Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Atendimento inicial ao politraumatizado Emergências cirúrgicas – Prof. Francisco Felipe Gois Aula 3 - 22/02/2021 Epidemiologia O traumatismo (do grego traûma: "ferida") é uma lesão produzida por ação violenta, de natureza física ou química (ex.:queimadura ou escaldadura), externa ao organismo, sendo o Politraumatizado o paciente que tem múltiplos traumatismos.” Politraumatizado tem vários traumas acometendo várias estruturas orgânicas. Estima-se 1/10 pessoas morra por trauma 12% do custo das doenças no mundo: O paciente do trauma custa muito caro para o estado/seguros de saúde; Distribuição Trimodal de mortes: 3 modos de morrer pelo trauma • 1º pico – mortes imediatas: é o momento inicial, são causas inevitáveis, independente da assistência que o paciente tiver, ele vai morrer, é fatal. • 2º pico – mortes precoces: acontece de 2 a 3 hrs do incidente, depende diretamente da qualidade do atendimento inicial do trauma; • 3º pico – mortes tardias: ocorre após algumas semanas e está relacionado a assistência pós-hospitalar; Causas de morte no mundo: 1. Infarto 2. AVC 3. Infecções respiratórias 4. DPOC 5. Diarreias 6. Tuberculose 7. HIV/AIDS 8. Complicações de parto prematuro 9. Câncer do aparelho respiratório 10. Trauma Modelo ATLS A meta maior de um profissional é manter a vida; Abordagem inovadora ao trauma: • Tratar primeiro a maior ameaça a vida; • A falta de um diagnóstico definitivo não deve impedir a aplicação do tratamento indicado; Trabalho em equipe ABCDE Avaliação e tratamento Mª Manuela Ribeiro Medicina UniFTC – 8º semestre • A história detalhada não é essencial para a avaliação inicial do politraumatizado; No atendimento inicial não tem um diagnostico etológico, é sempre um diagnóstico sindrômico; Avaliação inicial (reanimação) Sistematização visando definir quais procedimentos terapêuticos serão necessários. 1. Preparação: O objetivo é estabelecer comunicação com unidade hospitalar e sincronizar medidas para estabilização do doente e recepção dele. Conjunto de ações da equipe para se programar para o atendimento. 2. Triagem: Trata-se de definição das prioridades de atendimento assim como a escolha da unidade hospitalar para remoção. A triagem envolve a classificação dos doentes de acordo com o tipo de tratamento necessário e os recursos disponíveis. O tratamento prestado deve ser baseado nas prioridades ABC (Via aérea e proteção da coluna cervical, Ventilação, Circulação com controle da hemorragia). A triagem também se aplica à classificação dos doentes no local e à escolha do hospital para o qual o " doente deverá ser transportado. E de responsabilidade da equipe pré-hospitalar e de seu diretor médico assegurar que o doente apropriado seja transportado para o hospital apropriado. 3. Avaliação primaria (ABCDE) IMPORTANTE: Antes de tudo deve-se perguntar o nome do paciente, dessa forma consegue saber se a via aérea está pérvia (caso o paciente responda), tem noção do padrão respiratório e uma vaga noção do padrão hemodinâmico/circulatório através do nível de consciência). Uma rápida avaliação do A, B, C e D no doente traumatizado pode ser obtida quando você se apresenta, perguntando ao doente seu nome e o que aconteceu. Uma resposta apropriada sugere que não há comprometimento grave da via aérea (habilidade para falar claramente), a ventilação não está comprometida gravemente (habilidade para gerar movimento aéreo que permita falar) e não há maior diminuição do nível de consciência (alerta suficientemente para descrever o que aconteceu). A falha na resposta a essas questões sugere anormalidades no A, B ou C, que implicam avaliação e tratamento urgentes. A: abertura de vias aéreas (perviedade e abertura) Análise da via aérea e coluna cervical; Avaliar Auxiliar Reanimar O número de vítimas e a gravidade das lesões EXCEDEM a capacidade de atendimento do pessoal e/ou hospital Serão atendidos primeiramente os pacientes com maior chance de sobrevida O número de vítimas e a gravidade das lesões NÃO EXCEDEM a capacidade de atendimento do pessoal e/ou hospital Serão atendidos primeiramente os pacientes com risco iminente de vida A Sempre dar suporte de O2 a 100%: seja com cateter nasal ou com a máscara de venture, todo paciente precisa receber, independentemente de ter insaturação ou não. Se houver algum corpo/detrito estranho ele deve ser aspirado, realizar aspiração da cavidade oral se necessário. Manobras de jaw thrust e chin lift: asseguram a perviedade das vias e impede a queda da língua. Se houver a queda da base da língua que esta presa na orofaringe, a orofaringe será bloqueada e vai comprimir a via aérea. Pacientes com via aérea comprometida pode-se usar as cânulas de guedel, medir da cavidade oral até o ângulo da mandíbula, a cânula se apoia na base da língua e impede a queda de base de língua, mantendo a via aérea pérvia, além disso pode-se acoplar um cateter de O2. Para introduzir a cânula é sempre apontando para o nariz, na boca gira a cânula 180º. Cabe enfatizar que os doentes com trauma cranioencefálico grave e rebaixamento do nível de consciência ou portadores de um escore na escala de coma de Glasgow (GCS) igual ou inferior a 8 habitualmente exigem o estabelecimento de uma via aérea definitiva (isto é, tubo com balão insuflado, na traqueia). Garantir a via aérea: • IOT: acesso pela cavidade oral/nasal • Cricotireoidostomia: incisão a nível da membrana cricotireoidea • Traqueostomia: acesso através da traqueia) Ex.: Quando há uma alteração cortical, há um bloqueio dos comandos eferentes, ocorrendo a queda da base de língua. Coluna cervical: • Nível de consciência alterado; • Dor e/ou sensibilidade na linha média cervical ou dorso; • Sinais neurológicos focais; • Deformidade anatômica da coluna. Com base na história do trauma, deve-se presumir a perda de estabilidade da coluna cervical. Um exame neurológico isolado não exclui lesão de coluna cervical. Inicialmente, a proteção da medula do doente deve ser feita e mantida com uso de dispositivos apropriados de imobilização. B: ventilação e respiração Exame físico do tórax e aparelho respiratório: • Inspeção: detectar lesões da parede do tórax capazes de comprometer a ventilação. • Palpação: pode identificar anormalidades, mas no ambiente barulhento da reanimação, isso pode ser difícil ou levar a resultados não confiáveis. (crepitações e fraturas); • Percussão (presença de ruídos e murmúrios); • Ausculta: deve ser realizada para se confirmar o fluxo de ar nos pulmões (murmúrio abolido...); B Diagnosticar: Pneumotórax Hemotórax Tamponamento cardíaco Contusão pulmonar Contusão cardíaca Rutura de vasos Lesão de diafragma Lesão de esôfago O controle definitivo da via aérea nos doentes com comprometimento desta devido a fatores mecânicos, ou que tenham problemas de ventilação ou que estejam inconscientes, é feito por intubação traqueal. Este procedimento deve ser feito com proteção contínua da coluna cervical. Se a intubação for contraindicada ou não for possível, deve ser obtida uma via aérea cirúrgica. C: Circulação/controle da hemorragia A hemorragia é a principal causa de mortes pós-traumáticas evitáveis. Por isso, a identificação e a parada da hemorragia são passos cruciais na avaliação e tratamento desses doentes. Uma vez descartado o pneumotórax hipertensivo como causa de choque, a hipotensão em doentes traumatizados deve ser considerada hipovolêmica até prova em contrário. É essencial a avaliação rápida e precisa do estado hemodinâmico do doente traumatizado. Os elementos clínicos que oferecem informações importantes dentro de poucos segundos são o nível de consciência, a cor da pele e o pulso. Choque: má perfusão tecidual é a expressão clínica da falência circulatória aguda que resulta na oferta insuficiente de oxigênio paraos tecidos, o mais comum é o hipovolêmico secundário a hemorragia. A identificação precoce do choque é muito importante. Ex.: No trauma torácico, por exemplo, as artérias intercostais são as mais acometidas, e o individuo pode evoluir para um choque importante e demandar uma toracotomia. Avaliação do pulso: Um pulso central de fácil acesso (femoral ou carotídeo) deve ser examinado bilateralmente para se avaliar sua qualidade, frequência e regularidade. Pulsos periféricos cheios, lentos e regulares são, usualmente, sinais de normovolemia relativa em doente que não esteja em uso de bloqueadores beta-adrenérgicos. Pulso rápido e filiforme é habitualmente um sinal de hipovolemia, embora possa ter outras causas. Avaliação do nível de consciência: Quando o volume sanguíneo está diminuído, a perfusão cerebral pode estar criticamente prejudicada, resultando em alteração do nível de consciência; Avaliação da cor da pele: O doente traumatizado com pele de coloração rósea, especialmente na face e nas extremidades, raramente está criticamente hipovolêmico. Ao contrário, a coloração acinzentada da face e a pele esbranquiçada das extremidades são sinais evidentes de hipovolemia (vasoconstricção na tentativa de promover a diminuição na perda de calor); As principais áreas de hemorragia interna são tórax, abdome, retroperitônio, bacia e ossos longos. A fonte de sangramento geralmente é identificada por exame físico e de imagem (por exemplo, radiografia de tórax, C Choque Hemorrágico Cardiogênico Neurogênico Obstrutivo Hemorragias externas Compressão direta (torniquete) Hemorragias internas Exame físico e FAST pelve ou avaliação ultrassonográfica direcionada para trauma [FAST]). O tratamento pode incluir descompressão do tórax, compressão da pelve, uso de imobilizadores e intervenção cirúrgica. Conduta: • 2 acessos periféricos → central ou intraósseo • 1 litro de soro ringer lactato – SRL (mais semelhante ao plasma sanguíneo) ou SF aquecidos Deve-se inserir um mínimo de dois cateteres endovenosos (EV) calibrosos. A velocidade máxima dos fluidos administrados é determinada pelo diâmetro interno do cateter e é inversamente proporcional ao seu comprimento. Não depende do calibre da veia em que o cateter é colocado. E preferível iniciar por punções venosas periféricas nos membros superiores. D: exame neurológico No final da avaliação primária, realiza-se uma avaliação neurológica rápida. Esta avaliação neurológica estabelece o nível de consciência do doente, o tamanho e reatividade das pupilas, sinais de lateralização e o nível de lesão da medula espinhal. Avaliação do nível de consciência: A escala de coma de Glasgow (ECG) é um método rápido e simples para determinar o nível de consciência e que permite prever a evolução do doente (particularmente a melhor resposta motora). A lesão cerebral primária resulta do efeito estrutural do trauma sobre o cérebro. A prevenção da lesão cerebral secundária, por meio da manutenção de oxigenação e perfusão adequadas, são os principais objetivos do atendimento inicial. Avaliação pupilar D A luz penetra no olho através da pupila, inervada pelo nervo óptico (aferente) e cruzando o quiasma óptico, a informação luminosa é enviada até o diencéfalo, mandando uma resposta pelo nervo oculomotor (Parassimpático - efetor) para que a pupila se contraia. O normal é que as pupilas estejam isocóricas e reagindo igualmente, sendo uma ação parassimpática. • Miose: o parassimpático está agindo muito, ou seja, alguma reação está estimulando o parassimpático em demasia. • Midríase: o parassimpático parou de agir – morte cerebral. • Anisocoria: penas um lado acometido. Lateralidade E – Exposição e controle ambiental Avaliação secundaria (reanimação): A reanimação e o tratamento das lesões com risco para a vida logo que identificadas são essenciais para maximizar a sobrevivência do doente. A reanimação também segue a sequência ABC e ocorre simultaneamente com a avaliação. O doente deve ser totalmente despido, usualmente cortando as roupas para facilitar o exame e avaliação completos. Depois de retirar a roupa do doente e completar a avaliação, o doente deve ser coberto com cobertores aquecidos ou algum dispositivo de aquecimento externo para prevenir a ocorrência de hipotermia na sala de trauma. Os fluidos intravenosos devem ser aquecidos antes de administrados e o ambiente deve ser mantido aquecido. 4. Medidas auxiliares (avaliação primaria): • Sonda vesical: O débito urinário é um indicador sensível da volemia do doente e reflete a perfusão renal. A monitoração do débito urinário é realizada de forma mais adequada pela inserção de uma sonda vesical. • Sonda nasogástrica: A sonda gástrica é indicada para reduzir a distensão gástrica, para diminuir os riscos da aspiração e avaliar a presença de hemorragia do trato gastrointestinal alto no trauma. A descompressão do estômago diminui o risco de aspiração, porém não a evita completamente; • Monitorização multiétnica: ▪ PA ▪ FC ▪ FR: A frequência respiratória e a gasometria arterial devem ser utilizadas para monitorar o processo respiratório; ▪ SATO2 E • ECG • Exames complementares • Reavaliação continua • Considerar transferência 5. Avaliação secundária (reanimação) 6. Medidas auxiliares a avaliação secundária • TC • RNM • EBA (endoscopia digestiva baixa) • Broncoscopia • Urografia 7. Reavaliação e monitorização contínua 8. Tratamento definitivo Tratamento final Unidade capaz de atender paciente → permanece para tratamento final Unidade incapaz de transferir → transferir paciente • Mecanismo (como foi, o ambiente, se teve vítima fatal) • Injúrias encontradas e suspeitas; • Sinais e sintomas; • Tratamentos (todas condutas que foram tomadas); Resumo História clínica Alergias Medicamentos Passado médico Liquidos e alimentos Ambientes e eventos Exame físico Cabeça e pescoço Maxilofacial Coluna vertebral Tórax Abdome Períneo
Compartilhar