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AULA 4 RONALDO DANIELA FRANCO CASO CLÍNICO Senhora de 76 anos, com febre, já teve antes. Sempre que paciente tem febre pensamos primeiro em infecção. Pensamos onde está o foco e qual é o microrganismo, pensando primeiro em bactérias, vírus e fungos. Na primeira semana procurou atendimento e foi prescrito amoxicilina, paciente tinha febre e afitas na boca. Como se diagnostica atrofia renal. Infecção de boca: mucosite • Herpes: não é na mucosa, é mais de lado, base eritematosa, com lesões bolhosas e evolui com ulceras ressecadas, e é dolorosa. Em pacientes imunocomprometidos, em situações graves pode ser Herpes disseminada. Não é o caso da senhora. • Lesão bacteriana: raro. Na boca tem a S. aureus, Streptococcus, gram +. A amoxicilina pega bem esses. Pode ter germes com resistência a penicilinas, o ideal para prescrever pensando em boca, o ideal é associar com Clavulim. • Lesões fúngicas: monilíase oral (sapinho), mais comum. Normalmente não tem febre. Não melhorou a febre, passou ciprofloxacino (gram -), serve para pulmonares (mas não é a melhor, levo, moxifloxacino é melhor), usa também quando pensa em foco urinário (+norfloxacina). Lesão oral não melhorou, talvez não tratou corretamente. Hipóteses: Pode pensar em infecções sistêmicas, não tem sintoma muito bem definido. Ela pode ter uma lesão oral que entrou um gram +, fez bacteremia, tinha uma lesãozinha na válvula, e teve endocardite. Tem perda de peso e cansaço, indícios de imunocomprometimento. Pode pensar em HIV, pessoas idosas podem ter manifestação tardia. Antecedentes sexuais seria importante. Refere perda de 12 kg, sem intenção, só reduziu o apetite, aumento da sonolência e um sono não reparador. Cansaço aos mínimos esforços associados a dores ósseas. teve sangramento gengival a 6 meses. Hematomas as mínimas pancadas. Indícios de poucas plaquetas ou déficit de fator de coagulação (hemofilia). Principal função das plaquetas é formar o tampão plaquetário que evita sangramento de pequenos vasos e estabilizar o coagulo. Alguém que tem plaqueta ruim vai ter facilidade de sangramento de pequenos vasos, formação de petéquias. Fígado produz trombopoetina que avisa a medula pra produzir plaqueta, e a plaqueta é derivada de megacariócitos. Se tenho doença hepática com hipertensão portal, vai ter esplenomegalia, e o baço aprisiona as plaquetas, fazendo diminuir o número de plaquetas (plaquetopenia). O QUE PLAQUETA TEM A VER COM LEUCEMIA? Plaqueta não tem a ver diretamente com imunidade, mas pode refletir uma reação imutaria. HEMATOPOESE Na medula óssea tem as células tronco, ela se prolifera e se divide na linhagem linfoide (imunidade humoral) e mieloide. Megacariocítica (plaquetas), eritroide e linhagem mieloblastos (neutrófilos, basófilos, é imunidade celular) No caso tem alteração de plaquetas e de mieloblastos, por que a pessoa teria problemas em tudo isso ao mesmo tempo? Pode ser problema de medula. Doença mielodisplásica, poderia ser câncer (leucemia). No caso do HIV pode interromper a função de células TCD4, esse faz apresentação de antígenos para linfócitos B. O que não bate com HIV aqui é a alteração plaquetária. Mas pode ter coinfecção com hepatite e HIV. Difícil ser HIV. Câncer de medula: • Mieloma múltiplo, causas essas alterações. • Leucemia: No esmalte tem benzeno que pode ser fator de risco para leucemia. Quadro parecido com de HIV, leucemia é diagnóstico diferencial. • Linfoma: É uma proliferação desordenada de uma célula linfoide, mas que já está fora da medula, vai estar no gânglio linfático ou no baço. A lesão primária do linfoma não começa na medula, porém, pode invadir a medula, funciona como se fosse uma leucemia. Tem febre, pode ter anemia, mas a plaquetopenia não casa, a não ser que o linfoma invada a medula. Teve sangramento genital (metrorragia) intermitente a 6 meses, ela já está na menopausa, isso não é normal. Pensar na possibilidade de câncer do trato genital. HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS • Leucemias. Aguda ou crônica, como diferenciar? Leucemia linfoide teria 20-30% de células jovens neoplásicas disfuncionais na periferia. A crônica pode se tornar aguda a qualquer momento. Tem células jovens • Linfoma com infiltração medular. • Outras doenças mielo proliferativas. • Pancitopenia: exposição a solventes pode levar a aplasia de medula, não tem produção de células. Acaba células tronco, e começa a dar sintomas de anemia, linfo citopenia de toda a linhagens. Não tem células jovens, não produz nada • HIV, e outras infecções virias (Hepatites virais, citomegalovírus, HTLV) EXAME FÍSICO Tem um gânglio linfático aumentado, suspeito quando é maior, formando cadeias coalescentes, pouco móveis, aderidos a plano profundo, tendem a ser duros e indolores. Tem sinais de anemia, descorada e cansaço. Parece ter hepatoesplenomegalia. Podemos pensar em hepatite, mas no começo não tem aumento do baço só quanto tiver hipertensão portal. O baço pode aumentar de tamanho e trabalhar mais ou trabalhar mais e aumenta de tamanho. Se tiver infecção por outros vírus pode causar hepatite, exemplo é a corona vírus mais tardio. Parece monília (sapinho) mesmo. • Eritema: vermelhidão • Enantema: vermelhidão na mucosa (eritema mucoso) • Exantema: (Varicela, Kawasaki, Rubéola, sarampo) presença de lesões com eritema cutâneo. • Purpura: diminuição do número total de plaquetas. Fixa. • Petéquia: fruto de vasodilatação, essa some quando aperta. • Equimose: roxo sem acúmulo de sangue no local, não tem volume. • Hematoma: precisa ter coleção de sangue, bolsa de sangue. Quando passa a mão tem volume. EXAMES COMPLEMENTARES Hemograma • Paciente tem anemia, de padrão normocítica e normocrômica. • Tem leucocitose, vamos olhar o diferencial dos leucócitos. 78% de blastos no sangue periférico, não era pra ter nenhum. Tem maturação dos neutrófilos que normalmente acontece na medula, na periferia está tendo bastões e maduros. O que estimula isso? Infecções graves. Não tem leucopenia, mas a maior parte é blasto. • Tem poucos linfócitos, abaixo de 200 tem muito risco de doença oportunista. 20% desse são CD4, ela tem 30 o normal é ter 200, é muito pouco. • 24.000 plaquetas o normal é acima de 150.000. Processo de maturação do neutrófilo A células linfoide da origem aos linfoblastos que da origem aos linfócitos B e T. E a linhagem mieloide da origem aos eritroide, megacariócitos (plaquetas) e mieloblastos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos). O núcleo vai perdendo volume e o núcleo vai segmentando. É normal ter bastões e maduros na periferia. O desvio a esquerda é ter a presença de células mais jovens que os bastões na periferia ou quantidade excessiva de bastões (>10%). O que provoca isso é infecções bacterianas graves ou proliferação exacerbada, processos mielo proliferativos. Além disso, medicamentos podem provocar leucocitose com desvio a esquerda, o uso de corticoides. O não escalonado libera tudo desorganizado, sem a ordem de maturação, manda qualquer um, não é gradual. Ocorre em situações extremas, infecções gravíssimas ou câncer (doença mielo proliferativa). O hiato leucêmico não encontra o meio das células, tem só começo e fim. A reação leucemoide é encontrar mais de 100.000 leucócitos, tem tantas células que o sangue fica viscoso. Tem leucocitose, fica mais lento, mais difícil de passar (células brancas maiores que hemácias). • Tem 24.000 plaquetas é obvio que vai ter um pouco de sangramento. • VHL normal • Bilirrubina pede, pois ela tem fígado grande, e pode ter anemia hemolítica. Não é o caso VHL e bilirrubina normal. • Reticulócitos estão aumentados, das hemácias que estão circulando, uma quantidade maior é jovem. • Ácido Úrico bem alto, é um resíduo do metabolismo de purinas (ácido nucléico), ou seja, está tendo muita degradação de ácido nucleico, ou o fígadonão está conseguindo metabolizar de forma adequada o ácido úrico. Dentro da célula tem K+ então pode estar aumentado, o principal tampão dentro da célula é o fosfato, se tem muita lise celular vai ter muito K+ fosforo, VHL alto e acido úrico aumentado. • Sorologia para hepatite B e C, ambos negativos. EVOLUÇÃO O mielograma, serve para ver a funcionalidade da medula, é uma amostra das células, mas não vê a estrutura das células (para ver a estrutura tem que fazer biópsia) Tida vez que tem neutrófilos menos que mil mais febre tem diagnóstico de neutropenia febril. (isso ocorre em pacientes pós-quimioterapia). Antibióticos usados: Cefepime é uma cefalosporina 4° geração cobre bem gram negativo (de acordo com que evolui a geração vai perdendo para gram + e ganhando para gram-). E a vancomicina cobre bem gram positivo. No esfregaço quando tem muito blasto no sangue periférico (sabemos que é blasto pois o núcleo sobre todo espaço das células). E a paciente tem uma crise blastica, se era uma leucemia crônica ela agudizou ou é aguda. Esse cabinho no núcleo são bastões de Auer, agrupamentos de material de forma aguda. Mielograma cheio de blastos, e os bastões mais esse mielograma sugere blastos mieloides. LEUCEMIAS Conceito: Proliferação anormal hematopoiética de clone celular que responde mal aos mecanismos de regulação normal. Infiltra M.O => comportamento como aplasia = hemorragias, anemia e infecções. Pode infiltrar fígado, baço, linfonodos, SNC, meninges, etc. Classificação geral: a) aguda x crônica (grau de diferenciação das células/presença de blastos) b) mieloide ou linfoide (célula de origem) LEUCEMIA LINFOIDE LEUCEMIA LINFÓIDE CRÔNICA • Linfócitos maduros com baixa taxa de proliferação. • 98% são Linfócitos B. • Formas T + agressivas. (mais raras) • Pacientes idosos / anemia/ esplenomegalia (infiltração de linfócitos B) / assintomáticos/ linfocitose (parece infecção viral, mas fica muito tempo) • Longevidade não afetada pela doença (da pouca infecção secundária), exceto quando desenvolve a síndrome de Richter (transformação da leucemia linfóide crônica (LLC) para o linfoma não-Hodgkin com alto grau de malignidade, é raro) LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA • Linfócitos imaturos (linfoblastos), precursores, 80% B, • Boa chance de cura com terapêutica específica. • Crianças /sangramentos / infecções de repetição / hepatoesplenomegalia/ infiltração de SNC frequente • Prognóstico: 50% cura (terapêutica agressiva) LEUCEMIA MIELOIDE LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA • Granulócitos em vários estágios de maturação (leucemias crônicas tem células mais maduras, agudas tem mais precoces mais parecidas com célula tronco, por isso prolifera mais). • 90% dos casos com cromossomo Philadelphia t(9;22) (q34;q11) - BCR/ABL – Proteína p210 • Adulto / leucocitose/ febre/ esplenomegalia/ fadiga • Prognóstico: depende da fase da doença (crônica: < 10% de blastos no sangue periférico – acelerada: entre 10 a 20 % e Crise blastica: > 20%), idade (>60anos), demais alterações hematológicas (anemia, plaquetopenia), infiltração óssea e comprometimento do baço. LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA • Composta por blastos diferenciando em granulócitos imaturos. • Presença dos bastonetes de Auer • Adultos / cansaço / febre / petéquias / linfonodomegalia / esplenomegalia/ hepatomegalia / sarcoma granulócito = cloroma = tumor extramedular. • Sobrevida: 1- 3 meses / óbito por infecção ou hemorragia É causada por um defeito genético adquirido no DNA de células em desenvolvimento na medula óssea, levando a: • Proliferação exagerada de células imaturas e acumulação de blastos. • Bloqueio da hematopoese normal, levando à diminuição de glóbulos vermelhos (anemia), plaquetas (trombocitopenia) e leucócitos, principalmente neutrófilos (neutropenia). INCIDÊNCIA - 3,6/100.000 pessoas por ano (EUA) - Forma predominante de leucemia no período pré-natal - Incidência aumenta com a idade - 15-20% das leucemias agudas em crianças - 80% das leucemias agudas em adultos - Mais frequente no sexo masculino (4,0 x 3,3) ETIOLOGIA Em muitos casos de LMA, a causa não é evidente. No entanto, há vários fatores associados a um risco mais elevado: • Predisposição genética – Síndrome de Down, Klinefelter (XXY) e Patau (trissomia 13) associados com maior incidência de LMA • Doenças hematológicas – síndromes mielodisplásicas (exposição ao benzeno) • Exposição a altas doses de radiação - por ex, Nagasaki e Hiroshima. A radiação terapêutica tem um risco muito reduzido, aumentando, no entanto, quando associada a determinados fármacos (por ex. agentes alquilantes usados em quimioterapia) • Medicamentos – agentes alquilantes, inibidores da topoisomerase II e outros • Exposição a químicos - por ex, benzeno na indústria farmacêutica, pesticidas, tintas e vários componentes do fumo do tabaco • Não há qualquer evidência de etiologia viral. CLASSIFICAÇÃO 1. Morfológica e citoquímica ◦ ≥20% mieloblastos no sangue e/ou medula óssea (OMS) ◦ Pontilhado basófilo fino; 2 a 5 grandes nucléolos por célula ◦ Grânulos citoplasmáticos “Auer rods” ◦ Reação mieloperoxidase + em >3% dos blastos – Dx diferencial com LLA 2. Imunofenotípica ◦ Citometria de fluxo: células marcadas com anticorpos monoclonais para antígenos de superfície para identificação do tipo celular envolvido. 3. Cromossômica ◦Anomalias citogenéticas (patognomónico): t(15;17)(q22;q12) em M3 e inv(16)(p13;q22) em M4Eo ◦ Anomalias cromossômicas: t 11q23 em M5, t(8;21) e t(15;17) em pacientes mais novos e del(5q) e del(7q) em pacientes mais velhos 4. Molecular ◦ Vários genes estão envolvidos na gênese das leucemias. As alterações moleculares encontradas são usadas para diagnóstico e detecção de doença residual, após o tratamento. É importante realizar essa classificação para delimitar o tratamento mais adequado e ter noções de prognóstico. SINTOMAS Consequência da anemia: Fadiga, palidez, anorexia e perda de peso Consequência da trombocitopenia: Alterações da hemostasia (hemorragias, petéquias e equimoses frequentes) (5%) Consequências da leucopenia e presença de blastos: Febre com ou sem infecção identificada (10%). Dor óssea ou articular, linfadenopatia Atingindo o cérebro e medula espinhal pode provocar cefaleias, lombalgia e vômitos. Muito raramente aparecem sarcomas granulocíticos ou cloromas. Febre, esplenomegalia, hepatomegalia, linfadenopatia, e evidência de infecção e hemorragias. 15% dos doentes apresentam hemorragia na retina Achados hematológicos - Anemia (geralmente normocrômica, normocítica); Diminuição dos reticulócitos e da sobrevida dos eritrócitos; pode ser secundária a hemorragias ativas - Alterações funcionais e morfológicas dos neutrófilos. Alteração da fagocitose e migração. Lobulação e granulação alteradas - Trombocitopenia: Diminuição da produção e da sobrevida das plaquetas. Plaquetas grandes e bizarras, com granulação anormal. Incapacidade de agregação => petéquias, equimoses, hemorragias mucosas AVALIAÇÃO PRÉ-TRATAMENTO Estudo da história clínica, exame físico, exames complementares de diagnóstico (laboratoriais e radiológicos), acompanhado de aconselhamento ao paciente. Deve-se dignosticar o subtipo de LMA e avaliar a integridade funcional de sistemas e orgãos, para poder decidir qual o tipo de tratamento mais adequado e poder avaliar o prognóstico da doença. FATORES PROGNÓSTICOS (influenciam a entrada em remissão completa, a duração dessa mesma remissão e a possibilidade de cura da LAM) Estudando o sangue e medula óssea: bom prognóstico ◦ Neutrófilos (sangue) ≥ 1500/µL ◦ Plaquetas ≥ 100000 /µL ◦ Blastos circulantes ausentes (<5% na medula óssea) ◦ Presença de 3 linhagens em maturação na medula óssea, com celularidade > 20% ◦ Leucemia extramedular não deve estar presente Nota: A Hb e o Ht não são considerados. Para doentes em remissãocompleta, são usadas técnicas de RT-PCR e FISH para se detectar doença residual e assim avaliar a necessidade de tratamento adicional e/ou alternativo. FATORES DE RISCO PARA O TRATAMENTO • Idade ao diagnóstico – quanto mais avançada a idade, pior o prognóstico (LAM mais resistente) • Doenças crônicas concomitantes – limitam a tolerância à terapêutica agressiva da LMA • Achados cromossômicos e marcadores celulares: Bom prognóstico: t(8;21), inv(16) e t(15;17) Mau prognóstico: inv(3) • Intervalo sintomático prolongado com citopenias precedendo o diagnóstico; doenças hematológicas prévias – diminuição do tempo de sobrevida do doente (quanto mais prolongada a doença, menor a resposta à quimioterapia). • Leucócitos muito elevados durante a remissão completa (>100.000/ uL) – a duração da remissão completa é inversamente relacionada com a contagem de leucócitos ou mieloblastos circulantes. DIAGNÓSTICO DIFERECIAIS • Leucemia aguda em crianças com síndrome de Down deve distinguir-se de doença mieloproliferativa transitória. • Pseudoleucemia (situação em que o aspecto da MO é semelhante à leucemia promielocítica) resultante de agranulocitose devido a infecção por Pseudomonas aeruginosa ou induzida por drogas – os valores de plaquetas podem ser normais mas a leucopenia é mais acentuada que na LMA e os promielócitos não contêm os “Auer rods”. • Reações do tipo “leucêmica” e pancitopenias não- leucêmicas devem distinguir-se da LMA pela ausência de blastos leucêmicos no sangue ou MO. TRATAMENTO • 2 fases: o Indução o Pós-remissão (prolongar sobrevida e curar) Nota: muito importante a influência da idade
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