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Ítalo – Técnica Dietética CONCEITO A FTP ou receituário padrão, é um instrumento gerencial de apoio operacional, que padroniza receitas identificando os seus componentes com as características de produção de cada preparação, além de levantar custos, ordenar o preparo, calcular o valor energético total (VET) e sugerir a montagem dos pratos que podem ser preparados em um ambiente doméstico ou institucional. Portanto, a FTP pode ser utilizada como um instrumento para o planejamento do cardápio, representando assim, um dos mais importantes documentos do restaurante, onde ele descreve todo o processo de elaboração dos pratos/preparações, as matérias-primas utilizadas, suas quantidades e seu valor total de produção. Sendo também uma ferramenta importante para a formação de preço de vendas, fixação de padrões e histórico das receitas, e instrumento técnico utilizado para organizar a produção de alimentos em unidades de alimentação e nutrição (UAN´s), sejam elas hospitalares ou de refeições coletivas. Resumindo: Podemos definir então, que a FTP é uma planilha que explica detalhadamente como se fazer determinada receita através do: Levantamento dos custos, do cálculo do valor nutricional da preparação e da ordenação do preparo. Podendo ser aplicada em qualquer UAN. QUAIS AS FUNÇÕES DA FTP? • As funções da FTP envolvem um conjunto de situações, como: 1. Registrar quantidades da matéria-prima utilizada nas preparações. 2. Padronizar o quantitativo de matérias-primas nas preparações. 3. Padronizar a montagem e apresentação das preparações. 4. Identificar os custos da produção. 5. Registrar os processos da produção. 6. Manter um histórico das preparações da Unidade de Alimentação e Nutrição ou restaurante. 7. Permitir a comparação das informações de consumo. 8. Facilitar a previsão de compras e especificações de gêneros. QUAIS INFORMAÇÕES DEVEM CONSTAR NA FTP? 1. Quantidade de cada ingrediente, em medidas caseiras, peso bruto (PB) e peso líquido (PL). 2. Cálculo dietético total e por porção. 3. Rendimento em peso preparado, número de porções e peso por porção. 4. Densidade energética. 5. Descrição do modo de preparo. 6. Análise sensorial. 7. Custo total e por porção. A PARTIR DAS INFORMAÇÕES DA FTP, PODE - SE TER ACESSO A DADOS COMO 1. Per capita; 2. Fator de correção; 3. Fator de cocção; 4. Composição centesimal (macro e micronutrientes); 5. Rendimento e número de porções; 6. Tempo de preparo (deve incluir pré-preparo e preparo); 7. Descrição dos equipamentos necessários para confecção. AS VANTAGENS DA FTP 1. Diminui perdas na cozinha; 2. Permite o treinamento de novos cozinheiros; 3. Facilita o trabalho do setor de compras; 4. Ajuda no controle dos desvios; 5. Garante qualidade e quantidade ao cliente. E QUAL A CONTRIBUIÇÃO DESSA FICHA TÉCNICA DE PREPARAÇÃO (FTP)? • A ficha contribui para se ter: → Padronização dos cardápios; → Controle de qualidade; → Controle de desperdícios; → Controle dos custos; → Programação de compras; → Apuração no preço de venda. O QUE É ESSA PADRONIZAÇÃO? • A Padronização é a peça-chave para o gerenciamento e controle da qualidade de alimentos no atual mercado. ➢ Os benefícios da padronização no processo de produção de refeição é: 1. NUTRICIONISTA: → Facilita o treinamento; → Elimina interferências por dúvidas; → Facilita o planejamento do trabalho diário; 2. FUNCIONÁRIO: → Facilia a execução de tarefas, sem a necessidade de ordens frequentes; 3. CLIENTE: → Garante que determinada preparação terá sempre o mesmo aspecto físico e sensorial; → Gerando assim, satisfação e fidelidade a empresa; Ítalo – Técnica Dietética QUAIS DADOS DEVEM CONTER EM UMA FTP • A estrutura da FTP pode variar de acordo com o perfil e a necessidade de cada serviço, mas basicamente três partes devem ser utilizadas em qualquer serviço: 1. O Nome da receita; 2. Ingredientes; 3. Modo de preparo. ➢ Além destas, pode conter outas informações como: 1. Nome da preparação 2. Tipo de serviço: self-service, à la carte, empratado, inglês... 3. Categoria da receita; 4. Descrição e quantidade de cada ingrediente (medidas caseiras, PB e PL, per capita); 5. Sequência dos gêneros alimentícios e modo de preparo; 6. Cálculo nutricional total e por porção; 7. Rendimento da preparação, nº de porções, peso por porção, tempo de processamento (pré-preparo e preparo); 8. Fator de correção e de cocção, além do índice de reidratação; 9. Tipos de equipamentos a ser utilizados; 10. Análise sensorial (cor, sabor, consistência e aceitabilidade) Custo total e por porção. QUAIS OS INSTRUMENTOS ESSENCIAIS A SEREM UTILIZADOS NA ELABORAÇÃO DA FTP? • Na confecção das fichas técnicas de preparo, os dados devem ser colhidos por observação nas práticas de preparo in loco. Esse aspecto é importante, pois poderá não surtir os resultados esperados se forem copiados de outros estabelecimentos ou se forem apenas teóricos. Assim, é necessário: 1. Balança de precisão; 2. Cronômetro/relógio; 3. Caneta de papel; 4. Lista de preços; 5. Calculadora; 6. Utensílios caseiros; 7. Compreensão dos profissionais envolvidos. ➢ Após o término da elaboração das FTP, sugere-se testá-las por meio do preparo e montagem da preparação, de preferência por um funcionário diferente daquele que foi acompanhado para a elaboração da Ficha Técnica de Preparo diagnóstica. A elaboração das FTP tem importante função no ajuste de receitas preexistentes em programas informatizados de controle de estoque. ➢ IMPORTANTE: Recomenda-se que as FTP sejam organizadas conforme o tipo de preparação, a exemplo: Saladas, guarnição, prato principal etc., para facilitar o planejamento do cardápio. • A ficha técnica, segundo Guimarães e Souza (2000), Akutsu et al (2005) e Fonseca (2006), por sua flexibilidade e variedade de informações, pode se prestar a diversas aplicações: 1. GERENCIAL: Financeira e gestão de materiais; 2. NUTRICIONAL: Ficha como instrumento de promoção a saúde; 3. CONTROLE DE QUALIDADE: do processo produtivo, da preparação final e gestão de materiais. PER CAPITA E PORÇÃO PER CAPITA: • É a quantidade do alimento cru e limpo consumido por pessoa, geralmente calculado com base em resultados estatísticos de uma população, porém cada tipo de serviço e/ou cardápio pode determinar o seu per capita. A expressão per capita (por cabeça) também pode ser utilizada como sinônimo de gramagem do ingrediente ou da preparação. ➢ Portanto, a per capita pode ser definida como: 1. Por cálculo do valor calórico total com base no perfil da coletividade assistida. 2. Por estimativa em serviços com distribuição self-service (utilizando a medida de sobras). 3. Estabelecidos em contrato de prestação de serviços entre a empresa contratada e o contratante. • A per capita representa a base para um bom planejamento de cardápio, do ponto de vista quantitativo, bem como o de compras, pois a partir desta, podem ser elaborados: → Os pedidos de compras. → A liberação de produtos para a produção. → Orientação para a equipe de produção. → Os cálculos do valor nutricional por pessoa. → Os custos por refeição servida. • Fatores que influenciam no valor do per capita servido nas UAN: → Hábito alimentar. → Tipo de atividade dos usuários. → Gênero dos usuários. → Clima. → Qualidade e apresentação das preparações. → Frequência das preparações no cardápio. → Idade dos usuários. → Tipo de serviço (distribuição) – Porcionada ou selfservice. → Cocção. → Porcionamento no preparo (corte realizado durante o → pré-preparo). → O per capita deve ser definido para cada UAN. • O CÁLCULO ESTIMADO DO PER CAPITA DE CONSUMO DA UAN, É CALCULADO COM BASE EM: 1. ESTIMADO: Com base na medida da sobra limpa e da sobra do balcão, pode-se estimar o per capita médio servido de uma determinadapreparação, valor este que auxiliará no planejamento das quantidades a serem servidas e, consequentemente, na compra dos gêneros. Ítalo – Técnica Dietética 2. REAL: Se os dados de resto estiverem disponíveis, é possível obter o per capita de consumo médio real da população e com base nestes é possível calcular o consumo calórico médio referente às refeições realizadas na UAN. TERMOS USADOS NA PER CAPITA : • PESO BRUTO (PB): → É o peso do alimento tal como é adquirido (na forma de compra), com aparas, cascas, sementes, talos e ossos. → Utilizado para o dimensionamento dos pedidos de compra e cálculo do custo com os gêneros. • PESO LÍQUIDO (PL): → Definido como a fração aproveitável do alimento no estado cru, resultante do pré-preparo do alimento com a eliminação das aparas (ou seja, é o peso da parte comestível). → Utilizado para o cálculo dietético do alimento e/ou preparações servidas na atividade de planejamento do cardápio, quando a receita estiver disponível. • FATOR CORREÇÃO (FC): → Pode ser definido como a perda que ocorre entre o alimento adquirido e o alimento após o pré-preparo e pronto para servir (no caso das preparações servidas sem cocção). → O fator de correção é específico de cada alimento; → Há variações do FC de um alimento com base em: 1. Qualidade do produto comprado; 2. Preparação a que se destina; 3. Técnica de preparo utilizada. → O FC é calculado utilizando –se a fórmula: Fator de correção (FC) = peso bruto (PB) ÷ peso líquido (PL). • E QUAIS OS FATORES QUE INTERFEREM NO VALOR DO FATOR DE CORREÇÃO? → Qualidade dos gêneros adquiridos. → Condições de armazenamento dos gêneros. → Qualificação da mão de obra. → Método de processamento utilizado (manual ou com uso de equipamentos). → Manutenção e estado de conservação de equipamentos e utensílios utilizados no processo de produção. → Utilização de técnicas adequadas de processamento do alimento. ➢ IMPORTANTE: Apesar da existência de alguns valores de FC na literatura, cada UAN deverá definir o seu fator de correção com base nas suas condições de manipulação, estabelecendo o padrão a ser seguido na UAN. • O fator de correção após estabelecido pode ser utilizado como um parâmetro de controle de qualidade da produção, pois permite avaliar: → A qualidade dos gêneros recebidos; → A eficiência e treinamento da mão de obra; → A qualidade dos utensílios e equipamentos utilizados no processamento dos alimentos; • Já o fator de cocção (FCÇ) ou índice de cocção (IC) pode ser definido como a relação entre o peso do alimento cozido e o peso líquido cru desse mesmo alimento. Reflete a perda de água ou retração das fibras de um alimento, no caso das carnes e vegetais e/ou a hidratação do amido pela absorção da água, para os cereais e leguminosas. É calculado pela fórmula abaixo: → Índice de cocção (IC)= peso do alimento cozido ÷ peso do alimento cru e limpo. ➢ Cabe salientar que o índice de cocção irá variar conforme o método de cocção empregado, bem como de acordo com o tempo de exposição do alimento ao calor e observando, ainda, as características de cada grupo de alimentos. Outro aspecto importante no que se refere ao uso do IC, para gêneros cárneos, é a definição do per capita de distribuição das preparações, a fim de que se possa definir o porcionamento das carnes no pré-preparo. PORÇÃO: • É a quantidade per capita referente a um alimento in natura ou preparado ou, ainda, a uma preparação (Resolução CFN nº 380/2005), ou seja, é a porção considerada a quantidade média do alimento na sua forma pronta para consumo, quase pronta para consumo ou não preparada, conforme o caso, que deveria ser consumida por pessoas sadias maiores de 5 anos, ..., com a finalidade de promover uma alimentação saudável (RDC nº 359/03; Altenburg & Dias, 2010). 1. CARBOIDRATO : Calcular o valor, com base na tabela de alimentos, de gramas de carboidrato de cada ingrediente e multiplicar por 4kcal; 2. PROTEÍNA : Calcular o valor, com base na tabela de alimentos, de gramas de proteína de cada ingrediente e multiplicar por 4kcal. 3. LIPÍDIO: Calcular o valor, com base na tabela de alimentos, de gramas de lipídio de cada ingrediente e multiplicar por 9kcal. 4. NDPCAL% : Procura garantir que o cardápio seja elaborado com proteínas de adequado valor biológico. → NDPCal = Proteína líquida x 4 / VET x 100 5. DENSIDADE CALÓRICA : É a quantidade de energia metabolicamente disponível por unidade de volume de alimento. Ou seja, a densidade calórica é a relação entre as calorias que o alimento fornece sobre o volume do mesmo. → DC = VCT / Peso líquido; → Custo. ➢ OBS: O cálculo deve levar em consideração o peso bruto. A “Regra de 3” do valor total do produto adquirido pela quantidade utilizada na receita. Ítalo – Técnica Dietética 6. VALOR CALÓRICO TOTAL : Valores de referência - Entre 6 e 12; Valores abaixo de 6 indicam que a dieta pode conter um alto teor de proteína de origem vegetal ou que a dieta contém um teor baixo de proteína total. • Para o cálculo da proteína líquida, multiplicam-se os gramas de proteínas de acordo com a origem da proteína pelos fatores abaixo: → Proteína de origem animal - 0,7 → Proteína de leguminosas - 0,6 → Proteína de cereais - 0,5 LEGENDA ABREVIAÇÕES FÓRMULAS PL: Peso líquido. PL = PB / FC FC: Fator correção. FC = PB / PL PB: Peso bruto. PB = PL x FC IA: Índice de absorção IA = Peso do alimento cozido sem caldo / Peso líquido IR: Índice de reidratação IR = Peso do alimento escorrido após remolho / Peso líquido
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