Buscar

INSTRUMENTOS MUSICAIS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INSTRUMENTOS MUSICAIS
 
 Instrumentos musicais são objetos extraordinários criados para a expressão de sentimentos, emoções e ideias musicais. Alguns são excepcionalmente simples como um apito, outros são incrivelmente complexos e elaborados como o órgão de tubos ou instrumentos eletrônicos. O estudo dos instrumentos musicais é feito a partir de diversos pontos de vista, como, por exemplo: físico, estético, artístico e histórico. Nesta dissertação abordaremos mais a questão física, ou seja, a relação das propriedades e características de alguns instrumentos no que tange ao comportamento físico.	 
 Se um instrumento musical, por exemplo, um violino estiver produzindo som, observamos que suas cordas irão vibrar, contudo não podemos ver o movimento vibratório de toda a estrutura do instrumento, mas sabemos que todas as suas diversas partes vibram, comportando-se como um conjunto de osciladores de grande complexidade. Analisando um instrumento musical do ponto de vista físico podemos considerá-lo um sistema dinâmico. Todo instrumento deve possuir três componentes: o sistema excitador, o sistema ressoador e o sistema radiante. 
 Sistema excitador é o mecanismo físico que gera as vibrações transformando energia não-vibratória (movimento do arco nas cordas, fluxo de ar em um tubo etc) em energia vibratória. Ocorre a interação, por exemplo, entre martelo e corda (piano), fluxo do ar e vibração labial (instrumentos de metal), baqueta e membrana (instrumentos de percussão), fluxo do ar e vibração da palheta dupla (oboé) etc. No caso dos instrumentos de cordas, ditos, cordofones, os modos de pôr uma corda em vibração são: percutir, friccionar, dedilhar, beliscar. No caso dos instrumentos de ar, ditos, aerofones, os modos de excitar são: jato de ar e aresta, palheta e vibração labial.
Tabela 03 alguns instrumentos e o principal elemento vibratório
Instrumento Elemento vibratório
Violino, piano corda
Trompete, clarinete lábio, palheta
Timbale, caixa membrana
Xilofone, marimba barras
Pratos, gongo, sinos placas
Voz humana cordas vocais
 O sistema excitador está acoplado ao sistema ressoador, através do qual as oscilações são amplificadas, filtradas ou modificadas. O ressoador é o elemento que ressoa à frequência pretendida. Exemplos de sistemas ressoadores: cordas vocais e trato vocal no aparelho vocal humano. A caixa de ressonância dos cordofones é feita de modo a amplificar as frequências emitidas pela corda. Como a caixa tem seus modos próprios de vibração e o ar nela contido também, a energia vibratória da corda ao ser transferida para a caixa vai ser amplificada de acordo com as frequências desses modos. O som produzido pela corda é ‘filtrado’ pelo corpo do instrumento.	 
 Quanto ao sistema radiante, são os mecanismos que o instrumento possui para radiar, transmitir, propagar o som até nossos ouvidos. Exemplos: orifícios laterais e pavilhão no clarinete, tampo harmônico no piano, pavilhão no trombone, caixas da guitarra e do violino e massa de ar interior. Em todos os instrumentos formam-se ondas estacionárias no interior do instrumento e necessita-se de energia para transferir por radiação para o exterior. Caso a transferência de energia do sistema radiante fosse total, a onda estacionária não se formaria e o som que estamos habituados a ouvir não surgiria. 
 Os três sistemas mencionados, excitador, ressoador e radiante estão, comumente, acoplados, se influenciando e interagindo fisicamente e depende de muitos fatores concomitantes. Nos instrumentos de sopro são os modos acústicos do tubo que prevalecem sobre as frequências do sistema excitador. Nos instrumentos de corda friccionada, percutido ou beliscada são os modos próprios da corda que determinam a frequência emitida. Uma só parte do instrumento pode exercer várias funções: a corda do violino faz parte simultaneamente do mecanismo de excitação e é elemento ressoador; a lâmina do xilofone cumpre três funções simultâneas: faz parte do sistema excitador e é elemento ressoador e radiante. 
Classificação dos instrumentos
 Este estudo constitui o objeto da organologia[footnoteRef:1]. Baseia-se a atual organologia no sistema proposto em 1914, por Erich von Hornbostel e Curt Sachs. A classificação baseia-se em um princípio acústico: qual é o elemento que produz o som? Da resposta advém quatro categorias: [1: O termo tem vários significados associados à biologia e anatomia, mas é aceito internacionalmente para designar o estudo dos instrumentos musicais (Baines, 1992)] 
· Idiofones – instrumentos em que o som é produzido pela vibração de corpos sólidos (placas, varas, barras etc);
· Membranofones – instrumentos em que o som é produzido por uma membrana tensa;
· Cordofones – instrumentos em que o som é produzido por uma corda tensa;
· Aerofones – instrumentos em que o som é produzido pela vibração do ar;
· Eletrofones – instrumentos em que o som é produzido a partir da variação da intensidade de um campo eletromagnético. Utiliza alto-falantes para converter sinais elétricos previamente amplificados em ondas acústicas
 A qualidade sonora de um instrumento musical depende de vários fatores:
· Facilidade de produção do som;
· Boa resposta mecânica;
· Estabilidade da afinação;
· Uniformidade tímbrica
 Diz-se frequentemente que um bom instrumentista pode tocar o que quiser em qualquer instrumento. A execução musical é o resultado da interação entre o músico e o instrumento. Ao fim de alguns anos, raramente menor do que dez, o músico passou milhares de horas com o mesmo instrumento e terá uma técnica bastante efetiva neste instrumento, ou como se costuma dizer ‘o músico faz o instrumento’. Certos músicos conhecem tão profundamente a técnica de execução de um instrumento que consegue ótimos resultados em instrumentos medíocres e, naturalmente, resultados excepcionais em bons instrumentos. O que é consenso entre os profissionais é que estudar num bom instrumento desenvolve com muito mais efetividade e profundidade a técnica adequada. 
 Abordaremos, na sequência, um instrumento de cada categoria, enfocando mais do ponto de vista da física. 
2.1 Cordofone
 O violino é, talvez, o mais famoso dos cordofones friccionados[footnoteRef:2]. O instrumento é constituído por quatro cordas afinadas em intervalos de 5ª. O intervalo pode ser mais bem compreendido a partir das experiências de Pitágoras (570 – 497 A. C.). Pitágoras realizou uma série de experiências em cordas vibrantes utilizando um monocórdio. Trata-se de uma corda tensa sobre uma caixa alongada, a qual tem uma escala numérica. Pode-se, usando e deslocando cavaletes fixos e móveis, dividir a corda em frações de seu comprimento original ou ‘corda solta’. Pitágoras constatou que diminuindo o tamanho da corda o som se torna mais agudo, por exemplo, a metade da corda emite um som que está a uma 8ª acima do som original (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó)[footnoteRef:3]. Do mesmo modo, os intervalos de 5ª e 4ª resultavam de frações da corda, respectivamente 2/3 e 3/4 do comprimento da corda. [2: Outros instrumentos da ‘família’ são a viola e o violoncelo. O contrabaixo tem uma estrutura parecida mas afina por intervalos de 4ª por derivar da família das ‘violas da gamba’] [3: Sequência tradicional de sons gradualmente mais agudos, conhecido como escala diatônica maior. 
A origem remonta ao ano mil, originou-se do hino a São João: ut queant laxis, resonare fibris, mira gestorum, famuli tuorum, solve polutti, labii reactum, sancte joahannes. Posteriormente, o ‘ut’ foi substituído por ‘dó’. O hino e as notas foram fixados pelo monge italiano, Guido D’Arezzo (992 – 1050)] 
 Figura 09monocórdios
 Pitágoras considerou a música uma representação da harmonia do universo, dita harmonia das esferas. A ideia é que a música se relaciona aos corpos celestes. Planetas, o sol, a lua, estão associados a sons específicos, individuais ou conjuntos, concordantes ou harmônicos. A relação entre a tensão e a harmonização desses sons caberia aos músicos. 
 A construção do violino é bastante complexa e especializada. A tensão total das quatro cordas de um violino é aproximadamente de 220N, da qual resulta uma força de 90N[footnoteRef:4] sobre o cavalete (Fletcher & Rossing, 1998). [4: Cerca de 9 kg] 
Figura 10 partes do violino
 A alma e a barra são muito importantes para que o instrumento distribua seus modos acústicos como um todo, como se fosse uma peça única, sem divisões ou limites. Os melhores violinos do mundo são instrumentos italianos dos séculos 17 e 18 e que alcançam preços da ordem de milhões de dólares, frequentemente possuído e guardado por banqueiros. Antonio Stradivari, (1644, 1737), expoente da arte de construção de violinos, criou um mito conhecido pelo seu próprio nome. Para muitos, o maior segredo de Stradivari diz respeito ao verniz. É considerado o melhor luthier (construtor de alto nível) de todos os tempos. Mas, por melhores que sejam seus violinos, violas, violoncelos etc, instrumentos atuais têm substanciais diferenças quanto a espessura dos tampos e placas, ao tipo de madeira, aos tipos de cordas e arcos, aos tipos de colas, a certas diferenças de volume e tamanho de certas partes etc[footnoteRef:5]. [5: Muitos luthiers e conservadores de museus creem que certos instrumentos não devem correr riscos e serem usados exclusivamente para servir de modelos a cópias] 
 Fisicamente a corda tem um papel semelhante ao da coluna de ar num instrumento de sopro. É a corda que determina a frequência que se ouvirá, acompanhada de seus respectivos harmônicos[footnoteRef:6] [6: Harmônicos são sons formados a partir do som fundamental. O som fundamental, devido ao fenômeno da reflexão, subdivide-se em sons mais agudos. Da somatória da fundamental e seus harmônicos tem-se o timbre característico do instrumento] 
Figura 11 série harmônica. Som fundamental (dó mais grave na clave de fá, pentagrama de baixo) e seus harmônicos (até o 16º harmônico, dó mais agudo na clave de sol, mais acima)
 Antes da execução, o músico utiliza uma resina própria para friccionar as cordas a fim de obter o atrito adequado entre a corda e o arco. Foi Helmholtz (1821 – 1894), grande gênio da acústica (e de outras áreas científicas) quem primeiro descreveu o fenômeno da propagação da onda na corda[footnoteRef:7]. Não existe nenhum algoritmo até agora que descreva todo o complexo comportamento vibratório da corda friccionada[footnoteRef:8]. O modelo clássico de abordar a modelação do sistema corda-arco é um modelo baseado na propagação das ondas fazendo incluir diversos parâmetros como as funções de reflexão das ondas nas extremidades da corda vibrante (Barjau e al., 1997)[footnoteRef:9]. Um dos aspectos interessantes com relação à afinação dos cordofones friccionados como o violino refere-se ao material de que são feitas as cordas. Cordas de tripa (de carneiro) produzem uma sonoridade mais aveludada, cordas metálicas são menos aveludadas. Cordas novas devem ser afinadas constantemente até ganhar uma certa estabilidade. Cordas velhas podem se romper com uma certa constância. [7: Conhecido como o movimento de Helmholtz (Helmholtz corner)] [8: A lei do atrito considerada de Coulomb em que o coeficiente de atrito é função da velocidade, aderência e escorregamento do arco.] [9: Apud Luís Henrique, 2002] 
 Cordofone de tecla, o piano é o instrumento que recebeu as mais amplas investigações, modelagens, algoritmos, descrições acústicas, estudos profundos e pormenorizados. Outros tipos de cordofones são aqueles dedilhados (e não friccionados) como os vários tipos de guitarras acústicas, violões, cavaquinhos etc, ou palhetados como a guitarra elétrica, o bandolim etc. Com relação ao piano existe o conceito de toucher, ou ‘toque’, um termo intraduzível, mas que diz respeito ao modo como se toca, o tipo de ataque transmitido à tecla pelos dedos, o sentir do percurso e peso das teclas. Cada piano, ou melhor, cada mecânica tem um toucher próprio o qual é função da inércia das teclas, dos martelos, da rigidez das molas e do mecanismo em geral.
2.2 Membranofone
 Passamos à segunda categoria, a dos membranofones, categoria extensa de instrumentos, em geral percutidos, mas também batidos, friccionados, raspados, com o uso de baquetas dos mais diversos tipos etc. Pertencem a esta categoria instrumentos como a caixa, bombo, tabla, adufe, tambores, bongôs, congas, cuícas, pandeiros, baterias etc. A caixa de rufo, ou simplesmente caixa[footnoteRef:10], é um dos membranofones mais usados na orquestra sinfônica[footnoteRef:11]. [10: Devido à sua conotação a cerimônias e bandas militares é também conhecida como caixa militar] [11: Na orquestra sinfônica os mais usados na percussão são os timbales, as caixas e os bombos ] 
Figura 12 caixa 
 A caixa possui uma membrana inferior e uma superior esticadas de modo diametralmente opostas, existem cordas ou bordões de aço ou tripa encostadas na membrana inferior. Há um mecanismo para ligar ou desligar os bordões, isto é, esticá-los, afrouxá-los ou mesmo removê-los. Mesmo frouxos vibram por simpatia com sons de outros instrumentos criando sons parasitas, para evitá-los é que se removem os bordões, quando a caixa não está a ser utilizada. A vibração da membrana superior ativa a membrana inferior, acoplamento que se dá em função da onda se propagando dentro da caixa, através do ar, ou no corpo rígido da caixa[footnoteRef:12], o que produz pares de modos acústicos, em geral, a frequência de 182 Hz, e em oposição de fase a frequência de 330 Hz (Rossing et al., 1992)[footnoteRef:13]. A membrana inferior faz vibrar os bordões, o que aumenta o volume, a duração do som, conferindo-lhe ainda um timbre bem característico resultante do zumbido provocado pela sua vibração contra a pele[footnoteRef:14]. A interação entre os bordões e a pele mistura as frequências normais das peles com uma profusão de ruídos[footnoteRef:15] e provocando um som de altura praticamente indefinida. Rossing (Rossing, 1990) e seus colaboradores mediram os modos próprios das membranas, dos bordões, do corpo e do instrumento em seu todo. Quando a caixa é percutida com sua baqueta própria transmite-se a energia vibratória à membrana superior a qual a transmite por sua vez à membrana inferior, somente uma pequena parte da vibração se transmite no corpo metálico, ou suporte da caixa. O tempo de decaimento (duração do som no espaço) dos vários modos acústicos fazem variar os timbres e ainda dependem do apoio da caixa (onde está apoiada) e da massa de seu corpo (onde as membranas estão esticadas. [12: O corpo da caixa também é chamado de fuste e pode ser de metal, madeira, plástico etc] [13: Apud Luís Henrique, 2002] [14: Lembrar do rufo de caixa em cenas circenses sempre presentes em nossa memória, efeito de suspense bem característico] [15: Um ruído pode ser definido como um som não-periódico, sem altura definida e muitas outras características] 
2.3 Idiofone
 Embora os membranofones possam, em muitos exemplos, ser parentes próximos dos instrumentos de percussão (não é o caso do violino), existe uma categoria própria para designar estes últimos: os idiofones Os idiofones são mais conhecidos como instrumentos de percussão, popularmente, ‘a cozinha’. São instrumentos feitos de materiais sólidos sonoros, em geral, barras, varas, placas, lâminas e outros materiais não sujeitos à tensão, rijos. Podem possuir altura definida ou indefinida. Existem desde tempos imemoriais sobretudo nas culturas não-ocidentais[footnoteRef:16]. Na música ocidental a percussão só foi largamente usada e explorada a partir do século XIX, e no século XXos compositores descobriram seu enorme potencial. Na orquestra sinfônica o naipe dos percussionistas se posiciona no fundo da orquestra com, em geral, uma participação bastante limitada, ou passando a maior parte do tempo ‘contando compassos’. Daí serem chamados de ‘departamento da cozinha’ ou, ainda, mais pejorativamente de ‘cozinha das bruxas’ devido aos sons produzidos por timbales e bombos que podem lembrar grandes tachos, panelas etc. O desenvolvimento tecnológico permitiu uma evolução considerável, notadamente com o aparecimento dos sinos tubulares, do vibrafone, dos timbales de pedal, xilofones eletrônicos, grandes marimbas etc. Atualmente existem grupos exclusivos de percussionistas altamente profissionais. [16: Extremo-oriente e África (Adler, 1989)] 
Figura 13 sino tubular
 Os idiofones são a família de instrumentos mais disseminada pelo mundo e de uma incrível diversidade de tipos, formas e tamanhos. Dentre os tipos de instrumentos de percussão mais básicos da orquestra podemos citar: timbales, caixa, bombo, pandeireta, xilofone, marimba, vibrafone, glockenspiel, sinos tubulares, celesta, castanholas, triângulo, caixa chinesa, temple block, clavas, maracas, cegarrega, guizos, flexatone, guizo, estalo etc, etc. O número de tipos é ilimitado e os compositores criam a toda hora[footnoteRef:17]. [17: Por exemplo, o sixxen (necessita de seis instrumentistas) foi construído para a execução de uma peça de Xenaquis (Plêiades, 1979)] 
 Uma característica diferente no que tange ao percussionista é que tocar muitos tipos de instrumentos diferentes, possui excepcional coordenação rítmico-motora e pode passar de um instrumento para outro com técnicas de execução muito diferentes, mas mantendo o rigor e virtuosismo. Em geral, os instrumentos de percussão podem ter um tempo de decaimento muito curto (outros o tem muito longo, como o gongo, sinos etc), e a execução em conjunto exige uma precisão de ataque absolutamente precisa. Certas obras requerem mais de 30 instrumentos diferentes e podem ser executados em perfeita sincronia por apenas dois percussionistas. 
2.4 Aerofone
 Aerofones são instrumentos que dependem de um fluxo de ar, assoprado através da embocadura ou palheta. Os tubos comportam-se de modo diverso caso estejam abertos ou fechados
Figura 14 exemplos de tubos
 O fato de o tubo estar fechado ou aberto na extremidade oposta à embocadura forma ondas estacionárias de formatos diferentes. Instrumentos com embocadura (local onde o músico coloca os lábios) de palheta (simples, dupla ou labial) funcionam acusticamente como tubos fechados, já embocaduras de aresta (sem palhetas, por exemplo, flauta doce) comportam-se como tubos abertos: 
 
 Figura 15 forma da onda no tubo aberto 
 
 Figura 16 forma da onda no tubo fechado
 
 As formas básicas são cilíndricas e cônicas. Verificou-se que nos tubos cilíndricos, em caso de ser fechado-aberto existem os harmônicos ímpares, se o tubo for aberto-aberto existem todos os harmônicos (neste caso a conicidade é mínima). Chama-se frequência de corte a frequência a partir da qual as ondas que se propagam num tubo passam a radiar (propagar-se) livremente, com uma certa intensidade. Na prática equivale à sensação de que o fluxo de ar inserido no tubo está em situação de boa sonoridade, boa vibração, boa afinação, ou seja, boa técnica. Nos metais a parede do tubo é relativamente mais fina do que nas madeiras, mas ambas são razoavelmente rígidas. As perdas de energia devido á viscosidade e dissipação térmica dentro do tubo são fatores importantes. Por exemplo, em relação à flauta transversal, a diferença de sonoridades entre o sistema atual[footnoteRef:18], em geral em instrumentos metálicos, e o anterior (madeiras), resulta mais de alterações nas dimensões dos instrumentos do que da mudança de material (Fletcher & Rossing, 1998)[footnoteRef:19]. Muitos músicos preferem a flauta de madeira devido à sua sonoridade extremamente aveludada ou doce[footnoteRef:20]. A flauta transversal, modelo Boehm, é feita de metal, em geral uma liga de cobre, níquel e zinco[footnoteRef:21]. Flautas feitas de metais nobres são muito caras, por exemplo, de ouro maciço (quatorze quilates), ou de platina com chaves de ouro. Uma boa solução é o uso da prata[footnoteRef:22]. Os grandes flautistas preferem o instrumento de prata ou ouro, contudo o metal nobre tem muito pouca influência na qualidade sonora. [18: Sistema Boehm] [19: Apud Luís Henrique, 2002] [20: Instrumento muito usado na música irlandesa tradicional] [21: Mais conhecida como ‘prata’ alemã’] [22: A prata é um tanto maleável, então é preferível uma parte (em dez de prata) de cobre e com chaves parcialmente de aço] 
 O que é comum é que os grandes construtores é que acabam recebendo as melhores encomendas para o fabrico de ouro, prata, platina, o que se reflete no esmero e na técnica muito apurada de fabricação. Na impossibilidade de adquirir uma flauta inteiramente de prata, usar a cabeça de prata, parte mais crítica do instrumento, já traz bons resultados.
Figura 17 partes da flauta transversal
 A flauta transversal é um tipo de aerofone com embocadura de aresta. Para emitir o som é necessário manter um jato de ar contra a aresta ou abertura. Analisando mais detalhadamente a flauta transversal, ressaltamos que é constituída por um tubo cilíndrico de 67 cm de comprimento e 19 mm de diâmetro. O tubo é mais estreito na cabeça, onde se localiza a aresta para a embocadura. A flauta comporta-se como um tubo aberto ainda que a cabeça esteja fechada. É possível alterar o comprimento do tubo através de um parafuso na cabeça, o que se reflete na afinação básica, em geral o ‘lá 440 Hz’ ou um pouco menos (em geral, ‘lá 332 Hz’). Através da posição dos lábios na embocadura o flautista pode fazer variar a afinação, a intensidade, a qualidade do som (com mais ar, com menos ar). A flauta é um instrumento com um som mais liso, mais doce, mais próximo do som puro, senoidal. O seu timbre é inconfundível. Aerofones com palhetas são instrumentos com timbres excepcionalmente sugestivos, indo do grave e soturno e severo fagote, o agilíssimo, cavo e irônico clarinete, o melancólico, o triste e anasalado oboé, o sensual, quase humano e versátil saxofone e muitos outros. Os instrumentos de palheta estão sujeitos ao estado da palheta no momento mesmo em que é vibrada. A palheta se umedece muito rapidamente. Uma boa palheta pode estar mole em apenas quinze dias de uso. Consoante o tipo de música a se executar, o tamanho da sala, a maior ou menor proximidade do público etc, o músico pode escolher uma determinada palheta e o ‘tipo de som’ mais adequado ao momento. Para verificar a qualidade de uma palheta alguns oboístas mergulham-na na água, se levar uma hora para chegar ao fundo está boa, se ir logo para o fundo não presta mais. Todo músico de aerofones de palheta aprende a fazer as próprias palhetas mas a produção industrial é muito disseminada.
Figura18 família de palhetas
 Os aerofones de metal mais conhecidos são o trompete, a trompa, o trombone e a tuba mas também são importantes os menos conhecidos, o fliscorne, saxtrompas, sousafone, trompa dos Alpes, o corneto e o serpentão. Quase todo mundo conhece a corneta, instrumento muito parecido com o trompete (com pistões ou natural). Os metais[footnoteRef:23] são aerofones em que o som é produzido por pressão e vibração labial[footnoteRef:24] sobre um bocal. [23: Na orquestra temos os metais, as madeiras, as cordas e a percussão] [24: Também dita ‘palheta labial’] 
Figura 19 bocal de trompete
 As madeiras, em geral, utilizam uma estrutura de orifícios laterais para, através da divisão científica do tubo sonoro, obter os diversos sons da escala cromática[footnoteRef:25], nos metais da orquestra os processos usados para alterar a onda sonora dentro do corpo do instrumento (e obter os vários sons da escala) dão-se por meio de pistões, válvulas ou vara deslizante (trombone). A produção sonora dos metaisresulta de uma vibração auto excitada típica gerada na interação entre a vibração labial, o escoamento do ar e os modos acústicos do tubo. Os lábios do músico têm o controle do fluxo de ar e a sua vibração produz-se por efeito do efeito de Bernoulli, que correlaciona as variações da pressão dos lábios no bocal com as variações de velocidade do escoamento de ar produzido. Todo ‘metal’ é constituído por um bocal, um tubo ressoador e um pavilhão (espécie de concha para projetar a radiação sonora). O tubo pode ser cilíndrico (trompete), cônico (trompa) ou uma mistura dos dois, o que é mais comum. Importante do ponto de vista físico mencionar que nas madeiras se usam formas simples – cilindros e cones -, o que lhes permite uma série de modos acústicos harmonicamente relacionados. Nos metais existem misturas (ora cilindro, ora cone) em partes do instrumento de modo a potencializar todas as possibilidades de ressonância musicalmente úteis. O bocal é muito importante, nos ‘metais’ pois afetam muito a sonoridade do instrumento. Um bocal é um objeto de uma incrível precisão conforme podemos constatar na figura: [25: A escala cromática contém todos os sons usados na tradição musical ocidental. Os sons são distribuídos em intervalos de meio-tom ou semitom numa sucessão ascendente (dó, dó#, ré, ré#, mi, fá...) ou descendente (dó, si, sib, lá, láb, sol etc). ] 
Figura 20 partes do bocal
 Analisaremos apenas a taça (cup) e a garganta. A taça (aqui na forma em V) é onde se colocam e se pressionam adequadamente os lábios do músico. A taça capta, estabiliza e amplifica a vibração produzida nos lábios. A taça (forma, volume e profundidade) tem grande importância na qualidade sonora e na afinação, influenciando também a vibração labial. A garganta é a parte inferior e interior da taça e a seção (cilíndrica neste caso) de menor diâmetro do bocal. A garganta (forma e dimensões) afeta a passagem e a velocidade do fluxo de ar e, portanto, a facilidade da execução e a qualidade sonora. Desde sempre, sobretudo atualmente, seja por razões musicais ou ergonômicas, os construtores ‘desenham’ bocais com as especificações pedidas pelos grandes solistas. Crê-se que não existe um bocal ‘ideal’ uma vez que o ideal seria o que apresenta o melhor equilíbrio entre as componentes e possibilidades do próprio bocal com os ideais estéticos e técnicos do próprio músico em particular. 
É importante mencionar que a frequência de vibração dos lábios é muito próxima da frequência da nota emitida. 
 O trompete é um tubo de 137 cm de comprimento, cilíndrico em ¾ de sua extensão e alargando progressivamente até o pavilhão. 
Figura 21 trompete
 
 Segundo Long (1947)[footnoteRef:26], o nível de pressão sonora no bocal atinge 175 dB[footnoteRef:27] o que pode originar a geração de ondas de choque[footnoteRef:28]: [26: Apud Luís Henrique, 2002] [27: O que corresponde a 11,25 kPa] [28: Onda de choque é uma onda caracterizada por ser um distúrbio em propagação onde propriedades como velocidade, pressão, temperatura ou densidade variam de maneira abrupta e quase descontínua.] 
Figura 22 onda de choque[footnoteRef:29] [29: Imagem schlieren de uma nota aguda em fortíssimo executada no trompete, gerando o fluxo turbulento e uma onda de choque, visível como uma linha curva cujo centro é, aproximadamente, o pavilhão]

Continue navegando