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1 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Cirrose Hepática INTRODUÇÃO • Estrutura do fígado normal: o O sangue que irriga o fígado chega pelos ramos portais e um pouco pela Artéria Hepática ▪ 70% do sangue é decorrente da Veia Porta ▪ 30% do sangue é decorrente da Artéria Hepática (é um sangue venoso, porém ainda assim com uma grande quantidade de oxigênio) ▪ No lóbulo hepático o sangue passa pelos sinusoides, onde ficam as células próprias dos sinusoides e as células de Langerhans (apresentadoras de antígeno) ▪ Nesse trajeto, o sangue vai chegar na Veia Centrolobular o Os hepatócitos são hexagonais o Espaço porta é o espaço onde ficam ramos da artéria hepática, ramos da veia porta e um ducto biliar o Espaço de Disse é um espaço existente entre os sinusoides e as células o Lóbulo hepático clássico → Espaços porta formam as pontas do hexágono + Veia centrolobular no meio o No espaço entre espaço porta e veia centrolobular, temos áreas chamadas de 1, 2 e 3 ▪ A área perto da veia centrolobular (3) é a que mais sofre, porque está longe de onde chegam as veias, então é onde tem mais hipóxia o As células dos hepatócitos são feitas em cordões hexagonais • Fígado normal x Fígado cirrótico: o O fígado normal do ser humano é muito parecido com o fígado normal do porco, mas lembra também do fígado do boi, galinha etc. PROFA. PENHA ZAGO 2 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o O fígado cirrótico (cirrose nada mais é do que onde houve inflamação de “caroço”) se apresenta bem diferente do normal (fica como um fígado encaroçado) • Histologia do fígado cirrótico: o Há um processo inflamatório e os hepatócitos perdem a arquitetura normal, subvertem toda essa arquitetura e formam nódulos (os “caroços”) o Os hepatócitos ficam circundados por fibrose, que não entra em contato com o espaço porta e com a veia centrolobular CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DA CIRROSE • Cirrose hepática macronodular: o Os nódulos são macronódulos decorrentes da cirrose hepática e não é um câncer o A principal causa de cirrose macronodular é o álcool • Cirrose hepática micronodular: o Os nódulos são bem pequenos o Hepatites B e C mais frequentemente causam a cirrose nodular 3 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Cirrose hepática mista: o Forma macronódulos e micronódulos (Grupos de hepatócitos separados/isolados formando tipos de nódulos diferentes e gerando a cirrose mista) ETIOLOGIA DA CIRROSE • Etiologia da cirrose hepática: o Causas possíveis (% baseada em estudo no ES de 2013): ▪ Alcoolismo crônico (39,7%) 4 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ▪ VHC (14,5%) e VHC + Álcool (8,6%) ▪ VHB (13,1%) e VHB + Álcool (7,5%) ▪ Outras causas (6%) ▪ Criptogênico (9,8%) → Paciente que se investiga, mas não se descobre a causa o Todas as causas com álcool acometem mais o sexo masculino o Nas causas sem o álcool, o acometimento é praticamente igual entre os sexos o O alcoolismo é o que faz a importância de termos mais fígados cirróticos em homens do que em mulheres • Álcool: o Causa mais importante de cirrose o O álcool é metabolizado no fígado e nesse metabolismo ele forma ácidos graxos (álcool → acetaldeído → acetato + CO2 → ácidos graxos) ▪ Essa formação de ácidos graxos deposita dentro do hepatócito uma gota de gordura, que toma conta do hepatócito (isso é a esteatose alcoólica) o Esteatose macrogoticular é a primeira alteração histopatológica que aparece na hepatopatia alcóolica, isso vai levar a um sofrimento hepático (hepatócito sofrem, necrosam ou entram em apoptose) ▪ Começa um processo inflamatório importante (hepatite alcoólica), que acaba provocando fibrose (inicialmente nas periferia da veia centrolobular) o Corpúsculo de Mallory é uma inclusão citoplasmática em um hepatócito que sofreu degeneração/apoptose, que muitas vezes é englobado por outro hepatócito, fazendo a inclusão (está presente na esteatose alcoólica e não alcoólica, sendo um marcador importante de doença hepática) 5 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o A fibrose inicia próxima perto da veia centrolobular, com um processo inflamatório na zona 3 ▪ A fibrose vai se juntar entre a veia centrolobular e o espaço porta formando uma ponte de fibrose, que vai se unir a outra ponte de fibrose e assim vai acabar isolando um hepatócito, levando à cirrose o A presença de fibrose é um marcador de gravidade na hepatopatia alcoólica • Vírus: o Outra etiologia importante é a cirrose pelos vírus hepatotrópicos, que são os vírus da hepatite B e os vírus da hepatite C, sendo que o vírus da hepatite B pode ser piorado pelo vírus Delta (Hepatite D) ▪ Vírus Delta é um vírus defectivo, que mora dentro do vírus da hepatite B e que leva a uma piora do quadro clínico e gravidade da doença ▪ O vírus da hepatite B é um vírus DNA de dupla hélice incompleto ▪ O vírus da hepatite C é um vírus RNA o Os outros vírus (hepatite A, hepatite E) não levam à cronicidade, salvo raras exceções de vírus E • NASH (Esteatohepatite não alcoólica): o Por alterações de obesidade, diabetes tipo 2 e hiperlipidemia, ou seja, por uma doença plurimetabólica o Passa a haver sofrimento hepático por causa da dificuldade do metabolismo dos ácidos graxos dentro do fígado, levando a um estrese oxidativo importante (formação de radicais livres) o Gera uma lesão dentro do fígado semelhante à doença alcoólica do ponto de vista histológico o Do ponto de vista clínico, há uma diferença, a doença alcoólica tem predomínio de TGO, já a doença não alcoólica tem o predomínio de TGP OUTRAS CAUSAS (MENOS IMPORTANTES) • Hemocromatose: o Causa hereditária o Alteração do metabolismo do ferro onde há depósito de ferro no fígado o Esse depósito de ferro vai levando a um processo inflamatório do fígado, sendo causa de cirrose hepática o É uma doença geneticamente determinada o Clinicamente se suspeita dela quando há uma ferritina elevada, muitas vezes o hematócrito também, com a saturação de transferrina > 55% o O ferro não se deposita só no fígado, mas também no pâncreas. Então, quando há pancreatite associada à cirrose hepática, sempre devemos observar se não há hemocromatose 6 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Doença de Wilson (Fig. 1): o Erro no metabolismo do cobre, onde há um depósito de cobre o Muitas vezes conseguimos ver esse depósito em volta da íris do paciente um anel (Anel de Kayser-Fleischer) o É frequente ter alterações neurológicas e psiquiátricas. Então, na coexistência dessas doenças com hepatopatia crônica, temos que pensar em Doença de Wilson o Pacientes jovens, principalmente com história de doenças psiquiátricas e hepatopatias, devemos pensar na possibilidade de Doença de Wilson o A proteína que pesquisamos é a ceruloplasmina o Tem tratamento • Deficiência de alfa 1 antitripsina (Fig. 2): o Geneticamente causada o Por deficiência de alfa 1 antitripsina encontramos um processo inflamatório importante nos pacientes o Geralmente acomete mais crianças • Estase venosa: o Estase venosa importante no fígado pode gerar uma hepatopatia crônica, inclusive com cirrose o Pacientes com insuficiência cardíaca (principalmente direita), pericardite constrictiva ou estenose de tricúspide/pulmonar ▪ A sobrecarga direita do coração vai fazer com que o sangue que vem do fígado, sai pelas veias hepáticas e vai entrar na veia cava para chegar no coração direito não consiga fazer isso ▪ Isso gera uma congestão dentro do fígado, que pode levar a um processo de fibrose, que pode culminar em uma cirrose hepática o Pacientes com Síndrome de Budd-Chiari (Fig.3 - trombose das veiashepáticas) → Gera grande estase venosa, que leva à fibrose e culmina na cirrose ▪ Pensamos em Budd-Chiari em pacientes que tem fenômenos tromboembólicos (indivíduos com deficiência de fatores anticoagulantes ou indivíduos com aumento de fatores pró-coagulantes) 7 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ▪ Gravidez é um período em que se tem aumento de risco de tromboembolismo e não é incomum ter a Síndrome de Budd-Chiari após a gestação • Cirrose biliar secundária: o Obstrução dos ductos biliares → Dilatação de via biliar importante o Se esse quadro persiste por 4/5 meses, o paciente pode evoluir para cirrose hepática o A obstrução de via biliar deve ser sempre drenada para poupar o fígado e melhorar o quadro clínico do paciente • Cirrose biliar primária (Colangite biliar primária): o Doença ductular o Há um processo inflamatório importante (colangite) o Doença autoimune, marcada pelo anticorpo antimitocôndria • Colangite esclerosante primária: o Doença da via biliar onde se tem um processo inflamatório autoimune extremamente irregular, levando a dilatações e a estenoses o Leva a uma imagem de colar de pérolas nas vias biliares o São processos fibróticos, levando a estenoses e depois dilatações o Está intimamente ligada à doença inflamatória intestinal (todo indivíduo com DII, principalmente retocolite ulcerativa, tem risco de ter colangite esclerosante primária) → Por isso nesses pacientes sempre pedimos marcadores (FA e Gama GT) 8 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Hepatite autoimune: o Processo inflamatório, não localizado nos ductos, mas sim no parênquima, nos hepatócitos o Esse processo inflamatório é marcado por anticorpo anti-músculo liso (maioria) e anti-LKM (pulmão e rim / 5% dos casos, principalmente crianças) • Drogas: o Outra causa de cirrose é o uso crônico de drogas o Metotrexato (utilizado para doenças autoimunes, é um imunomodulador, que é dose-dependente, acima de 1250mg de somatória da dose começa a ter risco) o Alfa-metildopa (anti-hipertensivo não muito utilizado hoje em dia) o Amiodarona (é um antiarrítmico, dá uma lesão semelhante à esteato-hepatite não alcoólica, levando à cirrose) 9 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ASPECTOS CLÍNICOS • Clínica da cirrose: o A cirrose pode ser uma cirrose compensada ou uma cirrose descompensada o Muitas vezes é feito o diagnóstico pelo quadro clínico, outras vezes não (descobre-se a cirrose numa necrópsia ou tem o diagnóstico de cirrose sem quadro clínico nenhum por muito tempo) • Aspectos importantes quando vai fazer o diagnóstico: o Sexo (Se é mulher, diminui muito algumas possibilidades e aumenta outras. Por exemplo, álcool é muito pouco frequente, já doenças autoimunes aparecem mais em mulheres. A hemocromatose no sexo feminino costuma ter sintomatologia apenas pós-menopausa, pois a menstruação atua como um “tratamento”, como a sangria) o Idade (Em crianças a etiologia é completamente diferente do adulto. A esteato-hepatite não alcoólica normalmente acomete o indivíduo a vida inteira, mas é diagnosticada por volta de 50/60 anos. Hepatopatia alcoólica precisa de uns 20 anos para fazer lesão) o Profissão (Tem algumas particularidades, por exemplo em termos de uso de álcool) o Antecedentes de icterícia, hepatite, transfusão de sangue o Uso de drogas (inaladas ou venosas, hepatites são transmitidas pelo sangue) e álcool (em média 60g/dia para homens e 30g/dia para mulheres são suficientes para dar sintomas) o Dor abdominal (não acontece normalmente na cirrose, mas se acontecer devemos pensar, por exemplo, em trombose venosa, síndrome de Budd-Chiari) o Presença de emagrecimento, icterícia ou ascite (pode gerar hérnias) o Hemorragia digestiva (hematêmese ou melena) o Encefalopatia hepática • Atenção ao exame físico: o Estado geral (Emagrecimento pode gerar sarcopenia, então avalia-se principalmente o estado muscular), nutrição (Observar cabelo, língua etc. atrás de sinais de desnutrição, que pode atrapalhar o tratamento), icterícia e hálito (Se tem hálito hepático, que é um cheiro de maçã podre, enjoativo) o Aranhas vasculares (Sempre tem um ponto, que significa um microaneurisma, de onde saem as dilatações. O ponto na pele desaparece se apertado e volta quando se solta. O ponto é como se fosse o “corpo da aranha”) o Eritema palmar (É um rubor importante que acontece na palma da mão, principalmente na região hipotenar, mas também nas regiões tenar e infra-digital) o Atrofia testicular (Muito frequente com a modificação dos pelos masculinos, que passam a ter características de pelos femininos, passando de losangular para triangular) o Ginecomastia (São homens que têm a mama que se palpada se encontra tecido mamário. É decorrente do aumento do estrogênio circulante. Inicialmente, a ginecomastia dói) o Alteração na distribuição de pelos e presença de edema (de MMII ou ascite) 10 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Fígado (Palpação com cuidado, usando as polpas digitais, observar tamanho, observar a borda, que normalmente é romba e fica cortante na cirrose, observar a superfície etc.) o Baço (Percutir espaço de Traube, colocar o paciente em posição de Schuster e ver se o paço é palpável) o Ascite (Além de inspeção, pesquisa-se a macicez móvel na ascite pequena ou piparote em ascites maiores) o Circulação colateral o Em todo paciente em que se suspeita de hepatopatia crônica, devemos procurar esses sinais periféricos de hepatopatia e colocar no prontuário se eles são ausentes ou presentes Icterícia ++/4 ou +++/6 | Ascite, icterícia, presença de aranhas vasculares (mouse), ginecomastia, hérnia umbilical, circulação colateral Aranhas vasculares 11 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Eritema palmar | Ginecomastia Circulação colateral | Hepatomegalia – A cirrose hepática pode ter um fígado aumentado de tamanho, diminuído de tamanho (fibrose) ou normal Esplenomegalia 12 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Flapping (Característica que temos que pesquisar para encefalopatia pedindo para o paciente hiperestender a mão, que é uma posição anti-anatômica, por uns 30 segundos a 1 minutos. Em encefalopatias, a mão costuma cair por conta dos derivados nitrogenados que atuam como falsos neurotransmissores) ▪ Flapping não é tremor e não pode ser estimulado pelo médico com nenhuma manobra EXAMES LABORATORIAIS • Devem ser pedidos: o Hemograma (Atentar para pancitopenia, diminuição de hemácias, leucócitos e principalmente plaquetas, pois estão diretamente ligadas à fibrose) o TAP/INR (Coagulação) o Bilirrubina, ALT, AST, Gama GT, FA e Albumina o Ureia e creatinina (Precisam ser dosadas para avaliarmos função renal, se há sinais de síndrome Hepatorrenal) o Sódio e potássio o Análise de líquido ascítico (Citometria, citologia, albumina, proteína total) ▪ Verificar o GASA (Gradiente de albumina soro-ascite) pegando a albumina do sangue e subtrair da albumina do líquido ascítico ❖ Se o GASA for > 1,1 significa que a albumina não está passando para o líquido ascítico, o que está passando é água com sódio, sinal de hipertensão portal ❖ Se o GASA for < 1,1 significa que a albumina está aumentada no líquido ascítico é que ela está sendo exsudada, o peritônio está inflamado e está jogando albumina ali ▪ Líquido ascítico serve também para ver infecção (Peritonite Bacteriana Espontânea) o Marcadores virais o Autoanticorpos (Sempre pede um FAN, se for positivo pedimos os marcadores de acordo com as hipóteses) ▪ Ex.: Hipótese de cirrose/colangite biliar primária → Pede antimitocôndria ▪ Ex.:Hipótese de hepatite autoimune → Pede anti-músculo liso e anti-LKM o Ferro e saturação de transferrina o Ceruloplasmina (Da Doença de Wilson) o Alfa-1 antitripsina EXAMES COMPLEMENTARES • Endoscopia digestiva alta: o Pedida em todo paciente com suspeita de hepatopatia crônica avançada 13 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Avaliar varizes de esôfago (Veias dilatadas) o Verificar se é preciso fazer alguma profilaxia primária (para evitar sangramentos) ▪ Sinais da cor vermelha (red spots) são sinais de risco de sangramento ▪ Caso tenha sangramento ou risco de sangramento fazemos medicação, ligadura elástica ou injeções de cianoacrilato • USG: o Obrigatório pedir a USG, pois ajuda a confirmar a hepatopatia crônica (mas se não alterado não descarta) o Tem baixa sensibilidade, mas alta especificidade (quando ele diz que é cirrose, é cirrose) o Verificar se o fígado tem aspecto de papel rasgado (presença de micronódulos), se tem heterogeneidade (uma parte hiperecoica, uma parte hipoecoica etc., que aponta para cirrose), se tem fibrose perivesicular/periportal, se tem dilatação de veia porta, se tem o baço aumentado etc. o O lobo caudado (segmento 1) geralmente aumenta e o lobo quadrado (segmento 4) geralmente fica menor que 3 cm em pacientes cirróticos (sinais de hepatopatia crônica) o É importante para diagnosticar carcinoma hepatocelular USGS → Aspecto de papel rasgado, heterogeneidade, fibroses | Dilatação de veia porta | Caudado aumentado | Ascite | - | Nódulos de CHC 14 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Tomografia: o Deve ser feita muito mais para pesquisa de nódulos e para ver como estão as veias do que para diagnóstico de hepatopatia • Elastografia: o Método que era muito caro e tem ficado mais acessível o Foi acoplada ao ultrassom e dentro do próprio ultrassom é possível fazer ela o Joga-se uma onda que vai ver a rigidez do fígado, sendo possível assim ver a quantidade de fibrose existente, podendo classificar graus de fibrose e verificar se há cirrose hepática • Biópsia hepática: o O diagnóstico por biópsia hepática será feita em indivíduos que foi impossível fazer o diagnóstico com os métodos não invasivos o Pode ser feita por agulha, onde se tira um fragmento por aspiração (Técnica de Menghini), que é examinado para ser feito o diagnóstico histológico o Cada vez menos precisa-se de biópsia para fazer o diagnóstico de cirrose hepática (depois que a cirrose já está instalada a histologia ajuda muito pouco) o Pode ajudar bem nos casos de hepatite autoimune e alcoólica (Para ver Corpúsculo de Mallory) • Laparoscopia: o Era muito utilizado antigamente, não tanto hoje o É inserido um trocanter com câmera na cavidade abdominal do paciente para examinar fígado, baço etc. o Antigamente também se fazia biópsia hepática dirigida no nódulo pela laparoscopia (hoje em dia se usa mais a tomografia ou a USG) Fígado cirrótico || Fígado com CHC 15 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 OUTRAS INFORMAÇÕES • Compensada x Descompensada: o Cirrose hepática é uma doença que pode ser compensada ou descompensada ▪ 10% de chance por ano de descompensar o Depois que ela descompensa, a sobrevida não é muito grande, em média de 6 anos é 54% se compensada e 20% se descompensada o Cirrose descompensada apresenta icterícia, ascite, encefalopatia hepática e hemorragia digestiva • Classificação de Child-Pugh: o A (5 a 6 pontos), B (7 a 9 pontos) ou C (10 a 15 pontos) TRATAMENTO • Medidas gerais: o Dieta balanceada (não deve ser feita restrição de gordura, nem de proteína, sendo que o grau de proteína deve ser de 1 a 1,2 g/dia) ▪ Se tem ascite, faz restrição de sódio, mas não completa como antigamente, porque o paciente pode acabar ficando sem se alimentar e a desnutrição é muito pior que a ascite o Abstinência ao álcool (Para os alcoolistas; Não-alcoolistas podem consumir uma quantidade mínima) Imagens de laparoscopia → Fígado cirrótico | Biópsia guiada do nódulo 16 GASTROENTEROLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Repouso relativo (Não absoluto, porque melhorar a musculatura é importante) o Evitar uso de medicação hepatotóxica (Ex.: Isoniazida) o Evitar uso de benzodiazepínicos (Para não gerar encefalopatia hepática) • Tratamento etiológico: o CH alcoólica → Abstinência ao álcool o Hepatites virais → Medicações próprias de cada tipo de hepatite o Hepatite autoimune → Azatioprina + Corticoide o Doença de Wilson → D-penicilamina o Hemocromatose → Sangria terapêutica o CBP/CEP → Ácido ursodesoxicólico • Profilaxia e tratamento das complicações: o Tratamento da ascite / PBE o Prevenção e tratamento de hemorragia digestiva o Tratamento da encefalopatia hepática o Prevenção e tratamento da síndrome Hepatorrenal o Prevenção do CHC (USG e AFP 6/6 meses) • Transplante de fígado: o Tratamento definitivo, alguns critérios se presentes aumentam a necessidade de transplante: ▪ Cirrose hepática Child B ou mais ▪ Sangramento varicoso de repetição ▪ Encefalopatia hepática ▪ Peritonite bacteriana espontânea ▪ Prurido refratário ▪ Colangite de repetição o A classificação MELD é o fator para entrar na fila de transplante e algumas situações especiais já partem do 20 PREVENÇÃO Para prevenir a cirrose hepática, é importante ter cuidado nos fatores de risco mencionados para a hepatopatia crônica (Materiais não esterilizados, falta de EPI, medicações, doenças congênitas, uso do álcool, obesidade etc.). Pacientes com história de algum dos fatores devem fazer sempre a pesquisa da cirrose (TGO/TGP).