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Dano Existencial

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1 
 
 
DANO EXISTENCIAL NO DIREITO DO TRABALHO PÁTRIO 
 
Rosenilda Santos Silva Louzada de Souza 
RESUMO: O presente artigo, elaborado como trabalho de conclusão do curso de pós-
graduação lato sensu em Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho, no UNIFLU, 
irá discorrer acerca do instituto jurídico do dano existencial, será analisado a historicidade 
do dano extrapatrimonial, gênero que aquele instituto faz parte, além da análise de outras 
espécies de danos (patrimonial e extrapatrimonial) e a possibilidade de acumulação com o 
dano moral. Para tanto, será feita uma ampla pesquisa doutrinária, por meio de leitura de 
obras específicas neste assunto, bem como de obras que guardem pertinência com o tema 
objeto de perquirição. 
Palavras-chave: Dano Extrapatrimonial. Dano Existencial. Cumulação. 
 
ABSTRACT: This article, written as a conclusion paper of a lato sensu postgraduate course 
in Labor Law and Procedural Labor Law, at UNIFLU, will discuss the legal institute of 
existential damage, will be analyzed a history of off-balance sheet damage, which that 
institute It also includes the analysis of other types of damages (patrimonial and off-balance 
sheet) and the possibility of accumulation with moral damage. To this end, a broad doctrinal 
research will be done, by reading specific works on this subject, as well as by works that 
are pertinent to the subject of inquiry. 
Keywords: Off-balance Damage. Existential Damage. Cumulation 
 
 
SUMÁRIO: INTRODUÇÃO. ORIGEM HISTÓRICA DO DANO 
EXTRAPATRIMONIAL. CONCEITO E CONFIGURAÇÃO DO DANO M ORAL, 
DO DANO MATERIAL, DO DANO ESTÉTICO E DO DANO EXISTE NCIAL. 
EXEMPLOS DE DANO EXISTENCIAL NA SEARA TRABALHISTA. 
CUMULAÇÃO DO DANO MORAL E DO DANO EXISTENCIAL. 
CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
2 
 
O presente artigo, possui como objetivo, discorrer sobre o dano 
existencial, como espécie de dano extrapatrimonial. Desde os tempos remotos a filosofia já 
discorria o termo existência, que vem sendo refutado nos tempos contemporâneos. 
Muitas pessoas, buscam um proposito vital, seja ela através da religião, 
ou do estudo, da música, da família, da relação com os amigos, ou o conjunto dessas. 
Esse instituto jurídico, visa principalmente reparar esse direito lesionado. 
O trabalho terá a seguinte organização: primeiro momento será 
discutido o dano extrapatrimonial, retratando sobre a evolução histórica legislativa até 
chegar ao atual estado, bem como a desse direito estrangeiro; no segundo momento 
examina-se as danos em espécie, explicando seu conceito, tipos e discussões até chegar 
ao tema do dano existencial; no final será feito exemplificações, para melhor fixação da 
temática e a possibilidade de cumulação o dano moral, diferenciado suas naturezas 
jurídicas. 
. 
Tomaremos como objeto de pesquisa, a doutrina, além da 
jurisprudência, da legislação, para análise desse instituto. 
Dessa forma, o presente estudo visa analisar esse tipo de problema 
social na esfera jurídica trabalhista. Para tanto, tratar-se-á do dano existencial, uma das 
formas de atingir a relação interpessoal e os propósitos de vida do trabalhador, bem como 
os efeitos trabalhistas desse tipo de dano. 
 
 
ORIGEM HISTÓRICA DO DANO EXTRAPATRIMONIAL 
 
Antes de adentrarmos na origem histórica do dano extrapatrimonial, 
mister se faz diferenciarmos o conceito de dano moral com o dano imaterial ou 
extrapatrimonial. 
Tais conceitos são usados atecnicamente como sinônimos, entretanto, 
o dano extrapatrimonial é gênero cuja espécie é o dano moral. 
Conforme diz Flaviana Rampazzo Soares (2007, p.17), conclui-se, 
por óbvio, que o dano extrapatrimonial é muito mais abrangente do que o dano moral. A 
equivocada equiparação causou grandes erros de avaliação de casos concretos, nos quais 
as circunstâncias não permitiam que os danos respectivos fossem propriamente 
3 
 
considerados como danos morais, sendo que, consequentemente, esses danos acabaram 
por ficarem desprotegidos, em razão da falta de um "enquadramento" adequado. 
No princípio dos tempos o dano em si gerava sentimento de vingança 
a pessoa que lesou. Nos primórdios da civilização, essa vingança era privada por 
intermédio da Lei de Talião, pois na época não existia um instituto jurídico para reparação 
dos danos. 
Na 3ª Dinastia Ur, na Suméria, por intermédio do Código de Ur, com 
suas normas incompletos, já reprimia a violência e a vingança, guardando semelhança 
com a Lei das XII Tábuas. Por conseguinte, surgem na Babilônia (Mesopotâmia) e na Índia, 
respectivamente, o Código de Hamurabi e o Manu. 
Na Mesopotâmia, através de Hamurabi, rei babilônico (1791-1750 
a.C), surgem os primeiros indícios de reparação de danos, visto que estava mitigado no 
Código de Ur. 
Esse código, tinha como base nos direitos individuais e aplicação das 
autoridades da religião babilônica e do Estado, uma ordem social onde “O forte não 
prejudicará o fraco”. Preocupando-se com a reparação e julgamento equânime dos direitos 
lesados. 
 Nos parágrafos 196,197 e 200 dessa norma jurídica, previam a 
sentença “Olho por olho, dente por dente”, constituindo uma das formas de reparação de 
dano, e nessa lei, previa a indenização pecuniária do lesado, com fito de voltar ao status 
quo ante, aplicados também nos tempos contemporâneos, prevista nos parágrafos 209,211 
e 212 do Código de Hamurabi. 
Na mitologia hindu, Manu, foi o homem que sistematizou as leis e a 
religião. O Código de Manu, tinha como objetivo doo ofensor a oportunidade de ressarcir a 
vítima pelos danos causados, através de pecúnia. 
O ápice da evolução na Responsabilidade Civil, foi adotada no 
Código de Hamurabi, Manu e Lei das XII Tábuas, por exemplo nos primeiro e terceiro 
código cedito, utilizava a lei do Talião e a Composição, transcrito explicitamente na Tábua 
VII, 11: “Se alguém fere a outrem, que sofra a pena de Talião, salvo se houver acordo”. 
4 
 
No direito Romano (Lei das XII Tábuas), teve significante importância 
para o ramo jurídico romano, pois nesse códex a busca pela recomposição de um dano 
injusto provocado a alguém, cabendo à vítima optar: através da vingança privada ou 
pecúnia, nessa época não havia preocupação com o liame da situação (elemento 
subjetivo), e não havia separação da esfera penal e civil 
Nessa seara, caracterizava a existência da reparação do dano, não 
fugindo das características dos códigos antigos, que a aplicabilidade da pena, afetava a 
integridade física ao agressor, mas também trouxeram o caráter pecuniário. 
Na modernidade, com o direito comparado, no direito italiano, a 
reparação do Dano Imaterial encontra base em seu código Civil, que prevê em seu art. 
2.059, que o dano extrapatrimonial será ressarcido, exclusivamente, por casos previstos na 
lei, ou seja, numerus clausus. 
No direito brasileiro, possui como marco histórico, o Decreto-lei 
n°2.681, de 7 de dezembro de 1912, que reconheceu o dano extrapatrimonial, pois essa 
regula a responsabilidade civil nas ferrovias, com foco no transporte de mercadorias e 
passageiros, incluindo as bagagens. Contudo, foi utilizado analogicamente na 
jurisprudência pátria, a todas celeumas sobre atividades de transportes. 
Posteriormente, o Código Civil de 1916, possuía diversas disposições 
que embasavam o pedido reparatória, por conseguinte, o Código Brasileiro de 
Telecomunicações, que em seus artigos 81 a 88, o admitia expressamente. 
A manifestação de pensamento e da informação que causa dano a 
outrem, passou a ser regulado pela Lei de imprensa. 
O Código Civil contemporâneo possibilitou, ainda que não haja 
prejuízos patrimonial, esse deve ser reparado, possuindo como égide as jurisprudências e 
doutrinas anterior a esse. 
Com a Lei 13.467, de 13 de julho de 2017, incluiu expressamente a 
expressão dano existencial em seu artigo 223-A ao 223-G, inclusive podendo ser cumulado 
com o dano patrimonial (artigos 223-F). 
 
5 
 
 
CONCEITO E CONFIGURAÇÃODO DANO MORAL, DO DANO MATE RIAL, 
DO DANO ESTÉTICO E DO DANO EXISTENCIAL 
 
Já discorrido a historicidade dos danos extrapatrimonial, iremos agora 
abordar os principais danos em espécie. 
Primeiramente discorreremos o conceito de dano moral, que trata de 
uma das espécies de danos extrapatrimoniais, que pode lesionar a pessoa jurídica e 
físicas, decorrente de um ou vários fatos danosos. Silvio Venosa (2009, p. 40) assim cita: 
Dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima. 
Sua atuação é dentro dos direitos de personalidade. Nesse campo, o prejuízo transita 
pelo imponderável, daí por que aumentam as dificuldades de se estabelecer a justa 
recompensa pelo dano. Em muitas situações, cuida-se de indenizar o inefável. 
O doutrinador civilista, Orlando Gomes, complementa o dano moral 
como a lesão que não produz qualquer efeito patrimonial, ou seja, por exclusão. 
Imperioso salientar, que esse tipo de dano afeta os direitos da 
personalidade no sentido lato, como o nome, a imagem, à privacidade, entre outros, dessa 
forma, não causando somente efeitos psicofísico, mas também um desolo 
comportamental, a ser avaliado caso a caso. 
O dano moral trabalhista pressupõe a existência de três requisitos: a 
prática de ato ilícito ou com abuso de direito (culpa ou dolo), o dano propriamente dito e o 
nexo causal entre o ato praticado pelo empregador ou por seus prepostos e o dano sofrido 
pelo empregado. 
O dano material, consiste na lesão aos bens materiais de um 
indivíduo, podendo ser esse emergente, tratando-se de gastos feitas pela vítima que 
devem ser ressarcidos, ou lucro cessante, valor que o lesionado deixa de auferir. 
Essa espécie de dano, pode ser tanto de empregado para 
empregador quanto de empregador para empregado. E seus requisitos para configuração 
são: a ação, o dano, o nexo de causal e a culpa. 
6 
 
Como exemplo, pode-se citar o desconto por multa de trânsito, 
praticado por empregado motorista, esse terá que ressarcir o seu empregador, podendo 
ser deduzido do contracheque, nesse sentido: 
RESTITUIÇÃO DE DESCONTOS. MULTAS DE TRÂNSITO. Autorizado pelo 
reclamante a realização de descontos em folha de pagamento, decorrentes de danos 
causado à empregadora por culpa ou dolo do empregado motorista, resta descabida 
a pretensão de ressarcimento de valores descontados a esse título, nos termos do art. 
462, § 1º, da CLT. Recurso provido no item. (TRT-4 – RO 58-38.2014.5.04.0531, 
Relator: Rosane Serafini Casa Nova, Data de Julgamento: 11/11/2015, 1a. Turma) 
O dano estético, compreende a lesão, de forma permanente ou 
temporária, à beleza física da vítima. Caso esse dano venha impedir a vítima ao labor, com 
a deformação ou cicatriz no rosto de uma modela, esse passa assumir feições de dano 
patrimonial este estará englobado por essa, causo traga angustia, dor, sofrimento a lesão, 
está estará englobado pelo dano material, conforme cita Júlio César Bebber (2009, p.4). 
 Os requisitos configuradores do dano estético são: a lesão, a 
aparência e a permanência do dano. 
Considerando os breves comentários dos danos em espécie, 
necessário maior adendo ao dano existência, tema principal desse artigo. 
Trata-se do instituto originário da Itália, incidindo pela primeira vez 
no ano de 2000, onde a Corte de Cassação da Itália, reconheceu o direito de reparação 
por dano existencial, na sentença nº 7.713, tratando o dano como uma espécie de dano 
extrapatrimonial, diversa do dano moral e independente de conduta criminosa. (SOARES, 
2009, p.43). 
A referida sentença foi marco da evolução do posicionamento italiano 
que avançou quanto a hipótese de responsabilização do dano, que a partir do fim dos 80 
inicios dos anos 90, admitiu uma nova espécie de dano indenizável, o dano biológico. 
Esse instituto se divide no dano ao projeto de vida e no dano à vida 
de relações. 
O dano projeto de vida alicerça-se na ofensa ao empregado da sua 
autorrealização integral. Pois todo ser humano tem um proposito, para a sua existência, 
até quando esse não possui propósito, há um propósito de não se preocupar, podendo o 
labor, quando por uma ilicitude trabalhista, afetar esse equilíbrio a sua autorrealização, ou 
7 
 
seja, as alterações de caráter não pecuniário na existência do indivíduo nas condições de 
existência, afetando a sua vida e das pessoas que fazem parte do seu laço afetivo (família 
e amigos). Representa que a vítima deixa de desenvolver seus anseios e objetivos 
pessoais, causando frustações que não podem ser superadas tão facilmente com o 
decorrer do tempo. 
Por conseguinte, o prejuízo à vida de relação, decorre da relação 
interpessoal, a necessidade de sociabilidade do homem, tanto intrafamiliar, quanto 
extrafamiliar, como o direito de conhecer pessoas, fazer amizade, ter um relacionamento 
próximo a sua parente, entre outras. 
Urge salientar, que o Brasil foi a primeira nação a possuir positivado 
na legislação o termo dano existencial, diccionado no artigo 223-B da Consolidação das 
Leis Trabalhistas, apesar da definição está na doutrina e na jurisprudência, pois a men 
legis, não deixou claro sua configuração. 
Para configurar esse dano, há de se fazer presente o nexo causal ou 
etiológico entre o evento danoso e o considerável impedimento ao projeto de vida ou à vida 
de relação da vítima, e diferentemente do dano moral que não exige prova, in re ipsa, o 
dano existencial exige prova, visto sua característica sui generis. 
 
EXEMPLOS DE DANO EXISTENCIAL NA SEARA TRABALHISTA 
 
Para melhor fixação, necessário exemplificar casos na seara 
trabalhista. 
Primeiro exemplo: é o caso do funcionário que labora todos os finais 
de semana, durante todo o pacto laboral, mesmo que haja o pagamento em dobro, todas 
as prospecções das verbas trabalhistas, inicialmente esse terá sanções administrativas, 
prevista na Lei 605, de 5 de janeiro de 1949. 
Além da supramencionada medida auditorial fiscalizatória, o 
empregador, terá que indenizar o empregado, pois isso afetará sua relação social 
intrafamiliar e extrafamiliar, senão diga-se, esse poderia fazer um curso durante o final de 
8 
 
semana antes de ser contratado, e após contratado torna-se costumeiro o labor no final de 
semana, afetando o projeto de vida desse de possuir mais qualificação profissional. 
O respeito aos limites da jornada de trabalho e a fruição plena dos 
intervalos, segundo a doutrina, são fundamentais para que o empregado não veja sua 
existência ameaçada. 
Segundo exemplo: Um trabalhador rural jovem, que perde sua 
genitália no maquinário agrícola, e esse tinha o projeto de vida de possuir filhos, restou 
frustrado sua capacidade reprodutiva. 
Nesse exemplo, vê-se, uma frustação ao direito da paternidade, 
ferindo a dignidade da pessoa humana, inclusive, podendo ser cumulado com dano 
moral(que será discutido no tópico “CUMULAÇÃO DO DANO MORAL E DO DANO 
EXISTENCIAL”), pois há uma afronta ao direito de personalidade. 
Quiçá, esse jovem na época não possuísse relacionamento amoroso 
(casamento, união estável ou namoro), esse ficaria prejudicado para adquirir um 
relacionamento, pois a reprodução é um dos bens essências da vida, inclusive no Brasil 
com base cristã (umas das bases bíblica é o crescer e multiplicar). 
Terceiro exemplo: Trabalho infanto-juvenil em jornada diversa de 
aprendiz e estagiário, é um exemplo clássico, pois o tempo não volta para o menor, que 
ver privado o lazer, a educação, em detrimento do labor, ademais de se tratar dos 
trabalhos vexatórios, ou em condição análoga de escravo, que já afeta um ser humano em 
sua idade núbil, quanto mais um menor de 16 anos. 
O doutrinador Hidemberg Alves da Frota, traz como exemplos em seu 
artigo “Noções Fundamentais sobre o Dano Existencial” (2013. P. 68-69): 
Possíveis situações caracterizadoras de dano existencial (rol meramente 
exemplificativo): 
a) A perda de um familiar ou o abandono parental em momentocrucial do 
desenvolvimento da personalidade. 
(b) O assédio sexual. 
(c) O terror psicológico no ambiente de trabalho, no contexto escolar ou na intimidade 
familiar. 
(d) A violência urbana ou rural. 
9 
 
(e) Atentados promovidos por organizações extremistas e o terrorismo de Estado. 
(f) Prisões arbitrárias ou fruto de erro judiciário1. 
(g) Guerras civis, revoluções, golpes de Estado e conflitos armados multiétnicos e 
internacionais. 
(h) Acidentes de trânsito ou de trabalho. 
Passado os exemplos fictícios, necessário tecer exemplo 
jurisprudencial, conforme abaixo: 
(...) 5. DANO EXISTENCIAL. PRESTAÇÃO EXCESSIVA, CONTÍNUA E 
DEZARRAZOADA DE HORAS EXTRAS. CONFIGURAÇÃO. O excesso de jornada 
extraordinária, para muito além das duas horas previstas na Constituição e na CLT, 
cumprido de forma habitual e por longo período , tipifica, em tese, o dano existencial, 
por configurar manifesto comprometimento do tempo útil de disponibilidade que todo 
indivíduo livre, inclusive o empregado, ostenta para usufruir de suas atividades 
pessoais, familiares e sociais. A esse respeito é preciso compreender o sentido da 
ordem jurídica criada no País em cinco de outubro de 1988 (CF/88). É que a 
Constituição da República determinou a instauração, no Brasil, de um Estado 
Democrático de Direito (art. 1º da CF), composto, segundo a doutrina, de um tripé 
conceitual: a pessoa humana, com sua dignidade; a sociedade política, 
necessariamente democrática e inclusiva; e a sociedade civil, também 
necessariamente democrática e inclusiva ( Constituição da República e Direitos 
Fundamentais – dignidade da pessoa humana, justiça social e Direito do Trabalho . 3ª 
ed. São Paulo: LTr, 2015, Capítulo II). Ora, a realização dos princípios constitucionais 
humanísticos e sociais (inviolabilidade física e psíquica do indivíduo; bem-estar 
individual e social; segurança das pessoas humanas, ao invés de apenas da 
propriedade e das empresas, como no passado; valorização do trabalho e do 
emprego; justiça social; subordinação da propriedade à sua função social, entre 
outros princípios) é instrumento importante de garantia e cumprimento da 
centralidade da pessoa humana na vida socioeconômica e na ordem jurídica, 
concretizando sua dignidade e o próprio princípio correlato da dignidade do ser 
humano. Essa realização tem de ocorrer também no plano das relações humanas, 
sociais e econômicas, inclusive no âmbito do sistema produtivo, dentro da dinâmica 
da economia capitalista, segundo a Constituição da República Federativa do Brasil. 
Dessa maneira, uma gestão empregatícia que submeta o indivíduo a reiterada e 
contínua jornada extenuante, que se concretize muito acima dos limites legais, em 
dias sequenciais, agride todos os princípios constitucionais acima explicitados e a 
própria noção estruturante de Estado Democrático de Direito. Se não bastasse, essa 
jornada gravemente excessiva reduz acentuadamente e de modo injustificável, por 
longo período, o direito à razoável disponibilidade temporal inerente a todo indivíduo, 
direito que é assegurado pelos princípios constitucionais mencionados e pelas regras 
constitucionais e legais regentes da jornada de trabalho. Tal situação anômala 
deflagra, assim, o dano existencial, que consiste em lesão ao tempo razoável e 
proporcional, assegurado pela ordem jurídica, à pessoa humana do trabalhador, para 
que possa se dedicar às atividades individuais, familiares e sociais inerentes a todos 
os indivíduos, sem a sobrecarga horária desproporcional, desarrazoada e ilegal, de 
intensidade repetida e contínua, em decorrência do contrato de trabalho mantido com 
o empregador. Logo, configurada essa situação no caso dos autos, deve ser 
restabelecida a sentença, que condenou a Reclamada no pagamento de indenização 
por danos morais no importe de R$ 5.000,00. (RR-1355-21.2015.5.12.0047, 3ª Turma, 
Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 10/11/2017). 
 
10 
 
A jurisprudência, supramencionado, relata sobre um trabalhador, que 
possuía a função assistente técnico de empresa de telefonia, onde tinha jornada de 7h30 
as 21h, de segunda a sexta-feira, com folgas em fins de semana alternados e também era 
plantonista, das 22h às 5h entre domingo e segunda-feira, essa jornada excessiva devia-se 
ao fato do déficit de funcionário da empresa. 
O ministro Maurício Godinho Delgado, o relator desse julgado, frisou 
o empregador que impõe a o empregado jornada exaustiva, bem acima dos limites 
previstos em lei, com costumeiro decréscimo do repouso semanal, violando ditames 
constitucionais e os fundamentos do Estado Democrático de Direito, por afastar o direito ao 
tempo extraprofissional, ou seja, a vida particular. 
 
 
CUMULAÇÃO DO DANO MORAL E DO DANO EXISTENCIAL 
 
Apesar do dano moral e existencial serem espécies do dano 
extrapatrimonial, esses possuem diferenças. Não podem ser consideradas expressões 
equânimes, como é equivocadamente utilizado nas jurisprudências antigas. 
O dano moral trata-se da violação sofrida pelo indivíduo na tocante 
questão do direito da personalidade (honra, nome, etc.). Portando, um aspecto não 
necessariamente pecuniário, que traz efeitos íntimos ao lesionado. Para o doutrinador e 
jurista Godinho Delgado, esse instituto jurídico atinge subjetivo do sujeito de direito, e 
ferindo a esfera personalíssima inerente a adjetivação da pessoa humana, como a 
integridade psicofísica, a honra, entre outros, causando angustia e dor. 
Já o dano existencial, independe de efeito econômico ou financeiro, 
trata-se de um instituto que não atinge o íntimo do laborador, e esse decorre de uma 
frustração que impede a realização pessoal do trabalhador. 
Esse diferencia-se do dano moral. Enquanto esse possui efeitos 
íntimo e não exige prova (subjetivo), aquele tem com exigência a constatação do fato 
lesionador no contexto social (objetiva). 
11 
 
A jurista, Flaviana Rampazzo Soares (2009, p.46), ressalta o dano 
moral reside no fato do sentir no momento do ato lesivo e aquele manifesta-se em 
momento posterior, pois é uma sequência de alterações prejudiciais na rotina do individuo 
Tecidos a diferenciação, é possível a acumulação desses dois 
institutos? 
No contexto da relação laboral, desde que proveniente da mesma 
estrutura fatídica poderá acumular essas espécies de danos. Nesta mesma senda pode 
cumular o dano moral com o dano material e, conseguinte, com o dano estético. 
Dessa forma, considerando o mesmo fato e as naturezas 
diferenciadas desses institutos, quando afetar as atividades particulares do empregado, 
que causar dano a sua saúde física ou mental, causado pelo excesso da jornada, poderá 
haver cumulação dos pedidos. 
Portanto, assevera o doutrinador Amaro Alves (2005, p. 68) que "o 
reconhecimento do dano existencial, para figurar ao lado do dano moral, revela-se 
imprescindível para a completa reparação do dano injusto extrapatrimonial cometido contra 
a pessoa", cumprindo assim a função socioeducativa desses institutos, para evitar novas 
demandas, através da sanção pecuniária. 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 A Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017 nos revela, 
inexoravelmente, o grande marco legislativo, na parte em que inclui no Decreto-Lei nº 
5.452, de 1º de maio de 1943, o art. 223-B. Contudo , essa Lei só citou o instituto, sem 
conceituá-lo e informar os requisitos da sua configuração, obrigando a o judiciário a um 
ativismo judicial, visto as diversas omissões presentes no código, criando uma certa 
insegurança jurídica. 
12 
 
Conforme, observa na sociedade brasileira, o sistema jurídico 
brasileiro como o italiano é civil law, entretanto, conforme cedito, o instituto, vem ganhando 
espaço na doutrina e na jurisprudência principalmente, fazendo com que o sistema 
nacional migre cada vez mais para o sistema de precedentes (commom law), considerando 
que essa também é a origem do instituto. 
Dessarte, certifica-se que apesar dessa omissão supramencionado, o 
instituto,é um divisor de águas, para uma justa indenização do direito do ser humano de 
ser ressarcido, diante de um dano a sua existência, na seara extraprofissional, e ter 
garantido o projeto de vida e a relação interpessoal do indivíduo. 
REFERÊNCIAS 
 
DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma trabalhista no 
Brasil . São Paulo: LTr, 2017. 
FROTA, Hidemberg Alves da. Noções Fundamentais sobre Dano Existencial . Tribunal 
Superior do Trabalho. 2013. Disponível em < 
https://juslaboris.tst.jus.br/bitstream/handle/20.5 
00.12178/95532/2013_frota_hidemberg_nocoes_fundamentais.pdf?sequence=1>, acessado 
em 20/11/2019. 
SOARES, Flaviana Rampazzo. Dano existencial: uma leitura da responsabilidade c ivil 
por danos extrapatrimoniais sob a ótica da proteção humana. 2007. 227 f. Dissertação 
(Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito – PUCRS, Porto Alegre. 
___________. Responsabilidade civil por dano existencial . Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2009. 
BEBBER, Júlio César. Danos Extrapatrimoniais (Estético, Biológico e 
Existencial).Breves Considerações. Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região. 2009. 
Disponível em <http://www.trt24.jus.br/arq/download/biblioteca/24opiniao/Danos%20extrapat 
rimoniais.pdf>, acessado em 06/12/2019.

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