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AULA 2 GESTÃO DE POSICIONAMENTO DE MARCA – BRANDING Prof. Alexandre Correia dos Santos 02 CONVERSA INICIAL Como vimos na rota anterior, é evidente a importância do branding dentro das organizações. É preciso que as empresas se atentem às oportunidades que a comunicação proporciona através de ações bem pensadas, realizadas dentro de um escopo de resultados, preocupados com um tripé de conceitos que resumem as campanhas atuais: experience, engagement e happiness. Assista ao filme a seguir – exclusivamente pensado para a Internet – e procure pensar as suas imagens, desconstruindo o roteiro. O título do vídeo é “Three germans surprise a homeless guy”, e está disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=X0gA2mxbjSY>. Perguntamos a você: a que custo essa marca gerou o reconhecimento que obteve? Será que se investisse altíssimas somas em prime time, em veiculações de 30” na TV aberta teriam esse feedback, ou tal resultado? É uma conclusão difícil de ser tirada, porém certamente o custo-benefício da campanha não seria igual ao da ação desses três jovens alemães. Assista até o fim, vale a pena. O material é para uma ONG chamada Be Japy – que tem como slogan: like to help. O vídeo alcançou larga repercussão em muito pouco tempo e tem mais de 750.000 compartilhamentos. Em 28/05/2017 contava com mais de vinte e dois milhões de views no canal da Be Japy no Youtube. Conta ainda com uma taxa irrisória de dislikes que chegam em torno da casa de 1600 pessoas que não curtiram a ação, o que corresponde a 0,01% do público que assistiu ao material. Hoje, uma boa ideia e uma câmera na mão nunca fizeram tanto sentido. Pessoas, empresas e marcas têm conseguido resultados extraordinários com um mínimo de tecnologia ou de recursos financeiros, mas com o máximo de inventividade, senso de oportunidade e criatividade. A boa ideia deve sempre ser o embrião de uma campanha online. Eis mais uma boa dica, que é sinal dos tempos. Se analisarmos dados de retorno e resultados de ações comunicacionais contemporâneas, atente-se a dois ou três conceitos: experiência, engajamento e felicidade estão contemplados no enredo da ação. É fato! As marcas atuais têm criado roteiros de campanhas completamente baseados em experiências. O usuário como parte integrante do filme, sendo protagonista das ações, que quando bem-feitas e executadas o tornarão um verdadeiro advogado da marca, com pitadas imprescindíveis de felicidade, de alegria, de satisfação no enredo. 03 Esse tipo de ação tem se tornado comum pelos resultados proporcionados para a marca. O sentimento de pertencer, de fazer parte, de ser querido, de ser gostado, são temas e pautas quentes para os enredos publicitários, principalmente na internet onde o espaço – o cenário – pode ser ilimitado e pode gerar buzz, muitas vezes sem altos investimentos, mas com muita criatividade. Vamos falar nesta rota 2, sobre o papel da marca; conheceremos as brands mais valiosas do mundo; as marcas no Brasil e as mais valiosas do país e comentaremos ainda sobre extensões de brand ou linha de produto. CONTEXTUALIZANDO Você é chamado para auxiliar uma organização não governamental (ONG) que trata especificamente de crianças especiais, com pouca mobilidade, que tenham sofrido paralisia infantil ou alguma doença neurológica, que afetou os seus movimentos. É uma instituição com poucos recursos financeiros, que se mantém basicamente com doações dos pais das crianças que são atendidas pela organização. O que você faria para, através do uso de recursos online e, obviamente, com baixíssima verba ou budget, chamar a atenção das pessoas para a ONG Futuro Mágico, que não possui qualquer ação online, não contando nem mesmo com site ou perfil em nenhuma rede social? TEMA 1 – O PAPEL DA MARCA Se pensarmos na comunicação atual, ao estabelecermos comparações de marcas efetivas, consolidadas de mercado, podemos ter diferentes percepções acerca de seus valores, justamente pelo seu posicionamento, pelas suas práticas e atitudes. A Apple, considerada uma das dez marcas mais valiosas do mundo, carrega consigo uma áurea de marca moderna, equilibrada, focada na modernidade promovendo um convívio sadio com os seus usuários. Já a marca Microsoft, por essência e por modus operandi, é afetada por discursos que não carregam projetos de sentidos, que se aproveitam da sua posição de monopólio nos segmentos em que atua, para tentar justificar as suas práticas de mercado. Ou seja, diferentemente da Apple, a Microsoft impõe a aquisição de seus produtos pela sua sólida estratégia de sistemas operacionais pré-instalados, não deixando muitas saídas para seus usuários. 04 A Apple, obviamente, depende das construções sistemáticas de marca que realiza com sucesso, para obter resultados satisfatórios nos produtos que comercializa, lembrando que no Brasil, devido à alta taxa de impostos, ainda é uma marca que segrega a maioria dos públicos, mesmo entre consumidores de tecnologia. A Microsoft, não raro, a partir de Seatlle investe pesadamente em comunicação para tentar reverter o quadro de marca impositiva, obrigatória pelos seus sistemas e plataformas espalhadas pelo mundo, fazendo com que o usuário fique refém do sistema operacional que já vem pré-instalado na maioria dos computadores de uso pessoal, independente da marca que representem. Nos dois exemplos anteriores, as marcas são globais. Neste caso, o papel da marca ganha novas nuances e contornos. Comunicar para o mundo inteiro exige um esforço de marketing ainda maior por parte das organizações. Para Klein (2000), pensar o papel da marca, implica extrapolar o antigo sistema de comunicar com a “língua deles” e “absorver” a cultura deles. Para o autor “as necessidades e desejos do mundo têm sido irrevogavelmente homogeneizados”. Significa dizer que as empresas ainda acreditam que uma única comunicação é capaz de dar conta de todos os públicos, espalhados pelo mundo. E o autor continua: a corporação multinacional, deve operar em vários países e ajustar os seus produtos e práticas a cada um deles, mesmo que o custo seja alto. [...] quando desaparecem as antigas diferenças em gostos e costumes, para que o mundo inteiro (ou grandes regiões dele) consuma, parece que todos dividem uma mesma identidade. Portanto, neste caso, o papel da marca extrapola os processos comuns de comunicação obrigando-a a obedecer a princípios básicos de interação com qualquer sociedade, comunidade ou língua, mostrando até para os seus públicos que a marca se preocupa com os costumes e hábitos da região. Uma das marcas que mais investe em comunicação global é a RedBull energéticos. A estratégia da companhia é muito clara desde que começou suas atividades em 1984: baixíssima frequência e presença em plataformas de mídia tradicionais, largos investimentos em eventos esportivos (preferencialmente, não convencionais), principalmente radicais e extremos – como patrocínios na RBR, equipe de Fórmula 1 e o Red Bull Air Racing, e por fim patrocínios privados aos principais atletas de modalidades também extremas e radicais. 05 O que a RedBull costuma vender como estratégia de investimentos em patrocínios é que não existem apoios formais. O que eles fazem é colaborar e apoiar os sonhos desses atletas. São mais de 600 atletas em mais de 160 áreas que carregam a marca RedBull em seus uniformes e capacetes coloridos. Em 2012, como ação inédita online, a empresa de energéticos transmitiu, através do seu canal do Youtube, a incrível façanha do mergulho do austríaco Felix Baugartner, que trajando apenas uma roupa similar à de um astronauta se lançou da estratosfera em queda-livre até a terra em um projeto denominado RedBull Stratos. Estima-se que mais de dois bilhões de pessoas tenham assistido ao salto ao vivo do atleta de basejump. No canal oficial da RedBull,o vídeo do salto conta com mais de quarenta e dois milhões de views. Lembramos que essas são contagens que não levam em consideração o número de compartilhamentos, nem de reposts dos filmes em canais broadcast com outros nomes. TEMA 2 – AS MARCAS MAIS VALIOSAS DO MUNDO Segundo o Report Interbrands 2016, um dos relatórios mais importantes sobre marcas, Apple e Microsoft estão entre as cinco maiores marcas do mundo, representando respectivamente primeiro e quarto lugar do ranking do mais recente relatório. É importante analisarmos que entre as primeiras dez marcas, há anos estão posicionadas nos primeiros lugares empresas de tecnologia, pela sua especificidade, pela sua lembrança e, obviamente, pelos seus altíssimos investimentos em imagem. Figura 1 – Ranking das melhores marcas globais de 2016 (1) Fonte: Relatório Interbrands 2016. 06 Neste caso, a Apple figura em primeiro com um valor de mercado estimado em mais de US$ 178 bilhões de dólares, seguido por Google com marca avaliada em U$ 133 bilhões, Coca-cola com um valor estimado em US$ 73 bilhões, seguida de perto pela Microsoft com US$ 72 bilhões e Toyota fecha o top five com US$ 53 bilhões de dólares. Das cem marcas mais valiosas do mundo, apenas dezoito não operam no Brasil. E nenhuma marca nacional, atualmente, figura no ranking. O mais interessante é perceber como o mercado enxerga as marcas. Atualmente, salvo institutos que realmente investem e investigam profundamente, analisando todos os aspectos intrínsecos e levando em consideração todas as variáveis de valoração, os experts políticos ou econômicos percebem as marcas como “não eventos”. Ou seja, são comentadas e analisadas profundamente, com olhares sempre muito críticos e pontuais as bolsas de valores, as taxas de câmbio, os índices de inflação, micro e macro ambientes, relegando a um segundo nível ou discussão, pautas relacionadas como se elas próprias não tivessem função, ou como se não desempenhassem um papel importante na economia mundial. Figura 2 – Ranking das melhores marcas globais de 2016 (2) Fonte: Relatório Interbrand, 2016 Três marcas representam montadoras mundiais de automóveis motocicletas e caminhões – Toyota, BMW e Mercedes Benz; Coca-cola e Mcdonald’s carregam a bandeira dos produtos alimentícios e refrigerantes; e 07 fecham a classificação ainda: Amazon (comércio virtual de livros e produtos culturais), General Eletrics (linha cinza e branca) e Disney (complexo de entretenimento). Essas marcas são referências para a grande maioria das empresas do mundo. Aliás, estar alinhada com referências e empresas líderes de mercado em marketing deve fazer parte do dia a dia do planejamento das pequenas, médias e grandes empresas, ainda que o marketing e as formas de fazer comunicação pareçam estar cada vez mais homogeneizados. Klein (2000) defende que à medida que a cultura se torna cada vez mais homogeneizada globalmente, a tarefa das maiores marcas do mundo é “afugentar pesadelos quando os produtos de grife – por exemplo – deixam de ser estilos de vida ou grandes ideias e subitamente parecem os bens onipresentes que realmente são”. E isso não engana mais as pessoas, não é mais capaz de conquistar as famílias. As famílias têm um papel cada vez mais importante nesses índices de valor de marca por serem justamente os principais atores do consumo. É inegável que tanto as marcas, quanto os indivíduos são peças importantes no todo destas análises justamente porque as organizações dependem unicamente das escolhas destes agentes. Esse movimento sinaliza uma evidência que as economias – definitivamente – estão dependentes dos comportamentos do consumidor moderno e das escolhas de seus indivíduos. Ainda falaremos mais disso. TEMA 3 – AS MARCAS NO BRASIL Os brasileiros, de uma forma em geral, respeitam a força das marcas. Ainda que o apelo para as promoções de preço baixo seja atraente, os clientes costumam se sentir incomodados quando são obrigados, pelas forças das circunstâncias, a substituir as marcas que consomem. Seja pela incapacidade financeira ou pela falta de determinada marca nas gôndolas e prateleiras, o consumidor nacional privilegia suas preferências. Costumamos dar preferência a algumas marcas pela sua tradição, pela confiança, pela qualidade, pela empatia, por diversos motivos. Hoje, a preocupação da marca com o seu entorno também tem chamado a atenção dos seus consumidores. Preocupação com variáveis como responsabilidade ambiental, preocupação social, conscientização, entre outras, tem feito a diferença na percepção dos clientes, aumentando o valor da marca. 08 Porém, vale lembrar que nem todos esses atributos essenciais para uma marca garantem a sua permanência no mercado de atuação. Uma série de tropeços como má administração, falhas de entrega, ausência de controle de imagem podem indicar um eminente prejuízo à organização, à marca. Isso sem contar questões macroeconômicas, problemas políticos, entre outras que sob o ponto de vista da empresa são incontroláveis justamente por fugirem da sua alçada. A empresa, não raro, precisa se adaptar a esses cenários, sendo que nem todas – ou a sua maioria – têm dificuldades em enfrentar uma crise econômica nacional, por exemplo. Com isso, fica claro que uma empresa precisa entregar ao seu consumidor mais que suas promessas: experiência, valor, entrega e satisfação. Ainda que óbvia, a comunicação da marca também é vital para a sua integridade e consolidação. A marca e suas extensões, voltadas para consciência ambiental ou social, e com boa responsabilidade financeira, terão maiores condições de sustentação no mercado. Toda e qualquer gestão de marca deve estar preocupada com processos, e gestão, planejamento e implantação demandam um tempo que às vezes a organização não tem, não dispõe. Campanhas de conscientização também são bem vistas aos olhos do cidadão. O governo do Paraná, através do Detran-PR, fez uma campanha criada para o online, em que de forma bem- humorada ressaltava o problema de se misturar álcool e direção. Como a maioria das campanhas sociais, seu engajamento foi baixo, porém suas pesquisas orgânicas trouxeram bons resultados para a marca do Detran-PR. Vídeo Assista ao vídeo “Travessia Insegura – Detran PR” <https://www.youtube.com/watch?v=6ERAhhHN9uw>. A impaciência ou a falta de tempo não podem e não devem ser desculpas para antecipar planos estratégicos para regimes de curto prazo, por exemplo. Um bom planejamento de marca deve levar em consideração a sustentação de campanha de marketing, gestão de comunicação, entre outras, a médio e longo prazo. Processos a curto prazo tendem a não dar certo, justo pelo tempo exíguo. Esse problema está diretamente relacionado com o fato de que marcas são gerenciadas por pessoas, que são administradas e responsabilizadas por processos, que dependem da alta administração das organizações e que são 09 atores protagonistas de suas áreas de atuação e responsáveis muitas vezes pela demissão dos gestores de marcas que – por históricos e por modelos gerenciais – permanecem pouco tempo nos seus postos, impossibilitando ações mais dinâmicas, mais audaciosas e que são resultantes de projetos e planejamentos a médio e longo prazo. O branding deve gerenciar toda a vida da marca e não apenas a sua criação, implementação. Um dos maiores indicadores de uma marca é o tempo em que ela permanece na memória ou na lembrança do seu consumidor, independentemente dos esforços que a organização realize através de presença na mídia, de ações de alta frequência e de demais possibilidades mercadológicas. Vale lembrar que nenhuma, absolutamente nenhuma marca está livre ou imune dentro de um processo tão dinâmico, como o de gestão de marcas, de ser impactada por uma crise, seja ela financeira, de imagem ou de comunicação. TEMA4 – MAIORES MARCAS NACIONAIS Segundo o Relatório Interbrand 2016, focado apenas no mercado nacional, as marcas brasileiras que figuraram entre as vinte e cinco maiores marcas do Brasil juntas valem R$ 110 bilhões de reais. Em 2015, essas mesmas marcas tinham como valor de mercado 104 bilhões de reais. Isso comprova a teoria de que a gestão benfeita de marcas sobrevive até as crises mais profundas. Esta pesquisa do projeto Interbrand foi realizada em parceria com a empresa Provokers e utilizou como amostra mais de mil entrevistados e a análise de mais de 124 empresas nacionais. A empresa figura neste ranking desde que tenha suas informações financeiras abertas e públicas e que não necessariamente seja de capital aberto. 010 Figura 3 – Ranking de marcas do Relatório Interbrand Brasil 2016 (1) Fonte: Relatório Interbrand Brasil, 2016. No Brasil, no ranking das dez maiores empresas, três bancos figuram nas primeiras colocações e juntam contabilizam um patrimônio de marca maior que R$ 54,7 bilhões de reais. Skol, Brahma e Antarctica, todas no portfólio da empresa InBev, respondem por um ativo de marca de mais de R$ 29,4 bilhões de reais. É importante perceber que mesmo em cenário adverso, apenas Petrobras e Vivo experimentaram uma queda em relação ao ano de 2015. A Petrobras passa por uma fase complicada, pela inconstância política que o Brasil enfrenta, mas tende a recuperar-se gradativamente pela sua relevância e importância para a economia nacional. A empresa Natura, de cosméticos, cresceu um ponto percentual e a Cielo, de serviços financeiros, cresceu doze por cento, resultando em um patrimônio de marca que atinge R$ 1,8 bilhão de reais. Curiosidade: juntas, as 25 maiores empresas do Brasil valiam em 2016 R$ 110 bilhões de reais. Ou seja, quase o mesmo que a 15ª menos valiosa marca do mundo, nesse caso o Facebook, que sozinha vale mais ou menos R$ 105 bilhões de reais. 011 Figura 4 – Ranking de marcas do Relatório Interbrand Brasil 2016 (2) Fonte: Relatório Interbrand Brasil, 2016. Virando a página de nossas análises, temos ainda como marcas mais valiosas do Brasil o Banco BTG Pactual, com um decréscimo recorde de valor de marca de 27% ao longo do último ano, três lojas de departamentos e varejo que sempre figuraram entre as maiores do país, sendo que as Lojas Americanas pertencem ao Grupo B2W, uma das empresas geridas por um grupo de empresários donos da InBev, antiga Ambev. Nessa mesma leva, ou segmento, temos ainda Casas Bahia, do grupo Via Varejo (que detém marcas como Ponto Frio, Casas Bahia e Bartira), e que são geridas pela mantenedora Pão de Açúcar, duas companhias de malhas e departamentos Hering e Renner, além de Ipiranga, postos e combustíveis, Totvs, gigante das áreas de sistemas, a Localiza, aluguel de veículos, e a Rede, que é uma empresa de serviços financeiros e de gerenciamento de crédito. TEMA 5 – EXTENSÕES DE LINHAS OU BRANDS DE PRODUTOS Até que ponto estender uma linha de produtos pode ser considerada uma boa alternativa às adversidades inerentes a mercados competitivos? Quais as vantagens e desvantagens dessa prática comum nos mercados nacionais? Quando falamos no desenvolvimento de uma nova marca, que seja a extensão de uma marca maior, falamos de mudanças de políticas, processos e conceitos dentro de uma organização. O que precisamos avaliar é se todos os esforços que serão dispendidos, entre recursos humanos, processos e máquinas ou investidos em planejamento, em processos de marketing e em comunicação, 012 valerão a pena para uma aposta incerta de criação de uma marca extensiva no portfólio de produtos de uma empresa. Quando falamos de planejamento, significa investir em pesquisas: de produtos, de mercado, de concorrência; em avaliar padrões e planos em planejamentos a médio e longo prazo; em desenhar estratégias e táticas. Ao falar de processos, significa planificar quais as ações e adaptações em um processo produtivo, por exemplo, terão de ser feitas para uma nova base de produção. Pensar em lançar uma nova marca exige do departamento de marketing um esforço para analisar todos os dados de viabilidade da marca e estruturar todos os seus mixes e variáveis de análise; ou seja, significa criar novas estratégias de precificação, de posicionamento, de desenvolvimento de produto, de treinamento, de estabelecimento de novas praças e pontos de venda, de se pensar em promoção. Quando pensamos em comunicação, significa estabelecer um plano a médio e longo prazo de promoção da nova marca, de estabelecimento de uma conversação e divulgação – através de meios e veículos adequados ou perfeitamente alinhados ao público-alvo desejado. É fundamental compreender que todos esses fatores devem ser analisados antes do lançamento de uma nova marca, senão pode ser que a empresa comprometa a sua estabilidade a médio e longo prazo. A cobrança rápida por resultados advinda da alta administração da organização pode comprometer a implementação de uma nova extensão, explicitando um desgaste de imagem e deixando clara uma inaptidão na busca por resultados financeiros. Saiba mais Abaixo, um pequeno resumo (mesmo) das extensões de marca possíveis para a multinacional Coca-Cola. Convido-o a conhecer a página da Coca-cola Company, que não por um acaso tem o nome de Journey Coca-Cola. É uma verdadeira viagem pelo mundo das marcas. Acesse: <http://www.coca- colacompany.com/brands/the-coca-cola-company>. A Coca-Cola como empresa investe pesadamente em extensão da marca. Seja derivando novos sabores para a tradicional Coca-Cola, sendo criando novas alternativas de produtos concorrentes ou substitutos, a ideia é sempre trazer novidades para seus consumidores. Para Carpenter (2001): 013 A reputação de excelência é um dos ativos mais importantes e fundamentais da marca tanto online quanto off. Essa reputação ajudará a engendrar a confiança que anima os consumidores a negociarem com a marca, em primeiro lugar. Isso é particularmente importante na Internet, onde o conforto do contato humano, parte de uma negociação do mundo físico, está ausente. A fé dos clientes na qualidade do produto ou serviço que o vendedor oferece não apenas o faz voltar para mais compras depois da inicial, mas os leva a passar a informação aos amigos. Mas, nem sempre isso dá certo quando o que se verifica de imediato é uma percepção ruim ou desgaste da linha de origem por parte de seus consumidores em detrimento da tentativa de construção de uma nova linha ou nova marca. A negociação da marca com seus clientes é imprescindível nesses casos. FINALIZANDO São inúmeros os casos em que a marca de origem, ao ignorar seus clientes tradicionais na ânsia de conquistar novos mercados e públicos, acabou perdendo completamente o foco no negócio e como resultado precisou fechar suas portas. Hoje, temos como cenário um mercado tão grandioso, tão competitivo que as marcas – muitas vezes múltiplas em seus segmentos de atuação – dispersam completamente seus públicos com estratégias vazias de marketing e comunicação, a ponto de tornar esse mesmo cenário completamente desfavorável para uma fidelização de marca. Falar em fidelização em segmentos que tenham dezenas ou centenas de players concorrentes se torna uma atividade quase impossível. As marcas tradicionais que têm atuação digital precisam ter capacidade de rápida atuação, no sentido de perceber quais os movimentos de consumo, por exemplo, definem um mercado em que estejam atuando para alinhar ou ainda, realinhar suas marcas àquela nova realidade. Percebemos uma espécie de descaracterização de imagem, quando uma empresa tradicional aposta em novas marcas atirando aleatoriamente para todos os lados, aventurando-se inclusive em mercados que anteriormente não possuíam um mínimo de expertise. O respeito à tradição da marcae o posicionamento da extensão ou das extensões dessa marca precisam ser mensurados, do contrário já conhecemos o resultado. Basta lembrar que inúmeras marcas levaram décadas para ganhar relevância e notoriedade, mesmo com pesados investimentos e planejamentos eficazes em suas áreas de atuação. No começo da aula lançamos um desafio. Como ajudar uma instituição a ter mais visibilidade contando com poucos recursos. A solução? Buscar parcerias que gerem resultados não necessariamente apenas no que diz respeito ao retorno 014 financeiro, mas buscar pessoas que voluntariamente possam trabalhar da melhor maneira possível a comunicação online da ONG. Promover ações de crowdfunding, usando a comunidade e a coletividade como impulsionadores de boas ações, pode gerar bons resultados para a marca. Pensar ainda em leilões online de artes – produzidas pelos próprios alunos – vaquinhas virtuais para pequenas festas de arrecadação entre outras podem ser boas saídas, sem grandes investimentos. Atualmente, existem grandes marcas apoiando grandes causas e gerando buzz suficientemente bom para alavancar novas ações de marketing digital, trazendo bons resultados para as organizações, que – como nesse caso – têm relevância mínima na rede. Trabalhar sua imagem aos poucos, pensando em ações de marketing digital, desde suas primeiras ações na internet também é gratificante, à medida que acompanhamos os primeiros resultados. 015 REFERÊNCIAS BEST Global Brands 2016 Rankings. Interbrand. Disponível em: <http://interbrand.com/best-brands/best-global-brands/2016/ranking/>. Acesso em: 15 ago. 2017. CARPENTER, P. E-brands: como se constrói uma empresa na internet à velocidade máxima. Rio de Janeiro: Qualimark, 2001. SEMPRINI, A. A marca pós-moderna. São Paulo: Estação das Letras, 2011.
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