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EXAME FÍSICO GERAL Estado geral Em outras palavras, é o que aparenta o paciente, visto em sua totalidade. Para descrever a impressão obtida, usa-se a seguinte nomenclatura: bom estado geral (BEG); regular estado geral (REG); mau estado geral (MEG). Nível de consciência A percepção consciente do mundo exterior e de si mesmo caracteriza o estado de vigília, resultante da atividade de diversas áreas cerebrais, coordenadas pelo sistema reticular ativado ascendente. Obnubilação: quando o nível de consciência é pouco comprometido, permanecendo o paciente em estado de alerta ainda que algo diminuído Sonolência: o paciente é facilmente despertado, responde mais ou menos apropriadamente, mas logo volta a dormir Confusão mental: configura-se por perda de atenção, o pensamento não é claro, as respostas são lentas e não há uma percepção temporoespacial normal Torpor ou estupor: quando a alteração de consciência for mais pronunciada, mas o paciente ainda é capaz de ser despertado por estímulos mais fortes e tem movimentos espontâneos Coma: quando o paciente não for despertado por estímulos fortes e não tiver movimentos espontâneos. Coma: Coma é um estado de inconsciência, habitualmente prolongado (com duração de horas, dias ou meses), do qual o paciente pode ou não emergir. Esse estado de inconsciência não pode ser revertido pelos estímulos externos comuns, critério que torna possível distinguir o coma do estado de inconsciência do sono fisiológico. O coma é a expressão de falência das funções encefálicas, podendo ser determinado por lesões estruturais do parênquima encefálico, disfunções metabólicas e intoxicações exógenas com repercussão no sistema nervoso central. Escala de Glasgow: Perceptividade e reatividade A perceptividade pode ser analisada da seguinte maneira: ■ Resposta a uma ordem simples – “feche os olhos e mostre a língua” ■ Orientação no tempo e no espaço – “onde está e que dia é hoje?” ■ Execução de um cálculo simples – “quanto é 2 + 2?” ■ Nomear seis flores. A reatividade pode ser analisada por: ■ Reação de orientação e de alerta – o examinador provoca um ruído e observa se o paciente o localiza com os olhos, com abertura e movimentação ■ Reação de piscamento à ameaça de atingir os olhos ■ Reação à dor – aplicação de estímulos dolorosos leves. Sinais vitais Pressão arterial Método para aferição: Etapas: 1. O paciente deve evitar tabagismo, consumo de cafeína ou praticar exercícios físicos 30 minutos antes da aferição 2. Local tranquilo com temperatura agradável (ideal) 3. Paciente sentado tranquilamente por 5 min com os pés no chão 4. O braço escolhido deve estar desnudo e sem fístulas arteriovenosas para diálise, cicatrizes de dissecção de artéria braquial prévia nem sinais de linfedema consequente a dissecação de linfonodo axilar ou radioterapia. 5. Palpar a artéria braquial para confirmar que exista pulso viável e posicione o braço do paciente de modo que a artéria braquial, no sulco antecubital, encontre-se no mesmo nível do coração, aproximadamente ao nível do 4º espaço intercostal em sua junção com o esterno. Método: Posicione o esfigmomanômetro e o braço. Com o braço do paciente no nível do coração, coloque a bexiga inflável sobre a artéria braquial. A borda inferior da braçadeira deve estar, aproximadamente, 2,5 cm acima do sulco antecubital. Ajuste bem o esfigmomanômetro. Posicione o braço do paciente de modo que fique discretamente flexionado na altura do cotovelo. Estime a pressão sistólica e adicione 30 mmHg. Para decidir até quanto se deve elevar a pressão na braçadeira, primeiro faça uma estimativa da pressão sistólica por meio de palpação. Assim que palpar a artéria radial com os dedos de uma mão, insufle rapidamente a braçadeira até o pulso radial desaparecer. Verifique a pressão no manômetro e acrescente 30 mmHg. Usar esse valor para insuflações subsequentes evita o desconforto associado a pressões desnecessariamente elevadas na braçadeira. Isso também evita o erro ocasional causado pelo hiato auscultatório – um intervalo de silêncio que pode ocorrer entre as pressões sistólica e diastólica. Desinfle a braçadeira, de modo rápido e completamente; em seguida, espere de 15 a 30 segundos. Posicione a campânula do estetoscópio na artéria braquial. Agora, coloque a campânula do estetoscópio delicadamente sobre a artéria braquial, tomando o cuidado de formar um “selo de ar” com sua borda. Como os sons a serem auscultados, os ruídos de Korotkoff, apresentam tom relativamente baixo (grave), de modo geral são mais bem auscultados com a campânula. Identifique a pressão arterial sistólica. Mais uma vez, insufle rapidamente o esfigmomanômetro até o nível-alvo e, depois, desinfle lentamente (cerca de 2 a 3 mmHg por segundo). Observe o nível tensional enquanto ausculta os sons de, pelo menos, dois batimentos consecutivos. Essa é a pressão sistólica. Identifique a pressão arterial diastólica. Continue desinflando a braçadeira lentamente até os ruídos se tornarem abafados e desaparecerem. Para confirmar o ponto de desaparecimento, ausculte a pressão cair por outros 10 a 20 mmHg. A seguir, desinfle a braçadeira rapidamente até zero. O ponto de desaparecimento, que, habitualmente, é apenas alguns mmHg abaixo do ponto de abafamento dos ruídos, propicia a melhor estimativa da pressão diastólica verdadeira em adultos. Faça a média de duas ou mais aferições. Arredonde os níveis tensionais (sistólico e diastólico) para os 2 mmHg mais próximos. Espere 2 min e repita o procedimento. Em seguida, faça a média das suas aferições. Se as duas primeiras diferirem em mais de 5 mmHg, faça outras aferições. Caso haja hiato auscultatório, deverá ser feito o registro (por exemplo: 200/98 com hiato auscultatório de 170 a 150) -> associado a rigidez arterial e doença aterosclerótica. Classificação da PA: Situações especiais: hipertensão do jaleco branco, pacientes obesos (fazer uso de braçadeira maior), pacientes magros (uma opção é usar a braçadeira pediátrica. Frequência e ritmo cardíacos Comprimir a artéria radial com a polpa dos dedos -> caso a frequência pareça ser normal conte por 30s e multiplica por 2, se não, conte por 60s. Normalidade nos adultos: 60 a 100 bpm Frequência e ritmo respiratório Observe a frequência, o ritmo, a profundidade e o esforço respiratórios. Conte o número de incursões respiratórias durante um minuto, seja por inspeção visual ou pela ausculta sutil com o estetoscópio pousado na traqueia durante seu exame da cabeça e do pescoço ou do tórax. Normalmente, a frequência respiratória normal dos adultos é de 20 incursões por minuto em um padrão regular e tranquilo. Um suspiro ocasional é normal. Verifique se a expiração é prolongada. Temperatura As medições da temperatura oral e retal permanecem comuns. As temperaturas orais são, em geral, inferiores à temperatura corporal central. Elas também são inferiores à temperatura retal em média de 0,4 a 0,5°C (0,7 a 0,9°F), e superiores às temperaturas axilares em aproximadamente 1°. São necessários 5 a 10 minutos para aferir as temperaturas axilares e estas são consideradas menos acuradas do que as outras aferições Valores normais ■ Temperatura axilar: 35,5 a 37°C, com média de 36 a 36,5°C. ■ Temperatura bucal: 36 a 37,4°C. ■ Temperatura retal: 36 a 37,5°C, ou seja, 0,5°C maior que a axilar. Febre Características semiológicas: Início: súbito ou gradual Intensidade: leve -> até 37,5. Moderada -> 37,6 a 38,5. Alta -> Acima de 38,6 Duração: febre prolongada -> persiste por mais de uma semana. Principais doenças que causam febre prolongada: tuberculose, septicemia, malária, endocardite infecciosa, febre tifoide, colagenoses, linfomas, pielonefrites, brucelose e esquistossomose. Modo de evolução: Febre contínua: permanece sempre acima do normal sem grandes variações (até 1ºC) Febre irregular ou séptica: picos altos intercalados com apirexia/temperaturas baixas Febre remitente: hipertermia diária com variações de mais de 1ºC sem períodos de apirexia. Febre intermitente: hipertermia intercalando com períodos de temperatura normal,podendo ser cotidiana (ex: febre amanhã e período da tarde normal), terçã (1 dia com febre outro dia sem) e quartã (1 dia com febre e 2 sem). Febre recorrente ou ondulante: períodos de temperatura normal durando dias ou semanas e interrompidos por hipertermia. Término: em crise (febre desaparece subitamente) ou em lise (temperatura vai diminuindo gradualmente até atingir valores normais) Fala e linguagem Alterações na fala: Disfonia ou afonía: é uma alteração do timbre da voz causada por alguma alteração no órgão fonador. A voz pode tornar-se rouca, fanhosa ou bitonal. Dislalia: é o termo usado para designar alterações menores da fala, comuns em crianças, como a troca de letra (“tasa” por “casa”). Uma forma especial é a disritmolalia, que compreende distúrbios no ritmo da fala, incluindo a gagueira e a taquilalia. Disfasia: aparece com total normalidade do órgão fonador e dos músculos da fonação e depende de um distúrbio na elaboração cortical da fala. Há diversos graus de disfasia, desde mínimas alterações até perda total da fala. A disfasia pode ser de recepção ou sensorial (o paciente não entende o que se diz a ele) ou da expressão ou motora (o paciente entende, mas não consegue se expressar), ou ainda do tipo misto, o que é mais frequente. A disfasia traduz lesão do hemisfério dominante: o esquerdo no destro, e vice-versa, mas não tem valor localizatório absoluto. Outros distúrbios incluem: retardo no desenvolvimento da fala na criança, a disgrafia (perda da capacidade de escrever) e a dislexia (perda da capacidade de ler). Fácies Denomina-se fácies o conjunto de dados exibidos na face do paciente. É a resultante de elementos anatômicos associados à expressão fisionômica. Portanto, não são apenas os elementos estáticos, mas, e principalmente, a expressão do olhar, os movimentos das asas do nariz e a posição da boca. Principais tipos de fácies: Fácies normal ou atípica: comporta muitas variações, facilmente reconhecidas por todos, mas é preciso ensinar o olho a ver. Mesmo quando não há traços anatômicos ou expressão fisionômica que caracterizem um dos tipos de fácies descritas a seguir, é importante identificar, no rosto do paciente, sinais indicativos de tristeza, ansiedade, medo, indiferença, apreensão. Fácies hipocrática: olhos fundos, parados e inexpressivos chamam logo a atenção do examinador. O nariz afila-se, e os lábios se tornam adelgaçados. “Batimentos das asas do nariz” também costumam ser observados. Quase sempre o rosto está coberto de suor. Palidez cutânea e uma discreta cianose labial completam a fácies hipocráticas. Esse tipo de fácies indica doença grave e quase nunca falta nos estados agônicos das afecções que evoluem de modo lento. Fácies renal: o elemento característico é o edema que predomina ao redor dos olhos. Completa o quadro a palidez cutânea. É observada nas doenças renais, particularmente na síndrome nefrótica e na glomerulonefrite aguda. Fácies leonina: as alterações que a compõem são produzidas pelas lesões da hanseníase. A pele, além de espessa, é sede de grande número de lepromas de tamanhos variados e confluentes, em maior número na fronte. Os supercílios caem, o nariz se espessa e se alarga. Os lábios tornam-se mais grossos e proeminentes. As bochechas e o mento se deformam pelo aparecimento de nódulos. A barba escasseia ou desaparece. Essas alterações em conjunto conferem ao rosto do paciente um aspecto de cara de leão, origem de sua denominação. Fácies adenoideana: os elementos fundamentais são o nariz pequeno e afilado e a boca sempre entreaberta. Aparece nos indivíduos com hipertrofia das adenoides, as quais dificultam a respiração pelo nariz ao obstruírem os orifícios posteriores das fossas nasais. Fácies parkinsoniana: a cabeça inclina-se um pouco para frente e permanece imóvel nessa posição. O olhar fixo, os supercílios elevados e a fronte enrugada conferem ao paciente uma expressão de espanto. A fisionomia é impassível e costuma-se dizer que esses pacientes se parecem com uma figura de máscara. Chama a atenção, também, a falta de expressividade facial. A fácies parkinsoniana é observada na síndrome ou na doença de Parkinson. Fácies basedowiana: seu traço mais característico reside nos olhos e no olhar. Os olhos são salientes (exoftalmia) e brilhantes, destacando-se sobremaneira no rosto magro. A expressão fisionômica indica vivacidade. Contudo, às vezes, tem um aspecto de espanto e ansiedade. Outro elemento que salienta as características da fácies basedowiana é o bócio. Indica hipertireoidismo. Fácie mixedematosa: rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessa e com acentuação dos sulcos. Aparência apática e de desânimo. Ocorre em hipotireoidismo e mixedema. Fácie acromegálica: saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto, desenvolvimento maior do maxilar inferior, aumento do nariz, lábios e orelhas e olhos aparecem pequenos. Fácie cushingoide ou lua cheia: arredondamento do rosto, atenuação dos traços faciais. Ocorre na síndrome de Cushing por hiperfunção do córtex suprarrenal e pode ocorrer também nos pacientes que fazem uso prolongado de corticosteróides. Fácie mongolóide: prega cutânea (epicanto) que torna os olhos oblíquos, bem distantes um do outro, rosto redondo, boca quase sempre entreaberta. Característico de Síndrome de Down. Fácie esclerodérmica: também conhecida como fácie de múmia. Caracteriza-se pela imobilidade facial devido ao endurecimento da pele. A fisionomia é inexpressiva, parada e imutável. Biotipo ou tipo morfológico Conjunto de características morfológicas apresentadas pelo indivíduo. Brevilíneo: pescoço curto e grosso, tórax alargado e volumoso, membros curtos em relação ao tronco, ângulo de Charpy maior que 90 graus, musculatura desenvolvida e panículo adiposo espesso e tendência para baixa estatura. Mediolíneo: equilíbrio entre membros e tronco, desenvolvimento harmônico da musculatura e panículo adiposo e ângulo de Charpy em torno de 90 graus. Longilíneo: pescoço longo e delgado, tórax afilado e chato, membros alongados com franco predomínio sobre o tronco, ângulo de Charpy menor que 90 graus, musculatura delgada e panículo adiposo pouco desenvolvido, tendência para estatura elevada. Postura ou atitude na posição de pé Uma postura defeituosa pode ser consequência de hábitos posicionais ou comprometimento da coluna vertebral. A: boa postura Cabeça ereta ou ligeiramente inclinada para diante, peito erguido, fazendo adiantar ao máximo essa parte do corpo Abdome inferior achatado ou levemente retraído, curvas posteriores nos limites normais B: postura sofrível Cabeça levemente inclinada para diante, peito achatado, abdome algo protruso, passando a ser a parte mais saliente do corpo, curvas posteriores exageradas C: Má postura Cabeça acentuadamente inclinada para diante, peito deprimido, abdome saliente e relaxado, curvas posteriores exageradas. Atitude e decúbito preferido no leito Definição: posição adotada pelo paciente no leito ou fora dele. É importante para verificar se alguma posição melhora ou piora os sintomas ou posição feitas de forma involuntária, por exemplo. Atitudes voluntárias Ortopneica: paciente fica sentado à beira do leito, com os pés no chão e mãos apoiadas no colchão para facilitar a respiração devido a falta de ar decorrente de insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascite volumosa. Casos graves: paciente deitado, mas com vários travesseiros como forma de manter o tórax mais ereto possível. Genupeitoral: paciente posicionado de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas e a face anterior do tórax (peito) fica em contato com o chão/colchão. Essa posição favorece o enchimento do coração nos casos de derrame pericárdico. Posição Parkinsoniana: quando em pé, apresenta semiflexão da cabeça, tronco e membros inferiores e, ao caminhar, parece estar correndo atrás do seu próprio eixo de gravidade. Posição de cócoras: observada em crianças com cardiopatia congênita cianótica. Decúbitos: lateral, dorsal e ventral Atitudes involuntárias Atitude passiva:o paciente fica na posição em que é colocado no leito Ortótono: tronco e membros ficam rígidos sem movimentação Opistótono: contratura da musculatura lombar, em que o paciente passa a se apoiar na cabeça e nos calcanhares -> tétano e meningite. Emprostótono: o paciente forma uma concavidade voltada para diante -> tétano, meningite e raiva. Pleurostótono: corpo se curva lateralmente -> raro: tétano, raiva e meningite. Posição em gatilho: hiperextensão da cabeça, flexão das pernas sobre as coxas e encurvamento do tronco com concavidade para diante. Torcicolo e mão pêndula da paralisia radial Medidas antropométricas Semiotécnica da avaliação do peso corporal: paciente deve estar descalço, com a menor quantidade de roupa possível, posicionado no centro da balança e com os braços ao longo do corpo. A leitura é feita com o avaliador à frente da balança e à esquerda do paciente. Em pacientes incapazes de deambular ou de ficar na posição ortostática: cama-balança. Peso ideal: pode ser calculado a partir do IMC -> peso/altura ao quadrado (importante ressaltar que IMC não distingue massa gordurosa de massa magra) Peso seco: desconta-se o edema e ascite Semiotécnica para avaliação da altura/estatura: na criança, recomenda-se medir a altura na posição deitada. Em adultos capazes de ficar na posição ortostática: é importante que calcanhares, panturrilhas, glúteos, ombros e escápulas estejam próximos à parede/estadiômetro. Os joelhos devem estar esticados, os pés juntos e os braços ao longo do corpo. Semiotécnica para avaliar circunferência abdominal e da cintura: fita métrica é posta no ponto médio entre a crista ilíaca e última costela. Valores muito altos indicam obesidade abdominal. Desenvolvimento físico Leva-se em conta idade e o sexo, tomando como base a altura (tabelas) e a estrutura somática (inspeção global) Pode ser classificado em: desenvolvimento normal, hiperdesenvolvimento, hipodesenvolvimento (não é sinônimo de nanismo), infantilismo (persistência anormal de características infantis na fase adulta), gigantismo. A altura é um elemento fundamental para reconhecer o gigantismo e o nanismo. No Brasil, a altura máxima (adultos) é de 1,90m para homens e 1,80m para as mulheres e 1,50m de altura mínima para ambos os sexos. Avaliação do estado nutricional Parâmetros avaliados: peso, musculatura, panículo adiposo, desenvolvimento físico, estado geral, pele, pelos e olhos. Normal: elementos avaliados dentro da normalidade Excesso de peso: peso, panículo adiposo e desenvolvimento físico acima dos valores de normalidade Obesidade: excesso de peso decorrente do acúmulo de gordura Hiponutrição ou desnutrição: peso abaixo dos valores mínimos normais, a musculatura é hipotrófica e o panículo adiposo, escasso. Desnutrição proteica: cabelos e pelos fracos e quebradiços. Estado de hidratação Parâmetros avaliados: alteração abrupta do peso, alterações na pele (elasticidade, umidade e turgor), alteração da umidade das mucosas, fontanelas (crianças), alterações oculares e estado geral. Desidratação: Pode ser classificada de acordo com a perda de peso e a osmolaridade. Perda de peso: leve (5%), moderada (5 a 10%) e grave (acima de 10%) Osmolaridade: isotônica (níveis de sódio normais), hipotônica (há hiponatremia) e hipertônica (há hipernatremia). Edema Pode ocorrer em qualquer parte do corpo, mas, no exame físico, é avaliado o edema cutâneo. O edema começa a ser investigado na anamnese (tempo de duração, localização e evolução). Já no exame físico são avaliados: localização e distribuição, intensidade, consistência, elasticidade, temperatura da pele circunjacente, sensibilidade da pele circunjacente e outras alterações da pele circunjacente. Localização e distribuição: edema localizado ocorre em apenas um segmento corporal, caso contrário, é considerado edema generalizado. Intensidade: para medir a intensidade do edema faz-se uso da seguinte técnica: com a polpa digital pressiona-se uma área de estrutura rígida (no local do edema). Havendo edema, ocorre uma depressão no local pressionado (fóvea) e de acordo com a profundidade da fóvea gradua-se a intensidade do edema em cruzes. Outras técnicas podem ser utilizadas como pesar o paciente 1x por dia (todo paciente com edema deve ser pesado diariamente) e medindo o perímetro da região edemaciada. Consistência: grau de resistência ao se pressionar a região edemaciada e pode ser classificado em edema mole ou duro. Elasticidade: Edema elástico: a pele retorna imediatamente à sua situação normal, ou seja, a fóvea perdura pouquíssimo tempo. O edema elástico é típico do edema inflamatório Edema inelástico: é aquele em que a pele comprimida demora a voltar à posição primitiva, ou seja, a depressão persiste por certo tempo. Temperatura: usa se o dorso dos dedos/mão e compara-se com o lado homólogo. Pode haver três possibilidades: temperatura normal, quente (inflamação) e fria (comprometimento da circulação). Sensibilidade: realiza-se digitopressão na área -> se houver dor = inflamação. Outras alterações: alteração na coloração: cianose (circulação venosa comprometida), palidez (irrigação comprometida) e vermelhidão (inflamação). Textura e espessura da pele: lisa e brilhante (edema recente e intenso), pele espessa (longa duração) e enrugada (edema sendo eliminado). Fisiopatologia: Principais causas: edema renal (síndrome nefrótica, nefrítica e pielonefrite -> sempre é mole, inelástico, indolor e a pele adjacente mantém temperatura normal ou discretamente diminuída, generalizado facial (principalmente subpalpebral) e matutino. Síndrome nefrótica: edema intenso (+++ a ++++). Síndrome nefrítica e pielonefrite: discreto a moderado (+ a ++). Insuficiência cardíaca congestiva: generalizado e predomina nos membros inferiores, vespertino após paciente ficar muito tempo em pé, intensidade variada (+ a ++++), mole, inelástico, indolor. Cirrose hepática: generalizado, quase sempre discreto (+ a ++), mole, inelástico e indolor. Desnutrição proteica: generalizado, predomínio nos membros inferiores, mole, inelástico e indolor, + a ++. Edema alérgico: mole e elástico, costuma ser generalizado, pele lisa e brilhante (início súbito) e pode haver aumento da temperatura e vermelhidão. Edema localizado: Varizes: + a ++, mole e em casos mais antigos torna-se cada vez mais duro, inelástico. Trombose venosa: mole, pode ser intenso e em certos casos cianótico. Edemas inflamatórios: localizado, + a ++, elástico, doloroso, pele adjacente lisa, vermelha, brilhante e quente. Postural: localizado, + a ++, indolor,mole e desaparece rapidamente na posição deitada. Veias superficiais Circulação colateral Circulação colateral, na semiologia, indica presença de circuito venoso anormal visível ao exame da pele. É importante distinguir desenho venoso (normalidade) de circulação colateral. A circulação colateral fica visível devido a dificuldade/impedimento do fluxo venoso. Localização: Tórax, abdome, raiz dos membros superiores e segmento cefálico. Direção: registra os fenômenos com os seguintes termos: fluxo venoso abdome-tórax, fluxo venoso ombro-tórax ou fluxo venoso pelve-abdome. Existência de frêmito e/ou sopro: única condição é a recanalização da veia umbilical. Tipos fundamentais de circulação colateral: braquicefálica, cava superior (figuras 1,2 e 3), cava inferior (figura 5) e tipo porta (figura 4). Musculatura Inspeção e palpação (polpas digitais colocadas em forma de pinça) Primeiro: palpação do músculo em estado de repouso e depois palpa-se o músculo levemente contraído. Classificação da musculatura Quanto à troficidade: normal, hipertrófica ou hipotrófica. Quanto à tonicidade: tônus normal, hipertonicidade, espasticidade, musculatura espástica ou rigidez -> músculo contraído ou semicontraído mesmo em repouso, hipotonicidade ou flacidez. Obs: idosos -> sarcopenia Marcha Modo de andar do paciente Exemplos de tipos de marcha anormal Marcha de pequenos passos: diminuição do comprimento da passada, deslocamento anterior do corpo e diminuição da potência no final do apoio. Causas: senilidades,Doença de Alzheimer. Marcha ceifante ou hemiplégica: incapacidade de aumentar a velocidade de locomoção ou de adaptar-se a irregularidades do solo e dificuldade para elevar o pé durante a caminhada. Causa: AVC Marcha atáxica: O paciente apresenta falta de equilíbrio ao caminhar e faz o percurso cambaleando. Anda batendo o pé, alargando a base e com os olhos fixos no chão. Causas: esclerose múltipla, polineuropatia periférica (diabética e alcóolica), lesões cerebelares e ataxia de Friedreich. Marcha propulsiva: “Ao caminhar o paciente adota uma postura rígida com a cabeça e o pescoço encurvados para a frente, enquanto os braços permanecem estendidos e imobilizados, rentes ao corpo, e os quadris e os joelhos ficam semiencurvados. Ao andar, o centro de gravidade do corpo desloca-se para frente, prejudicando o equilíbrio, o que obriga o paciente a dar passos curtos, cada vez mais rápidos, com aceleração involuntária da deambulação. Deve ser diferenciada da marcha de pequenos passos.” Causas: Doença de Parkinson, esclerose múltipla. Marcha tabética ou talonante: Marcha realizada com base alargada e o olhar fixo no chão devido a perda de noção da proximidade do solo com o chão -> calcanhares tocam o solo pesadamente. Origem: cordão posterior da medula ou da inervação periférica. Causas: neurossífilis, polineuropatia periférica. Linfonodos ● Único ou múltiplos ● Tamanho ( normal 0,5 a 2,5 cm diâmetro) ● Formato ( arredondado ou alongados/ fusiformes) ● Consistência( mole ou endurecido) ● Mobilidade ( móvel ou aderidos ) ● Sensibilidade (doloroso ou não) ● Alteração da pele Icterícia Coloração Amarelada da pele, mucosas e esclera devido acúmulo de Bilirrubinas no sangue (>2mg/100ml) Locais: conjuntiva ocular, derme, mucosa, íntima dos vasos e vísceras -> inspecionar e avaliar a intensidade de + a ++++. Cianose Coloração azulada ou arroxeada das mucosas e pele -> aumento de hemoglobina reduzida > 5g/100ml Avaliar locais com maior rede capilar. Avaliar a localização (generalizada ou localizada) e intensidade (+ a ++++) Principais tipos: periférica, central e mista. Referências: Celeno, P. C. Semiologia Médica, 8ª edição. Grupo GEN, 2019. 9788527734998. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527734998/. Acesso em: 13 Jul 2021 S., B.L.; G., S.P. Bates - Propedêutica Médica, 12ª edição. Grupo GEN, 2018. 9788527733090. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527733090/. Acesso em: 13 Jul 2021 Diretrizes Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial
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