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AULA 6 ESTRATÉGIA DE MARKETING NA ERA DIGITAL Profª Bruna Cescatto Costa 2 INTRODUÇÃO Chegamos à nossa última aula, e o nosso assunto central é comunicação, ou o “P” de promoção. Até então, já vimos sobre criação da proposta de valor e como a pesquisa de marketing pode ser realizada. Também discutimos sobre gestão de marcas e alguns aspectos centrais dos “Ps” de produto, preço e praça, e como lidar com os desafios da Era Digital. Todavia, todas essas decisões não terão impactos significativos no volume de vendas se tudo isso não for comunicado de maneira adequada aos consumidores-alvo. A comunicação, portanto, é a forma como as empresas podem comunicar, lembrar os consumidores da marca e persuadi-los a comprar seus bens e serviços (Kotler; Keller, 2012). Com o uso cada vez mais popular de smartphones, mídias sociais, entre outras ferramentas tecnológicas, os meios de comunicação de massa vêm perdendo sua eficácia. Empresas têm conseguido mais sucesso na comunicação de marketing quando realizam seu plano de comunicação considerando canais digitais de comunicação, bem como escolhendo nichos para atuarem. Então vamos aprofundar um pouco mais esse aspecto do marketing. Mas antes de falarmos sobre as decisões de comunicação, é importante lembrar que toda decisão deve mirar um objetivo. Por isso, vamos ler sobre os objetivos de comunicação que podemos perseguir ao planejar nossas ações sobre o assunto. Esses objetivos são uma sugestão. Os autores Kotler e Keller (2012) nos dizem que uma comunicação eficaz é capaz de atingir diversos objetivos. Mas é importante que escolhamos ao menos um e que sigamos como prioridade para que tenhamos foco nas nossas decisões. Principalmente se fazemos parte de pequenas e médias empresas, que precisam de escopos mais delimitados devido à limitação de recursos. Agora, daremos prosseguimento nas decisões a respeito da comunicação. Saiba mais Acesse o livro “Administração de marketing”, de Kotler e Keller (2012), disponível na Biblioteca Virtual Pearson, e leia o item “Determinação dos objetivos da comunicação”. Para acessar, basta digitar como palavra-chave o título do livro. 3 TEMA 1 – SELEÇÃO DOS CANAIS DE MARKETING Esses canais de marketing são um pouco diferentes dos canais que vimos anteriormente. Os que vimos tratavam de canais de marketing para a entrega de valor. Os canais que iremos tratar agora são criados com o objetivo de comunicação com o cliente, ainda que um mesmo canal pode ser utilizado tanto para entrega de valor, quanto para comunicação com o cliente. Com o aumento do número de canais de comunicação e o cliente exposto a milhares de mensagens por dia, escolher canais eficientes se torna uma tarefa não tão simples. Para facilitar seu entendimento, vamos segmentar os canais de comunicação entre canais pessoais e canais impessoais (Koetler; Keller, 2012), os quais veremos em mais detalhes a seguir. 1.1 Canais de comunicação pessoais Esse grande grupo de canais tem por característica unir duas pessoas diretamente. Exemplos dessa classe são o telefone, o e-mail ou o correio. Canais de comunicação pessoais têm sua eficácia garantida quando são criadas oportunidade de personalização do atendimento e feedback. Marketing direto, comunicação boca a boca e vendas pessoais compõem esse tipo de canal (Koetler; Keller, 2012) Os três subgrupos de canais que compõem o grupo de comunicação pessoal são: • Canais defensores: são aqueles em que vendedores contratados pela empresa abordam compradores considerados como público-alvo; • Canais especializados: são compostos por especialistas que atuam de maneira independente, os quais realizam apresentações do produto para os clientes-alvo; • Canais sociais: são um aglomerado de influenciadores do círculo social como vizinhos, amigos familiares e colegas do público-alvo. Com a vida nas mídias sociais ganhando mais espaço que a vida no “mundo real”, esses canais pessoais vêm sendo transferidos para o ambiente online, com alcance ainda maior. A mídia espontânea, como o aparecimento em blogs e discussões em redes sociais, vem sendo uma forma de atingir o público- alvo de maneira eficaz. 4 Contudo, não se engane em pensar que os canais impessoais perderam espaço nesse ambiente de mídias sociais. Tudo irá depender do tipo de relacionamento pretendido pelo cliente, assim como vimos na aula anterior. 1.2 Canais de comunicação impessoais Os canais de comunicação não pessoais são direcionados para grandes públicos, sem características específicas. As mídias de massa, relações públicas e promoções de venda genéricas compõem esse grupo de canais (Kotler; Keller 2012). Nesse caso, os retornos de propagandas e patrocínios tendem a ser mais dispersos. Entretanto, as empresas que investem nesse tipo canal exigem, dos gestores de canal, formas de mensurar o retorno desse tipo de ação de comunicação. Outra tendência desse tipo de canal é criar campanhas que gerem um buzz (burburinho) e certo grau de interação com o público em geral. Como a comunicação não é direcionada e personalizada para um consumidor ou grupo reduzido, as formas de conexão do cliente com a marca são as campanhas, eventos e os próprios produtos. Isso quer dizer que a opinião ou conexão do cliente em relação à marca vai depender da impressão e experiências que o cliente adquire com esses elementos de comunicação. Ou seja, a empresa dificilmente poderá interpretar as reações dos clientes durante o uso do produto. 1.3 Integração dos canais de comunicação Tanto a comunicação pessoal quanto a impessoal possuem seus pontos positivos e negativos. A alternativa é utilizar uma combinação desses canais para extrair o que cada um tem de melhor (Kotler; Keller, 2012). Nesse caso, temos dois fluxos possíveis, os canais impessoais levando aos canais mais pessoais de comunicação ou o inverso. No primeiro caso, os canais impessoais atingem um maior número de pessoas e aumentam o conhecimento de marca. Assim, os formadores de opinião tomam conhecimento sobre a marca e instigam os demais consumidores a conhecer os bens e serviços oferecidos pela marca. Entretanto, esse primeiro fluxo vem sendo contestado pelos gestores de marketing na Era Digital. Isso porque a influência das mídias de massa na opinião pública não é tão direta e os meios de comunicação de massa, que são os 5 principais meios não pessoais, são pouco acessíveis a pequenas e médias empresas, bem como startups em estágio inicial. Uma evolução da integração como descrita acima, que envolve somente os canais de comunicação, é a comunicação integrada de marketing, a qual veremos em mais detalhes a seguir. TEMA 2 – COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING Na Era Digital, cada vez mais a adoção de diversos canais de marketing é uma realidade, e muitas vezes advém de uma pressão dos stakeholders da organização. Inclusive é uma prática comum em pequenas e médias empresas, bem como em empresas jovens. Com isso, diversos canais de comunicação precisam ser desenvolvidos. Leia o trecho a seguir para entender como podemos encontrar essa diversidade no varejo. Nesse sentido, a comunicação integrada de marketing associa visão estratégica à comunicação da empresa, avaliando uma série de elementos da comunicação de forma a combiná-los para transmitir mensagens claras, coerentes e eficientes (Koetler; Keller, 2012). Saiba mais Acesse o livro Administração de marketing, de Kotler e Keller (2012), disponível na Biblioteca Virtual Pearson, e leia o item “Comunicação”, na página 492. Para acessar, basta digitar como palavra-chave o título do livro. 2.1 O que é a Comunicação integrada de marketing Mais que uma ferramenta, a Comunicação Integrada de Marketing (CIM) deve ser vista como um processo que envolve toda a organização. Isso quer dizer que é um aspecto mais complexoda organização, tanto que é sugerido pensar em quatro pilares para a comunicação integrada de marketing (Porcu; Barrio- Garcia; Kitchen, 2017). São elas: • Consistência da mensagem: esse pilar lida com o nível mais básico de integração. Mais precisamente, refere-se ao posicionamento coerente e claro transmitido por meio de todos os canais de comunicação da organização; • Interatividade: esse pilar é o responsável por garantir que a comunicação ocorra em dois sentidos em pesos iguais. Isso quer dizer que ambas as 6 partes da relação de comunicação podem se expressar de maneira igualitária, como em um diálogo. A evolução da tecnologia, principalmente o surgimento das redes sociais e tecnologia mobile tem papel fundamental no desenvolvimento desse pilar; • Foco estratégico centrado no stakeholder: esse pilar diz respeito à necessidade de toda a organização, em todas as suas funções e níveis, de tomar como prioridade de suas ações a criação de valor para os stakeholders, estabelecendo e mantendo relacionamentos profundos e genuínos com eles. Para tanto, é necessário conhecer os stakeholders a fundo. • Alinhamento organizacional: esse pilar se refere à integração entre os níveis e departamentos organizacionais. Para que isso seja possível, a comunicação deve considerar a organização como um todo, bem como todos os processos organizacionais, eliminando as fronteiras entre departamentos ou grupos funcionais. É crucial que todos esses pilares sejam desenvolvidos para que a empresa consiga aplicar a comunicação integrada de marketing de modo a obter resultados positivos. Se desenvolvidos de maneira isolada, dificilmente a comunicação se dará de maneira coerente. 2.2 A comunicação integrada de marketing e a marca Com a competição ainda mais acirrada na Era Digital, saber se comunicar e passar uma mensagem coerente é crucial para a sobrevivência de qualquer negócio. Conseguindo se manter no mercado, a empresa precisa se preocupar em construir vantagens em relação aos concorrentes para se tornar lucrativa. Nesse conjunto, a marca é um fator de diferenciação relevante. Mas como a CIM é capaz de colaborar na construção da marca? Desenvolver a CIM permite que a empresa consiga transformar seus recursos de comunicação e seus ativos de marca em retornos positivos. Se a empresa for capaz de desenvolver a CIM, ela poderá direcionar melhor seus recursos aos “melhores” clientes. Isso ocorre devido à mudança de pensamento dos profissionais e acadêmicos da área de marketing. Antes do surgimento da CIM, as empresas costumavam criar mensagens do que queriam passar e procuravam o público e o canal mais adequado àquela 7 mensagem. Na Era Digital, esse pensamento está sujeito ao fracasso. Hoje é mais valioso olharmos para o público-alvo, planejarmos a estrutura de canais, escolhermos os elementos do mix de comunicação e, por fim, a mensagem que iremos divulgar (Luxton; Reid; Mavondo, 2015). Além disso, o caráter estratégico da CIM, tornando mensagem coerente nos diversos canais e níveis organizacionais reforça a proposta de valor da empresa para colaboradores, fornecedores, clientes e demais stakeholders. Dessa forma, a promessa de valor é associada à marca de maneira sólida sendo possível aumentar o brand equity. Além de coordenar os canais de comunicação, a comunicação integrada de marketing também precisa integrar o mix de comunicação que veremos no tema a seguir. TEMA 3 – MIX DE COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL Como profissionais de marketing, temos que tomar várias decisões, sendo uma delas sobre os elementos que irão compor o mix de comunicação da empresa. Pois bem, temos sete elementos que podem variar de acordo com o meio de veiculação, sendo meios on-line e off-line. 3.1 Elementos do mix de comunicação O primeiro elemento, talvez o mais comum, é a propaganda. A propaganda tem a capacidade de atingir indivíduos dispersos geograficamente e pode ter dois objetivos: i) construir e desenvolver imagem positiva e duradoura de um bem ou serviço; ou ii) favorecer vendas rápidas (Kotler; Keller, 2012). Ela contém diversos formatos e faixas de valor. Com a popularização das mídias sociais, essa modalidade do mix pode ter perdido eficácia para determinados tipos de produtos, mas ainda possui as vantagens de atingir um grande volume de pessoas, facilidade de incorporar elementos visuais, de som e de cor e possibilidade do anunciante de escolher os valores transmitidos na mensagem. É comum que, ao falarmos de promoção de vendas, as pessoas pensem primeiramente em descontos. Mas esse segundo elemento do mix não está vinculado ao preço. Seu objetivo é atrair respostas intensas e ágeis do consumidor (Kotler; Keller, 2012). Seja por meio de cupons, concursos, prêmios, entre outros, os benefícios da promoção de vendas são: criar capacidade da marca em chamar 8 a atenção do consumidor, incentivar comportamentos positivos em relação à marca e convidar o consumidor a realizar uma transação. Com o uso de Apps e redes sociais, esse tipo de ação ficou ainda mais popular e seu caráter de personalização está cada vez mais apurado. Essa personalização cada vez mais frequente se dá graças ao auxílio do big data, que direciona promoções de acordo com os desejos e necessidades de cada cliente. O terceiro elemento são as relações públicas e a publicidade. Muitos profissionais de marketing não utilizam esses elementos em todo seu potencial. Entretanto, quando são utilizados de forma adequada, podem até ter o poder de modificar visões distorcidas de seu público (Kotler; Keller, 2012). As três características das relações públicas e publicidade que permitem essa alteração são a credibilidade que matérias em jornais e revistas (on-line e off-line) possuem perante os consumidores, a possibilidade de atingir consumidores menos receptivos à marca e a possibilidade de expor a história da empresa. Os eventos e experiências são o quarto tipo de elemento do mix e são formas de comunicar valores e assuntos que a empresa prioriza (Kotler; Keller, 2012). Dessa forma, ela estabelece conexão com os consumidores para além de atributos do produto. Entretanto, devemos ter cuidado para associar a marca com eventos que sejam relevantes – considerando o posicionamento de marca da empresa –, que envolvam o cliente com experiências ativas e que seja possível realizar venda indireta, ou seja, não agressiva. Na Era Digital, muitas empresas priorizam eventos com experiências físicas para diferenciar sua interação com o público, que muitas vezes ocorre on-line. O quinto elemento do mix é marketing direto e interativo. É composto por mensagens diretas ao consumidor. Elas podem acontecer pessoalmente ou por meio de telefone e internet (Kotler; Keller, 2012). Muitas empresas têm falhado na implementação desse mix, “bombardeando” consumidores com abordagens em horários inapropriados e atendimento padronizado. As principais características desses elementos são mensagens personalizadas para atrair a pessoa a quem se destina, capazes de serem preparadas rapidamente, ou seja, atualizadas e alteradas de acordo com a resposta do consumidor. O sexto elemento é bem famoso e é a alternativa para empresas que não possuem tantos recursos financeiros para investir em comunicação. O “boca a boca” é a comunicação realizada entre consumidores mais e menos experientes e pode acontecer tanto no formato on-line quanto off-line. O boca a boca é 9 conhecido por ser influente no comportamento dos consumidores, uma vez que eles confiam na opinião de quem admiram. Além disso, o fato de refletir opiniões, fatos e experiências pessoais faz com que os clientes criem vínculo pessoal com a marca. Por fim, o “boca a boca” costuma acontecer quando os consumidores estão mais abertos a ouvir a opinião de outros. As vendas pessoais ainda são um elementodo mix com resultados positivos. Esse sétimo elemento é um dos principais responsáveis por desenvolver as preferências e convencer o consumidor. As vendas pessoais são marcadas pela alta interação pessoal, pela intensidade na criação de relacionamentos e pelo estímulo a resposta direta do consumidor. Considerando as categorias expostas acima, leia a tabela sugerida abaixo que exemplifica diversos elementos do mix de marketing em sua respectiva categoria. Saiba mais Acesse o livro “Administração de marketing”, de Kotler e Keller (2012), disponível na Biblioteca Virtual Pearson, e leia o item “Tabela 17.1 – Plataformas comuns de comunicação”, na página 515. Para acessar, basta digitar como palavra-chave o título do livro. 3.2 A escolha do mix de comunicação Você deve estar se perguntando, diante de tantos elementos de comunicação, qual grupo escolher? Pois bem, existem alguns fatores que podemos utilizar como balizadores para a tomada de decisão. O tipo de mercado e de produto irão direcionar as diversas decisões, sendo uma delas o mix de comunicação (Kotler; Keller, 2012). Por exemplo, empresas B2C (Business to Consumer), ou seja, que vendem diretamente ao consumidor, tendem a investir mais em propagandas do que empresas B2B (Business to Business), as quais vendem para outras empresas. Já empresas B2B tentem a investir mais em vendas pessoais que em propaganda. Outro exemplo é a utilização de elementos menos pessoais do mix por empresas que vendem produtos de conveniência como balas e gomas de mascar, como propaganda. Já empresas que vendem produtos mais caros e com ciclo de vida mais longo como carros e geladeiras têm maiores resultados utilizando-se de elementos mais pessoais do mix como venda direta ou boca a boca. 10 Outro fator a ser considerado na escolha do mix de comunicação é a disposição do público-alvo em adquirir algo. Nesse caso, precisamos compreender que o consumidor pode interagir com a marca em diversos níveis, os quais são conscientização da marca, compreensão da proposta de valor, convicção, compra e recompra. Se o público-alvo se encontra em sua maioria no nível de conscientização, por exemplo, é mais eficiente que a empresa invista em propaganda do que em vendas pessoais. Já no nível de recompra, as vendas pessoais se mostram o elemento do mix de comunicação mais eficiente (Kotler; Keller, 2012). O terceiro e último fator que pode orientar a escolha dos elementos do mix de marketing é o ciclo de vida do produto. A relação custo-benefício da propaganda e venda direta, quando o produto está em estágio inicial, é mais positiva que o marketing direto, por exemplo. No estágio de crescimento, o elemento boca a boca gera resultados mais positivos. Na maturidade, é mais recomentado a utilização dos elementos de propaganda e eventos e experiências. Já na fase de declínio, a promoção de vendas é a que tem maior impacto no resultado (Kotler; Keller, 2012). A decisão sobre que elementos e quais combinações realizar entre eles depende de cada negócio, produto e público-alvo, e será de responsabilidade do gestor de marketing. Novamente, não existe fórmula no marketing, mas olhar para as práticas de mercado pode fazer você economizar tempo e dinheiro na tomada de decisão. Para saber se o conjunto de elementos atingiu seu objetivo, é necessário criar e monitorar indicadores que mensurem os resultados da comunicação de marketing. E é isso que veremos no próximo tema. TEMA 4 – MÉTRICAS DE DESEMPENHO DE COMUNICAÇÃO Como todos os investimentos da organização, aqueles feitos em comunicação também precisam ser monitorados. Com a análise de resultados, é possível verificar se as decisões foram eficientes ou não e onde podemos melhorar (Kotler; Keller, 2012). Nesse aspecto, a Era Digital vem facilitar a rotina dos profissionais de marketing, fornecendo dados atualizados e relevantes para a composição de métricas úteis a tomada de decisão (Spiller; Tuten, 2015). Antes das novas tecnologias e ferramentas, era comum que os profissionais de diversas áreas buscassem incessantemente por dados para auxiliá-los na tomada de decisão. Hoje, a quantidade de dados é tanta que não 11 sabemos mais como interpretá-los e como verificar se especificamente a comunicação está atingindo seu propósito (Spiller; Tuten, 2015). As métricas de comunicação fazem parte do conjunto de métricas da função de marketing, sendo o objetivo dos métricas da área auxiliar organizações a quantificar, comparar e interpretar o desempenho de suas ações de marketing (Spiller; Tuten, 2015). • Métricas de atividade: contabilizam as atividades que a organização realiza nas mídias sociais. Elas estão associadas a metas em relação a número e frequência de posts, vídeos, tweets, respostas a comentários e atualizações de status que podem contribuir para presença on-line; • Métricas de interação: foca em mensurar como se dá e com que intensidade é o engajamento do público-alvo com a empresa nos canais digitais. É o grupo de métricas mais crítico para averiguar a efetividade das campanhas, mas são relativamente complexos de mensurar e interpretar. Isso porque indicadores de interação devem considerar diversos dados em vários sentidos; • Métricas de retorno: são aquelas utilizadas para mensurar os retornos das atividades de marketing. Podem ter critérios financeiros ou não financeiros ou impactar direta ou indiretamente na marca. A seguir, disponibilizamos uma tabela com exemplos de cada um dos grupos para que você possa consultar no desempenho de suas atividades. Tabela 1 – Métricas de marketing na era digital Atividade (Número, frequência e quão atuais são.) Interação (Número, frequência e quão atuais são.) Retorno Posts em blogs Inscrições ou registros Custo por clientes potenciais (custo por lead) Atualização de posts Marcações de favoritos, likes e classificações Taxa de conversão de clientes potenciais em vendas (conversão de lead) Comentários e respostas Comentários, posts menções e marcações Média de novas receitas por cliente Posts de fotos Links e procuras Valor da vida do cliente (Customer lifetime value – CLV), valor do cliente durante interação com a empresa 12 Posts de vídeos Downloads e instalações Valores ganhos por mídia Tweets (Rede twitter) Fãs, seguidores e amigos Mudanças na média de vendas, no tráfego de sites e na classificação de sites de busca Pins (Rede Pinterest) Compartilhamentos, convites e referências Compartilhamento de voz Tags Avaliações (reviews) e testemunhos Retorno sobre o investimento (Return on investment - ROI) Quantidade de mídias Tráfego, visitantes, visualizações e impressões - - Tempo visitando o site - - Desenvolvimento de perfil - - Contribuição de conteúdo por usuários - - Taxa de resgate de transações por meio de descontos - - Efeito viral ou de eco - - Sentimentos - Fonte: Adaptado de Spiller; Tuten, 2015. Perceba que as métricas exemplificadas são, em sua maioria, associadas a elementos de comunicação. Ademais, as métricas de atividade têm sentido da empresa para o ambiente externo, as de interação envolvem troca entre a empresa e o ambiente e as de retorno envolvem as respostas do ambiente para a empresa. Portanto, para mensurar os resultados de comunicação, é importante utilizar uma combinação de indicadores que contenha ao menos uma métrica de cada grupo. Sobre as métricas de retorno, é importante que criemos formas de verificar se o retorno advém realmente das ações de comunicação. É comum que essas métricas agreguem os resultados da área, e algumas o resultado de diversas áreas, como é o caso de Retorno sobre o Investimento (ROI), que pode envolver ações de finanças, desenvolvimento de produtos e marketing. Além do ponto mencionado acima como uma dificuldade dos profissionais de marketingna mensuração de métricas, na área do marketing, inclusive na comunicação, temos outros tantos desafios. Conhecê-los é uma forma de nos prepararmos e aumentarmos a probabilidade de coletar métricas que realmente nos ajudem a tomar decisões (Rodrigues, 2016). Convidamos você a explorar esses desafios realizando a leitura a seguir. 13 Saiba mais Acesse o livro “Métricas de marketing”, de Airton Rodrigues (2016), disponível na Biblioteca Virtual Pearson, e leia o item “Principais desafios da mensuração do marketing”. Para acessar, basta digitar como palavra-chave o título do livro. Após aprender sobre os principais aspectos da comunicação na Era Digital, seguimos nossa aula com as tendências da comunicação nessa nova Era. TEMA 5 – TENDÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL A todo momento, surgem novas descobertas sobre o assunto de comunicação. A Era Digital, com a tendência de diversificar os canais de marketing, impões muitos desafios à comunicação, por isso tanto interesse de acadêmicos e profissionais nesse tema. Dentro dessas diversas descobertas, selecionamos algumas delas nos melhores periódicos da área de marketing. 5.1 Anúncios e propaganda em mídias sociais A linguagem na comunicação é algo essencial. Como vimos nesta aula, desenvolver mensagens consistentes entre canais que sejam adequadas ao público e a escolha do canal vai influenciar no sucesso ou não da ação de comunicação. Uma tendência de comunicação, especificamente entre consumidores e que afeta os planos de comunicação da organização, é a busca de informações do bem ou serviço em reviews, por meio do “boca a boca” on-line. Esse movimento é muito presente nos aplicativos, lojas on-line e, principalmente, nas redes sociais. Uma recente descoberta aponta que quando a linguagem do review é coerente com o público alvo, os leitores classificam esse comentário como útil e isso influencia em sua decisão (Liu; Xie; Zhang, 2019). Isso quer dizer que as empresas precisam prestar atenção na linguagem do público alvo e nos comentários classificados como útil. Nesse caso, são esses comentários que irão influenciar nas decisões dos consumidores alvo. Outro movimento comum na Era Digital é o surgimento das chamadas Fake News. Essas notícias falsas têm a característica de serem inverídicas e se espalharem muito rápido pelas redes sociais. Elas podem até ser falsas, mas geram diversas consequências às empresas associadas a elas. Dentre essas 14 consequências, podemos destacar a queda na intenção de compra, na indicação a outros consumidores e nas visitas às lojas (Visentin; Pizi. Pichierri, 2019). Essas reduções de reações positivas dos clientes causadas pelas mensagens falsas atribuídas à empresa reforçam a importância da comunicação na construção do valor de marca e independem da fonte de informação. Ou seja, acontecem ainda que a fonte seja duvidosa. Ambos os fenômenos demonstram que a comunicação da empresa, principalmente nas mídias sociais, precisa monitorar efeitos que nem sempre podem ser controlados pela empresa. Elas podem ser propagandas positivas ou negativas, mas precisamos nos preparar caso aconteçam. 5.2 Digital influencers, os influenciadores da Era Digital É comum o uso de celebridades em campanhas publicitárias com o intuito de associar a marca da organização à personalidade famosa. O objetivo é de ampliar o conhecimento de marca, possibilitando maior visibilidade e gerando mais vendas. Para rever sobre essa estratégia leia o trecho indicado no box a seguir. Na Era Digital, essas celebridades são os influenciadores digitais. O uso de influencers, ou também chamado de Seeded Marketing Campaign (SMC), consiste na utilização de celebridades digitais para realizar boca a boca em troca de remuneração. Uma vez que fatores on-line e off-line podem influenciar esse tipo de estratégia de comunicação, ela deve ser aplicada com cautela. Por exemplo, um recente estudo demonstrou que utilizar influenciadores digitais aumenta em torno de 18% as vendas. Entretanto, se essa estratégia for combinada com divulgação nos canais tradicionais (ex. propaganda de televisão), os resultados advindos dos influenciadores reduzem (Dost et al., 2018). Isso porque, dependendo do produto, as propagandas veiculadas na televisão fornecem as informações suficientes ao cliente para que este tome a decisão de comprar ou não um produto. Esse estudo demonstra a importância de se planejar as ações de comunicação, elencando os canais e o mix de comunicação adequado. Essa necessidade é ampliada quando a empresa aborda clientes tanto nos canais digitais quanto nos tradicionais. 15 Saiba mais Acesse o livro “Administração de marketing” de Kotler e Keller (2012), disponível na Biblioteca Virtual Pearson, e leia o item “A estratégia de usar celebridades como garotos-propaganda”. Para acessar, basta digitar como palavra-chave o título do livro. FINALIZANDO Chegamos ao fim da disciplina e você recebeu diversas informações sobre estratégias de marketing e como elas foram alteradas na Era Digital. Esperamos que você esteja motivado com o conteúdo e explore ainda mais a biblioteca digital. 16 REFERÊNCIAS DOST, F. et al. Seeding as Part of the Marketing Mix: Word-of-Mouth Program Interactions for Fast-Moving Consumer Goods. Journal of Marketing, v. 83, n. 2, p. 62–81, 2018. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. LIU, A. X.; XIE, Y.; ZHANG, J. It’s Not Just What You Say, But How You Say It: The Effect of Language Style Matching on Perceived Quality of Consumer Reviews. Journal of Interactive Marketing, v. 46, p. 70–86, 2019. LUXTON, S.; REID, M.; MAVONDO, F. Integrated marketing communication capability and brand performance. Journal of Advertising, v. 44, n. 1, p. 37–46, 2015. PORCU, L.; BARRIO-GARCÍA, S. D; KITCHEN, P. Measuring Integrated Marketing Communication by taking a broad organisational approach: the firm- wide IMC scale. European Journal of Marketing, v. 51, n. 3, p. 692–718, 2017. RODRIGUES, A. Métricas de marketing. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016. SPILLER, L.; TUTEN, T. Integrating Metrics Across the Marketing Curriculum. Journal of Marketing Education, v. 37, n. 2, p. 114–126, 2015. VISENTIN, M.; PIZZI, G.; PICHIERRI, M. Fake News, Real Problems for Brands: The Impact of Content Truthfulness and Source Credibility on consumers’ Behavioral Intentions toward the Advertised Brands. Journal of Interactive Marketing, v. 45, p. 99–112, 2019.
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