• Desse processo transitório surge na mulher uma capacidade de reconhecer-se em uma nova realidade 
provedora de muitas aventuras. Nessa marcha, paralelamente o bebe vai usando seus sentidos por meio 
da “imersão”no corpo da mãe, buscando a construção de um vínculo seguro 
PAPEL DA AMAMENTAÇÃO SEGURA 
• A jovem puérpera vive um momento de fragilidades. 
• Algumas mães precisam ser “perfeitas”. Nesse afã de serem perfeitas, a mãe prejudica a possibilidade 
de perceber com clareza as necessidades do bebê. 
• A amamentação desempenha um papel importante na relação mãe-bebê. 
• A mãe vai transmitindo uma fonte segura por meio do olhar, do tom de voz e de carícias, o seio da mãe 
preenche o espaço da boca do bebê. 
PROBLEMAS NA AMAMENTAÇÃO 
• Algumas vezes há problemas na amamentação. Nesse desencontro trava-se uma luta ambivalente de 
desejar amamentar e não amamentar. Nesse momento retumbam na mente da mãe frases como: 
• “Meu leite é fraco”; “meu leite secou”; “eu tive um abscesso na mama”; “meu bico do seio é invertido”; 
“o bico do seio sangrou e a dor foi insuportável”... 
• Tudo isso gera um discurso com teor dramático e o bebê se expressa por meio de rejeição ao seio, 
vômitos e choros exaustivos. É como se ambos desistissem desse encontro. 
TEMORES E LUTOS DO PUERPÉRIO 
• O temor de troca e roubo do bebê pode ser a expressão do desejo de engendrar uma criança que possa 
realizar os ideias dos pais. 
• A volta pra casa é um momento crucial no desenvolvimento de uma relação mãe-bebê satisfatória pois 
há a materialização de um bebê real pra cuidar, conciliar com a casa e outros filhos e agora sem a 
“proteção” hospitalar. 
• Luto pela perda da barriga, perda do estatuto da mulher em “estado interessante”, perda do bebê 
imaginário e perda do estatuto de filha. 
 
GANHOS NO PUERPÉRIO 
• Condição de mãe de um bebê. 
• Início de uma verdadeira família e não só um “casal”. 
• Reestruturação da dinâmica familiar. 
• Inclusão do recém nascido nessa dinâmica implica uma série de modificações e rearranjos no casal e 
que podem levar a adultérios e até a separação. 
• O papel do hospital serve como um envelope que contém e protege a dupla mãe-bebê. Também prepara 
a mãe através da presença discreta e não intrusiva e julgadora para que ela se sinta capaz de cuidar do 
bebê sozinha. 
PÓS-PARTO BLUES 
• Ocorre em 50-85% das mães. A mãe apresenta sinais de tristeza, irritabilidade, falta de energia, perda de 
apetite, choros e sentimentos de vazio. 
• Sensação de incapacidade e falta de confiança em si. 
 
13 Ester Ratti Atm 25 
• Ela recompõe-se em poucos dias quando há um bom suporte familiar, diferentemente da depressão pós-
parto. 
PAPEL DO PAI 
• Oferecer um espaço para que a mulher tenha um campo livre de ação. 
• Adequadamente protegida a mulher está a salvo de ter que se voltar para fora a fim de lidar com seu 
ambiente externo e possa voltar-se para dentro da relação mãe-bebê, voltar-se ao que está dentro do 
círculo que ela pode fazer com seus braços, ou seja, o bebê. 
• O pai deve ser um vigia do duo mãe-bebê. 
• Tudo isso para permitir que a mãe entre no estado de “preocupação materna primária” de Winnicott. 
Preocupação materna primária (Winnicott -1956) 
• Winnicott fala de um momento anterior a questão do bebê tornar-se um ser independente. 
• Diferença psicológica entre a identificação da mãe com o bebê e a dependência do bebê em relação a 
mãe. O bebê não se identifica ainda com a mãe, essa tarefa é complexa demais para ele nesse estágio. 
• Trata-se de um estado de sensibilidade exacerbada, quase uma doença e da saúde da mãe com a 
capacidade de recuperar-se dele. 
• A mãe proporciona uma adaptação suficientemente boa à necessidade do bebê (e não desejo). 
• A falha materna provoca fases de reação à intrusão e as reações interrompem o ‘continuar a ser’ do 
bebê. O excesso dessa reações provoca uma ameaça de aniquilação (e não de frustração). 
• A base do estabelecimento do ego é um suficiente ‘continuar a ser’ não interrompido por reações à 
intrusão. 
• A mãe nesse estado poderá sentir-se no lugar do bebê e corresponder às suas necessidades. 
• A primeira organização de ego deriva da experiência de ameaças de aniquilação que não chegam a se 
cumprir, e das quais, repetidamente, o bebê se recupera. Essa confiança leva o ego a suportar s 
frustrações. 
• A falha da mãe será posteriormente sentida como estruturante do psiquismo do bebê, mas não nessa 
fase. Nessa fase a falha não é percebida dessa forma. 
• O fornecimento de um ambiente suficientemente bom na fase mais primitiva capacita o bebê a começar 
a existir, a ter experiências, a constituir um ego pessoal, a dominar os instintos e a defrontar-se com 
todas as dificuldades inerentes à vida. 
O PRIMEIRO ANO DE VIDA 
• As experiências intraútero como traumatismos súbitos vivido pela mãe acarretam um aumento extremo 
da atividade motora do feto. Os RN’s mostram-se hiperexcitáveis apresentando atividade motora 
intensa. 
• A vida imaginária da mãe durante a gravidez vai influenciar as relações posteriores com a criança. 
• Por ambiente compreendem–se as condições físicas do meio intrauterino até as condições emocionais e 
socioculturais nas quais a família do bebê está inserida. 
OS BEBES E OS PAIS 
• Nós humanos vivemos experimentando alegrias e tristezas que pontuam nossa vida e principalmente 
motivados por encontros e despedidas. 
 
14 Ester Ratti Atm 25 
• Implícita a chegada do bebê está sua inexorável separação do corpo da mãe, a primeira e necessária 
separação. 
• Quando um casal se une, dá início a um novo campo psicológico, no qual cada um exercerá influência 
sobre o outro. 
• Pai e mãe reviverão suas próprias experiências infantis de forma diferente em cada filho. 
O RECEM-NASCIDO E OS PRIMEIROS MESES DE VIDA 
• A partir do nascimento o bebê precisa conhecer um mundo novo. Essa adaptação do RN vai exigir suas 
competências assim como a mãe precisa desfazer-se gradualmente do bebê idealizado parao bebê real. 
• Durante os 3 primeiros anos ocorre um aumento muito rápido das sinapses, que irá se manter na 
primeira década de vida. O número de sinapses chega a ser o dobro do que ele vai precisar no futuro. 
• Por isso, o desenvolvimento neuronal caracteriza-se por um processo de poda. Disso decorre a 
importância das primeiras experiências que vão reforçar ou não determinadas sinapses. 
Desenvolvimento cerebral-cognitivo 
• A neuroplasticidade cerebral é ainda mais intensa na primeira década de vida. 
• Experiências precoces de traumas ou abusos podem gerar alterações em estruturas subcorticais e límbica 
do cérebro provocando dificuldades nas relações interpessoais, bem como ansiedade e depressão. 
• O contato da pele da mãe e bebê é também importante pois ajuda o bebê a elaborar a perda da 
experiência de estar no útero. (Mães canguru e prematuros) 
• Os reflexos intervêm diretamente na interação pais-bebê, por exemplo o de sucção, desencadeados pela 
língua e região perioral em direção ao estímulo. 
• Reflexo de fechamento da mão pela estipulação da palma. 
SEGUNDO/TERCEIRO MÊS 
• Os ciclos de sono-vigília estabilizam-se. Padrões motores e de visão mais maduros e expandidos. 
• Até então o RN não dispõe de um ritmo alternado do ciclo sono-vigília. 
• A atividade cortical aumenta muito entre o segundo e terceiro mês de vida, período importantíssimo de 
estipulação visual e auditiva. 
• Sorriso social. 
Ciclo sono-vigília 
• Os RN’s dormem em média 16h por dia, a maioria acorda a cada 2-3 horas ao longo do dia e da noite. 
• Estado 1(sono calmo): sem movimento corporal, exceto movimentos finos e bruscos de dedos, lábios 
pálpebras. 
• Estado II (sono REM): movimentos oculares rápidos, respiração irregular e mais rápida, movimentos 
corporais e principalmente faciais. 
• Estado III (sonolência): pálpebras fechadas ou semiabertas, mas com olhar vago, não fixado. 
• Estado IV (alerta quieto): olhar vivo e brilhante do bebê, calmo e atento ao ambiente. 
• Estado V (alerta ativo): grande atividade motora, bebê se agita e atenção não fixada, pode gemer ou 
esboçar gritos. 
• Estado VI (choro): gritos e choro, atividade motora intensa e rosto contraído e vermelho. 
 
15 Ester Ratti Atm 25 
• Uma mãe muito sensível aos sinais do seu RN pode levá-lo de forma progressiva a um estado calmo e 
atento, por exemplo, falando-lhe de uma maneira muito meiga. 
• Os estados de sono-vigília são também verdadeiras “mensagens” para os pais. 
• Os RN’s apresentam peculiaridades em vários comportamentos como: a irritabilidade, a 
consolabilidade, a intensidade da atividade motora e da sucção, etc. 
• Atentar para essas diferenças ajuda a reconhecer crianças de risco. 
TERCEIRO/QUARTO MÊS 
• Já conhece a mãe, a ama e a rechaça, pode tocá-la e brincar com seu corpo. Ocorre início da integração 
do objeto de seu amor e ódio (posição depressiva de Klein). 
• Inicia um desprendimento que conduzirá a busca do pai e do mundo circundante. 
• 4 meses inicia sua atividade lúdica, desaparece atrás do lençol e volta a aparecer, abre e fecha os olhos e 
ganha e perde o mundo. Constitui as primeiras experiências de separação. 
• Produz sons e é capaz de repetí-los. 
• Um jogo importante para experimentar a capacidade de perder e recuperar o que se ama quando ele joga 
os seus brinquedos no chão e espera e exige que lhe devolvam. 
• No 4º mês de vida o pai é uma figura importante na separação saudável da mãe-bebê e importante fonte 
de identificação masculina. 
QUARTO/QUINTO MÊS 
• O bebê é capaz de sentar e mudar sua relação com os objetos. 
• Tenta de diversas maneiras elaborar a ansiedade de separação, entende que os objetos podem aparecer e 
desaparecer. Chora e enche-se de raiva se não é atendido ou compreendido. 
• O temor da separação é a angústia mais intensa dessa idade. 
• Começa o processo de abandonar a relação única com a mãe e aceitar de forma definitiva a presença do 
pai. Sofre verdadeiras depressões. 
• Tendências destrutivas se incrementam com o surgimento de dentes. 
OITAVO MÊS 
• Córtex frontal mostra-se com uma atividade metabólica significativa e se torna o local de atividade 
frenética no momento em que os bebês fazem grandes progressos em auto controle e fortalecem suas 
ligações com os cuidadores. 
• 7-8 meses ocorrem as reações ao estranho. 
Tipos de Apego – John Bowlby 
• Tendência clara de procurar e manter a proximidade e o contato direto com seu cuidador ocorre 
independente de qualquer aprendizagem anterior. (Bowlby) 
• De forma gradativa vai surgindo os comportamentos de apego, inicialmente pela sua mãe. 
• Essa figura de apego é mais capaz do que qualquer outra para satisfazer e perceber o bebê ele ser 
sensível aos sinais mais sutis de desconforto e de bem-estar. 
 
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Winnicott – da ilusão de onipotência aos Objetos transicionais 
• Winnicott considera o processo de desenvolvimento um caminho que vai da ilusão à desilusão, de uma 
ilusão de onipotência que uma mãe “suficientemente boa” permite que seu bebê viva, adaptando-se às 
suas necessidades, mas levando-o de forma progressiva à percepção da realidade. 
• Para Winnicott, há 3 áreas distintas para a experiência psíquica: 
• A interna, a externa e a intermediária ou área de ilusão ou transicional. 
• Quando o bebê tem fome, se a mãe lhe dá o seio ele fica com a ilusão de que “criou” o seio. O seio não 
é uma alucinação, mas o resultado de sua criatividade. Também não é um objeto externo. E sim algo 
intermediário entre a alucinação e o objeto externo, “me pertence mas não sou eu”, uma ilusão. 
• Entre os 4-12 meses a criança chupa a fralda, o paninho, o bichinho e servem como uma defesa contra a 
ansiedade depressiva decorrente da separação da mãe, objetos transacionais. 
• É importante que o objeto sobreviva aos ataques e como o objeto não fica destruído irreversivelmente, o 
objeto interno que está sendo construído, ou seja, a imagem de si e de seus pais em sua mente, se torna 
mais forte. 
• Há portanto um forte intercâmbio de sensações de Desamparo, abandono, frustração e ódio, intercalados 
por amor e gratidão. Mas, isso só é possível, se houver uma mãe ou um pai presentes e ativos junto a um 
bebê capaz de interagir. 
Spitz e os organizadores psíquicos 
• Stitz chama de degraus de organizadores psíquicos a forma não linear de desenvolvimento. 
• O primeiro organizador psíquico para Spitz é o sorriso social que surge 2-3º mês, há uma 
intencionalidade ligada aos afetos. 
• O segundo surge entre 7-8 meses pela presença da ansiedade com estranhos, angústia ligada à ausência 
da mãe. 
• O terceiro é a aquisição da negação, do “não”, que ocorre por volta dos 11-13 meses. É também a fase 
de deambulação, aumento da autonomia. 
• Em etapa subsequente, o bebê é capaz de caminhar, ganha certa independência, mas precisa dos limites 
físicos impostos pelos cuidadores. 
 
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• O início da linguagem é considerado o quinto marco do desenvolvimento por volta dos 18-22 meses. 
Aparecem as primeiras manifestações de consciência moral e a capacidade de empatizar com 
sentimentos alheios. 
• A narrativa junto com todo mecanismo psíquico que o acompanha parece ser o sexto marco de 
desenvolvimento do bebê-lo final de seus primeiros 3 anos de vida. 
SEGUNDO E TERCEIRO ANO DE VIDA 
◦ Inicia-se a fase do “não”.Lida o tempo inteiro com limites. É necessário que os pais fiquem tranquilos e 
deem limites. 
◦ A criança rebelde tentando conciliar sua conquista de autonomia, mas ligada e dependente aos pais. 
“Adolescência do bebê” 
◦ Ela já anda e se afasta da mãe, mas ainda precisa retornar, pedir colo, pedir aprovação para que volte a 
se afastar. Mahler (1977) define como a subfase de aproximação. 
◦ Essa separação corresponde a diferenciação da mãe. A individuação refere-se às tentativas do bebê de 
formar uma identidade própria única para assumir suas caraterísticas individuais. O processo de 
separação-individuação inicia no 4º/5º mês até os 3 anos. 4 subfases: diferenciação, treinamento, 
reaproximação e “constância objetal”. 
◦ Situações psíquicas mais marcantes: 
◦ passagem da relação narcisista de objeto à objetal; 
◦ Diferenciação de gênero; Curiosidade sexual; 
◦ Cena primária. 
◦ Inicia-se a socialização 
◦ Entre soluços e lágrimas a criança repete “é dele? Tem que devolver?”. Tomando conhecimento da 
realidade, adaptando-se e mesmo sofrendo, aceita o estabelecimento de limites para o qual já se 
encontra preparada. O brinquedo, apesar de em grupo, ainda é com pouca interação. São jogos paralelos, 
cada um com seus próprios objetos. 
◦ Através das histórias, vídeos e teatro, a criança entende e tenta resolver angústias originadas de seus 
impulsos agressivos e amorosos. 
CONTROLE ESFINCTERIANO 
◦ Fase anal do desenvolvimento para Freud (1905): fezes como instrumento de controle sobre os pais e 
de autossatisfação, eliminando-as ou retendo-as conforme suas necessidades e angústias. 
◦ O controle anal noturno ocorre em geral antes do diurno e vesical diurno e por último vesical noturno, 
podendo estender-se até os 4 anos de idade (só 26%) ou mais. 
◦ Primeiro, a criança deve ser capaz de fisiologicamente controlar seu esfíncter anal e uretral. 
◦ Segundo, a criança deve ser psicologicamente capaz de adiar a vontade de urinar ou evacuar logo que 
sente o impulso. Além de ter o desejo de agradar os pais. 
◦ Deve-se fazê-la sentir que é preciso dar um sinal de aviso a um adulto preparado para ajudá-la. 
◦ Exigências paradoxais a criança: ora tem que ceder e ora tem que reter também para agradar os pais. 
Desenvolvimento sexual e de gênero – menino e menina 
◦ Entre 2-3 anos o menino intensifica seu relacionamento com o pai. Comum a manipulação pela criança 
dos genitais (masturbação); 
 
18 Ester Ratti Atm 25 
◦ Já para Klein há uma percepção inconsciente da vagina e aparece na brincadeiras de penetração com 
brinquedos que entram e saem de túneis, cavernas, etc. 
◦ A diferença de gênero se dá muito mais pela forma em que os pais lidam com as crianças do que por 
diferenças reais. 
◦ Os pais tendem a diferenciar mais do que as mães. 
◦ Esperam mais que seus filhos subam ladeiras e menos que as meninas, mas o desempenho são iguais. 
◦ Consolidam a consciência de pertencer a um gênero. 
◦ Curiosidade até os 3 anos de saber sobre o nascimento dos bebês, morte de animais de estimação 
(primeiras noção de morte), funcionamento do corpo e sua integridade. 
◦ Preocupação com seus fluidos, adoram curativos, ataduras, como uma tentativa de reter perdas ou 
reparar danos. (Estádio do espelho, 18 meses, fantasia do corpo despedaçado). 
◦ A doença é vista como uma ameaça. 
NASCIMENTO DE IRMÃO 
◦ Alerta a criança para um perigo de perda de atenção dos pais, perda do seu espaço e principalmente 
perda do amor desses. 
◦ Em sua fantasia podem se perguntar: “o que eu fiz que querem trazer outro?”, “não sou mais suficiente 
para eles?” 
◦ Alguns pais ficam muito ansiosos e fazem todos os gostos dos filhos. 
◦ Para algumas crianças o nascimento do irmão pode representar uma perda é despertar nelas sintomas 
depressivos. 
LUTO 
◦ A criança pequena ainda não possui a noção de morte como algo definitivo, irreversível. 
◦ Não existe a noção de perda total. 
◦ As situações de perda e sua elaboração são necessárias para o desenvolvimento de uma criança. 
◦ Explicações controladoras como “virou uma estrela”podem confundir mais que amenizar. Interessante 
explicar na linguagem da criança. 
Desenvolvimento neuropsicomotor 
◦ O segundo e o terceiro anos de vida são caracterizados pela aceleração do desenvolvimento motor e 
intelectual. 
◦ Aprende a caminhar sem ajuda; 
◦ No campo afetivo precisa integrar a emoção de explorar o mundo sem a ajuda de seus pais com a 
sensação de proteção e segurança que deriva da presença deles. 
◦ Enquanto a de 2 anos examina cubos e eventualmente os põe na boca, as de 3 já são capazes de 
empilhá-los e utilizá-los como carga. 
◦ Aos 2, ela empurra o triciclo e aos 3 já o pedala. 
 
 
 
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Desenvolvimento Cognitivo e Linguístico 
◦ Aos 2 anos, a criança já fala em torno de 200 palavras. O domínio da linguagem pode perturbar o 
sistema de comunicação entre a criança e a família, de modo especial a mãe, que estabelecia com ela 
uma linguagem pré-verbal. 
◦ Piaget afirma que a linguagem leva a socialização das ações, ou seja, conduz a criança à passagem do 
prensagem individual para o vasto sistema de pensamento coletivo. 
◦ Para Piaget, a criança encontra-se no período pré-operatório, o pensamento ainda é egocêntrico e os 
efeitos estão presentes no desenho das coisas no espaço. Não há perspectiva, ela desenha o objeto em si, 
não levando em consideração o ângulo de posicionamento do observador. 
◦ As figuras são representadas não apenas como as vê, mas como as sente. 
PERIODO PRÉ-OPERATÓRIO 
◦ O egocentrismo de pensamento se reflete também na noção de tempo, apresenta dificuldade de 
representar as durações ou os espaços de tempo que fogem de sua experiência direta. 
◦ Até os 5 anos não tem ainda a noção de “direita” e “esquerda”; 
◦ Ainda é incapaz de se colocar no lugar de outra, não percebendo as diferenças de pontos de vistas. 
◦ Irreversibilidade e não entende a conservação das massas e dos volumes. 
◦ Por volta dos 2 anos, ela desenvolve um senso de identidade de gênero. As crianças nessa idade são 
impulsionadas a se identificar com o pai do mesmo sexo. 
◦ Adquire um senso de individualidade e autonomia. Reconhece-se no espelho e afirma sua posse de 
objetos. 
◦ Usa palavras como “meu”, “eu” e seu próprio nome para se referir a si mesma; 
◦ Evidente preocupação com seu corpo, reconhecido como algo próprio. 
◦ Manipula objetos de forma a reproduzir atos observados nos adultos. 
◦ Os desenhos infantis passam a expressar simbolismos durante o segundo e terceiros anos. 
◦ Por volta dos 18 meses, ela fica inibida diante de outras crianças, mas com 2 anos essa reação começa a 
desaparecer. 
◦ Imitação: internalização/processos de identificação; fenômeno universal do amadurecimento; tendência 
a imitar os progenitores. 
◦ Fase que testa todos os comportamentos possíveis diante dos pais e irmãos. 
COMENTÁRIOS FINAIS 
◦ Durante os primeiros meses de vida os pais reconhecem, comunicam e atendem às necessidades do bebê 
de modo consistente e sensível. 
◦ A tarefa parental no estágio da locomoção exige firmeza acerca dos limites e encorajamento à 
emancipação progressiva da criança. 
◦ Os pais devem ter cuidado para não ser demasiadamente autoritários, permitindo que a criança aja 
por si mesma e seja capaz de aprender a partir de seus erros. 
◦ O controle esfincteriano, a locomoção, o desenvolvimento da linguagem e a capacidade de simbolizar 
estão entre as principais características dessa fase.

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